Naquele 14 de junho de 1958, Adalgisa Colombo, Miss Botafogo, era apontada como forte candidata ao título de Miss Distrito Federal devido à sua experiência, pois já tinha disputado o título de Miss Cinelândia, conquistado o Miss TV e era manequim da Casa Canadá. Mas havia uma garota belíssima no caminho de Adalgisa Colombo: Ivone Richter, Miss Riachuelo.
Ivone Richter, Miss Riachuelo 1958.(Foto: Dilson Martins, revista Manchete, 07/06/1958)
O jornalista Sérgio Cabral estreava como foca no Diário da Noite e diz que ainda guarda o rosto e o porte de Ivone Richter como um dos acontecimentos mais sensacionais de figura feminina no Rio.
Paaafff! O primeiro salgadinho bateu na cora da Miss Distrito Federal 1958: um croquete de camarão.
Plaacttff! O segundo atingiu o cetro: uma empada.
Piimmmba!! O terceiro manchou o maiô Catalina dourado: uma azeitona.
Adalgisa Colombo, 18 anos, Miss Botafogo, foi eleita Miss DF debaixo de uma chamada vaia ensurdecedora e uma chuva de frituras do serviço da Confeitaria Colombo, os salgadinhos mais finos do Rio, mas que nem por isso tinham qualquer parentesco com a nossa mártir da beleza. Quarenta anos depois aquilo teria um nome: baixaria, barraco. Na época. a Última Hora também procurou a bilabial para berrar: “Bagunçaram o coreto”.
Absolutamente fora de si, a mãe de Ivone Richter, Miss Riachuelo - a segunda colocada e preferida do público -, subiu ao palco e foi contida pelos policiais milímetros antes de tascar as unhas em Adalgisa, moça de classe, educada no Liceu Francês de Laranjeiras.
Pior. Também irada, a irmã da Miss Vasco da Gama teve maior sucesso em sua vingança. Correu para os camarins e fez picadinho do vestido de tule de Adalgisa, jovem elegante que fora daquele pesadelo desfilava para a Casa Canadá.
(Feliz 1958: O ano que não devia terminar, Joaquim Ferreira dos Santos, Editora Record, Rio de Janeiro,1997)
Adalgisa Colombo, Miss Botafogo, Miss Distrito Federal 1958. (Foto: Dílson Martins, revista Manchete, 07/06/1958).
Devido às vaias, Adalgisa Colombo foi aconselhada a não voltar ao Maracanãzinho no sábado seguinte, 21 de junho, para disputar o Miss Brasil. Determinada, ela foi e conquistou o primeiro lugar, diante de milhares de pessoas que torciam por Sonia Maria Campos, Miss Pernambuco. Em Long Beach, Adalgisa Colombo conseguiu a segunda colocação no Miss Universo, perdendo para Luz Marina Zuluaga, Miss Colômbia.
Ivone Richter, Miss Riachuelo, vice Miss Distrito Federal 1958.
(Foto: Dilson Martins, revista Manchete, 07/06/1958)
Talvez tenham aconselhado Ivone Richter a voltar às passarelas.Talvez ela tenha recebido convites para fazer carreira na televisão e no cinema.Mas Ivone Richter soube dizer não e preferiu ficar longe dos holofotes, satisfeita com a gratidão de todos que guardaram seu rosto e seu porte como um dos acontecimentos mais sensacionais de figura feminina do Rio de Janeiro.
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ola,sou Yvonne Richter.Gostaria de corrigir o fato mencionado sobre minha mãe,por se tratar de uma invenção descabida.Não aconteceu nada disso.Devem ter se confundido com outra pessoa.Por exemplo;tenho uma foto publicada em jornal da época,em que aparece um senhor aplaudindo,e em cuja legenda diz se tratar do pai da candidata yvonne Richter,mas na verdade a pessoa fotografada é desconhecida,não era meu pai.
ResponderExcluirQue reportagem mais interessante!Lembrei desses detalhes pós-eleição!hahahha!Infleizmente os ânimos se exaltaram.Fato pouco divulgado.Realmente outras 3 finalistas,ao menos eram melhores,particularmente, Miss Riachuelo.Boa intervenção da filha,que esclareceu fatos.mesmo eleita MB58,dizer que é linda,não é!Abraços, Japão
ResponderExcluirQue pena o resultado deste concurso, apenas de ler a matéria e ver as fotos , era evidente que Yvone Richter seria coroada a Miss Brasil !
ResponderExcluirIvone Richter é mãe da atriz e comediante Alexandra Richter, que trabalhou em algumas novelas da Globo e no Zorra Total. Ela mesma que citou a mãe no programa Encontro com Fátima Bernardes, no dia 26/12/2012.
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