sábado, 26 de julho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA- JULIETA STRAUSS, MISS BRASIL-BELEZA INTERNACIONAL 1962

 Daslan Melo Lima

      Julieta Strauss, uma loura linda de olhos azuis, formada em Secretariado, inteligente, culta, poliglota e cheia de personalidade, só tinha um sonho em 1962 : ser um dia capa de revista. Carioca de nascimento, nascida no Posto 2-Rio, paulista de coração, descendente de húngaros, Julieta Strauss tinha 1,67 de altura, 56 quilos, 93 cm de busto e quadris, 61 cm de cintura , 56 de coxa e 21 de tornozelo. Vestia-se com as peças elegantes e cheias de glamour de Madame Boriska e foi eleita Miss São Paulo representando o Círculo Israelita.


      Com um rosto que lembrava o da atriz Romy Schneider,a Sissi do cinema (foto em tom sépia de Ronaldo Moraes, O CRUZEIRO, 16/08/1962), Julieta Strauss pisou na passarela do Maracanãzinho naquele sábado frio de 16 de junho , véspera da final da Copa do Mundo,como uma das favoritas ao título de Miss Brasil 1962. Trinta mil pessoas viram Miss São Paulo - a mais animada de todas as concorrentes, escolhida Miss Fotogenia pelos fotógrafos - ficar com o segundo lugar, perdendo apenas para a baiana Maria Olívia Rebouças Cavalcanti. Naquela época, as segundas e terceiras colocadas recebiam a denominação de Miss Brasil nº 2 e representava o Brasil no Miss Beleza Internacional,enquanto a terceira colocada era chamada de Miss Brasil nº 3 e representava o Brasil no Miss Mundo,em Londres.

      Julieta Strauss estudou dois anos na Suíça e se comunicava em inglês tão bem com em português. Adorava colecionar peixinhos em aquários e tinha três paixões : teatro,literatura e ballet, que dançava muito bem. Adorava sorvete de chocolate, sua cor preferida era o preto e seus bichos de estimação eram um cachorro Skindô e o periquito Pancho. Quando o assunto era amor e casamento, ela dizia que amor era o do pai,da mãe e da irmã Irene, e alegava que casar era fácil, casar bem e por amor era difícil.


Uma coisa Julieta não queria: ser chamada de falsa baiana. Quando ela obteve o segundo lugar no concurso de Miss Brasil, contraindo a obrigação de representar nosso país no certame de beleza de Long Beach, ficou preocupada com a fantasia que levaria aos Estados Unidos.
Tenho a impressão - dizia – de que a baiana estilizada, superluxuosa e superenfeitada, já não atrai a atenção do público. Assim falou Julieta e, sem dúvida, com muita razão. Cismada, foi conversar com Márcio Paulete, organizador do concurso em São Paulo. Após horas de confabulações, surgiu a luminosa idéia: como ela era a miss paulista, nada mais lógico do que desfilar na passarela de Long Beach com um original traje de colhedora de café.
Da idéia à execução, foi um pulo. O costureiro Amalfi inspirou-se em gravuras de Debret e criou uma belíssima fantasia, com noventa metros de renda, oito metros de tecido branco e oito metros de surah em tonalidades café e amarela. A linda Julieta Strauss, por seu turno, bolou o toque final da roupa: usará colares e brincos feitos de grão de café.Novidade.
(Regina Helena, MANCHETE, 04/08/1962).


      Julieta Strauss chegou aos Estados Unidos como uma das favoritas ao título de Miss Beleza Internacional. Voluntariamente, atuou como intérprete das concorrentes e por isso ganhou o título de Miss Dinamismo. Dulce Damasceno de Brito, a famosa correspondente dos Diários Associados em Hollyood, que acompanhou todos os certames de beleza de Long Beach, de 1954 a 1962, conta no livro Hollywood Nua e Crua (Edições O Cruzeiro-1968, reeditado anos depois pela Edições Símbolo) que os americanos ficaram encantados com o seu inglês. Sempre alegre e simpática, ela adorou a comida doce da Califórnia, muito embora tenha passado pelo constrangimento de se engasgar com um talo de alface.

      Ninguém entendeu a sua não inclusão entre as 15 semifinalistas, inclusive Vincent Trotta, um dos membros do júri. Deão dos juizes internacionais dos concursos de beleza, ele tinha feito parte da comissão julgadora do Miss Brasil e achou Julieta Strauss com o perfil ideal para Long Beach, tanto que tinha dado a ela o segundo lugar. Para ele, os juizes latino-americanos e orientais prejudicaram Miss Brasil : Jorge Sueldo Pineyro, da Argentina: Alberto Varga,do Peru; Dirma Pardo de Carugatti, do Paraguai; Chang Key-Young,da Coréia, e a atriz japonesa Miiko Taka, que trabalhou no filme Sayonara ao lado de Marlon Brando. O título de Miss Beleza Internacional ficou com Tânia Verstak, Miss Austrália,companheira de quarto de Miss Brasil.



Decepcionada com o resultado, Julieta Strauss chegou a fugir dos repórteres brasileiros, evitou dar entrevistas e precisou de muita conversa da mãe para esquecer a ideia de não voltar ao Brasil.

      Julieta Strauss tinha um sonho naquele distante 1962 : ser um dia capa de revista. E a realidade superou seu sonho. Foi capa não apenas de uma revista, porém das mais importantes revistas brasileiras da época: MANCHETE e O CRUZEIRO. Em MANCHETE, pronta para viajar a Long Beach, posou ao lado do seu cachorrinho Skindô, em foto de Sérgio Jorge. Na revista O CRUZEIRO, de 18/08/1962, foi capa vestindo um saiote e fazendo pose de bailarina, em foto de Ronaldo Moraes. E a mesma O CRUZEIRO, de 1º/09/1962, em foto de Indalécio Wanderley, mostrou na capa Julieta Strauss e Tânia Verstak em trajes típicos.

      No ano seguinte, em São Paulo, ao dirigir seu próprio carro, foi vítima de um acidente ao bater em uma árvore. Sua beleza não foi atingida, conforme o noticiário. Há uns três anos, soube que ela tinha ficado com uma discreta seqüela e por isso claudicava um pouco. Mesmo assim, ao entrar no seu restaurante preferido acompanhada do esposo, chamava a atenção de todos pela classe, elegância e beleza, atributos que fizeram de Julieta Strauss, Miss Brasil beleza Internacional 1962, capa das mais importantes revistas brasileiras e ícone eterno dos anos 60, um mágico tempo que se foi, para sempre se foi.

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sábado, 19 de julho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA – Cilene Aubry, Maria de Fátima Mourato e Matilde Terto, as misses da terra de Lampião

Por Daslan Melo Lima  


          Durante três anos consecutivos, 1974, 1975 e 1976, o município de Serra Talhada, terra natal de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, teve a satisfação de ver três garotas da sua cidade conquistar o cobiçado título de Miss Pernambuco:  Cilene Aubry Bezerra da Costa, Maria de Fátima Mourato de Souza e Matilde de Souza Terto.


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CILENE AUBRY  BEZERRA DA COSTA, MISS PERNAMBUCO 1974

Da esquerda para a direita, Isolda Lira Cabral, Miss Caruaru, terceiro lugar; Cilene Aubry Bezerra da Costa, Miss Serra Talhada, primeiro; e Angélica Moura Lins, Miss Gravatá, segundo lugar. ***** Foto: Diario de Pernambuco.


Cilene Aubry Bezerra da Costa, Miss Pernambuco 1974 
          Mais de 15 mil pessoas compareceram ao Ginásio de Esportes Geraldo de Magalhães Melo, o Geraldão, na grande promoção dos Diários e Emissoras Associados. Foi um grande acontecimento social, com expressivas figuras da alta sociedade pernambucana ocupando as cadeiras de pista. As atrações artísticas foram Ronnie Von, Rosemary e o conjunto MPB-4.
          Três garotas maravilhosas foram finalistas: Isolda Lira Cabral, de Caruaru, terceiro lugar; Angélica Moura Lins, de Gravatá, segundo lugar; e Cilene Aubry Bezerra da Costa, Miss Serra Talhada, primeiro lugar.


          Cilene Aubry e sua vice Angélica Moura Lins voltaram a se encontrar na disputa pelo título de Miss Brasil 1974, vencido pela paulista Sandra Guimarães, ocasião onde Angélica concorreu como Miss Fernando de Noronha. Ambas não se classificaram entre as semifinalistas do Miss Brasil 1974.



        

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  Cilene Aubry dez anos depois, ao lado do inesquecível estilista Marcílio Campos ( Foto: coluna de Fátima Bahia-Jornal do Commercio-Recife,11/05/1986).

          
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MARIA DE FÁTIMA MOURATO DE SOUZA, MISS PERNAMBUCO 1975 


As cinco finalistas do Miss Pernambuco 1975. Da esquerda para a direita: Solange Costa, , Martha Valeska, Maria de Fátima Mourato, Inês Regis e Edileide Constantino. (Foto: Diario de Pernambuco)

          Pela ordem de classificação, as cinco finalistas do Miss Pernambuco 1975 foram: Maria de Fátima Mourato, Miss Serra Talhada; Solange Costa, Miss Vitória de Santo Antão; Inês Regis de Melo; Miss Clube Internacional do Recife; Edileide Maria Vital Constantino, Miss Moreno; e Martha Valeska Vasconcelos, Miss Grupo Jovem de Boa Viagem. Kátia Marques, Miss Clube Elefantes de Olinda, recebeu a faixa de Miss Simpatia.

          Para muitos, o título deveria ter ficado com Solange Costa, considerada a grande injustiçada do Miss Paraíba, onde tinha ficado em segundo lugar. Para outros, as cinco finalistas deveriam ter sido seis, uma vez que Edileide Maria Vital Constantino , Miss Moreno, era idêntica a Edinilza Constantino, Miss Jaboatão, sua irmã gêmea. Maria de Fátima Mourato não se classificou no Miss Brasil 1975,vencido pela catarinense Ingrid Budag. Em outubro, renunciou ao título para casar com José Ferreira dos Anjos, Major da Polícia Militar de Pernambuco. Solange Costa assumiu o título, mas renunciou pouco tempo depois, também para casar. Coube então a Inês Regis de Melo, terceira colocada, a responsabilidade de ser oficialmente a Miss Pernambuco 1975 até a eleição da Miss do ano seguinte.

         








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 Maria de Fátima Mourato. (Imagem: revista Fatos & Fotos). 


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MATILDE SOUZA TERTO, MISS PERNAMBUCO 1976

Matilde Terto - Foto: revista Manchete


          Vinte e dias mil pessoas no Geraldão, um recorde, comparado ao da pregação de Frei Damião, ocorrida semanas antes, assistiram 25 candidatas disputar o Miss Pernambuco 1976. 
          Maria Aparecida Druzziane Saraiva, Miss Caruaru, semifinalista, recebeu a faixa de Miss Simpatia. Júlia Kátia de Araújo, Miss Grupo Jovem de Boa Viagem, uma das mais famosas modelos e manequins da época, arrancou aplausos e também muitas vaias por causa do seu biótipo e estilo de desfilar. Ela fugia do padrão das Misses tradicionais e sua postura era similar às modelos da atualidade. Linda, magérrima e cheia de atitude, ficou entre as semifinalistas sem se importar quando alguém gritava: Tra-ves-ti ! Maria Betânia Magalhães Albertin, Miss Pesqueira, semifinalista, com muita classe, foi a primeira concorrente a tomar a iniciativa de parabenizar Matilde Souza Terto pela conquista do título, uma vez que outras se omitiram , descontentes com o resultado.


          Para alguns, o título teria ficado melhor nas mãos de Maria Pompéia Farias, Miss Náutico, irmã de Jerusa Farias, Miss Belo Jardim e Miss Pernambuco 1969. Matilde Terto ganhou um automóvel Chevette zero km,o mesmo prêmio que foi dado às suas duas antecessoras,oferta da empresa Caxangá Veículos. Em Brasília, Matilde Terto não obteve classificação no Miss Brasil,vencido pela paulista Kátia Celestino Moretto.







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          Á direita, Maria Betânia Albertin e Julia Kátia, em fotos do Diario de Pernambuco.

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          Mais de trinta anos depois, a conquista dos três consecutivos títulos de Miss Pernambuco pelas três garotas de Serra Talhada é quase uma lenda lá pras bandas do sertão pernambucano. Constatei isso faz uns oito anos, quando passei uma semana por lá. Em um restaurante à beira da estrada de um povoado,um senhor olhou para mim e disse : 
- O senhor sabia ? Pense na beleza da mulher sertaneja ! Serra Talhada já deu três Misses Pernambuco !
Respondi : 
- Eu sei senhor,eu estava no Geraldão nos anos de 1974,1975 e 1976 e fui testemunha da vitória de Cilene,Maria de Fátima e Matilde. Parece uma lenda como a de Lampião, guardando as devidas proporções. Uma lenda que se estenderá por várias gerações.

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sábado, 12 de julho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Akiko Kojima, Miss Universo 1959, o escândalo de um "líquido plástico"

Daslan Melo Lima


          Long Beach, Estados Unidos, julho de 1959, eleição da Miss Universo 1959. Uma modelo elegante e meiga torna-se a primeira asiática a conquistar a coroa de rainha da beleza universal. Seu nome: Akiko Kojima, vinte e dois anos de idade a completar no dia 26 de novembro, 1,67 de altura, 54 quilos, 94 cm de busto, 58,5 cm de cintura, 96,5 cm de quadris. 
           As imagens que ilustram esta matéria são reproduções das fotos feitas por Gervásio Batista, publicadas na revista Manchete, de 08/08/1959.



   























        Em agosto de 1959, o mundo foi sacudido por uma notícia escandalosa. O jornal francês France Soir, de Paris, publicou a noticia abaixo, em tradução veiculada na revista O Cruzeiro, de 05/09/1959.

ESCÂNDALO: MISS UNIVERSO 1959 aumentou o volume do seu busto, afirma um cirurgião japonês.



Hollywood – 14 de agosto (por via especial) – 
A cidade de Long Beach, onde se realizou, em 21 de julho, a eleição de Miss Universo, está agitada. Os seus habitantes solicitam que a feliz escolhida, Senhorita Akiko Kojima (Miss Japão) seja desqualificada.
A indignação desses respeitáveis cidadãos foi provocada por declarações do cirurgião nipônico Toshiro Matsui.
-Poucos antes do certame de beleza – afirmou o médico – Akiko Kojima entrou na minha clínica sob um nome falso. Como temia que as medidas de seu busto não fossem satisfatórias, pediu que lhe fosse injetado um "líquido plástico" para dar maior volume aos seus seios.

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          Quando o escândalo estourou, Akiko Kojima estava em Honolulu e declarou aos repórteres que tudo não passava de mentira e que estava disposta a submeter-se a um completo exame radiográfico. Os meses passaram, o assunto foi encerrado e Akiko Kojima continou reinando tranquilamente como Miss Universo. Naquela época, ninguém falava em silicone e muita gente achou a história fantasiosa.

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As cinco finalistas do concurso Miss Universo 1959. Da esquerda para a direita: Vera Regina Ribeiro, Miss Brasil, quinto lugar; Terry Lynn Huntingdon,Miss Estados Unidos, terceiro lugar; Akiko Kojima, Miss Japão, primeiro lugar; Jorunn Kristjansen, Miss Noruega, segundo lugar; e Pamela Anne Searle, Miss Inglaterra, quarto lugar.

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         Estou concluindo esta crônica na tarde fria pernambucana de Timbaúba, em 13 de julho de 2008. Hoje à noite, no Vietanm, oitenta  jovens vão disputar o mais cobiçado título de beleza do mundo. Abro as revistas de 1959, entro no "túnel do tempo" e fico admirando a beleza natural das cinco finalistas do Miss Universo 1959.
         Minha imaginação voa. Vejo Akiko Kojima  assistindo hoje pela televisão o Miss Universo 2008. Algumas candidatas deverão aparentar intervenções cirúrgicas e sinas de aplicações de botox e silicone. Vejo Akiko Kojima dando gargalhadas e dizendo : Não posso acreditar que por muito menos do que isso, bem menos, há 49 anos, quiseram tirar de mim o título de Miss Universo 1959.

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sábado, 5 de julho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - MISSES DE 1961, MAIÔS, SAIOTES E PRECONCEITOS

Por Daslan Melo Lima

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UMA CARTA DA LIGA DAS SENHORAS CATÓLICAS DE CURITIBA E TODAS AS CANDIDATAS AO TÍTULO DE MISS BRASIL 1961
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          Em 03/08/1961, as senhoras Nilza Martinelli e Dalila de Castro Lacerda, respectivamente secretária e presidente da Liga das Senhoras Católicas de Curitiba, entidade que funcionava na Rua Mal. Floriano, 250, 11º andar, em Curitiba, Paraná, escreveram uma carta para D. Eloah Quadros, Primeira Dama do Brasil, nos termos abaixo. As fotos e os textos em negrito-itálico foram extraídos da revista O Cruzeiro.

A Liga das Senhoras Católicas de Curitiba, associação que representa a Mulher Cristã, solicita-lhe uma medida moralizadora sobre a maneira com que se apresentam as jovens que concorrem aos concursos de beleza, quando se expõem da maneira mais deprimente e aviltante, em diminuição ao nosso valor, para um apreciamento não do belo mais sim do ridículo comprometendo a educação das novas gerações e influindo no futuro das nossas filhas e netas.

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          As três primeiras colocadas no Miss Brasil 1961. Da esquerda para a direita : Vera Maria Brauner Menezes, Miss Rio Grande do Sul, segunda colocada; Stael Maria da Rocha Abelha, Miss Minas Gerais, primeira colocada; e Alda Maria Coutinho de Morais, Miss Guanabara, terceira colocada. 
              Stael Abelha não obteve classificação em Miami, no Miss Universo. Renunciou logo após voltar ao Brasil, por amor ao namorado Múcio Ataíde, e Vera Maria Brauner,que havia conquistado o vice-Miss Beleza Internacional, foi declarada oficialmente Miss Brasil 1961. Alda Maria participou em Londres do Miss Mundo mas não figurou entre as semifinalistas.

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Reprodução do original da carta

 
Pouca gente entendeu por que o Presidente Jânio Quadros apertou um botão no Planalto contra a ingenuidade do maiô em concurso de beleza. O certo é que o lápis dourado do Presidente, propondo-se a reformular a moral das passarelas, provocou um coral de protestos femininos. 

É massudo o livro dos argumentos pró-maiô. Também expressivo, nos setores sociais conservadores, é o apoio ao decreto presidencial que riscou as vitrinas da beleza do mapa dos concursos. Acotovelam-se as opiniões entre o maiô e o Presidente. De um lado, a Liga das Senhoras Católicas de Curitiba, sob a liderença de Dona Dalila Lacerda, que pediu e obteve do Presidente a proibição. De outro, os civis e militares de códigos morais menos ortodoxos – os que remam com a época, os compreensivos. Os que votam no maiô citam logo o exemplo americano. Pois até o hermético puritanismo de Tio Sam adota o maiô tranquilamente. 
Concurso de beleza em Miami, Long Beach e Atlanta tem prefácio de hino nacional e sermão de padre. Se Long Beach prefere o saiote – curto e transparente, provavelmente mais sex - , não o faz por desaprovação ao maiô. Mas simplesmente porque quis ser diferente dos outros concursos. Quis dar nota estridente na passarela da Califórnia. Os americanos não aprovam os biquínis e parabiquínis, porque estes não melhoram o julgamento da plástica em relação ao maiô de saia tipo Maracanãzinho.

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          Da esquerda para direita: Elza Maria Lauriano dos Santos, Miss Ceará ; Stela Maria Rocha Lima, Miss Bahia ; Filomena Maria Jorge Chaves, Miss Pará ; Maria Lúcia Santa Cruz, Miss Pernambuco; e Carmem Aurélia Rodrigues de Lima, Miss Rio Grande do Norte. Pela ordem, elas ficaram do quarto ao oitavo lugar.
          Carmen Rodrigues , Miss RN, havia tirado o segundo lugar no Miss PE. As Misses RN,PA,PE e BA estavam entre as sete mais aplaudidas pelas 25 mil pessoas presentes no Maracanãzinho naquela noite de 17/06/1961. As outras três misses mais aplaudidas foram exatamente as que ficaram no Top 3: a mineira Stael Abelha (a preferida do público), a gaúcha Vera Brauner e a carioca Alda Coutinho.

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Da esquerda para direita: Carmem Tereza Moutinho Mascarenhas Leite, Miss Alagoas; Elenita Teixeira Lobo, Miss Sergipe; Alcione Vieira Abreu, Miss Espírito Santo; Maria Madalena Aguiar, Miss Estado do Rio; e Mires de Abreu Cruz, Miss Goiás. ***** Carmem Tereza Mascarenhas, Miss Alagoas, minha conterrânea, é filha da inesquecível jornalista alagoana Nilza Mascarenhas, que atuou por muitos anos no colunismo social do Recife.

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          Ubiratan de Lemos, repórter de O Cruzeiro, ouviu 10 personalidades : Vincent Trotta, Martha Rocha, Thereza Souza Campos, Mr. Blum, Herbert Moses, Terezinha Morango, Jorge Frias de Paula, Vera Brauner, Paulo Azeredo e Adalgisa Colombo. Nenhuma delas via imoralidade nos maiôs usados nos concursos e desaprovaram a atitude do Presidente Jânio Quadros.
           Vicent Trotta, deão dos juizes de Long Beach, confessou :A beleza é pura. E inacreditável a proibição! Seria o caso de proibir, também, o uso de maiôs nas praias públicas por uma simples questão de lógica. As praias e as passarelas pertencem ao público. Que seria de uma praia sem uma bela mulher de maiô?
          Jorge Frias de Paula, Presidente do Fluminense, foi categórico : Acho que esse problema de moralidade e imoralidade é uma coisa íntima. Eu não percebo o imoral no maiô.
          Paulo Azeredo, do Botafogo, foi mais além : O público de passarela é de torcida, e não um fauno desvairado. A torcida é pura. E o entusiasmo, competitivo.

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Da esquerda para a direita: Marília de Carvalho Brício, Miss Brasília; Ana Maria Filatro, Miss São Paulo; Neuza Carmem Formighieri, Miss Santa Catarina; e Eliney de Figueirêdo, Miss Mato Grosso.

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Da esquerda pata direita: Neyla Loureiro Nery, Miss Amazonas; Sônia Maria de Souza Duailibe, Miss Maranhão; Daisy Maria Couto Boavista, Miss Piauí; e Inês Gomes Pessoa, Miss Paraíba.

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          Vera Maria Braunerdesfilando de saiote em Long Beach, no Miss Beleza Internacional. ***** 
Abaixo, as manequins Carla e Alice, usando criações do costureiro Nazareth Logo após o decreto presidencial, Nazareth criou as peças como sugestão para substituir os maiôs.

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          Jânio da Silva Quadros governou o Brasil por pouco tempo, de 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961. Renunciou, alegando que "forças terríveis" o obrigavam a esse ato. Assumiu o vice, João Goulart, e nossas misses poderam continuar desfilando nas passarelas com os seus maiôs.

          Alguém já afirmou que "ninguém ofereceu mais lições de esperança e desilusão aos brasileiros do que Jânio Quadros"Parodiando a frase, eu afirmo que NINGUÉM OFERECEU MAIS LIÇÕES DE BELEZA E SONHOS AOS BRASILEIROS DO QUE AS NOSSAS MISSES.

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