sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA / ESPECIAL - Miss Brasil Latina 2010

Daslan Melo Lima

          O concurso Miss Brasil Latina 2010 foi realizado no dia 24 de novembro de 2009. Local: Buffet Les Anis, Boa Viagem, Recife, Pernambuco. Coordenação: Fernando Bandeira Diniz. Apresentação: Fernando Bandeira Diniz e Cristina Cadaval. Apoio Cultural: Bazar do Cabeleireiro, Cheiro & Arte-Produtos Artesanais, Embelleze-Paixão pela vida, Les Anis, Maison Cristal, Modelar-Estética e Beleza, Portal de Gravatá-Hotel Fazenda, Racco e Recife Praia Hotel.

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AS CANDIDATAS


Finalistas
1º Lugar: Miss Bahia Latina, Vanessa Gabriella Marcelino Rocha
2º Lugar: Miss Rio Grande do Norte Latina, Isabela Marinho
3º Lugar: Miss Mato Grosso do Sul Latina, Ingrid Kemp

Miss Distrito Federal Latina, Luísa de Almeida Lopes

Miss Paraná Latina, Dayana Gentilini

Semifinalistas
Miss Alagoas Latina, Renata Ferraresi Costa
Miss Goiás Latina, Luciana Marinho
Miss Pará Latina, Paula Brandão
Miss Paraíba Latina, Camilla Gadelha
Miss Pernambuco Latina, Laís Rodrigues Fiori
Miss Piauí Latina, Vanessa de Vasconcelos
Miss Rio Grande do Sul Latina, Virginia Vettorazzi

Demais concorrentes
Miss Maranhão Latina, Layra Vieira
Miss Mato Grosso Latina, Ítala Paris de Souza
Miss Minas Gerais Latina, Bárbara Oliveira
Miss Rio de Janeiro Latina, Manuela Almeida Camboim
Miss Rondônia Latina, Ana Carla Melo da Cruz
Miss Roraima Latina, Edilânia Albuquerque
Miss São Paulo Latina, Gabriela dos Santos Nogueira
Miss Tocantins Latina, Rafaela Simão

Títulos Especiais

Miss Biquíni: Dayana Gentilini (Paraná)
Miss Elegância: Isabela Marinho (Rio Grande do Norte)
Miss Internet: Luísa Lopes (Distrito Federal)
Miss Personalidade: Virgínia Vetorazzi (Rio Grande do Sul)
Miss Simpatia: Rafaela Simãao (Tocantins)
Melhor Traje Típico: Renata Ferraresi (Alagoas)

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O NÍVEL DO CONCURSO


               O nível das concorrentes estava muito bom. Estive próximo de cada uma, conversei com várias delas e visitei os bastidores. Entre tantos rostos lindos, fiquei impressionado com a beleza das misses do Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Pará, sem falar, obviamente, na grande vencedora da noite Vanessa Rocha, da Bahia . Entre tantos vestidos bonitos, tão bem exibidos pelas garotas, vale a pena um registro para a elegância das representantes do Rio Grande do Sul, Alagoas e Paraná.
       A média de idade das candidatas era de 20 anos. A mais velha era a advogada paraibana Isabella Marinho, 25 anos, semifinalista do Beleza Brasil (Miss Terra Brasil) 2004 e Miss Paraíba 2004. O título de vice está em boas mãos.
        A piauiense Vanessa de Vasconcelos, negra de muita classe e beleza, causou excelente impressão. Ao meu lado, o missólogo Paulo Darce fez uma observação muito oportuna: “A garota do Piauí lembra muito Luiza Maranhão, famosa atriz negra brasileira dos anos 60.”
























































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A COMISSÃO JULGADORA


          A comissão julgadora foi presidida pelo colunista social João Alberto, do Diário de Pernambuco, e contou com a presença de várias pessoas, entre elas: Tatiana Marques (cerimonialista), Juliana Santos e Sheila Brol (empresárias), Kiko Selva (chef), Ricardo de Castro (estilista), Fernando Machado (jornalista), Amanda Marques (Beleza Pernambuco 2005), Suzan Regina (Beleza Pernambuco 2009)













          Lizbeth Trujillo Cortes, mexicana, na foto acima ao lado da Miss Brasil Latina 2010, foi a presença internacional da comissão julgadora. Ela foi coordenadora do concurso Miss México de 1977 e 1978 e acompanhou nesses anos o desenrolar do Miss Universo.
            Em 1977, o Miss Universo foi realizado na República Dominicana. A Miss México foi Felicia Mercado Aguado e a Miss Universo foi Janelle Penny Commissiong, de Trinidad Tobago. Em 1978, o Miss Universo foi realizado em Acapulco, México, e a eleita foi Margaret Gardiner, da África do Sul, enquanto Alba Margarita Cervera Lavat, Miss México, classificou-se entre as semifinalistas. Janelle e Margareth tornaram-se amigas de Lizbeth Trujillo Cortes.

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DETALHES


             Não houve vendas de ingressos na noite da festa. Os convites foram adquiridos e comercializados previamente. Natália Araújo, Beleza Pernambuco 2004 e vice-Beleza Brasil 2004 (concurso que hoje tem a denominação de Miss Brasil-Terra), atualmente radicada no Paraná, coordenadora do Miss Brasil Latina naquele estado, estava muito bem de preto. Na platéia, um ícone das passarelas pernambucanas dos anos 70 recordava seu tempo de miss e manequim: Julia Katia Araujo de Melo Lopes, semifinalista do Miss Pernambuco 1976.
               As torcidas se manifestavam com muita classe. Os grupos maiores que torciam para as Misses Paraná e Pernambuco não hesitavam em manifestar seu entusiasmo por outras concorrentes, em função do alto nível das garotas.
          Precisei desdobrar-me, a fim de anotar detalhes e clicar fotos para PASSARELA CULTURAL. Estive nos bastidores no momento em que a mãe da Miss Bahia Latina mudava o penteado dela para que retornasse de visual diferente quando fossem anunciadas as finalistas. Quando Vanessa Rocha entrou na passarela com o novo penteado, ninguém teve mais nenhuma dúvida que ela seria a grande vencedora da noite. Maria Helena Dias, visagista e maquiadora, a mãe, e Alfredo Assis Neto, o coordenador, pularam de alegria ao ser anunciado o resultado.
               Na seleção de imagens abaixo, de cima para baixo, da esquerda para a direta: Paulo Darce e Julia Katia; Amanda Marques; Julia Katia e Cristina Cadaval; Natalia Araújo; Alfredo Teixeira e Isabela Marinho; Os pais de Miss Roraima Latina; Alfredo Assis Neto e familiares da Miss Brasil Latina; Tatiana Marques e João Alberto; A vitoriosa da noite e familiares; A vencedora ladeada por seu coordenador e sua mãe; Alfredo Assis Neto e Maria Helena Dias; A mãe da baiana penteando a filha; Sílvio (assessor do concurso), ladeado pela primeira e terceira colocadas e Beto (da coordenação do Miss Pernambuco-Mundo) ao lado de Vanessa Rocha.
















































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          Alguém poderá dizer que existem muitos concursos atualmente, além do Miss Brasil-Universo, o mais tradicional de todos: Miss Mundo-Brasil, Miss Brasil-Terra, Miss Brasil-Globo, Miss Brasil-Tourism Queen, Miss Brasil-Top Model, etc. Sim, são vários, cada um com o seu valor e sua visão de encarar as coisas, mas há espaço para outros do nível do Miss Brasil Latina. Vanessa Gabriella Marcelino Rocha poderá em 2010 trazer para o Brasil mais um título de beleza internacional, o Miss América Latina del Mundo, a ser realizado na República Dominicana.
          Em um país de dimensões continentais como o o Brasil, onde há inúmeros "brasis", cada um com suas singularidades e peculiaridades, o Miss Brasil Latina não é simplesmente mais um concurso de beleza. É uma celebração à diversidade cultural muito bem coordenada por Fernando Bandeira Diniz.
        Ao ser anunciado o resultado, todas as concorrentes se abraçaram, sem nenhum traço aparente de descontentamento.
Pedro Neto, coordenador do Miss Brasil Latina nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, disse-me: "Isabela Marinho era uma das mais fortes candidatas e acabou no segundo lugar. No entanto, estamos felizes, porque o Fernando Bandeira faz um trabalho sério e transparente."
        É uma pena que os grandes veículos de comunicação deste imenso país-continente não tenham dado ao Miss Brasil Latina a visibilidade merecida. Quem não compareceu ao Buffet Les Anis na noite recifense de 24 de novembro de 2009 não sabe o que perdeu.

Isabela Marinho, Williana Siqueira (Miss Brasil Latina 2009 e terceira colocada no Miss América Latina del Mundo 2009), Vanessa Rocha e Ingrid Kemp.

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SESSÃO NOSTALGIA - Linda Bement e Daniela Bianchi, duas deusas dos anos sessenta

Daslan Melo Lima


          Quarenta e três jovens de várias partes do mundo disputaram em 09/07/1960, em Miami Beach, Flórida, Estados Unidos, o título de Miss Universo 1960, que desde 1952 era realizado em Long Beach. Com a criação do Miss Beleza Internacional houve troca de cenários. Miami Beach passou a sediar o Miss Universo e Long Beach ficou sendo a cidade-sede do novo certame de beleza. Na época, segundo a CBS, o concurso foi a maior audição de televisão de costa a costa, nos Estados Unidos, envolvendo 160 estações e 60 milhões de telespectadores.


As quinze semifinalistas do Miss Universo 1960. 

Na frente, da esquerda para a direita: Elizabeth Hodacs (Miss Áustria, 3º lugar); Gina Macpherson (Miss Brasil); Maria Stella Márquez Zawadzky (Miss Colômbia, eleita depois Miss Beleza Internacional 1960)e Aliza Gur (Miss Israel).  
Na fila do meio, da esquerda para direita: Ingrun Helgard Möckel (Miss Alemanha, quarta colocada no Miss Mundo 1960 e eleita depois Miss Europa 1961); María Teresa del Rio (Miss Espanha, 5º lugar); Joan Ellinor Boardman (Miss Inglaterra), Sohn Mi-hee-já (Miss Coréia) e Daniela Bianchi (Miss Itália, 2º lugar). 
Na última fila, também da esquerda para a direita: Linda Jeanne Bement, (Miss Estados Unidos, 1º lugar); Ragnhild Aass (Miss Noruega); Nicolette Joan Caras (Miss África do Sul, 4º lugar); Magda Pasaloglou (Miss Grécia); Yayoi Furuno (Miss Japão) e Elaine Maurath (Miss Suíça).
------- (Foto: Indalécio Wanderley, revista O Cruzeiro, 23/07/1960)
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O rosto de Linda Bement, 18 anos, morena natural de Salt Lake City, Utah, nascida em 02/11/1941, Miss Estados Unidos, Miss Universo 1960, lembrava o da atriz Elizabeth Taylor e foi considerado o mais lindo do concurso. 
---------- (Foto: Indalécio Wanderley, revista O Cruzeiro, 23/07/1960)
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A loura Daniela Bianchi, Miss Itália, nascida em 31/01/1942, uma das favoritas ao título de Miss Universo 1960, ficou com o prêmio de Miss Fotogenia e o segundo lugar do Miss Universo 1960.
--------- (Foto: Indalécio Wanderley, revista O Cruzeiro, 23/07/1960)
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Linda Bement, Miss Estados Unidos, Miss Universo 1960.
 (Foto: https://br.pinterest.com)
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Daniela Bianchi, Miss Itália, vice-Miss Universo 1960.
 (Foto: hollywoodcultmovies.com)

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Daniela Bianchi tornou-se estrela de cinema. O filme mais famoso em que atuou foi “Moscou Contra 007” (From Rússia With Love), dirigido por Terence Young (1915-1994), onde fez o papel da espiã russa Tatiana Romanova. A película, produzida em 1963, foi inspirada no romance homônimo de Ian Fleming (1908-1964), com Sean Connery no papel do Agente Secreto 007. 
--------- (Foto:http://image.toutlecine.com)
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A beleza não tem idade. Linda Bement na idade madura. 
(Foto: www.beautyschool-bs.blogspot.com)
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A beleza não tem idade. Daniela Bianchi na idade madura.
(Foto: www.jamesbond007.net/galerie/daniela11.html)

          Há uns versos de “From Russia With Love”, canção tema do filme "Moscou Contra 007", que dizem:



“Estou mais sábio desde o meu adeus a você. 

Eu viajei o mundo para aprender e 
devo voltar da Rússia com amor”



          Estou mais sábio, agora que já não sou mais aquele menino dos mágicos anos 60. Viajei mil vezes pelo meu mundo interior, a fim de entender melhor e amar mais o garoto sonhador que um dia eu fui.
          E quando volto a viajar no túnel do tempo, reencontro o mesmo menino de calças curtas que eu fui, assim como Linda Bement e Daniela Bianchi, eternamente vestidas em seus maiôs Catalina.

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sábado, 21 de novembro de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - ESMERALDA BARROS, VICE-MISS RENASCENÇA 1964, A MULATA PRECIOSA

Daslan Melo Lima

                     Túnel do tempo, 1964. Época da revolução. João Belchior Marques Goulart (1919-1976) foi deposto do cargo de Presidente do Brasil por um golpe militar e em seu lugar assumiu o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1897-1967). Época de tensões em todo o território nacional. Mesmo assim, centenas de jovens estavam de olho no título de Miss Brasil.

               O Clube Renascença tinha lançado nos anos anteriores lindas mulatas ao título de Miss Guanabara, aplaudidíssimas na passarela do Maracanãzinho: Dirce Machado, em 1960, quarta colocada; Iara Santos, em 1961, quinto lugar; e Aizita Nascimento, em 1963, sexta colocada. Para muitos, todas elas tinham condições de ter sido eleitas e mereciam colocações melhores.  O Clube Renascença contava naquele 1964 com duas mulatas sensacionais, dispostas a repetir o sucesso de suas antecessoras e até de ultrapassá-las: Esmeralda Barros e Vera Lúcia Couto Santos. A primeira era a preferida do público para o título de Miss Renascença, mas venceu Vera Lúcia Couto Santos, que depois seria Miss Guanabara, vice-Miss Brasil e terceira colocada no Miss Beleza Internacional.
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Trinta clubes participarão do Miss Guanabara 1964, recorde de inscrição clubística. Nesta vitrina estão algumas das mais fortes candidatas, inclusive Miss Renascença, a super Vera Lucia Couto dos Santos, que aparece na foto, ao lado, junto a Esmeralda, que era a favorita da platéia.
(Texto e foto: revista O CRUZEIRO, 04/07/1964. À esquerda, Vera Lúcia Couto e à direita, Esmeralda Barros)

A minha principal competidora era a Esmeralda Barros, que tinha uma enorme presença, um corpo belíssimo e grande traquejo de palco porque já tinha trabalhado em shows, etc. Mas eu terminei ganhando. E acho que foi muito mais na passarela do que em termos de plástica, beleza e tudo mais, sabe? Porque a Esmeralda tinha uma plástica respeitável, acontece que ela entrou na base de “já ganhei”, “eu sou a boa mesmo...”, “não tem pra mais ninguém”, e o público notou isso, o júri também e eu acho que aí ela perdeu.
(Depoimento de Vera Lúcia Couto dos Santos a Haroldo Costa, no livro Fala, Crioulo, Editora Record, 1982)

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ESMERALDA BARROS, UM CORPO NATURALMENTE PERFEITO

               Ninguém falava na época em retirada de costelas, cirurgias plásticas e aplicações de silicone para as Misses ficarem perfeitas. Tudo em Esmeralda Barros era natural.


(Foto: Richard Sasso, revista MANCHETE, 03/08/1968)


(Foto: Nélson Di Rago, revista INTERVALO, 18/08/1968)
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ESMERALDA, DE ILHÉUS PARA O MUNDO

               Esmeralda de Barros, nome abreviado de Esmeralda Barros, nascida em 1942, era natural de Ilhéus, Bahia. Antes do Miss Renascença tinha atuado como “girl” , espécie de dançarina, nos shows de Carlos Machado (1908-1992), o “Rei da Noite”, produtor de espetáculos musicais no estilo teatro de revista.


Esmeralda Barros em foto da revista O CRUZEIRO

               Depois do Miss Renascença, Esmeralda Barros ingressou com todo entusiasmo na carreira artística. Atuou em mais de duas dezenas de filmes brasileiros e italianos, tais como : “Histórias de um Crápula”(1965), "As Cariocas" (1966), "Cristo de Lama" (1966), "O Homem Nu" (1968), "W Django!" (1971), "Anche Per Django le Carogne Hanno un Prezzo" (1971) e "Presídio de Mulheres Violentadas" (1977). Na televisão, trabalhou nas telenovelas "Eu Compro Esta Mulher" (TV Globo, 1966), "Os Miseráveis" (TV Bandeirantes, 1967) e "Uma Esperança no Ar" (SBT, 1985). Em 1976, foi capa e motivo de ensaio fotográfico na revista "Homem", publicação nacional que depois se tornaria a Playboy brasileira. Durante o período que morou na Itália, a cada volta de Esmeralda ao Brasil, a imprensa dava a ela um tratamento digno de celebridade.
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A PRECIOSA ESMERALDA

Encanto do verão carioca, ex-rainha da praia, antiga girl de Machado e quase Miss Renascença, agora ela é atriz.

Índia apache, mestiça, selvagem, cigana – ela pode ser tudo isso, dependendo da ocasião e do argumento do filme. Esmeralda pode dizer, afinal, que é alguém em Cinecittà: um passeio pela Europa e alguns conhecimentos na Itália resultaram numa série de propostas que dificilmente permitirão a sua volta definitiva para o Brasil. A baiana Esmeralda já tem casa em Roma, automóvel esporte, belos casacos de pele – o conjunto, enfim, de apetrechos que identificam uma atriz peninsular. É por isso que veio ao Rio na semana passada, só a passeio, para matar algumas saudades pessoais, enquanto uma porção de atrizes morre de inveja do seu sucesso.

A história da fulminante carreira de Esmeralda começou em setembro do ano passado, quando ela foi fazer propaganda do café brasileiro na feira de Frankfurt. Depois, ampliando a viagem, passou doze dias na Itália. Um amigo, que a tinha conhecido no Rio durante as filmagens de Operação Paraíso, precisava de uma mestiça em determinado filme. Acertada a sua ida em fevereiro, Esmeralda voltou ao Rio, depois foi para Roma e acabou ficando. O balanço destes cinco meses acusa quatro filmes e meia dúzia de ótimas propostas que estão em estudo.

- No começo tive uma decepção que quase me fez voltar – conta Esmeralda. Era a hora do almoço em Cinecittà. Dois grandes produtores se aproximaram perguntando se eu era italiana. Diante da minha resposta, foi-se tudo por água abaixo: há uma lei italiana que proíbe a presença de mais de dois atores estrangeiros num mesmo filme. Imagine, que ao lado de Omar Shariff e Glenn Ford!

Diz Esmeralda que chorou quinze dias seguidos. Exagero ou não, as lágrimas foram compensadas, uma a uma, pelos papéis que conquistou em filmes sobre a revolução mexicana, sobre Che Guevara e numa série, Era das Selvas, em que ela faz um tipo definido como Tarzan de saias. Se isso não bastasse para consolar, houve também a compensação financeira, hoje traduzida no seu Prosche e na casa da Vila Monserrato.

- Ganhei mais dinheiro no cinema italiano, em cinco meses, do que durante todo o tempo em que trabalhei no Brasil. Acho que não volto. Nestas condições, quem voltaria? Mas também não deixei de ser o que sou. Uma vez me convidaram para uma feijoada. Saí de casa com água na boca. Pois não é que, quando cheguei, já tinham comido tudo? Quando o tempo começa a esfriar na Europa, a vontade de vir para o Rio é tremenda. Que saudade da praia! Aliás, é o que pretendo fazer – vir todos os invernos de lá para o nosso verão daqui.
(Texto de Renato Sérgio e fotos de Richard Sasso, revista MANCHETE, 03/08/1968).
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ESMERALDA SONHA COM IPANEMA

Desta vez, Esmeralda de Barros passou só doze dias no Rio. Mas é certo que o próximo carnaval carioca a tenha dançando por uma escola de samba. É assim que a mulata tipo exportação explica suas andanças:
- Assinei um contrato de três anos com Dino De Laurentis, mas briguei com ele mais de uma hora, para que fosse incluída no contrato a cláusula da saudade: uma que me permite vir ao Brasil pelo menos uma vez por ano.

Nos doze dias que passou no Rio, desta vez, Esmeralda acordava rezando para que fizesse sol. “Lá na Itália é fog o” – ela conta. “Quando me dá aquela fossa, aquela vontade de passear por Ipanema e ver os meus amigos, o jeito é pegar uma feijoada e comê-la olhando para um postal da Guanabara”.


Mas, um dia, ela teve uma alegria enorme: um grupo de amigos convidou-a para almoçar e, quando ela chegou, deu um grito de surpresa: era vatapá, no duro!
“O pessoal com que trabalho é muito bonzinho. Quando amanheço de cara triste, eles já sabem que é saudade e fazem tudo para que eu sorria” – diz Esmeralda. A sua participação no carnaval carioca é uma condição que ela não dispensa: “Eles lá já sabem que, quando o carnaval estiver chegando perto, é hora de arrumar as malas e me tocar para o Rio.”
(Texto de Fernando Martins e foto de Nélson Di Rago. Revista INTERVALO, 18/08/1968)
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ESMERALDA, A VOLTA DA MULATA PRECIOSA

Esmeralda é uma mulata sem preconceitos. Diz sempre o que sente, sem olhar para quem fala. Chegou da Itália para ficar dois meses entre nós trazidas pela saudade de três coisas que ela acha fundamental: praia, feijão e carnaval.


Em Roma, Esmeralda confessa que não faz sucesso e que é “apenas uma atriz que começa.” Vai quase todas as noites aos teatros, para se familiarizar mais com o idioma e, indiretamente, aprender um pouco um pouco de arte dramática.


Depois de sete filmes, ela já pode afirmar (com um certo sotaque): - Sabe... para me sentir realmente feliz e realizada, eu preciso é ter um filho. Isso sim vai ser mais importante e essa será certamente a coisa mais linda da minha vida. Só que ainda não escolhi o pai da criança: no ponto em que estou de minha carreira, um marido poderá atrapalhar todos os meus planos.
(Texto de Carlos Marques e Fotos de Claus Meier, MANCHETE, 15/11/1969)

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                  Túnel do tempo, novembro 2009. Por onde anda Esmeralda Barros?
               Pelo amor que ela tinha às coisas que achava fundamental - sol, praia, feijão, feijoada, vatapá, carnaval e praia - acredito que esteja morando num lugar pertinho do mar, no Rio de Janeiro ou na Bahia.
               Pelo ideal que ela fazia de felicidade, acredito que seja mãe e avó. E que hoje, mais sábia, ao mostrar seus álbuns de recortes e recordações para os seus descendentes afirma:
               - “Naquele tempo, diziam em todo o Brasil que eu era uma mulata preciosa, mas hoje estou feliz em ser apenas uma avó preciosa.”

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