sábado, 27 de dezembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - AS HERDEIRAS DO TRONO

Daslan Melo Lima

      Abril de 1964. Eis o título de uma enquete realizada entre jornalistas cariocas: "Qual a reportagem que você gostaria de escrever?" Resposta de um deles: - A eleição da filha de Marta Rocha como Miss Brasil.

      O assunto inspirou a matéria As Herdeiras do Trono, de Odacir Soares, com fotos de Aldyr Tavares, publicada na revista MANCHETE, de 02/05/1964, focalizando cinco misses com suas filhas. As misses eram: Iolanda Pereira, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1930Marta Rocha, Miss Bahia, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1954Emília Corrêa Lima, Miss Ceará, Miss Brasil e semifinalista no Miss Universo 1955Teresinha Morango, Miss Amazonas, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1957Vera Lúcia Saba, Miss Guanabara, terceira colocada no Miss Brasil 1962, representante brasileira no Miss Mundo 1962.
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O BROTO JANE MARIA TEM TRADIÇÃO UNIVERSAL - Vânia, a filha mais velha de D. Iolanda Pereira Souto de Oliveira, Miss Universo 1930, não pode participar de concursos de beleza: casou-se, há pouco, com um oficial da FAB. Mas Jane Maria, a menor, tem autêntica beleza de miss, embora não almeje tal título. Ela tem 17 anos, olhos e cabelos negros, lê muito e escreve poesia. D. Iolanda é casada com o Brigadeiro do Ar Homero Souto de Oliveira, comandante da 1ª Zona Aérea.
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MARTA NÃO QUER QUE SUA FILHA SEJA MISS - Marta Rocha e Ronaldo Xavier de Lima são unânimes: "Nossa filha, Claudinha, não será miss em hipótese alguma." Os irmãos da menina, Álvaro Luís e Carlos Alberto, de sete e de seis anos, têm, desde já, a mesma opinião. A pequena Cláudia, entretanto, a todos parece desmentir com a sua beleza.
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MARÍLIA DE EMÍLIA QUER SER MISS BRASIL - Em 1955, uma professora do Ceará surpreendeu o país, conquistando o título de Miss Brasil: Emília Corrêa Lima. No ano seguinte, ela já era esposa do Major Wilson Santa Cruz Caldas. Nelsinho, o primeiro filho, nasceu em Fortaleza. Depois veio Marília, linda menina de cabelos louros escorridos, que tem muitas amigas, vai à praia em Copacabana e escolhe seus próprios vestidos. "Quando crescer", afirma, "quero ser Miss Brasil".
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ANDREA, A PRIMEIRA FILHA DA SEGUNDA MAIS BELA DO MUNDO- Andréa tem menos de um mês e veio fazer companhia a Albertinho, primeiro filho de Teresinha Morango e Alberto Pittigliani. Nasceu forte e robusta, com longos cabelos negros e mais de três quilos. Os signos astrais do dia do seu nascimento vaticinam para a menina uma vida de fama e sucesso, idêntica, portanto, à da sua mãe, que já foi até a segunda mais bela do mundo.
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KÁTIA VIRGÍNIA HERDOU TODA A BELEZA DA MÃE - Vera Lúcia Saba, Miss GB de 62, encontrou o seu amor no Líbano. Casou-se, em Beirute, com o jovem cabeleireiro Georges Michel Kour. Kátia Virgínia nasceu no Rio, no dia 7 de setembro do ano passado, com mais de quatro quilos e mais de 50 centímetros. A menina vai ser batizada no dia do aniversário da mãe, em maio, e terá como madrinha Julieta Strauss, que também já foi miss. Vera está cada vez mais bonita e somente a filha lhe faz concorrência.
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      Maio de 1964. Eu era um menino e ficava apreensivo com o destino do Planeta Terra ao ler sobre o Golpe militar brasileiro, a Guerra do Vietnam... Ainda bem que a minha fé em DEUS e a minha coleção de recortes sobre misses, meu passatempo preferido, amenizavam minhas inquietações.

     Dezembro de 2008. Aquelas herdeiras ao trono não tiveram interesse em disputar um título de beleza e uma das misses focalizadas já partiu para outra dimensão, Iolanda Pereira, falecida em 04/09/2000.

     Neste último domingo pernambucano ensolarado de 2008, eu sou um homem maduro que fica apreensivo com o destino do Planeta Terra ao ler sobre os graves problemas ambientais, a violência... Ainda bem que a minha fé em DEUS e os assuntos sobre misses, meu passatempo preferido, amenizam minhas inquietações.

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sábado, 20 de dezembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Aquele dezembro inesquecível de Marluci Manvailer

Daslan Melo Lima

         A data era 17 de dezembro de 1966. A revista Manchete, uma das mais importantes publicações brasileiras da época, circulava nas bancas de todo o País trazendo na capa a bela morena Marluci Manvailer Rocha, Miss Mato Grosso, segunda colocada no concurso Miss Brasil e quarta colocada no Miss Mundo 1966.





       Marluci Manvailer foi uma das misses brasileiras dos mágicos anos 60 a encher de orgulho os corações brasileiros. Pela ordem dos fatos, ei-las:

Vera Maria Brauner, vice-Miss Beleza Internacional 1961;
Maria Olívia Rebouças Cavalcanti, quinto lugar no Miss Universo 1962;
Ieda Maria Vargas, eleita Miss Universo 1963;
Vera Lúcia Couto, terceira colocada no Miss Beleza Internacional 1964;
Maria Isabel Avelar Elias, quarto lugar no Miss Mundo 1964;
Sandra Rosa, quinto lugar no Miss Beleza Internacional 1965;
Marluce Manvailler, quarta colocada no Miss Mundo 1966;
Marta Vasconcelos, eleita Miss Universo 1968;
Maria da Glória Carvalho, eleita Miss Beleza Internacional 1968.



          Marluce Manvailler vivia em Ponta Porã, onde estudava para se tornar professora. Descendente de uma índia guarani, tinha 1,71 de altura, 57 quilos e a juventude dos seus 18 anos de idade. Com o destaque que ganhou em Londres, voltou ao Brasil determinada a ser manequim profissional e posou para a Manchete de 17 de dezembro de 1966, vestindo modelos da Sabrina Modas.
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          Estamos em 20 de dezembro de 2008. E assim se passaram 42 anos. Dentro desta atmosfera natalina, fico pensando numa bela senhora, realizada e feliz, chamada Marluci Manvailer, evocando aquele dezembro inesquecível de 1966.

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Leia também, Marluci Manvailer, Miss Mundo Brasil 1966

O MAIS BELO POEMA BRASILEIRO PARA REFLEXÃO DE 2008

MARIA EDILIA MAIA DE MORAES, Lia Maia, é a grande vencedora do concurso O MAIS BELO POEMA BRASILEIRO PARA REFLEXÃO DE 2008. Dos doze membros da comissão julgadora, oito deles indicaram EM BUSCA DE COMPASSO para o primeiro lugar.
MARIA EDILIA nasceu no Recife-PE, em 29/10/1950, e está radicada em Fortaleza-CE há 30 anos. É separada e tem três filhos, todos já casados, e uma neta. Estuda literatura e faz parte de um grupo de amigos amantes da poesia. Tem planos para editar seus poemas em breve.
Já participou de antologias e tem alguns dos seus poemas publicados em jornais.
É graduada em Pedagogia e pós-graduada em Psicomotricidade Relacional. Trabalhou durante 27 anos em educação, exercendo a arte de educar, estando sempre perto das palavras.

O MAIS BELO POEMA BRASILEIRO PARA REFLEXÃO DE 2008, pelo terceiro ano consecutivo, foi uma promoção cultural de âmbito nacional de PASSARELA CULTURAL.
MISSÃO DA PROMOÇÃO: Divulgar cultura no mundo virtual.
OBJETIVO DA PROMOÇÃO: Tornar público, através da Internet, criações poéticas que levem o leitor a fazer uma reflexão sobre temas como amor, desamor, solidão, sonhos, encontros, desencontros, ilusões, desilusões, vida, morte, etc.

COMO FOI O CRITÉRIO DE ESCOLHA DOS CINCO FINALISTAS - Um número de 151 poetas enviaram o total de 775 textos. A publicação dos trabalhos pré-selecionados foi acompanhada por 12 internautas que selecionaram os 5 (cinco) poemas finalistas, sem ordem de classificação.

COMO FOI O CRITÉRIO PARA APONTAR O PRIMEIRO LUGAR - Doze personalidades ligadas ao mundo da arte, da beleza e da cultura, mais sobretudo dotadas de sensibilidade suficiente para opinar, escolheram três textos, dando nota 3 para o primeiro lugar, nota 2 para o segundo lugar e nota 1 para o terceiro lugar. Na análise dos poemas finalistas, o critério maior que prevaleceu foi o de ordem subjetiva. Cada membro do júri optou pelos os três poemas que mais tocaram a sua sensibilidade.


COMISSÃO JULGADORA

Dentro da transparência que norteia a promoção, divulgo as notas atribuídas por cada membro da comissão julgadora. A decisão dos jurados é soberana e do resultado não caberá nenhum recurso.

Aparecida França, atriz :
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Menino; Nota 1-Embala;

Beatriz Rodrigues Pereira, estudante:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Paixão Acorrentada; Nota 1-Menino;

Celma Lúcia Vasconcelos, Secretária da Faculdade de Timbaúba:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Menino; Nota 1-Embala;

Daniel Oliveira, cordelista, compositor, escritor:
Nota 3-Paixão Acorrentada; Nota 2-Embala e Nota 1-Universo da Cama;

Fernando Augusto Matias da Silva, promotor de eventos:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Menino; Nota 1-Universo da Cama;

Giovana Guerra, poetisa:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Embala; Nota 1-Paixão Acorrentada;

Gustavo Melo, escritor:
Nota 3-Menino; Nota 2-Paixão Acorrentada; Nota 1: Universo da Cama;

José Eduardo de Souza Castro, publicitário:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Universo da Cama; Nota 1-Paixão Acorrentada;

Lia Falcão, poetisa, contista:
Nota 3-Embala; Nota 2-Menino; Nota 1-Paixão Acorrentada;

Maurício Cals, arquiteto:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Embala; Nota 1-Paixão Acorrentada;

Roberto Macêdo, jornalista, arquiteto, missólogo:
Nota 3-Em Busca de Compasso; Nota 2-Menino; Nota 1-Universo da Cama;

Sandra Karla Braz de Freitas Cavalcanti, fonoaudióloga:
Nota 3-Menino; Nota 2-Paixão Acorrentada; Nota 1-Em Busca de Compasso.

PONTUAÇÃO

1º Lugar, EM BUSCA DE COMPASSO, de Maria Edilia Maia de Moraes:
8 indicações para o 1º lugar e 1 para o 3º lugar. Total: 25 pontos;

2º Lugar, MENINO, de Mauro Lúcio da Silva:
2 indicações para o 1º lugar, 5 indicações para o 2º e 1 para o 3º. Total: 17 pontos;

3º Lugar, PAIXÃO ACORRENTADA, de José Ubirajara Cavalcante:
1 indicação para o 1º lugar, 3 indicações para o 2º e 4 para o 3º. Total: 13 pontos;

4º Lugar, EMBALA, de Merilu Silva:
1 indicação para o 1º lugar, 3 indicações para o 2º e 2 para o 3º lugar. Total: 11 pontos;

5º Lugar: UNIVERSO DA CAMA, de Maciel Luiz de França:
1 indicação para o 2º lugar e 4 indicações para o 3º. Total: 06 pontos.

Os autores dos poemas finalistas receberão o DIPLOMA e a MEDALHA DE MÉRITO PASSARELA CULTURAL.
Peço aos mesmos que façam contato comigo através dos e-mails daslan@terra.com.br e daslan@timbafest.com.br, a fim de atualizarem seus endereços para correspondência e combinarmos a melhor forma de entrega das honrarias.

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O MAIS BELO POEMA BRASILEIRO PARA REFLEXÃO DE 2008

1º lugar, EM BUSCA DE COMPASSO

Maria Edilia Maia de Moraes, pernambucana do Recife, radicada em Fortaleza-CE

Trespasso minha alma iludida
Solto-a em busca do compasso
Nesse meu descompasso de vida
ás vezes perco o laço, traço, o passo...

Sem medir a ânsia de compasso
nessa tão descompassada vida,
tento arrumar o descompasso
ao perpassar essa louca lida.

No compasso dos meus passos,
busco passo no traçado do tempo.
No lento passo a passo, ainda assim, passo.
Quisera achar o tom no descompasso.

Oh! Trago minha alma ferida, sofrida!
Tão desmedida, inquieta, anda perdida.
Busca, almeja, deseja encontrar guarida!

A harmonia para o concerto da vida
só faz compasso, pacto,
se for feito no passo a passo.

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2º lugar, MENINO

Mauro Lúcio da Silva, natural de Juiz de Fora-MG e residente em Pequim, onde é funcionário público da Embaixada do Brasil na China.


Vai, menino!
Vai correr!
Corre, brinca,
não deixe o teu tempo
no tempo se perder.

O tempo passa rápido.
Ele corre mais que você.
A vida passa tão depressa,
te fazendo crescer.

Vai, menino, vai!
Tomo conta de tudo para você.
Vai!
Aproveita a tua juventude.
Não deixe o tempo, ante do tempo,
te envelhecer.

O tempo o transformará em adulto.
Te fará crescer,
te trará problemas que certamente te farão sofrer.

Vai, menino!
Vai!
Vai brincar, vai correr.
Vai!
Corra bem rapidinho,
Porque o tempo não espera por você.


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3º lugar, PAIXÃO ACORRENTADA

José Ubirajara Cavalcante, alagoano de São José da Laje, residente em Maceió-AL.


Elos sólidos e prazerosamente entrelaçados,
pela força indestrutível da mãe natureza,
que com o seu fulgor os faz apaixonados,
mantendo a chama do amor sempre acesa!

São braços que se unem em fortes abraços
e lábios que se tocam com intenso desejo.
São corpos que se atracam em belos laços,
e explodem de tesão, num cristalino beijo!

Não é apenas uma cena de amor abrasada!
São um homem e uma mulher absorvidos
por uma cintilante paixão acorrentada,
que ressoa literalmente em doces gemidos!

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4º lugar, EMBALA

Merilu Silva, natural de Timbaúba-PE, onde reside.


Embala
o meu sonho em teu sonho,
para que eu possa também adormecer.

Embala
a sensualidade liberada,
porém não aceita por terceiros.

Embala
esses gritos roucos,
loucos,
escarnecidos...
que interferem nas palavras soltas
que me ferem impensadamente.

Embala
um coração dolorido,
tão menino e sofrido,
para que aceite o dilema de um amor perdido.

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5º lugar, UNIVERSO DA CAMA

Maciel Luiz de França, natural de Limoeiro-PE, onde reside


Deprimente na verdade é a solidão
O vazio dos nossos frios lençóis
Onde criamos nossas belas ilusões
Ao mesmo tempo vivemos tão sós.

Os homens são mais vulneráveis
No imenso universo da cama
O mais forte é que são mais frágeis
O mais fraco é o que menos reclama.

O prazer é um troféu que se busca
O amor é uma luz que se ofusca
Quando o objetivo é a própria satisfação.

O romance perde a essência do sentido.
O que se tinha, se encontra perdido
O condutor perde o controle e a direção.

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As confissões de MARIA EDILIA MAIA DE MORAES, autora de EM BUSCA DE COMPASSO



Creio que cada palavra é viva, é vida, é um pedaço do universo e na natureza intrínseca de cada uma localiza-se a sua luminosidade.
Acredito também na eficácia mágica da pa-(lavra), pois com esta podemos
convocar as forças benfazejas ou exorcizaras maléficas. Podemos mudar a vida e transformar o mundo. Penso que a poesia, entretanto, sobrepõe à palavra, pois se situa além das costuras da linguagem. Quando as escrevo, posso ter a chance de fazer alguém feliz, sorrir, ir adiante.

Na poesia me encontro... Canto! Desejo ter como única ciência a poesia. Perdoem-me a imodéstia de a considerar a ciência mais exata. Não desejo outra sabedoria senão essa, a da poesia, a única que é capaz de apreender o real absoluto.

Creio que cada palavra é um pedaço do universo e na natureza da palavra viva, esconde-se a luminosidade do universo. Ainda creio na eficácia mágica da palavra. Ainda creio que com as palavras se pode convocar as forças benfazejas ou exorcizar as forças maléficas. Ainda creio que com palavras se pode mudar a vida e transformar o mundo... Mas creio também que uma palavra errada pode alterar o equilíbrio cósmico.


Minhas paixões: poesias,ler, teatro,dançar,viajar e sempre curtir uma boa musica.

Meus livros preferidos : Para além do bem e do mal,(NIETZSCHE), Nietzsche e a Liberdade ( MIGUEL ANGEL de BARRENECHEA),Os MUTANTES( PIERRE WEIL),Antes e Depois de Sócrates(Martins Fontes),Transparências da Eternidade( RUBEM ALVES), O ERRO DE DESCARTES (Antonio Damásio)"APOTEOSE"(Dulce Tupacyguara Mascarenhas)

Minhas músicas preferidas: as de Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim, Raimundo Fagner....

Filosofar é meu cantar.
Gosto de existir!


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sábado, 6 de dezembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - DUAS MISSES E O LEITE DE ROSAS - LÚCIA DE CARVALHO E AQUELE FRIOZINHO NO ESTÔMAGO

DUAS MISSES E O LEITE DE ROSAS

Duas mulheres lindas, dois destinos e o Leite de Rosas, um produto tradicional usado como desodorante e limpeza de pele. A empresa Laboratórios Leite de Rosas Ltda estava entre os patrocinadores do concurso Miss Brasil 1955 e deu à vencedora um prêmio no valor de mil dólares.



Ao Leite de Rosas que consagrou a beleza da mulher brasileira no memorável Concurso de Miss Brasil, sinceramente, Emília Corrêa Lima, Miss Brasil 1955.

Sobre uma bela foto em tom sépia, mostrando o sorriso e a suavidade da cearense Emília Corrêa Lima, estava o texto acima, com a caligrafia da Miss Ceará e Miss Brasil 1955, ilustrando uma propaganda na revista O CRUZEIRO, de 09/07/1955.
Emília Corrêa Lima foi semifinalista no Miss Universo. Cumpriu com classe e categoria seus compromissos como Miss Brasil e depois casou com o pernambucano Wilson Santa Cruz Caldas, Major do Exército brasileiro.

Leite de Rosas. Sempre usei. Não somente como desodorante, mas para retirar maquiagem, como remédio para picada de insetos ou, então, quando dou encontrão nos móveis, disse Emília Corrêa Lima ao jornalista Fernando Machado, quando indagada qual o seu desodorante preferido, em entrevista publicada na coluna Perfil do Consumidor, no Jornal do Commercio-Recife, de 07/06/1993.


Sobre uma bela foto em tom sépia, mostrando o sorriso e a suavidade da pernambucana Alba de Souza Leão, estava o texto abaixo, com a caligrafia da Miss Pernambuco 1955, ilustrando uma propaganda na revista O CRUZEIRO, de 19/11/1955.

Ao “Leite de Rosas”, patrocinador do Concurso “Miss Brasil 1955” e embelezador de todas as mulheres brasileiras, ofereço minha fotografia no dia do meu Enlace Matrimonial. Sinceramente. Alba de Souza Leão, “Miss Pernambuco”.



Alba Souza Leão não chegou ao fim do seu reinado como Miss Pernambuco. Cinco meses depois de ter participado do Miss Brasil, Alba casou com Harry B. Richburg, Oficial da Força Aérea dos Estados Unidos.

Emília e Alba encontraram a realização de suas vidas dedicando-se às atividades do lar, às missões de esposa e mãe e às promoções filantrópicas. Emília construiu duas creches em favelas cariocas: Andorinha, na Restinga, e Pequena Obra do Presépio, no Cantagalo. Alba atua na filantropia de Schertz, em San Antonio, Texas, sendo responsável pelas refeições de um asilo de idosos.

Esta Sessão Nostalgia não é um merchandising,
mas aqui fica uma sugestão para a LR-Cia Brasileira de Higiene e Produtos de Toucador, empresa que hoje fabrica o Leite de Rosas : Que tal localizar essas duas Misses do período áureo do Miss Brasil e convidá-las para um comercial ?

Emília e Alba, duas mulheres lindas, dois destinos e um produto tradicional, o Leite de Rosas, usado como desodorante e limpeza de pele, a marcar suas vidas para sempre.

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LÚCIA DE CARVALHO E AQUELE FRIOZINHO NO ESTÔMAGO

Quase sempre, toda jovem ao ganhar um cobiçado título de Miss, ao ser indagada qual a emoção, responde:
- É um sonho! Eu não esperava ganhar!

Naquele distante junho de 1957, Lúcia de Carvalho deu uma resposta bem mais original, talvez a mais original da história dos concursos de misses no Brasil.



"Um friozinho aqui no estômago, aquele mesmo que a gente sente quando o elevador desce muito depressa" – assim foi como a jovem Lúcia de Carvalho descreveu a sua emoção, ao ser escolhida, entre dezesseis outras candidatas, Miss São Paulo 1957, para disputar em Quitandinha, a 22 de junho, a faixa e coroa de Miss Brasil deste ano.

Com 90 cm de busto, 60 de cintura, 94 de quadril e 57 kg de peso, tudo isso sabiamente distribuído em 1,67 m de altura, Lúcia de Carvalho gosta de contar que já foi apelidada de Miss Concurso, pois já concorreu a vários certames desse tipo, tendo sido a segunda classificada na eleição de Miss São Paulo 1956. De outra vez, ganhou uma viagem a Paris por ter as mais bonitas pernas de São Paulo.

Preferências: feijoada, São Paulo Futebol Clube, quibe cru e sapato de salto alto. Conta 22 anos de idade, tem curso de secretariado, considerando-se uma garota essencialmente prática. Mas dedica parte do seu tempo a coisas românticas, como poesia, e é “doutora” na vida e obra de Beethoven, tendo franca possibilidade de êxito nesses programas de respostas milionárias na televisão.

Esperançosa na conquista do título nacional, ainda assim é contra a teoria do “já ganhou”, dizendo: “ O fato de representar a mulher paulista, num concurso de beleza, é muito honroso. O resto fica por conta do júri.”

(Revista O CRUZEIRO-22/06/1957, de onde reproduzí as imagens que ilustram esta crônica)

Por ordem de classificação, as cinco finalistas do Miss Brasil 1957 foram : Terezinha Gonçalves Morango, Miss Amazonas; Maria Dorotéia Antunes Neto, Miss Minas Gerais;, Sandra Hervê, Miss Rio Grande do Sul; Lia Pires de Castro, Miss Ceará; e Karin Japp, Miss Paraná.

Lúcia de Carvalho talvez tenha sentido um friozinho no estômago por não ter obtido classificação no Miss Brasil. Talvez tenha sentido outros friozinhos no estômago diante dos sim e dos não que o destino lhe reservou pela caminhada.
Mas eu tenho certeza de que foi aquele friozinho aqui no estômago, aquele mesmo que a gente sente quando o elevador desce muito depressa, que ela sentiu ao ter sido eleita Miss São Paulo 1957, o mais importante de toda sua vida.

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sábado, 29 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - IEDA MARIA VARGAS, O ESPLENDOR DE UMA GERAÇÃO

Quando a gaúcha Ieda Maria Vargas desembarcou em Brasília, trazendo de Miami Beach o cetro, a faixa e a coroa de Miss Universo 1963, mais de mil pessoas estavam lhe esperando.

Brasília fez uma pausa nas suas atividades para homenagear a gauchinha que Miami reconheceu como a mais bela do mundo. Os estudantes foram liberados. E uma boa parte da população da Capital Federal se postou à margem da Avenida W-3, para vê-la passar em direção ao Hotel Nacional.


Depois de receber as homenagens de Brasília e do Presidente João Goulart, Ieda Maria Vargas chegou ao Rio, onde foi recebida como uma importante figura popular. Desfilou pela Avenida Rio Branco, no carro do Corpo de Bombeiros, acompanhada de Miss Estados Unidos e de Miss Guanabara, Vera Lúcia Maia. Dos edifícios foram atirados, sobre o carro de Miss-U, milhões de papéis coloridos. O povo, nas ruas, cercou-a carinhosamente.
(Revista O CRUZEIRO, de 07/09/1963, de onde foram reproduzidas as fotos que ilustram esta crônica, imagens do seu desfile na Av. Rio Branco, Rio de Janeiro)

A revista O CRUZEIRO ofereceu um almoço a Ieda Maria Vargas. Entre os presentes estavam: Marize Osers, Miss Estados Unidos; Phillip Botfeld, Diretor-Executivo do Miss Universo; Lincoln Gordon, Embaixador dos Estados Unidos; João Calmon, Deputado; Paulo Cabral, Diretor dos Diários Associados e Edílson Varela, Diretor-Executivo do concurso Miss Brasil.

Na ocasião, a Presidente da Empresa Gráfica O CRUZEIRO, Amélia Whitaker Gonçalves de Oliveira, filha de José Maria Whitaker, fez o seguinte discurso:

Ieda, você tem um fã em São Paulo. Fãs, você tem muitos. Porém, um, muito respeitável e respeitado. Tem 85 anos e é meu pai. Escreveu o seu ponto de vista, da velha geração, sobre a beleza.
Vou, com a permissão de todos, lê-lo.

“Não é coisa fácil um concurso de beleza. Tem a doçura de uma exaltação da feminilidade e infunde-nos o orgulho do sangue limpo que herdamos. Quando, porém, se realiza em círculo de cúpula, quando se torna uma competição universal, uma vitória como a vossa – testemunhando o esplendor de uma geração – exalta nosso patriotismo.

"E este triunfo, formosa flor de nossa bela terra, que eu, em nome dos velhos que acreditam no Brasil, em todas as suas manifestações, agradeceria comovido. Não só em meu nome. Mas no de todos os brasileiros, das mulheres e dos moços, que vêem na vossa beleza a alta vitalidade de uma geração, da geração que há de salvar, que há de elevar, que há de engrandecer o Brasil.”

Eu acho que não tenho, depois destas palavras, nada mais a dizer.


(O CRUZEIRO, 07/09/1963)


Leio e releio o texto de José Maria Whitaker e me comovo. Faço parte daquela geração que ele citou como a que haveria de salvar, de elevar e de engrandecer o Brasil.
Um arrepio invade minh’alma nesta ensolarada manhã pernambucana do último domingo de novembro de 2008.
O que fiz para honrar, salvar, elevar e engradecer o Brasil?
Pergunto ao silêncio e aos anjos invisíveis que me rodeiam e eles não respondem.
Mas vejo as fotos de Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963, e me conformo.
Pelo menos ela, com sua beleza, personalidade e caráter, permanece como um ícone dos anos 60, o esplendor de uma geração.


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sábado, 22 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Mara de Carvalho Ferro, "A namorada que sonhei"

Daslan Melo Lima


       Mara de Carvalho Ferro, Miss São Cristóvão Imperial, não estava na lista das favoritas ao título de Miss Guanabara 1969. Era Maria Helena Leal Lopes, Miss Telefônica, que tinha o nome citado, de norte a sul do país, como futura Miss Guanabara, quiçá Miss Brasil, mas uma determinação do juizado de menores impediu sua participação no concurso, pelo fato de ter 18 anos incompletos. Mara de Carvalho Ferro despertou atenção ao desfilar de maiô na passarela do Miss GB, com seu tipo louro distribuído em 1,66m de altura, 86 cm de busto, 93 de quadris e 61 de cintura.



      No concurso Miss Brasil 1969, as duas primeiras colocadas agradaram em cheio: Vera Fischer, Miss Santa Catarina, primeiro lugar, e Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, Miss São Paulo, segundo lugar. Para o terceiro e quarto lugares, outros nomes eram esperados, como Sueli Veras, Miss Amazonas, e Ana Maria Côrtes, Miss Minas Gerais. Mas a comissão julgadora decidiu contemplar Ana Maria Rodrigues, Miss Rio Grande do Sul, com o terceiro lugar, e Mara de Carvalho Ferro, Miss Guanabara, com a quarta colocação.

A contagem final dos jurados outorgou 54 pontos para Miss Santa Catarina, 32 para Miss São Paulo, 17 para Miss Rio Grande do Sul e 12 para Miss Guanabara. O quarto lugar foi, de todos, o mais duramente disputado, pois quando surgiram as oito finalistas, Miss Minas Gerais tinha 13 pontos, e Miss Amazonas empatava com a carioca. Se uma parte do público se pronunciava, a certa altura, mais pela amazonense do que pela Miss Guanabara, uma coisa deve ser dita em favor de Mara Carvalho Ferro: ela desfilou em estado de tensão, preocupada com a saúde do pai, que sofrera um enfarte há poucos dias. As demais candidatas tomaram conhecimento do ocorrido e prestigiaram-na. Como quarta classificada, ela representará o Brasil no novo concurso Maja Internacional, na Espanha(Revista Manchete)

“Olha, o mais difícil mesmo foi ser Miss Guanabara”, disse Mara Carvalho Ferro. Antes e depois de ser eleita a mais bela carioca, ela já tinha um futuro promissor à sua disposição: fazer cinema. Parafernália, sua estréia diante das câmaras, vai ser lançado em breve. Depois, fará o papel principal de Helena, Helena. (Revista Fatos & Fotos).



      Mara Carvalho atuou com Jece Valadão no filme Memórias de um Gigolô, de Alberto Pieralisi, mas não foi longe na carreira de atriz. A Miss GB 1969 também foi protagonista da fotonovela colorida A Namorada Que Sonhei, na revista Sétimo Céu, de fevereiro de 1970, ao lado do cantor Nilton César. O argumento foi inspirado na letra da música homônima, composta por Osmar Navarro e gravada por Nilton César, um dos maiores sucessos populares românticos brasileiros de todos os tempos.



      Na ficção, Mara era casada com um homem rico, uma união sem amor e mantida por interesses, a fim de evitar a ruína da família. Sua vida se cruzou com a de um jovem compositor e cantor humilde, protagonizado por Nílton César, que inscreveu a música A Namorada Que Sonhei em um concurso. No final feliz, o rapaz venceu a competição, a família da moça voltou a enriquecer, seu casamento terminou em desquite e ambos partiram para morar nos Estados Unidos.

      Nas imagens dos quadrinhos da fotonovela, conforme algumas cenas aqui reproduzidas, uma Mara Carvalho de cabelos soltos incentivava a fantasia de quem via nela a verdadeira musa da canção. Até hoje, ao ouvir a música, meu pensamento voa para Mara de Carvalho Ferro, Miss Guanabara, quarta colocada no Miss Brasil 1969, A Namorada Que Sonhei.




Receba as flores que lhe dou 

E em cada flor um beijo meu
São flores lindas que lhe dou
Rosas vermelhas com amor
Amor que por você nasceu 

Que seja assim por toda vida 
E a Deus mais nada pedirei 
Querida, mil vezes querida, 
Deusa na terra nascida 
A namorada que sonhei 

No dia consagrado aos namorados 
Sairemos abraçados por aí a passear 
Um dia, no futuro, então casados 
Mas eternos namorados 
Flores lindas eu ainda vou lhe dar 

Que seja assim por toda vida 
E a Deus mais nada pedirei 
Querida, mil vezes querida, 
Deusa na terra nascida 
A namorada que sonhei


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sábado, 15 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Dione Oliveira, a flor dos campos

Daslan Melo Lima

          Para muitos brasileiros, era ela, Dione Brito de Oliveira, Miss Pernambuco, e não Vera Regina Ribeiro, Miss Distrito Federal, quem deveria ter saído do Maracanãzinho, naquela noite de 20/06/1959, com o manto, a faixa, o cetro e a coroa de Miss Brasil 1959. Dione Oliveira foi a segunda colocada e ganhou o direito de viajar a Londres para representar o Brasil no concurso Miss Mundo.
          Em 1º/08/1959, a revista Mundo Ilustrado, uma das mais importantes publicações brasileiras da época, colocou Dione Oliveira na capa, embora a chamada fizesse referência ao concurso Miss Universo, que estava sendo realizado em Long Beach. A reportagem sobre as preliminares do Miss Universo tinha seis páginas. A matéria sobre Dione Oliveira tinha quatro páginas e sete fotos mostrando o seu retorno à cidade de Caruaru.



Abaixo, na íntegra, o texto da revista Mundo Ilustrado, reportagem de Vivone Ítalo e fotos de João Mendes.


EM CARUARU DIONE JÁ É MISS MUNDO 

DIONE TEM NOME TROCADO: 

DEVIA CHAMAR-SE DIACUÍ, A FLOR DOS CAMPOS

          Caruaru engalanou-se para receber sua bela filha que representará o Brasil, em Londres, no próximo certame de Miss Mundo, em outubro do corrente ano. Quase todos os seus 80 mil habitantes foram às ruas para ovacionar a moça que projetou, ainda mais, a segunda cidade pernambucana no cenário nacional.




          O jardim Siqueira Campos e a Avenida Rio Branco eram os pontos máximos da concentração popular. Ali foi armado um palanque para que Dione Oliveira saudasse seus amigos caruaruenses. Seu pai, Sr. Dirceu Valença Oliveira, e o prefeito da cidade, Sr.João Lira, a estavam esperando no palanque. O prefeito entregou a Dione a chave simbólica do município. Dione governou Caruaru por um dia e meio.
           A uns quinhentos metros do centro da cidade aguardava a comitiva da Vice-Miss Brasil um exército de lambretistas uniformizados, os Falcões Alvinegros e Dragões Alvirrubros, que seriam os batedores do desfile. Dione, em carro aberto, percorreu quase toda a cidade fundada por João Rodrigues do Nascimento. Seu carro era o último. 
          À sua frente, também em carros abertos, iam Miss Bahia, Srta. Maria Eutímia, e representantes dos maiôs Catalina. Muitos fogos, confetes e serpentinas saudaram a volta de Dione a sua terra natal. Aos gritos de “Dione já é Miss Mundo” o povo acompanhou-a até o Hotel Centenário, onde lhe foi oferecido um banquete. 

          Em virtude das festividades, foram adiados dois comícios políticos. Caruaru está em campanhas eleitorais.




          “Eu deveria ter batizado Dione de Diacuí, porque minha filha é mesmo uma flor dos campos”, disse emocionado o pai de Miss Pernambuco no discurso que fez no banquete, ao qual estavam presentes figuras da sociedade local, imprensa de vários estados, familiares, representantes dos maiôs Catalina, Germainne Monteil Produtos de Beleza, que maquiou Dione desde o concurso de Miss Brasil, e Lóide Aéreo, que transportou todas as misses, de Norte a Sul, ao concurso de Miss Brasil, no Rio de Janeiro. Tomaram parte no ágape 44 pessoas.



         O Clube Intermunicipal de Caruaru recepcionou Dione e sua comitiva em sua sede provisória. Fazia parte do programa, além do baile, um desfile, em “avant-première”, de Dione Oliveira, com maiô de prata, ofertado pela Catalina, o mesmo que será usado em Londres. 
         Assim que Dione assomou à passarela (onde conquistou o título de Miss Caruaru) todos, de pé, aplaudiram-na, delirantemente. Dione pisou firme e dominadora, arrancando lágrimas dos mais emotivos. Desfilou, também, com o vestido que Marcílio Campos idealizou para ela, por ocasião do concurso de Miss Brasil, no Maracanãzinho. O Intermunicipal ofertou-lhe um riquíssimo colar de pérolas. É a primeira vez que o Clube faz uma Miss Pernambuco e, segundo seus diretores, fará as próximas. 
          Na manhã seguinte a todas essas festividades, dia em que Dione teria que voltar ao Recife, em trânsito para o Rio de Janeiro, onde a esperam cursos de retórica e inglês, patrocinados pelo Lóide Aéreo Nacional, que promoveu a ida a Pernambuco de grande parte da comitiva de Dione, a reportagem de MUNDO ILUSTRADO antecipou-se às homenagens que a Municipalidade havia reservado para as poucas horas que ainda iria permanecer em Caruaru, tirando-a do hotel logo às 8 horas.
          Dione foi levada a pontos pitorescos da progressista cidade do interior pernambucano e para a fazenda Normandia, bem afastada da cidade, de propriedade do Sr.Pietro Carneiro, para efeito de fotografias. O pai de Dione não gostou de seu desaparecimento. “Minha filha não mais irá a Londres. os senhores raptaram minha Dione”, disse o Sr.Dirceu Valença Oliveira à reportagem, quando Dione voltou à Caruaru. 


          Prosseguiu: “ Imagine-se o que o povo da cidade irá dizer e comentar quando souber que Dione esteve num carro, sozinha, com vários homens, para ser fotografada por diversos cantos da cidade e fora dela.” 

          O velho Dirceu não entendia bem nossa missão. Homem do interior, não está acostumado com o que se faz na cidade. Explicamos ao pai de Dione que estávamos em plena função do nosso trabalho, e que nada havia de mais que pudesse colocar em jogo a reputação da sua filha. A muito custo nos entendeu, e ficou o dito pelo não dito. 
          Dione irá mesmo a Londres, mas que passamos maus bocados, lá isso passamos. O homem telegrafou, até, a Recife, noticiando sua decisão. Mandou um desmentido.




          Dione Oliveira representou muito bem o Brasil no concurso Miss Mundo 1959, embora não tenha sido classificada. Morando hoje na Alemanha, onde morre de saudades do Brasil, Dione com certeza vai ler esta Sessão Nostalgia e se emocionar com esta página a ela dedicada.

          Na Caruaru de hoje, com quase 300 mil habitantes, quarenta e nove anos depois, o nome de Dione, a flor dos campos, é citado com orgulho e cultuado como uma lenda, a lenda viva da Miss Mundo Brasil 1959.

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sábado, 8 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Concurso Miss Pernambuco 1988

Daslan Melo Lima


          No ano do centenário da abolição da escravidão no nosso país, Pernambuco elegeu uma belíssima negra para disputar o título de Miss Brasil. E eu estava lá, atento a tudo, no Clube Internacional do Recife, naquela noite quente de 19 de março de 1988. Um público estimado em 10 mil pessoas lotava o tradicional clube da Praça Benfica. Mais de trinta garotas, representando cidades do interior, clubes esportivos e demais entidades, disputaram o título.

FICHA TÉCNICA DO EVENTO


          O Projeto Miss PE 1988 teve uma comissão de realização composta por José de Souza Alencar (Alex), José Mário Austregésilo, Carlos Gilberto (Caluca) e Roberto Uchoa (diretores comerciais do JC-Jornal do Commercio e da TV Canal 2, respectivamente), sob a supervisão de Sérgio Moury Fernandes, diretor administrativo-financeiro da empresa.

Realização: Empresa Jornal do Commercio;
Transmissão: TV Jornal, Canal 2, equipe técnica dirigida por Luiz de França, com Adel Barros na orientação e seleção de imagens;
Apresentação: José Mário Austregésilo e Maria do Carmo Rossiter;
Produção artística: Ednaldo Lucena e Geraldo Silva;
Coordenação: Xuruca Pacheco, Hilda, Fernando Machado e Mucíolo Ferreira. (Este último, ao lado de Dora Passos, foi o responsável pela descoberta de várias misses para o concurso);
Decoração do palco: José de Melo;
Coreografia: Romildo Alves;
Linha de beleza dos produtos do concurso: Happy World;
Maquiagem oficial: A.C.Coutinho (Henrique Mello, Ricardo Santa Clara, Lusy e Liliane);
Cabeleireiro: Evandro, assessorado por Gilberto Brayner, Sérgio Stefany e Baar.
Chaperona: Maria Eunice Mergulhão, Miss Pernambuco 1968;
Manto e a faixa da Miss Pernambuco 1988: autoria de Lenir Rodrigues.

AS ATRAÇÕES MUSICAIS

          Atrações musicais da noite: Recife Banda Show, dirigida por Dimas Sedícias; Dalva Torres; Conjunto Pernambucano de Choro; Savinho e seu Grupo de Forró e Leonardo Sullivan (na época apenas Leonardo, não confundir com o Leonardo da dupla sertaneja Leandro e Leonardo).



AS CONCORRENTES


Em ordem alfabética, as 10 finalistas do histórico concurso Miss PE 1988 :


Bandepe – Maria Eimar da Conceição Pedrosa Rodrigues;
Clube Internacional do Recife – Andréa de Andrade Minelli;
Clube Rodoviário - Ana Maria Guimarães;
Esplanada – Ana Paula Menezes;
Itamaracá - Denir de Melo Santos;
New Look – Tereza Catarina Santos Coelho;
Sport Club do Recife - Valérie La Verne Acioli Lins Nielsen;
Vitória de Santo Antão – Ivana Kalina Moraes Galvão;
Voga – Rosamairy Pinto da Silva;
Wanderley Cabeleireiros – Ana Cláudia Pessoa Romão.

As demais concorrentes:

Além do Túnel – Itamira Andrade;
Antena 1 – Avany Alves Duarte;
Arcoverde - Kátia Espírito Santo;
Bibelô - Maria Edna Alves Wanderley;
Cabanga – Magna Carneiro da Cunha;
Cabo - Maria do Socorro Almeida;
Caixa Econômica – Clóris Mendonça Filha;
Carpina - Tereza Feitosa;
Caruaru - Wanbeci de Brito;
Clube dos Oficiais da Polícia Militar – Silvana Ferreira Frade;
Condoservice – Tereza Jaqueline Gusmão de Oliveira, Miss Simpatia;
CriCris - Gliss Freire;
Eletra – Andrea Carla Ribeiro Campos;
Ibimirim - Ceane Neube Gomes;
Itambé – Cínara Costa Guimarães;
Jaegge – Laura Carneiro de Lima;
Mocidade da Boa Vista – Nelma Simone Arcoverde;
Olinda - Cláudia Rejane Duarte;
Paulista – Maria da Conceição Santos Lima;
Petrolina - Lucielma Araújo;
Pierrot de São José - Waldênia de Souza Melo;
Quinta Estação - Fátima Adriana Pires Ferreira;
Sirinhaém - Solange Monteiro Melo.
Votorantim - Ana Carolina Leal.

AS FAVORITAS NO TOP 4

          Das 10 finalistas, quatro foram anunciadas para compor um inesquecível Top 4, exatamente as favoritas. Antes, o apresentador perguntou a cada uma quem seria a Miss Pernambuco 1988. Todas responderam: Miss Rodoviário. Quando chegou a vez de Ana Maria Guimarães responder, a resposta foi : Miss Esplanada.


Da esquerda para a direita: Andréa de Andrade Minelli, Miss Clube Internacional do Recife, segundo lugar; Ana Maria Guimarães, Miss Clube Rodoviário, primeiro lugar; Valerie La Verne Acioli Lins Nielsen, Miss Sport Club do Recife, terceiro lugar e Denir de Melo Santos, Miss Itamaracá, quarto lugar.



Ana Maria Guimarães, Miss Clube Rodoviário, primeira colocada, 19 anos de idade (a completar no dia 31 de maio), 1 metro e 80 centímetros de altura, conquistou a todos logo no desfile de gala, quando surgiu com um laço no cabelo e um vestido de jérsei prateado e renda francesa preta, criação da estilista Nícia BarbalhoEla foi penteada e maquiada por Almir José da Paixão e os fotógrafos foram unânimes ao lhe darem o título de Miss Fotogenia. Estudante de Psicologia da Faculdade de Filosofia do Recife, filha de um sargento da aeronáutica, Ana Maria Guimarães era carioca, mas veio morar no Recife quando era criança.

Andréa de Andrade Minelli, Miss Clube Internacional do Recife, segunda colocada, uma ruiva estudante de Fonoaudiologia da Universidade Católica de Pernambuco, foi penteada e maquiada por Almir José da Paixão e usou um vestido feito por Paulo Carvalho.

Valérie La Verne Acioli Lins Nielsen, Miss Sport Club do Recife, loura, terceira colocada, tinha um rosto belíssimo. Muito aplaudida no desfile de maiô, era estudante de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco e foi penteada e maquiada por Jaime MeloValerie La Verne é hoje um nome de prestígio no cenário das artes plásticas, uma talentosa escultora elogiada pela crítica especializada.

Denir de Melo Santos, Miss Itamaracá, morena, quarta colocada, era estudante de Marketing, tinha muita classe e usou um modelo branco com a assinatura de Jan de Souza.

MAIS DETALHES


          O calor que fazia naquela noite de março de 1988 era muito grande. No desfile de traje de banho era visível o suor que escorria pelos corpos da maioria das candidatas. Perspicaz, José Mário Austregésilo, em certo momento da apresentação, disse mais ou menos assim, ao anunciar uma Miss que transpirava muito: No calor do Miss PE 1988, desfila na passarela...

          A Miss Condoservice, Tereza Jaqueline Gusmão de Oliveira, eleita Miss Simpatia, passou mal nos camarins e precisou de socorro urgente, mas logo se restabeleceu.

          Além das quatro primeiras colocadas, outras Misses também tinham um bom nível de escolaridade: Ana Carolina Leal, Miss Votorantim, cursava o oitavo período de Medicina na Universidade Federal de Pernambuco; Magna Carneiro da Cunha, Miss Cabanga, era formada em Relações Públicas pela Universidade Católica de Pernambuco; Silvana Ferreira Frade, Miss Clube dos Oficiais da Polícia Militar, cursava o terceiro ano de Nutrição na Universidade Federal Rural de Pernambuco; Fátima Pires Ferreira, Miss Quinta Estação, era estudante de Direito.


Na plateia e na comissão julgadora, muita gente importante da sociedade pernambucana. Na foto acima, dois membros do júri, ambos já falecidos, verdadeiros ícones de Pernambuco, o estilista Marcílio Campos e a grande dama Helena Pessoa de Queiroz Gomes.

          Ivana Kalina Moraes Galvão, Miss Vitória de Santo Antão, uma das 10 finalistas, morena de olhos azuis, um dos mais belos rostos do concurso, arrancou muitos aplausos. Muita gente comentou sua semelhança com a atriz Ava Gardner. A cor dos olhos lindos de Ivana Kalina era verdadeira, pois na época ninguém falava em usar artifícios como lentes de contato. E lindos também eram os olhos de Valerie La Verne, Miss Sport, terceira colocada, e de Maria Eimar da Conceição Pedrosa Rodrigues, Miss Bandepe, uma das 10 finalistas.

          Vale ressaltar aqui a persistência de muitas jovens na busca por um cobiçado título de beleza. Maria Eimar da Conceição Pedrosa Rodrigues, Miss Bandepe, finalista, oito anos antes tinha ficado em segundo lugar no Miss Pernambuco 1980, representando o BNB-Club. Ana Cláudia Romão, Miss Wanderley Cabeleireiros, outra finalista, classificou-se em terceiro lugar no Miss Mundo Brasil 1990, realizado em 22/09/1990, no auditório do Centro de Convenções de Brasília. Ana Cláudia Romão perdeu para Karla Cristina Kwiatkowski, do Paraná, primeira colocada, e para Leila Cristine Schuster, do Rio Grande do Sul, segunda colocada. Em 1988, Karla Cristina Kwiatkowski tinha sido semifinalista e Miss Simpatia no Miss Brasil. Em 1993, Leila Cristine Schuster foi Miss Brasil e semifinalista no Miss Universo.

EPÍLOGO




          Ana Maria Guimarães, após receber a faixa, manto e coroa das mãos de Margarida Brasileiro, Miss Pernambuco 1987, fez seu desfile majestoso ao som da famosa música Getting To Know You, sem se perturbar com a insatisfação de quem preferia a vitória de outra candidata.

          Ana Maria Guimarães, uma verdadeira deusa de ébano, poderia ter ido mais longe no concurso Miss Brasil 1988, vencido por Isabel Crstina Beduschi, Miss Santa Catarina, quando a maioria apostava em Vanessa Blumenfeld Magalhães Victal, Miss Bahia, segunda colocada. Mas só deram a Ana um lugar entre as semifinalistas. A Miss PE 1988 chegou a desfilar para grandes nomes da moda no Brasil e passou uma temporada trabalhando como modelo na Europa.

          Guardo há 20 anos várias reportagens que o Jornal do Commercio, do Recife, publicou sobre o Miss Pernambuco 1988. Foi a elas que recorri na hora de formatar este texto e de onde reproduzi as fotos que ilustram esta Sessão Nostalgia. Jamais esquecerei o histórico concurso Miss Pernambuco 1988 e suas finalistas, mulheres maravilhosas, dignas das glórias e dos aplausos dos principais certames de beleza do mundo.

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sábado, 1 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Maracanãzinho, 03/07/1965, a história de uma vaia

Daslan Melo Lima


      Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 03/07/1965, noite da eleição da Miss Brasil 1965. 
A tradicional passarela em forma de ferradura foi substituída por outra com o símbolo do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro. A grega Kiriaki Tsopei, Miss Universo 1964, e mais de duas dezenas de jovens que participariam do Miss Universo 1965 eram convidadas especiais. Vinte e cinco lindas brasileiras desfilaram na passarela em busca do sonho mágico de ser eleita Miss Brasil 1965. A preferida do público era uma morena chamada Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, quarta colocada. Por causa dela, o Maracanãzinho, o templo da beleza nacional, conheceu a maior vaia de sua história.

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As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da esquerda para a direita:
Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar;
Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar;
Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar;
Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar;
Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar;
Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar;
Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar;
Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar.
- Foto:  revista Manchete

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Pela primeira vez, na história da eleição do Miss Brasil, ninguém ficou satisfeito. O público vaiou o resultado final, os observadores autorizados acharam que alguma coisa estava errada, e os próprios jurados manifestaram, de diversas formas, o seu desagrado, dando a entender que o veredito não correspondia, de forma alguma, à vontade soberana do júri.
Acontece que o modo pelo qual é avaliada a opinião dos julgadores, obedece a um complicado critério aritmético, que mais tarde é submetido à manipulação por parte de uma pessoa que não pertence ao júri. Essa pessoa conta os diferentes pontos, faz a soma e tira a conclusão.

Alguns dos membros do júri deste ano confessaram que, tendo em vista o critério aritmético, tudo correu honestamente no Maracãnazinho.
“Mas – acrescentaram – o critério usado não é o melhor. Se temos oito finalistas, tudo seria muito simples se nos mandassem escolher nominalmente, entre as oito, as três favoritas. Então, cada um de nós indicaria: Fulana de Tal deve ser Miss Brasil. Aquela que obtivesse a maioria de votos seria naturalmente a eleita. No entanto, nada disso aconteceu. A eleição foi limpa, mas a verdade é que muitos de nós estávamos torcendo pela Miss Mato Grosso, e não podemos compreender como ela foi parar no quarto lugar.”

Conclusão: o concurso torna complicado o que deveria ser simples. Conseqüência: 12 minutos de vaia, e a necessidade de escolta policial para que os jurados podessem sair do estádio. E, no meio de tudo isso, uma graciosa pessoa teve que demonstrar extraordinária coragem moral. A nova Miss Brasil, Maria Raquel de Andrade, já ornada com a coroa e o manto real, desfilou lentamente, majestosamente, maravilhosamente, diante de 40 mil pessoas enfurecidas. Ela merecia a vitória e não teve culpa de nada. As vaias não lhe eram endereçadas. Foi necessário que ela vivesse esse momento dramático, esse terrível equívoco, para que a opinião pública começasse a exigir a modificação do regulamento de escolha de Miss Brasil. Esperemos que no ano que vem o povo possa voltar inteiramente feliz para casa, depois de ter visto a mais bela Miss desfilar sob os aplausos de todos.
- Manchete, 17/07/1965

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Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso
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Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara. 
Fotos: Manchete
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No Maracanãzinho mais cheio de todos os concursos de Miss Brasil, o público dividiu-se desde os primeiros momentos do desfile. De um lado, a favorita era Miss Mato Grosso, a morena Marilena de Oliveira Lima, que em todas as prévias feitas era apontada como a mais cotada para Miss Brasil-65; de outro, de narizinho arrebitado e doce sorriso, Miss Guanabara, Maria Raquel de Andrade, do Botafogo. As duas marcaram a grande noite, inspiraram vaias e aplausos. A desclassificação de Marilena provocou protestos como o Maracanãzinho não vira antes, chegando a assustar o júri.

Duas surpresas para o público: Miss Mato Grosso, que era a mais cotada desde o início, não figurou entre as três finalistas; e Miss Alagoas, uma das mais bonitas concorrentes, não ficou sequer entre as oito primeiras. A primeira, a morena Marilena, era a forte rival de Maria Raquel e a eleita do povo. A segunda, Mary Grace, contava com muita simpatia, inclusive entre as misses internacionais (Kiriaki Tsopei, Miss Universo-64, chegou a afirmar que Grace era a sua preferida para o mais alto título da beleza brasileira).

Ninguém pode contar o roteiro das vaias. Foram tantas e tão compactas, tão seguidas, que foi impossível cronometrá-las. Entretanto houve uma - um vaião - que ficou na memória do Rio. Foi uma das maiores dos últimos 10 anos. Esta vaia gigante foi assestada contra o júri, que optou pela loura do Botafogo e só deu o 4º lugar para a moça de Mato Grosso, a favorita das arquibancadas. Foi tão forte a vaia que os membros do júri ficaram com medo. E pensaram sair de mansinho. Pediram policiamento reforçado. E alguns trocaram de roupa, para não serem identificados. 


Evandro Castro Lima, que foi do júri, disse que nunca mais aceitaria a missão. Discordou do tipo de julgamento – do processo de votação por notas – que possibilitou vitórias não previstas. Idem foi a opinião de Oscar Santamaría, juiz internacional, que criticou violentamente o sistema de votar. Claude Berr, coordenador do Miss Europa, figura também do júri, estava desesperado. “What can I do?”, repetia pelos corredores. Na sua opinião, o júri votou certo, mas errou na pontaria. Houve qualquer coisa – que não foi marmelada - que atrapalhou a votação. Naturalmente o processo de votação.

Todas as misses internacionais – exceção da risonha alemã – ficaram alarmadas com as vaias. Miss Áustria saiu dizendo, em inglês, que todo mundo ali era maluco. A suave Miss Índia chegou a tremer de susto. Idem as eslavas, com Miss Finlândia nervosa. Essas moças, que freqüentaram passarelas calmas, educadinhas, formais, não esperavam topar com o rompante espontâneo de uma platéia latina. O medo dominou-as. Elas chegaram mesmo a pensar que o povo, revoltado contra o veredicto do júri, fosse afinal estraçalhá-las.
- Revista O Cruzeiro, 24/07/1965


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Mary Grace Oiticica Bandeira, Miss Alagoas. (Foto: Manchete)
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      Diante dos comentários acima, não há dúvida alguma que, se o critério de julgamento tivesse sido simples, direto e objetivo, Marilena de Oliveira Lima teria sido eleita Miss Brasil 1965. E a minha conterrânea Mary Grace Oiticica Bandeira teria ficado, no mínimo, entre as oito finalistas.

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SESSÃO NOSTALGIA

Marilena de Oliveira Lima, Miss Brasil Adotiva do Povo 1965


Transcrição de textos e fotos da Sessão Nostalgia de 13/11/2010. 

Por Daslan Melo Lima



                   MARILENA, UMA ESTRANHA BELEZA DE GATA SELVAGEM

  
           Quando Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, deixou o Maracanãzinho de madrugada após o concurso Miss Brasil, em que o júri a classificou em quarto lugar, ainda havia gente junto aos portões, esperando para aplaudi-la. A derrota não a abalou; sorria para os seus fãs como se tivesse sido a grande vitoriosa da noite. O pai a esperava à saída, para o abraço de solidariedade. O público quase rompeu os cordões de isolamento para vê-la mais de perto. Menos de duas horas antes, quando ainda desfilava, a multidão manifestava de maneira categórica sua preferência. A cada volta na passarela soavam aplausos. E a torcida não escondeu sua decepção quando descobriu que sua favorita não estava entre as três primeiras colocadas. Estrondosas vaiais encheram o estádio. Detentora de nove títulos de beleza, era a primeira competição que Marilena perdia. Mesmo derrotada, o público a consagrava: a vitória das palmas era sua.


          Agora, Marilena voltará a Mato Grosso. Em Campo Grande, onde mora, continuará sua vida como ela tem sido: os estudos, os passeios a cavalo, os mergulhos na piscina do Rádio Clube e as fugas para caçadas nos fins-de-semana.


Corpo de Miss, aos 16 anos. Uma estranha beleza de gata selvagem.

           Seus olhos de índia selvagem já eram lindos quando nasceu. Aos dois anos, a vaidade feminina acordava nela o espírito de moça elegante, que cultiva até hoje. Não deu muito trabalho aos pais porque tem natureza dócil e meiga. Mas não resistiu à tentação de fugir para realizar caçadas nos campos e cerrados de Mato Grosso. Aprendeu logo a atirar e hoje muito raramente erra dois tiros seguidos. No ginásio, aprendeu a tocar tambor e desfilou com a fanfarra. Aulas de balé, pintura e piano completaram sua educação. Eis, em resumo, o que tem sido, dos 2 aos 18 anos, a carioquinha que os pais registraram em Mato Grosso e trouxeram ao Rio, no IV Centenário, para concorrer ao título de Miss Brasil.
Revista Sétimo Céu
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MARILENA, SONHO DE RONDON

Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, apresentou a alegoria Sonho de Rondon, concebida pelo costureiro Heck Santos. O cocar amarelo e azul é belíssimo. 
- Revista Manchete, 17/07/1965
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 MARILENA ENTRE AS OITO FINALISTAS DO MISS BRASIL 1965

As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da esquerda para a direita: 
Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar; 
Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar; 
Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar; 
Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar; 
Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar; 
Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar; 
Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar; 
Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar. 
(Foto: Manchete, 17/07/1965)
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MARILENA ENTRE AS 4 MAIS BELAS DE 1965

O Top 4 do Miss Brasil 1965 em traje de gala. Da esquerda para a direita: 
1 – Maria Raquel, a nova Miss Brasil, foi bastante aplaudida ao desfilar neste belo vestido de tule cor-de-rosa, inteiramente bordado em pedrarias. O público vaiou o veredicto, mas achou justo que ela figurasse entre as três primeiras. 
2 – Também Miss São Paulo, Sandra Rosa, fez valer a sua classe num bonito vestido em dois tons de dourado. 
3 – Miss Minas Gerais, Berenice Lunardi, impressionou pelo porte monumental. Estava linda num vestido vermelho plissado, com estola da mesma cor. 
4 – Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, conquistou, fulminantemente, 40 mil espectadores do Maracanãzinho e seis milhões de telespectadores. Os próprios jurados não ficaram contentes com a sua ausência entre as finalistas. 
- Manchete, 17/07/1965
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MARILENA, MISS BRASIL ADOTIVA DO POVO 1965


          Marilena de Oliveira Lima, por motivos independentes da sua vontade, ficou no centro da controvérsia no Maracanãzinho. É a Miss Brasil Adotiva do Povo. A diplomacia decidiu fazer a felicidade de Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima. No Ministério das Relações Exteriores, lhe deram o título de Miss Itamarati. E agora se anuncia que ela poderá ir a Maiorca, onde todos os anos se realiza, diplomaticamente, a eleição de Miss ONU.
          No tempo de Sthendal, a forma  mais espetacular de entrar para a sociedade era através de um duelo. Hoje em dia, a maneira mais prática de alcançar a fama é despertar controvérsia. Ou seja, na definição um tanto cínica de um escritor: “Falem mal, mas falem de mim.” Com Marilena, porém, a controvérsia é a favor. Todos falam bem dela. Ela é a miss que não ganhou a coroa; mas merecia ganhar. Assim ao menos julgou o povo, que lamentou ter sido ela prejudicada por uma inexistente lei das inelegibilidades. Miss Mato Grosso tem uma pele morena belíssima, e é toda encanto. Ela aceitou esportivamente a desclassificação. Mas, como vivemos numa democracia, foi procurada uma fórmula mais prática de fazer valer a vontade do povo. Assim, em Maiorca, poderá tornar-se Miss ONU. 
 Revista Manchete
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          Segundo a revista Fatos & Fotos, após ser  anunciado o resultado do concurso Miss Brasil 1965, a mãe de Marilena de Oliveira Lima, entre desconsolada e decepcionada, declarou: “ O Brasil acaba de perder o título de Miss Universo. Minha filha era a única que tinha condições de trazê-lo.”
           Maria Raquel de Andrade, Miss Guanabara, Miss Brasil 1965, ficou entre as quinze semifinalistas do Miss Universo 1965, ano em que a vencedora foi Apasra Hongsakula, Miss Tailândia. Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, Vice-Miss Brasil, foi a quinta colocada no Miss Beleza Internacional, vencido por Ingrid Finger, da Alemanha. Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, terceira colocada no Miss Brasil, não obteve classificação no Miss Mundo, cuja vitoriosa foi a inglesa Lesley Langley.
          Como teria sido a performance de Marilena de Oliveira Lima em um desses concursos ? Não sei. Ninguém sabe. Só sei que Marilena de Oliveira Lima foi a Miss Brasil Adotiva do Povo 1965, um título original, feliz e único dado por  Manchete, uma das mais importantes revistas que já circularam por este nosso imenso país-continente.
             Para você, Marilena de Oliveira Lima, Miss Brasil Adotiva do Povo 1965 , minha singela homenagem neste novembro de 2010 que logo mais será parte de um tempo mágico que se foi, como aquele julho de 1965, de tantas emoções e recordações.

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