sábado, 12 de março de 2011

A NEVINHA PACHECO QUE EU CONHECI

Daslan Melo Lima 
          Numa tarde fria de maio de 1992, recebi a visita de uma tranqüila senhora de olhos claros. Ela era diretora da Escola Municipal Antônio Galvão Cavalcanti (Ginásio Municipal) e queria minha colaboração para um evento que estava promovendo no Motor Clube de Timbaúba, visando angariar fundos para a banda do educandário. A festa seria uma manhã com música ao vivo e caberia a mim organizar um concurso de beleza para atrair mais pessoas. Tempo depois, D. Nevinha Pacheco criou no Ginásio Municipal o Baile das Debutantes, um presente fantástico para dezenas de garotas humildes que sonhavam com uma festa de 15 anos. Tive a satisfação de ser o mestre-de-cerimônias e de constatar mais uma vez o brilho nos olhos claros de D. Nevinha Pacheco, feliz por fazer o bem à frente de uma grande escola pública municipal. 

           Na fase que atuei como Agente de Desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil, encontrei D. Nevinha em uma reunião sobre associativismo, ocasião onde alguém fez algumas críticas ao seu irmão, o político Gilson Muniz Dias. Ouviu tudo calada, com classe, educação e diplomacia. No final, com os olhos claros cheios d’água, afirmou emocionada:     “-Nada tenho a dizer, apenas que ele é meu irmão e faz parte da família que amo.”

  
          No dia 07, segunda-feira de Carnaval, festa que ela adorava, Deus convocou D. Nevinha para uma nova missão em outra dimensão. Morreu por complicações provenientes de um aneurisma que sofreu no dia 14 de janeiro.

            Choveu muito na manhã timbaubense da terça-feira de carnaval, quando seu corpo foi sepultado no Cemitério de Santa Cruz, em Timbaúba. A “Princesa Serrana” chorou a morte de uma das suas filhas mais estimadas. Depois que a maioria dos acompanhantes saiu do cemitério, chorei em silêncio junto ao seu túmulo, mas quando ouvi um frevo ao longe me animei. “C´ést la vie”. Assim é a vida, dizem os franceses. Nevinha Pacheco morreu no Carnaval, a festa que tanto amava, e com certeza, naquele momento, a Nevinha Pacheco que eu conheci era mais um anjo fazendo um tranqüilo carnaval no céu. 
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2 comentários:

  1. Adorei a forma como você abordou a personalidade de Nevinha, uma educadora que ficará para sempre na memória de Timbaúba.

    Cláudia / Recife

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  2. Comentário de Elaine Melo, Timbaúba-PE, via Orkut
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    Daslan, a PASSARELA CULTURAL a cada semana está maravilhosa.
    Sou uma visitante fiel do site.
    A homenagem a D.Nevinha foi linda... e vc está de Parabéns.

    Um beijão.

    Elaine.

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