sábado, 2 de outubro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA - ELIZABETH SANTOS, MISS RENASCENÇA CLUBE 1966


Daslan Melo Lima
PRÓLOGO
          Foram várias as mulatas lindas que fizeram sucesso na passarela do Maracanãzinho, no concurso Miss Guanabara, representando o Renascença Clube. Entre elas, uma jovem de um charme incomum: Elizabeth Santos, em 1966.
O SEGREDO DE ELIZABETH


          Dentes perfeitos, olhos e cabelos negros, um charme incomum, são alguns trunfos que Elizabeth Santos levará para o Maracanãzinho, onde tentará ser Miss GB. Miss Renascença 66 tem 19 anos e 1,70 m de altura. Embora sua beleza física seja espetacular, o que mais impressiona, à primeira vista, é a perfeição de traços do rosto, no qual está sempre estampado um sorriso cativante. (Texto de André Kallás - Foto: Gervásio Batista, revista Manchete, 11/06/1966)
          “Porque choras, Elizabeth? Por acaso não és agora Miss Renascença?” Esta pergunta fez chorar ainda mais Elizabeth Santos, quando ela acabou de desfilar em triunfo na passarela armada no Clube Sírio e Libanês. Elizabeth chorava de saudade. No dia 21 de maio de 1960, sua mãe, Dona Maria dos Santos, levara-a para assistir à coração de Miss Renascença daquele ano, Dirce Macedo. E sua mãe dissera: “Um dia, minha filha, você ainda vai fazer bonito na passarela.” Elizabeth tinha 13 anos; sua mãe morreu poucos dias depois. Elizabeth cresceu, tornando-se uma formosa mulata de medidas perfeitas. Diná Duarte, descobridora das lindas misses cor de chocolate, ensinou-a a vestir-se, a pentear-se, a desfilar. Quando os jurados a elegeram Miss Renascença, para concorrer no Maracanãzinho ao título de Miss Guanabara, Elizabeth Santos chorou ao pensar que sua mãe não estava lá, para vê-la fazer bonito na passarela.
(André Kallas, revista Manchete, 11/06/1966)
AS DUAS MULATAS DO MISS GUANABARA 1966

Elizabeth Santos, Miss Renascença Clube. Foto: Indalécio Wanderley, revista O Cruzeiro, 23/06/1966)

Marina Montini, pseudônimo de Maria da Conceição e Silva, Rainha Mulata do IV Centenário do Rio de Janeiro (1965) e Miss Cacique de Ramos 1966. (Foto: Indalécio Wanderley, O Cruzeiro, 23/06/1966)
           Estas mulatas geram confusão. Aqui duas mulatas se confrontam – mulatas e rivais, rivais e bonitas. A do Rená , Elizabeth, e a do Cacique de Ramos, a longa Marina. A turma do Cacique informa que Elizabeth não é mulata, mas morena metida a queimadinha, mulata sem estratificação, desfocada. E o Rená informa que o Cacique tem língua comprida: Elizabeth é autêntica, saída de fornalha colonial. Marina, a outra do Cacique, é que seria sem substância. À margem os desaforos, o julgamento é vosso. As mulatas estão na berlinda. E as fotos bem aqui. (Texto de Ubiratan de Lemos,  O Cruzeiro, 23/06/1966)
AS FINALISTAS DO MISS GUANABARA 1966
 
Da esquerda para a direita: Eliane Pio Pedro (oitavo lugar), Maria da Conceição e Silva, a Marina Montini (sétimo), Vera Lúcia Diniz Cabral (sexto), Marina Alice Vidal (quinto), Sandra de Araújo Duarte (quarto), Elizabeth Santos (57 pontos, terceiro), Maria Elizabeth (73 pontos, segundo)  e sua irmã gêmea Ana Cristina Ridzi (97 pontos, primeiro lugar). ***** Foto: Manchete, 25/06/1966)
EPÍLOGO
          Ana Cristina Ridizi, Miss Guanabara 1966, foi eleita Miss Brasil 1966. Maria da Conceição e Silva, a Marina Montini (1948-2006), tornou-se modelo e  atriz e ficou famosa internacionalmente depois de ter posado para várias obras do pintor Di Cavalcanti (1897-1976).
          E você, Elizabeth Santos, por onde anda? Pergunto às minhas revistas amareladas pelo tempo e elas não respondem. Quem sabe? Talvez você lerá esta Sessão Nostalgia e ficará emocionada com minha singela e sincera homenagem. E talvez vá querer ficar calada, preferindo ficar apenas envolvida com as lembranças de um tempo mágico que se foi, para sempre se foi.





2 comentários:

  1. Comentário de Muciolo Ferreira, jornalista, Recife-PE.
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    Daslan,

    bem lembrado pela Sessão Nostalgia a disputa acirrada entre as duas mulatas que disputaram o Miss Guanabara de 1966, representando o Clube Renascença e o Grêmio Recreativo e Social Cacique de Ramos. Todavia, na verdade, naquele ano tivemos três brigas acirradas.

    A primeira, uma disputa mais amena, digamos, envolvendo a família Ridzi, que ficou dividida entre as filhas gêmeas Ana Cristina e Maria Elizabeth. A segunda briga envolveu as duas maiores torcidas dos clubes de futebol cariocas, tendo no centro das atenções as representantes do Flamengo e do Fluminense.

    Em termos de torcida houve uma clara divisão, pois não dava pra saber qual era a mais barulhenta. O Clube Renascença sempre teve uma torcida mais numerosa, porque foi, de fato, a primeira instituição precursora do que viria anos depois com a denominação de Movimento Negro Unificado(MNU).

    Sobre o resultado, não podemos afirmar que os jurados se renderam à campanha promocional de parte da mídia para beneficiar as gêmeas. Mas não seria injustiça se a faixa fosse colocada na Miss Renascença ou na do Fluminense. Beleza, as quatros tinham de sobra. A antecessora, Maria Raquel de Andrade, declarou aos jornais que se estivesse no júri teria votdo na Miss Fluminense. E a mãe das gêmeas disse que, em silêncio, torcia pela vitória de Ana Cristina. Não por gostar mais de uma filha que da outra, mas por ela representar o Marã Tenis Clube, uma agremiação frequentada por pessoas humildes.

    Parabéns pela matéria.

    Muciolo Ferreira
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  2. Lembro do comentário de MB 65.Para mim não tinha para ninguém:as gêmeas,sem promoção, mesmo!Belezas absolutas, também , no MB.Eu preferia a Bancremer, mais doce epernas mais bonitas.Abraços, japão.

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