sábado, 25 de dezembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA – MISSES DE 1965, UM DOMINGO EM BROCOIÓ


PRÓLOGO

     Era uma manhã nublada de domingo, aquela de 04 de julho de 1965. Na noite anterior, o Maracanãzinho tinha sido palco do concurso Miss Brasil, no qual tinha sido eleita a loura carioca Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara. A revista O Cruzeiro, integrante da cadeia dos Diarios e Emissoras Associados, patrocinadora do certame, ofereceu às misses nacionais, assim como a várias misses internacionais que estavam no Rio de Janeiro, um inesquecível passeio de lancha até a Ilha de Brocoió.

DOMINGO DE MISSES EM BROCOIÓ

     O primeiro dia de Miss Brasil-65 foi todo de brisa, mar e paisagem, em companhia das outras finalistas, dos organizadores do concurso e das coleguinhas estrangeiras que, brevemente, estarão desfilando com ela na passarela de Miami Beach.
     A Ilha de Brocoió é um paraíso de bolso, cercado de Guanabara por todos os lados. Para lá, sob um céu chuvisquento, várias lanchas levaram meia centena de misses, ao ritmo de gostosa batucada (linguagem musical da terra, que todas depressa entenderam). Mr. Botfeld e outros big-boss do Miss Universo juntaram-se ao samba, cantando em português esforçado mas sincero. Entre eles estava Monsieur Claude Berr (coordenador do Miss França e supervisor do concurso na Europa).

Kiriaki Tsopei, Miss Grécia, Miss Universo 1964, preparando-se para um mergulho na Ilha de Brocoió. (Foto: O Cruzeiro)
    Dos ares, veio uma surpresa, quando a viagem ainda estava a meio: um helicóptero da FAB, que o Brigadeiro Carlos Alberto de Matos gentilmente pôs ao dispor das misses, passou a sobrevoar as lanchas, com Indalécio  Wanderley na carlinga. As pás do imenso pássaro metálico sopravam forte o cabelo das moças, revelando novas feições de suas graças. O americano Harold L.Glasser, presidente do Miss Universe, Inc.(425 Fith Avenue, N.Y.), alto e boa praça, comentou: - Estas fotos vão sair ótimas. O fotógrafo é maluco. Vou querer estas fotos para fazer uma história na “Life”.

De costas, Sue Ann Downey (Miss Estados Unidos, Miss Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro), tenta levantar Kiriaki Tsopei (Miss Grécia, Miss Universo 1964), observada por Ângela Vasconcelos (Miss Paraná, Miss Brasil 1964). ***** (Foto: O Cruzeiro)
     Em Brocoió, as misses correram nos gramados. A americana Sue Ann, Miss Internacional IV Centenário, cantava em inglês, com letra improvisada por ela, a marcha “Cidade Maravilhosa”. A grega Kiriaki (para os amigos Korina), Miss Universo 1964, era um jorro de alegria morena, em contraste com os verdes que predominam na ilha. Maria Raquel de Andrade, Miss Brasil, ainda não refeita da emoção de sua vitória, poucas horas antes, mostrava-se tímida e solitária. A aplaudidíssima Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, quarta colocada no Miss Brasil, fez amizade com outra morena, Miss Índia. Depois, o almoço: peru, peixe e vinho nacional. (O Cruzeiro, Ano XXXVII, nº 42, 24/07/1965)

UMA ILHA NAS ÁGUAS DA BELEZA: BROCOIÓ

     A beleza do mundo inteiro – representada em misses de 21 países que concorreram ao Concurso Miss Internacional do IV Centenário e em 25 misses indígenas que procuraram o cetro e a coroa de Miss Brasil – recebeu a festa maior da Cidade Maravilhosa durante o passeio promovido por “O Cruzeiro” à paisagem escondida da pequena Ilha de Brocoió, no fundo da Baía de Guanabara. Um helicóptero, colocado na agenda das vantagens de que a beleza de qualquer miss sempre desfruta, completou os acessórios do transporte que tinha o tom maior na lancha branca que carregou a mais cobiçada carga de simpatia que o sol do Rio de Janeiro já dourou. Mantendo o passeio no tom do sorriso e da alegria, aconteceu o “rapto” de Miss Brasil, quando todos menos esperavam, na circunstância inédita de o helicóptero entrar na história como o novo instrumento da conquista da beleza. Passeio marítimo até Brocoió, almoço de peixe e peru, vinhos nacionais, eis a promoção de “O Cruzeiro” para as misses.

Os sorrisos de Persis Khambatta, Miss Índia, e Virpi Liisa Miettinen, Miss Finlândia,vice-Miss Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro. ***** (Foto: O Cruzeiro)


     No céu, moldura de chuvisco e bruma; nas lanchas brancas, 50 misses em batucada de samba. Mr. Botfeld e outros big-boss do Miss-U (Miami) e, também, Monsieur Claude Berr (este, coordenador do Miss França e Miss Europa) juntaram-se  à batucada, inclusive com voz em português. O passeio escorreu ótimo, as misses descobrindo as belezas naturais da Guanabara, as gaivotas e mergulhões, a silhueta das serras, o vento trazendo um chuveirinho de água salgada pra o rosto das belas. A sensação da liberdade panteísta.
     A equipe de “O Cruzeiro” tinha surpresa em versão de helicóptero que o Brigadeiro Carlos Alberto de Matos, comandante do Catinave, colocou na agenda das misses, num gesto de galanteria da FAB. Ia no leme do helicóptero o tranqüilo Tenente Noronha. Enquanto as lanchas singravam mar de ondinhas, o helicóptero, de cima, com o incrível Indalécio Wanderley de janela no vento, farejava em cores e preto-e-branco a esteira dos barcos. Eram fotos em carretilha, metralhadas de cima, o redemoinho do helicóptero assanhando os cabelos das moças, que riam em coro. De baixo, George Torok e José Carlos Vieira, parceria de Darcy Trigo, enquadravam o helicóptero no visor de suas leicas. Operação mar-e-ar, por conta da indocilidade dos nossos guerreiros profissionais.
     Em Brocoió as misses correram nos gramados. Sue Ann, americana, Miss Internacional IV Centenário, estava de maré de piada. Cantava (com letra que ela improvisava, em inglês) a nossa Cidade Maravilhosa. E repicava com músicas famosas americanas (repertório de Frank Sinatra). A grega Kiriaki, que prefere ser chamada de Korina, Miss Universo 1964, era um jorro de gargalhada. A natureza do Rio amalucou as internacionais. A alemã continuava rindo. Até a dor é engraçada para aquele talo de rosa. Notem que as moças vestiam linhas esportivas. Miss Alagoas estava de slack azul-claro, cabelos soltos á moda Brigitte. Maria Raquel de Andrade, nossa Miss Brasil, buscava solidão nas lanchas. Foi gravada em pose solitária. Ela explicou que era exaustão. Estava nervosa com tanto sucesso junto. E de mãos dadas de passeio miúdo pelas gramas, Miss índia e Miss Mato Grosso, por sinal semelhantes em morenice e simpatia. Em nome de São Paulo, a sua miss loura, Sandra Rosa, ganhadora do segundo lugar, com viagem certa para Long Beach. Vestia calça azul e túnica de rendas brancas.
     No almoço, no solar da pequena ilha, a Miss da Baia de Guanabara, todas as misses preferiam o peru ao peixe, com vinhos do Rio Grande do Sul. Quem mais comeu foi Miss Áustria, pelas internacionais, e Miss Minas, pelas nacionais. (Revista O Cruzeiro, Ano XXXVII, nº 43, 31/07/1965)

O "RAPTO" DE MISS BRASIL
 
Maria Raquel, Miss Brasil 1965,  aproxima-se do helicóptero sem saber que seria "raptada". (Foto: O Cruzeiro)
 
Momento em que Maria Raquel entrava no helicóptero.Ao fundo,o famoso fotógrafo Indalécio Wanderley.(Foto: O Cruzeiro)
            Estava marcada uma surpresa em Brocoió.  Quando o helicóptero posou nos verdes, todo mundo pensou que era uma visitinha. Apenas isso. Não era visitinha. Era um plano de rapto contra Miss Brasil. Pedimos a ela que fosse até ao helicóptero para tirar umas fotos. Não soletramos o verbo voar. E quando a loura Raquel entrou na cabina, o bicho roncou forte. Ela agarrou-se ao pescoço de Indalécio. Puro medo. Acontece que Raquel nunca tinha voado. E, na estréia violenta, o medo, o arrepio nos nervos. Em baixo ficaram as outras maravilhadas. O helicóptero rumou para outra ilhota, de nome Jurubaíba ou Dois Irmãos. Baixou em praia livre, onde só havia uma barraca e um punhado de banhistas que fazia um piquenique. Miss Brasil foi logo identificada. E idem o fotógrafo: - Você é Indalécio Wanderley, não  é?
Sue Ann Downey, Miss Estados Unidos 1965,  e Kiriaki Tsopei, Miss Universo 1964, divertindo-se com o susto de Maria Raquel.***** (Foto: O Cruzeiro)
       Raquel estava afobada, tremente. Não levara maiô. Estava de vestido, sapatos salto alto, meias longas, que se rasgaram na viagem. Assim mesmo ela foi fotografada nas areias, junto do fim da onda, entre barcos e poucas pessoas que nunca viu. Sua fome era proclama por ela mesma. (O Cruzeiro, Ano XXXVII, nº 43, 31/07/1965)

A CIRANDA DA BELEZA

Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, Miss Brasil 1965. (Imagem: Revista Fatos & Fotos)
      Numa ciranda incomum, onde alegria e juventude, risos e correrias compunham o ambiente, moças de todas as nacionalidades, reunidas no Rio para a maior concentração de beleza já vista, confraternizavam. Estonteadas pela paisagem, rodeadas de cores e luzes, tinham elas, afinal, depois de uma semana de tensão e exaustivos preparos, um dia inteiramente livre. 

Sandra Rosa (Miss São Paulo, vice-Miss Brasil 1965), Maria Raquel Helena de Andrade (Miss Guanabara, Miss Brasil 1965), Ângela Vasconcelos (Miss Paraná, Miss Brasil 1964) e Berenice Lunardi (Miss Minas Gerais, terceira colocada no Miss Brasil 1965). ***** (Imagens: Fatos & Fotos)
  
     A Ilha de Brocoió, residência oficial do governo da Guanabara, foi palco de brincadeiras e expansão. Na recepção informal, as moças, vindas não só de todos os Estados do Brasil, mas também dos mais distantes recantos do globo, poderam conhecer-se um pouco mais, trocar impressões. Viviam um dia de sonho, relembrando ainda as alegrias e tristezas que o concurso proporcionara. 

Quatro beldades de 1965. Da esquerda para a direita: Alda Maria Simonetti Maia (Miss Pernambuco), Sandra Penno Rosa (Miss São Paulo, vice-Miss Brasil), Mary Grace Oiticica Bandeira (Miss Alagoas) e Marilena de Oliveira Lima (Miss Mato Grosso, quarta colocada no Miss Brasil).***** (Imagem: Fatos & Fotos)
      Desde a chegada ao porto, na manhã brumosa, até a saída de lancha, vendo a cidade afastar-se, até adentrarem a ilha, até perderem a inibição inicial e se expandirem em brinquedos, até o melancólico retorno à tardinha, elas viveram um dia inesquecível. Cercadas pelo céu e pelo mar, foram donas de um mundo particular, onde imperaram somente a graça e a beleza.  (Revista Fatos & Fotos, Ano V, nº 233, 17/07/1965)

EPÍLOGO

     Depois daquele domingo, as misses seguiram seus destinos. Em Miami, no concurso  Miss Universo, Maria Raquel Helena de Andrade foi semifinalista, Virpi Liisa Miettinen, conquistou o segundo lugar e Sue Ann Downey o terceiro. Em Long Beach, Sandra Penno Rosa foi a quinta colocada no Miss Beleza Internacional. Kiriaki Tsopei, com o nome de Corinna Tsopei, tornou-se atriz de cinema.
      A juventude e a beleza deram as mãos ao vento do mar carioca em  04 de julho de 1965. Aquelas jovens maravilhosas de ontem, sábias senhoras de hoje, devem trazer, sem dúvida alguma, entre suas recordações mais caras, as lembranças daquele domingo em Brocoió.

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sábado, 18 de dezembro de 2010

MEU PRIMEIRO NATAL E MEU PRIMEIRO ANO NOVO

MEU PRIMEIRO NATAL

Daslan Melo Lima

     Lembro-me da calça curta de cor azul e da camisa de listras miúdas. Uns trocados no bolso, o suficiente para um picolé e uma rodada em um brinquedo chamado "sombrinha", no parque de diversões. A rua central cheia de gente. Pessoas curiosas na frente da casa do Sr. José Delmiro e D. Otília, encantadas com a bela árvore de natal. Palanques com reisados, chegança, pastoril... Meus olhos de menino maravilhados com tanta gente... tanto colorido... tanta animação... Guardando as devidas proporções, era como se agora, na maturidade, eu estivesse saído da cidade onde nasci para mergulhar nas luzes de New York ou Paris.  Mas São José da Laje era para mim muito mais que Paris e New York. Era o fantástico universo de um menino sonhador que acreditava na existência das personagens dos contos de fadas. 

     Lembro-me dos sons, do cheiro e das cores daquele mágico dezembro onde meus pais permitiram que eu saísse sozinho para conhecer a festa de Natal, pois minha casa era pertinho daquele mundo mágico. Eu só queira distância de uma figura chamada Papai Noel. Eu não conseguia entender o porquê de Papai Noel não gostar de mim, pois alguns dos meus colegas tinham recebido presentes dele e eu não.

     Depois veio o depois e esta vontade imensa de desejar que o Natal  seja um estado de espírito de todos os dias, permanente, sempre...  Depois veio o depois e esta vontade imensa de querer voltar  a viver, por alguns momentos, aquele meu primeiro Natal, mesmo que  fosse para sair de casa e ter de me contentar apenas com um picolé e uma volta na "sombrinha", mesmo que fosse  para sentir a frustração de nunca ter recebido um presente de Papai Noel.

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MEU PRIMEIRO ANO NOVO



Daslan Melo Lima

    Lembro-me dos sons, do cheiro e das cores daquele último dia de dezembro. Animação total.  A roupa era a mesma que eu tinha vestido no Natal: calça curta de cor azul e camisa de listras miúdas.  A cabeça quase raspada, com poucos cabelos no alto, um corte de cabelo feito na barbearia do Sr. Duda Peixinho. O penteado era chamado de “jaquedeme”, forma incorreta de pronunciar Jack Dempsey (1895-1983), boxeador americano.

     Os trocados no bolso jamais dariam para comprar um sorvete e experimentar a sensação de subir numa roda gigante. Tinha que me contentar com um picolé e uma rodada em um brinquedo chamado "sombrinha". A rua central da minha alagoana São José da Laje igual ao Natal: multidão, reisado, chegança, pastoril... Meus olhos de menino sonhador maravilhados com tudo aquilo. 

    Lembro-me dos sons, do cheiro e das cores daquele primeiro dia de janeiro. Melancolia total. Como seria o novo ano?  Posso fechar os olhos e ouvir minha mãe cantando uma música que era um lenitivo para aquele tempo de pobreza e de muitas dificuldades em nossas vidas. Uns versos da canção diziam: “Quem trabalha persevera, nunca é tarde, sempre espera. Mocidade é esperança, mocidade é primavera, quem trabalha sempre alcança.”

    Depois veio o depois e a vontade de querer que a expectativa de um ano novo seja um estado de espírito de todos os dias, permanente, sempre.  Depois veio o depois e esta vontade de querer voltar  a viver, por alguns momentos, aquele meu primeiro dia de ano novo, apenas para ouvir minha mãe cantar “Quem trabalha persevera, nunca é tarde, sempre espera. Mocidade é esperança, mocidade é primavera, quem trabalha sempre alcança.”

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SESSÃO NOSTALGIA - O concurso Miss Elegante Bangu e aquele dezembro de 1958

Daslan Melo Lima 

PRÓLOGO

          No ano de 1951, D. Candinha Silveira, esposa de Joaquim Guilherme da Silveira, um dos donos  da empresa Tecidos Bangu, fundada em 1891, criou o concurso Miss Elegante Bangu, um evento beneficente em prol da instituição Obra da Pequena Cruzada. O primeiro certame teve como vencedora Corina Baldo. Foi realizado em 1952 e conquistou imediatamente a simpatia da alta sociedade carioca.  O carisma do concurso se espalhou por todo o Brasil. Era chique participar dos desfiles Bangu, cujo prêmio maior para a primeira colocada na finalíssima nacional era uma viagem a Europa. Moças finas e educadas, oriundas de  famílias bem conceituadas, desfilavam em trajes esportivos e em roupas de gala confeccionadas com tecidos da marca Bangu. Guardando as devidas proporções, a etapa final nacional do Miss Elegante Bangu era uma espécie de evento do tipo São Paulo Fashion Week e as roupas que as garotas - espécies de Tops Model da época  - vestiam ditavam moda.  Na Sessão Nostalgia desta semana, focalizo o concurso de 1958, um dos mais concorridos da história do famoso certame.

CONCURSO MISS ELEGANTE BANGU 1958
As cinco finalistas do Miss Elegante Bangu 1958. Da esquerda para a direita: Noelza de Abreu Guimarães, Clube Caiçaras, Rio de Janeiro, quinto lugar; Gilda Grillo, do Flamengo, Rio de Janeiro, quarto lugar; Maria Helena Quirino dos Santos, de Araraquara, São Paulo, primeiro lugar; Katia do Prado Valadares, da Bahia, segundo lugar; e Neuza Caminha, de Mossoró, Rio Grande do Norte, terceiro lugar. (Foto: Revista Mundo Ilustrado, 1º /11/1958)

     Cinquenta e duas moças, representando clubes de todo o país, percorreram 388 metros de passarela, apresentando duas coleções  -  “Boutique" e "Haute Couture” – e aguardaram, com nervosismo, o veredicto do júri de 25 personalidades, encarregado de apontar a Miss Elegante de 58. O desfile de 104 modelos não durou mais de 60 minutos e provocou repetidos aplausos de 2.000 pessoas que movimentaram o Golden Room e mais três salões do Copacabana Palace, em uma chuvosa noite de sábado . Logo após o término da apresentação das jovens, os votos dos membros do júri foram recolhidos em envelopes azuis e apurados pelo príncipe d. João de Orleans e Bragança, em pleno palco, à vista de todos os presentes. Foram momentos de apurada emoção, pois o pleito tinha de ser renhido, como de fato o foi. A vencedora, uma tranqüila e suave cidadã de Araraquara, srta. Maria Helena Quirino dos Santos, teve 7 pontos; as segunda e terceira colocadas, srtas. Kátia do Prado Valadares (da Bahia) e Neuza Caminha (Mossoró, Rio Grande do Norte), receberam 6 votos cada, mas a baiana foi aquinhoada com o maior número de sufrágios para o segundo posto. A quarta finalista, Gilda Grillo, do Flamengo, mereceu três votos do júri, enquanto a outra finalista, Noelza de Abreu Guimarães, do  Caiçaras, ficou com dois. O voto restante foi dedicada à morena representante de Maceió, Alagoas. (Revista Mundo Ilustrado, 1º /11/1958)

AQUELE DEZEMBRO DE 1958

     A revista Querida, editada pela Rio Gráfica Editora, círculou com sua edição especial de Natal no início da segunda quinzena de dezembro de 1958, trazendo  doze páginas mostrando várias concorrentes do Miss Elegante Bangu com os trajes que elas tinham usado durante o desfile final ocorrido no mês de outubro, destaques das  coleções Bangu de 1959, o ano que logo mais começaria.
Ana Paola Giaquinto, do Paulistano A.C., São Paulo, e Karin Marsen, do E.C. Pinheiros, São Paulo. (Foto: Revista Querida, segunda quinzena de dezembro de 1958)

Maria Helena Quirino dos Santos, de Araraquara, São Paulo, Miss Elegante Bangu 1958, com um modelo da coleção 1959. (Foto: Revista Querida, segunda quinzena de dezembro de 1958)
Tânia Nizzo, do Botafogo, Rio de Janeiro, e Nice Santos, do Clube da Aeronáutica, Rio de Janeiro, em modelos no estilo "ballonée".(Foto: Revista Querida, segunda quinzena de dezembro de 1958)
Virgínia Barreto Reis, do Vasco da Gama, Rio de Janeiro; Alda Cansação, de Maceió, Alagoas; Lúcia Cândida de Azevedo, do Pará; Caty de Wit, do Clube Comercial, Rio de Janeiro; e Neusa Pires de Azevedo, de Bauru, São Paulo.(Foto: Revista Querida, segunda quinzena de dezembro de 1958)
EPÍLOGO

     O Miss Elegante Bangu se estendeu por toda a década de 1950 até acabar melancolicamente nos anos 1960. Muito tempo depois, em 29/11/2007, Gisela Amaral organizou no Copacabana Palace o Miss Elegante Bangu 2007, do qual saiu vitoriosa a modelo-princesa Paola de Orleans e Bragança. A idéia era fazer um evento repaginado que remetesse à década de 50, com um jantar  beneficente. Nesse contexto , aconteceu uma homenagem ao centenário de nascimento de Guilherme da Silveira - presidente da Fábrica de Tecidos Bangu, falecido em 1991.
     Em outra ocasião, pretendo retomar a história do Miss Elegante Bangu, focalizando suas moças educadas e finas, talvez em um dezembro como este de 2010, onde relembro jovens em flor e seus românticos trajes, marcas de um tempo que se foi, para sempre se foi.

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sábado, 11 de dezembro de 2010

DE SÃO VICENTE FÉRRER PARA O MUNDO - Mano Camelo, a arte que emana da terra da uva e da banana

                          
Daslan Melo Lima

São Vicente Férrer, Pernambuco. Foto:tokdehistoria.wordpress.com
 
      Na pequena cidade de São Vicente Férrer, PE, terra da uva e da banana, população em torno de 19 mil habitantes, distante 115 km do Recife,  mora um artista plástico que poderia ser um nome reconhecido em todo o Brasil, caso vivesse no Rio de Janeiro ou São Paulo. Ele morre de amores pela terra que o viu nascer e é uma figura artística imprescindível na cena cultural regional.
       Tranqüilo, bronzeado, andar lento, lagarto tatuado no pé direito, ele transmite arte em todos os seus gestos suaves e firmes.  Estou falando de Augusto José de Vasconcelos Camelo, o conhecido Mano Camelo, artista plástico e estilista, nascido em São Vicente Ferrer, PE, terra da uva e da banana, num dia 07 de outubro, filho de José Augusto Alves Camelo e Josefa de Albuquerque Camelo e único irmão de Teresa Maria de Vasconcelos Luna.  O menino de olhar inteligente nasceu com um problema congênito nos membros inferiores. Os médicos disseram que ele jamais andaria. Só que eles desconheciam a imensa força interior que DEUS deu àquele menino libriano. Ele andaria,  sim, aos quatro anos de idade, e levaria uma vida normal, apesar das pequenas limitações, tais como a de evitar subir escadas e ladeiras porque causam muito incômodo aos pés.

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     Mano Camelo fez o ensino básico na Escola Cel. João Francisco, em São Vicente Ferrer; concluiu Contabilidade na Escola Estadual Creuza de Freitas, em Macaparana,PE; cursou arte e decoração no Recife durante três anos e desistiu do curso superior de Geografia, na Universidade de Pernambuco, quando faltavam apenas três períodos para se formar. Sua arte teve início decorando igrejas nas festas religiosas e nas de casamento. Foi influenciado pelas obras de Tarsila do Amaral (1886-1973) e Joãozinho Trinta (1933-2011). Possuiu um salão de beleza durante 22 anos.  


AS PREFERÊNCIAS DE MANO CAMELO

Uma música: Podres Poderes 
Filmes inesquecíveis:  “Ghost, do Outro lado da Vida”,  “Grease, Nos Tempos da Brilhantina”,  “Uma Linda Mulher” ,  “Batismo de Sangue”  e “A Vida de Frida Khalo”
Programa de televisão: Fantástico 
Um livro: A vida de São Francisco de Assis 
Noite ou dia? Dia 
Natal ou carnaval? Carnaval 
Santo de devoção: N.S. do Rosário 
Clube esportivo: Clube Náutico Capibaribe 
Um dia para recordar: O nascimento de Maria, minha primeira sobrinha-neta 
Um dia para esquecer: 23/11/2008, quando perdi uma pessoa muito querida 
Cidade que adorou conhecer: Rio de Janeiro 
Cor preferida: Preta 
Um motivo de arrependimento: Nenhum 
Comida preferida: Dobradinha 
Sobremesa: Passas de caju 
Bebida: Um bom uísque e uma cervejinha de vez em quando 
Animal de estimação: Cherry, uma poodle que viveu comigo durante 10 anos e que morreu há 7. Desde então, não quis mais criar nenhum animal.

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OS ÍCONES DE MANO CAMELO 

Um ator: Tony Ramos 
Uma atriz: Fernanda  Montenegro 
Um cantor: Caetano Veloso 
Uma cantora: Maria Bethania 
Uma mulher bonita: Greta e Germana, minhas sobrinhas 
Um homem bonito: Reynaldo Giannechini 
Uma Miss Pernambuco: Suzy Rêgo, segunda colocada no Miss Brasil 1984
Uma Miss Brasil: A gaúcha Deise Nunes, Miss Brasil 1986 
Uma Miss Universo: a baiana Martha Vasconcellos, Miss Brasil 1968 
Uma mulher elegante: Rute Brandão de Morais Andrade e sua filha Adriana Brandão de Morais Cavalcanti,  de Macaparana, PE 
Uma pessoa que é a cara de São Vicente Férrer: Dido Borges.



A SINCERIDADE DE MANO CAMELO

O que mais admira num ser humano: Lealdade 
O que não suporta num ser humano: Mentira 
Sua maior virtude: Sei que passo a imagem de uma pessoa boa e que tenho um elevado senso de humanidade 
Seu maior defeito: Sou muito verdadeiro, o que às vezes é uma virtude e às vezes  um defeito 
Um quadro que gostaria de ter pintado: Abaporu, de Tarsila do Amaral 
Qual o segredo para conquistar o coração de Mano Camelo? Ser verdadeiro 
A última vez que chorou: Eu choro muito. Sou muito emotivo. Choro até vendo novelas na televisão 
Um ponto turístico de Pernambuco: Fernando de Noronha 
Religião: Sou Católico Apostólico Romano, acredito na reencarnação e em vidas passadas 
Um ponto turístico de São Vicente Férrer: A Igreja Matriz 
O que gostaria que escrevessem em seu túmulo? Aqui jaz um artista que amou São Vicente Ferrer como nenhum outro jamais amou 
Se fosse Presidente da República... Investiria tudo que pudesse em educação 
Uma mensagem para os leitores de PASSARELA CULTURAL: O meu amor é apenas o maior e o mais bonito porque é infinito.

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Flávia Mirella, Miss Pernambuco Infantil 2009, representante do Brasil no Miss Nações Infantil, vestindo o traje típico "Carmen Miranda na Terra do Frevo", criação de Mano Camelo.


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     Mano Camelo adora a cidade onde nasceu e lá pretende continuar vivendo até o final da vida, curtindo a linda paisagem das plantações de banana e uva que se descortina da sua casa. São Vicente Férrer bem sabe o quanto Mano Camelo tem uma missão a cumprir na cena cultural da região.


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Crédito das imagens: Arquivo Pessoal do artista
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SESSÃO NOSTALGIA - Corrupção nos concursos de Miss?

Daslan Melo Lima

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ESTA MATÉRIA FOI REPAGINADA NO DIA 19/07/2014. 

POR GENTILEZA, ACESSE ESTE LINK: 

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PRÓLOGO

     O ano era 1958. A carioca Adalgisa Colombo, Miss Botafogo, tinha sido coroada Miss Distrito Federal embaixo de vaias e protestos, pois a preferida era sua vice, Ivone Richter, Miss Riachuelo. Logo em seguida, Adalgisa Colombo venceu o Miss Brasil e recebeu a faixa de sua antecessora Terezinha Morango (Miss Amazonas, Miss Brasil, vice-Miss Universo 1957), também sob vaias e protestos, pois a preferida era Sônia Maria Campos, Miss Pernambuco, segunda colocada. Pegando carona naquele cenário tumultuado, a revista MORAL, edição nº 4, especialista em focalizar assuntos polêmicos, circulou em todo o Brasil com uma capa onde a atriz Kim Novak aparecia em foto principal, mas na foto menor estavam Adalgisa e Terezinha com a legenda "Corrupção nos Concursos de Misses !!"  Abaixo, o texto completo da  matéria.  

O LADO “IMORAL” DOS CONCURSOS DE BELEZA 
Entre pernas de fora e “marmeladas”, há sempre o interesse mercantilista por traz das cortinas – quando a fita não fala a verdade, prevalece a opinião insuspeitável dos “íntegros juízes”.
     As competições de beleza plástica existiram em todos os tempos, mas em outros tempos idos, que se perdem e se esfumam num passado muito longínquo, havia um único propósito: a Eugênia! Desde então, os cânones de beleza plástica foram estabelecidos, mas com o evoluir dos povos, com a intromissão da civilização no campo complexo da eugênia, que tinha por escopo primacial o aprimoramento das raças, outros métodos e princípios, objetivos e sistemas, foram adotados na seleção e respectiva eleição das mais belas mulheres existentes entre os homens.
     O povo norte-americano se habituou, rapidamente,  a essa espécie de “bolsa de valores”, plásticos, bem entendido, sendo matéria corriqueira a escolha de uma “miss” qualquer, para representar até mesmo a melhor marca de manteiga ou de  uísque, como se apenas às mulheres fossem outorgadas prerrogativas de possuírem um melhor físico ou mesmo uma melhor “fachada”.
     Em Long Breach, praia mundialmente conhecida das costas do Pacífico, cenário obrigatório de quantas “estrelas” e “astros” existam  no firmamento cinematográfico de Hollywood, realizam-se, todos os anos , esses prélios de beleza universal, no qual disputam mulheres, de todas as idades, até mesmo matronas respeitáveis, o cetro de Miss Universo.
     O Brasil, como não poderia deixar de acontecer, também participa do desfile. Também envia sempre a sua representante, embora sem a esperança, que nunca morre, de vermos, um dia, o nosso “belo sexo” coroado com o ornamento consagrador, no alto da cabeça. Houve uma época, que se repetiu por muitos e muitos anos, que apenas as “beldades” ianques eram galardoadas com o cobiçado título, mas com o advento, cada vez mais forte do panamericanismo, a política entrou no meio, e os juízes, da imprensa e finalmente da opinião pública, a quem tinham seus organizadores que dar satisfações.
     Lá, como aqui, sempre houve “marmeladas”, mas essas “marmeladas” eram trabalhadas secretamente, quase que via diplomática, sem que das mesmas participassem, direta ou indiretamente, as interessadas e seu acólitos.
     No momento, por exemplo, em que já elejemos nossa representante para o grande prélio de beleza, surgem os descontentamentos, os insultos, as intriguinhas, as maledicências, contra esta ou aquela candidata ao “passeio” e aos presentes, pelo fato de não serem suas acusadoras contempladas como esperavam.
     E a fita métrica entra em cena, depois, nas redações dos jornais, para comprovar a “marnelada”, a qual tanto pode ser “Colombo” ou “Pesqueira”. A marca não interessa para nós, mas sim a natureza de sua manipulação, de seu paladar, de sua “embalagem” em suma.
     Acreditamos, mas não endossamos a atoarda que se fez em torno da escolha de Miss Distrito Federal. A senhorita Adalgisa Colombo merecia o galardão que recebeu, mas se houve ou não “marmelada” na dita eleição, bem como na prova final, não temos provas para acusar, cabendo-nos apenas fazer eco do acontecimento mundano e registrá-lo devidamente em nossas colunas, com a respectiva crítica que o programa de MORAL nos autoriza.
     Aqui fica apenas uma pergunta aos Srs. moralistas e falsos puritanos: Que se procura alcançar, hoje em dia, com esses concursos de    beleza? Que objetivos visam seus promotores? Que resultados práticos poderão obter essas jovens que tão impensadamente se entregam a tais maratonas de nudez?
     Raríssimas são as exceções em certames de tal natureza em que as candidatas derrotadas saiam imunes da batalha, e essa batalha é travada nos vestiários, nos dancings, nos clubes, nas reuniões de gente bem, onde a  “ronda dos abutres” faz descer a sua sombra tétrica, a espera de carniça.
     Os departamentos de polícia dos Estados Unidos possuem em seus arquivos inúmeros casos que tiveram sua origem e motivo nos concuros de beleza. Há até uma organização de traficantes de “carne humanaa” que se mantem sempre vigilantes sobre as misses eliminadas, sendo essa “mercadoria “para eles de gande valor.
     Se uma candidata ao cetro de beleza não se faz acompanhar de uma pessoa da família, seu fim será triste, caso não tenha forçar suficientes para vencer ou afugentar os “vampiros” que voejam a sua volta.
     Triste época, caricata época das grandes festas florais dedicadas a Deusa Vênus da velha Grécia de Apolo!
EPÍLOGO
     A expressão "marmelada" Colombo remete ao sobrenome de Adalgisa e à célebre Confeitaria Colombo, enquanto "marmelada" Pesqueira é uma alusão aos doces pernambucanos de uma marca que homenageava a cidade de Pesqueira.
     De vez em quando, surgem especulações de favorecimento,  notícias envolvendo tramas e manipulações para que o  resultado de um concurso de Miss seja de uma forma e não de outra.   
     Sei que é muito dificil um resultado agradar a todos, indistintamente. Um concurso de beleza não é apenas glamour, também é suor, tensão, determinação, disciplina, risos, lágrimas...  Seja como for, um título de Miss perdura por toda a vida e ninguém tem o direito de brincar com o destino de lindas jovens sonhadoras. Um voto, um ponto, um cochilo... pode mudar para sempre a rota da caminhada de uma garota. 
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sábado, 4 de dezembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA - ... E ASSIM SE PASSARAM TRÊS ANOS


Daslan Melo Lima

PRÓLOGO

          Foi em dezembro de 2007 que  dei início a esta secção, onde semanalmente resgato histórias envolvendo misses que marcaram época. E assim se passaram três anos. Para celebrar a data, estou   reeditando a primeira crônica, postada em 23/12/2007.

CONCURSO MISS PERNAMBUCO 1985    

          Eu estava lá , naquela noite de 17/05/1985, no Ginásio da Faculdade de Filosofia de Caruaru, para assistir 30 candidatas disputarem o título de Miss Pernambuco 1985.O evento foi transmitido diretamente pela TV Tropical. A coordenação foi de Jota Lagos e Heron Viana , sob o comando do professor Humberto Vasconcelos, da TV Tropical. As atrações musicais da noite foram Zé Ramalho, Nilton César, Marquinhos Moura, Diana Pequeno e Fabiana. A vencedora do Miss Pernambuco 1985 recebeu mais de Cr$ 20 milhões em prêmios.

     A festa começou com uma exibição de Virgínia Helena Gomes da Silva, muito mais bela do que há quatro anos, quando foi terceira colocada no Miss Pernambuco e  quarta colocada no Miss Brasil 1981, representando o Estado da Paraíba. Imitando Carmen Miranda, ela fez o público delirar com sua beleza, desembaraço e plástica escultural.

     Na comissão julgadora, figuras de expressão como : Margot Queiroz, Suzana Tavares Correia, Iara Dubeux, José de Souza Alencar (Alex), João Alberto, Ricardo de Castro, o inesquecível Marcílio Campos , Edelson Barbosa e Tancredo Albuquerque. A apresentação foi de Marcos Pinheiro e Ilona Ilse. O concurso começou às 21h30min e só terminou às duas horas da madrugada. Foi muito cansativo, mas todo mundo ficou até o final. Os organizadores quiseram inovar com um computador que facilitaria o sistema de computação dos mapas da comissão julgadora, mas ele acabou quebrando.

     As 12 semifinalistas foram as representantes de Cabo de  Santo Agostinho, Caruaru, Clube Alemão, Salgueiro, Português, Colégio Boa Viagem, Igarassu, Itamaracá, Jaboatão, Paulista, Santa Cruz e Sport Club Recife. A Miss Central de Caruaru, Maria do Céu Vasconcelos, hoje com o nome de Maria do Céu Kelner, é famosa promoter do Recife. A Miss Paulista , Cláudia Maria Alves Queiroga, semifinalista, era uma morena muito bonita e foi a segunda colocada no concurso Rainha dos 450 anos do Recife, realizado em 1987, durante o Baile Municipal do Recife.

      Enfim, eis o Top 5 :
Primeiro lugar: Simone Augusto, Miss Clube Português do Recife, 510 pontos;
Segundo lugar: Renata Cristina Luck, Miss Clube Alemão, 450 pontos;
Terceiro lugar: Maurília Magalhães Lins, Miss Igarassu,410 pontos;
Quarto lugar:   Luciene Lucas Teixeira, Miss Caruaru, 400 pontos;
Quinto lugar:   Ivone Maia de Melo, Miss Salgueiro, 394 pontos.
Simone Augusto
     Simone Augusto usou um modelo de Marcílio Campos e recebeu o prêmio de Miss Elegância. Gostei muito de resultado. Simone tinha um porte de rainha, 18 anos, 1,75 de altura, 61 Kg, 92 cm de busto, 65 cm de cintura, 93 de quadris e 55 de coxas.Simone Augusto tinha cursado o segundo grau no Colégio Americano Batista, onde foi eleita Garota CAB 84, o mesmo colégio onde estudou Enilda Sá Barreto, Miss Pernambuco 1973. Crédito da foto: coluna social de João Alberto, Diario de Pernambuco, 21/05/1985.

     Na minha opinião, só uma candidata poderia ter ficado à frente de Simone Augusto : Renata Cristina Luck, Miss Clube Alemão, segunda colocada, uma loura de 1,86 cm de altura que irradiava muito charme e simpatia. 

     Muito emocionada, Simone Augusto recebeu coroa, faixa, manto e cetro de Suzy Rêgo, Miss Pernambuco e vice-Miss Brasil 1984. Para orgulho de todos os pernambucanos, Simone Augusto , que não obteve classificação no Miss Brasil 1985, foi eleita Miss Brasil Mundo 1987 , tornando-se a quarta pernambucana a representar o Brasil no concurso Miss Mundo, em Londres. As outras foram Sônia Maria Campos (1958), Dione Oliveira (1959) e Edilene Torreão (1960).

EPÍLOGO

     E assim se passaram três anos.  Muito grato a todos que prestigiam as coisas que escrevo, aos que escrevem sugerindo reportagens, aos que deixam comentários, aos que emitem seus pontos-de-vista no anonimato... Muito grato a DEUS, acima de qualquer coisa, pelo dom da Poesia que ELE me deu, dom que me inspira e me estimula a compartilhar com todos as histórias das nossas misses eternas, razão de ser da Sessão Nostalgia.

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sábado, 27 de novembro de 2010

SESSÃO NOSTALGIA – ROSEMARIE FRANKLAND, UMA MISS MUNDO VOANDO NA TARDE DO RECIFE

Daslan Melo Lima


PRÓLOGO

          Na minha adolescência, quando conseguia reunir alguns trocados, adorava ir ao centro do Recife visitar “sebos”, locais onde são comercializados livros e revistas usados, a fim de comprar publicações sobre concursos de misses. Ao organizar meu primeiro álbum sobre o assunto, ficou faltando a imagem de Rosemarie Frankland, Miss Mundo 1961. Mas numa tarde ensolarada, consegui encontrar uma foto de  Rosemarie de forma inusitada. Você vai achar graça e se surpreender com o fantástico episódio que vou contar. Ele diz muito do que é a intuição e até que ponto pode chegar a paixão de um colecionador.

UMA MISS MUNDO VOANDO NA TARDE DO RECIFE

          Era uma tarde de novembro. Antes de ir para o Ginásio Pernambucano, onde eu estudava, e após ter passado por alguns “sebos”, fui meditar sobre os mistérios da vida e da morte no cais do porto. Durante o percurso, absorvido em meus pensamentos, eis que, de repente, não mais que de repente, ao me aproximar da Ponte Buarque de Macedo, um pedaço de uma folha de revista, arrastada pelo vento, passou por cima da minha cabeça. Uma voz silenciosa me disse com segurança e insistência: “É uma Miss voando! É uma Miss voando! É uma Miss voando!”. Esqueci que poderia ser atropelado por um veículo, corri e consegui agarrar o recorte da revista antes dele cair no rio. E para minha surpresa e contentamento, a foto era exatamente a de Rosemarie Frankland, a imagem que faltava para completar meu álbum. 
Esta é a foto que voava numa tarde da minha adolescência às margens do Rio Capibaribe, Recife, PE. (Imagem: Revista O Cruzeiro)
UM POUCO DE ROSEMARIE FRANKLAND

     Rosemarie Frankland nasceu em  Rhosllannerchrugog, Wrexham, País de Gales, em  1º/02/1943. Na condição de representante do País de Gales, foi a segunda colocada no concurso Miss Universo 1961, onde perdeu para a alemã Marlene Schmidt
  
Rosemarie Frankland, segundo lugar no concurso, é do País de Gales. 18 anos, modelo profissional, tem educação secundária e pai motorista, sendo, modéstia de lado ,“papa-títulos”: foi, seguidamente, Rainha do Festival de South Port, Miss Moreecambe, Miss Lakeland, Rainha do Misty e Miss País de Gales. Tem admiração especial por Winston Churchill. (O Cruzeiro, 29/07/1961)

Miss Gales, Rosemarie Frankland, em vestido de gala e com um colar que valorizava seu colo, recebe de Miss Hospitalidade o troféu de vice-Miss Universo 1961.(Foto: Revista Manchete, 29/07/1961)

     No mesmo ano, em Londres, com a faixa de Miss Reino Unido, Rosemarie Frankland disputou e venceu o Miss Mundo.

Miss Mundo é do País de Gales. Ganhou 2.500 libras e uma viagem a Paris. (Imagem: Revista Fatos & Fotos, 18/11/1961)
Os ingleses preferiram uma quase inglesa (ela é de Gales), mas, nisto, não ficaram sozinhos; simplesmente confirmaram uma escolha já feita pelos norte-americanos. Rosemarie Frankland, de 18 anos, que acaba de ser eleita, em Londres, Miss Mundo 61, já havia conquistado o segundo lugar no concurso Miss Universo, em Miami, há poucos meses. Suas medidas: 91 de busto, 91 de quadris, 55 de cintura, 60 quilos, 1,67 de altura. Olhos: azuis. Cabelos: castanhos escuros. (Fatos & Fotos, 18/11/1961)

     "Viva! Eu sou a Miss Mundo e sou rica!", exclamou Rosemarie quando seu nome foi anunciado como a grande vencedora. Você é a garota mais linda que eu já vi", disse o ator comediante Bob Hope (1903-2003), integrante da comissão julgadora, ao coroar a Miss Mundo 1961.
     Rosemarie Frankland trabalhou como modelo e atuou como atriz. Em 1970, casou com Warren Entner, integrante do conjunto  de rock The Grass Roots,  pai de sua única filha Jessica, e fixou residência em Los Angeles. O casamento terminou em divórcio, em 1981. Em 02/12/2000, Rosemarie perdeu a luta contra a depressão e o transtorno de pânico. Morreu em Marina Del Rey, perto de Los Angeles, após ingerir muitos comprimidos. Ficou a dúvida: suicídio ou ingestão acidental? Em fevereiro de 2001, suas cinzas foram levadas para o cemitério de Rhosllannerchrugog. 

EPÍLOGO

     Acredito que não há mais adolescentes  - como aquele que um dia eu fui - pelos "sebos" do Recife, atrás de revistas antigas de misses. Através da internet, qualquer um pode ver e rever tantas vezes quanto quiser , copiar/colar, imprimir...  imagens  de Misses de ontem e de hoje. 

Rosemarie Frankland. Imagem copiada do www.thecrowncompetitors.blogspot.com
     Depois daquela tarde de novembro, comprei  em "sebos" outras publicações com imagens de Rosemarie Frankland, mas nenhuma tão valiosa para mim como a primeira foto. Finalizando, confesso que se um dia  uma folha de revista passar por mim, arrastada pelo vento,  não terei receio algum de sair correndo atrás, desde que minha intuição não tenha dúvida alguma que ali está uma Miss voando

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