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sábado, 17 de janeiro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - Gerti Daub no verão brasileiro de 1958

Daslan Melo Lima




          Gerti Daub, Miss Alemanha, era a favorita absoluta ao título de Miss Universo 1957, mas a comissão julgadora deu-lhe apenas o título de Miss Fotogenia e o quinto lugar, ficando assim o quadro das cinco finalistas, por ordem de classificação, do primeiro ao quinto lugar: Gladys Rosa Zender Urbina, Miss Peru; Teresinha Gonçalves Morango, Miss Brasil; Sonia Hamilton, Miss Inglaterra; Maria Rosa Gamio Fernández, Miss Cuba; e Gerti Daub, Miss Alemanha.
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O público vaiou a colocação de sua favorita. Só mesmo a invocação da democracia feita pelo locutor, pode conter a vaia que explodiu no Auditorium de Long Beach, ao ser anunciado que a quinta colocação coubera a Gerti Daub, Miss Alemanha, favorita absoluta para o título de Miss Universo. 

Os quatro mil espectadores da última etapa do concurso já haviam tido uma surpresa com a inclusão de Miss Peru e de Miss Inglaterra entre as finalistas, mas ninguém admitia a hipótese de Gladys Zender vir a ser a nova Miss Universo. 

Anunciada a classificação final, Gerti declarou a MANCHETE: “ Só desejo uma coisa: voltar para casa.” Pouco depois, uma senhora americana entregou-lhe um buquê de rosas vermelhas e os claros olhos da bela Gerti turvaram-se de lágrimas.

- Manchete, 03/08/1957

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         Em janeiro de 1958, Gerti Daub visitou o Brasil e foi muito assediada pelos fãs e pela imprensa, tendo sido capa da revista Manchete, foto acima. 

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Em dois dias, Gerti Daub passou de 20 graus abaixo de zero a 40 graus acima. O termômetro marcava 20 graus abaixo de zero em Hamburgo, a semana passada, quando Gerti Daub, Miss Alemanha, uma loura de 20 anos, nascida na Holanda, tomou o avião da Lufthansa para o Brasil. Dois dias depois, ela enfrentava, de bom humor, o verão brasileiro.

- “Nem Rommel,com seu Afrikakorps “ - disse ela em Porto Alegre - “resistiu a tanto calor.”

Em Porto Alegre, festejada pela colônia alemã, a moça loura (que fez versos quando menina e gosta de sanduíches “hamburger”) comeu churrasco à gaúcha e tomou chimarrão. 

Gerti, que é contra o maiô de duas peças - “perigoso por causa do sol” – ao chegar ao Rio, quis ir à praia sem que a vissem. Ela gosta de ir à praia, não gosta de tomar banho de mar. “Água do mar estraga o cabelo”, e cabelo de Miss é arma importante. Gerti queria uma praia sossegada, uma praia de pouca gente. E, sinal dos tempos (tempos de ressaca), foi ao Arpoador. Arpoador é a praia que o mar comeu (Praia de Iracema do Rio, Olinda da Zona Sul ), uma faixa de areia – cinco metros se muito – espremida entre o mar e o paredão. A solidão de Gerti, no Arpoador, não durou cinco minutos. Apareceram mocinhas pedindo autógrafos. No Rio, mocinhas que pedem autógrafos às vezes falam alemão.



E Gerti, que é branca e frágil, não pôde estar só em suas andanças no Rio. Uma caravana de gente levou-a ao Pão de Açúcar (ela viu de longe o bondinho, e pediu de dedo em riste: “Quero ir lá”). Outra caravana cercou-a no jantar-dançante do Copacabana Palace.

Com sua pequena máquina fotográfica e um saco de filmes coloridos, está reunindo um documentário sobre o Rio para mostrar às amigas de Hamburgo. 
Trabalhou em uma fita alemã, “O Coração de São Paulo” (São Paulo é um bairro de Hamburgo), mas já não quer negócios com o cinema.
- “Não gosto de cinema como profissão. Gosto de cachorros e automóveis.”

Um amigo alemão (residente no Rio) levou Gerti à praia, passou-lhe óleo nas costas, levou-a até a arrebentação das ondas e logo tiveram que se retirar porque o sol, forte, ameaçava a pele da moça pouco afeita ao calor do trópico.
De óculos escuros, Gerti olhou em volta e, quando viu que havia muita gente esperando os autógrafos, assinou meia dúzia de papeizinhos e foi-se para o hotel em busca de sossego.

- O Cruzeiro, 25/01/1958

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            Encontrei recentemente na Internet uma  foto atual de Gerti Daub, através do seu site http://www.gertihollmann.de/http://www.gertihollmann.de/, linda, elegante, em ótima forma, transmitindo simpatia, vitalidade e felicidade. 
         Imagino que ainda guarda ótimas recordações daquele verão brasileiro de 1958.

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