sábado, 19 de fevereiro de 2011

SESSÃO NOSTALGIA – Ana Elisa, Miss Brasil 1984, um sonho de cinderela

Daslan Melo Lima


     Inúmeras foram as garotas de origem humilde que, graças à beleza, mudaram suas vidas para melhor por causa de um concurso de beleza. No Brasil, o caso mais famoso foi o de Anísia Gasparina da Fonseca, Miss Brasília, quarta colocada no Miss Brasil 1966,  focalizada duas vezes em PASSARELA CULTURAL,  aqui, na secção Sessão Nostalgia,   uma empregada doméstica que se tornou uma das mulheres mais ricas do Planalto Central. Em 1984, a história de Ana Elisa Flores da Cruz, Miss São Paulo e Miss Brasil, menos dramática que a de Anísia Gasparina, foi tema de reportagem da  revista de fotonovelas Sétimo Céu, no mês de junho.

ANA ELISA, UM SONHO DE CINDERELA

     Há quanto tempo você não  tem mais ilusões em relação aos contos de fada? Na verdade, as histórias de Cinderelas e Fadas Madrinhas não acontecem todos os dias. Mas, se você pensa que já não existem, anime-se, pois Ana Elisa - Miss Brasil 1984 - é uma perfeita Cinderela dos anos 80. Reinando pelas passarelas e capas de revistas como a representante máxima da beleza da mulher brasileira, ela fez do sonho de menina uma linda realidade em sua vida.




                                   
       E ao contrário da moça rica, nascida em berço de ouro e, por isso, com todas as chances de vencer, sua história em nada se diferencia da de milhares de meninas, talvez como você, espalhadas por todo o país. Filha de família de poucos recursos, órfã de pai desde os dois anos, Ana Elisa Flores da Cruz, hoje com 18 anos, sempre levou uma vida pacata e anônima no bairro do Horto Florestal (SP). Sua mãe, Maria Teresa, todo o tempo trabalhou esforçando-se para garantir o sustento da casa e os estudos da filha e de seus dois irmãos. Apesar de todas as dificuldades e da forte timidez, Ana Elisa tinha um trunfo: era bonita. E por que não usar isso para seu próprio benefício? Tomada a decisão, aos 15 anos, ela estava na passarela do concurso Rainha das Praias Brasileiras. Não venceu, é verdade. Mas nem por isso desanimou.




      Não demorou muito e um novo concurso renovava as esperanças de Ana Elisa. Aos 16 anos, era, então, a garota Ilha Porchat 82 – do Ilha Porchat Club, de São Vicente (SP). Tendo como prêmio um carro, uma jóia, um guarda- roupa completo oferecidos por Odárcio Ducce, presidente do clube e, o mais importante, um curso de manequim com a professora Joyce – responsável pelo desempenho do Miss Brasil -, ela se deparava com um horizonte muito mais promissor. 

 
     No ano seguinte, Ana Elisa era novamente coroada. Desta vez, como Miss Itaú 83. E, mesmo não abandonando os estudos - cursa a terceira série Colegial – , ela passou a se dedicar mais à aparência e á postura. Ate que chegou a grande oportunidade: concorrer a Miss São Paulo. Inscrevendo-se como representante de seu bairro, foi eleita. Até então, a desconhecida menina do Horto começava sua trajetória rumo ao Miss Brasil. E Ana Elisa mal acreditou quando se viu com o título da mais bonita do país de 1984. “Fiquei sem jeito... Mas,já que venci, vou em frente.” (Reportagem de Alcidéa de Oliveira, revista Sétimo Céu, junho de 1984)

O TOP 3 DO MISS BRASIL 1984


     As três finalistas do Miss Brasil 1984 foram capa da revista Manchete. Da esquerda para a direita:Valéria Freire Pereira, Miss Rio de Janeiro, terceiro lugar; Ana Elisa Flores da Cruz, Miss São Paulo, primeiro; e Susy Sheila Rêgo, Miss Pernambuco, segundo lugar. Ana Elisa ganhou 15 milhões de cruzeiros, a moeda da época. Participou do Miss Universo, realizado em Miami Beach, mas não obteve classificação, no ano em que a vencedora foi Yvonne Ryding, Miss Suécia. Das três finalistas do Miss Brasil 1984, apenas uma continua em evidência na mídia, graças à sua vitoriosa carreira de atriz, Susy Rêgo, que quase foi eleita Miss Brasil 1984 com 99 pontos na prova decisiva, enquanto Ana Elisa obteve 100 pontos.
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Ana Elisa em 2010. (Imagem: 180graus.com)
     
      Quantas garotas humildes continuam sonhando com fotos em jornais e revistas? Milhares. Quantas garotas humildes mudarão suas vidas graças a um título de beleza? Poucas. Mas os sonhos continuam. Afinal, o que seria da nossa caminhada no planeta Terra sem os sonhos?

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4 comentários:

  1. O resultado do Miss Brasil 1984 me pareceu muito justo.
    Pena que a carismática Suzy Rêgo, Miss PE, tinha um sorriso comprometido pelo dentes superiores desalinhados.Hoje o problema não existiria. Logo cedo as crianças usam aparelhos de correção.

    L.Junior
    Rio

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  2. Ana Elisa Flores, uma Miss à moda antiga (Parte 1)

    Uma miss à moda antiga cujo sonho era apenas ter uma boa profissão, casar, ter filhos e ser feliz. Nada de aspirações seguindo a carreira de modelo, manequim, teatro ou televisão. - Assim eram os planos da Miss Brasil de 1984, Ana Elisa Flores, antes de participar dos concursos de beleza e mesmo depois de ser eleita a primeira e única Miss São Paulo a vencer a competição nacional na "era Silvio Santos".

    Tranquila, serena e de uma ternura e suavidade na voz e nos gestos impressionantes, a jovem que foi criada no bairro Horto Florestal da Capital paulista, participou da live do Projeto Miss Brasil Forever, conduzida pelo vitorioso produtor Josenildo Batista.

    A hoje fisioterapeuta falou como tudo começou nas passarelas respondendo aos internautas, missólogos, misses e aos seguidores do Instagram sem omitir nenhum fato quanto as dificuldades enfrentadas durante as participações no Miss América do Sul, realizado no Peru, e no Miss Universo, em Miami.

    Pelo que disse, a ex-Garota do Clube Ilha Porchat, Misses Itaú, São Paulo e Brasil não teve a preparação nem o apoio tão necessários para ter uma boa classificação nos dois certames. "Como eu era muito jovem, uma moleca e não sabia me maquiar, pentear ou tampouco usar um salto alto como se exigia nessas competições, sofri desvantagem".

    Até sua eleição no Miss Brasil para ela foi uma surpresa, diante de candidatas favoritas e acostumadas com as passarelas por serem manequins, a exemplo das misses Pernambuco, Suzy Rego, e Rio de Janeiro, Valéria Freire.
    "Eu não entrei pensando em vencer. Queria apenas participar", revelou.


    Muciolo Ferreira - jornalista/Recife

    ------- A crônica continua na parte 2

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  3. Ana Elisa Flores, uma Miss à moda antiga (Parte 2

    Nos dois concursos no exterior faltou a Ana Elisa uma boa produção e uma pessoa para ajudá-la. Daí não ter obtido uma boa colocação sempre tão exigida e aguardada pelos brasileiros. "Mas não me arrependo de nada, pois tudo valeu a pena. Na época, eu queria mesmo era ser feliz. E fui porque foi através do concurso que me descobri mulher, passei a cuidar mais do corpo, da pele, aprendi a me maquiar e andar de salto, viajei muito e conheci pessoas ", avaliou a Miss Brasil Forever de 1984.

    Questionada pela terceira colocada no Miss Brasil, Valéria Freire, sobre se pudesse voltar no tempo o que faria de diferente, Ana Elisa Flores foi personalíssina:
    "Não mudaria nada; minha idade era aquela, e a gente deve amadurecer na vida sem perder a inocência da juventude e nem carregar para o futuro as amarguras das dificuldades do passado".
    Ótima resposta e um belo exemplo esse da nossa Miss Brasil de 1984 que as pessoas deveriam seguir ou tentar copiar. Até porque como ela falou no final da live, "Tudo passa. Nada aqui é nosso".

    Réu confesso ter sido um dos críticos da discreta participação de Ana Elisa Flores no Miss Universo. Mas depois de assistir à live e conhecer sobre as dificuldades que enfrentou nos bastidores do certame universal, cheguei a conclusão que a coordenação do Miss Brasil nos tempos do Silvio Santos foi bastante falha. Erraram no traje típico e me parece que o único compromisso que tinham com a Miss Brasil era doar as passagens, o vestido e o traje típico que na maioria das vezes eram de um gosto muito duvidoso. Faltava preparação às brasileiras. -000-

    Talvez seja esse um dos motivos de que de 1981 a 1989, início e término do concurso promovido pelo SBT, apenas uma brasileira chegou ao Top 5 do Miss Universo. E digo mais: Adriana Alves de Oliveira teve muita sorte. Mais do que as outras brasileiras, pois em 1981, Pelé - o Rei do Futebol - morava em Nova Iorque e era o ídolo do Cosmos, o time de futebol mais popular da Big Apple. Pelé ajudou a popularizar a imagem da Miss Brasil ao posar com ela em fotos publicadas em jornais locais e ainda foi jurado na noite final do certame. Lógico que Adriana teve seus méritos, era muito bonita. Mas que Pelé ajudou, isso ninguém tem dúvidas.

    Parabéns ao mago das Lives das Misses Brasileiras Forever, Josenildo Batista, por trazer Ana Elisa Flores à mídia para alegria dos saudosistas como eu.

    Foi prazeroso escrever e dedicar a ela essa crônica. Mesmo porque, com humildade e personalidade, ela deu um comovente e sincero depoimento carregado de emoção.
    Saúde e Vida Longa para ela.

    Muciolo Ferreira - jornalista/Recife

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    Endereço do link para a live de Ana Elisa Flores Cruz produzida por Josenildo Batista em 15.04.2021.
    https://www.youtube.com/watch?v=a0FKuBkf4OY
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