PRÓLOGO
A cearense Emília Barreto Corrêa Lima, Miss Brasil 1955, filha do médico-humanitário Hider Corrêa Lima, envolveu-se durante a maior parte do seu reinado com promoções beneficentes, colaborando intensamente com a obra de Eunice Weaver (1902-1967), uma paulista que dedicou sua vida aos portadores do Mal de Hansen. Emília Corrêa Lima deu um exemplo maravilhoso de como alguém pode usar a beleza para transformar o planeta Terra num mundo melhor. E Eunice Weaver, “A Servidora do Bem” , deu uma lição inesquecível de como a persistência em nobres ideais podem fazer a diferença no complicado planeta Terra.
EMÍLIA CORRÊA LIMA, MISS BRASIL 1955
EUNICE WEAVER, A SERVIDORA DO BEM
Eunice Sousa Gabi Weaver nasceu em uma fazenda de café em São Manoel-SP, filha de Henrique Gabbi, um carpinteiro natural de Reggio, Itália, e de Leopoldina Gabbi, natural de Piracicaba, mas descendente de imigrantes suíços, tendo recebido educação austera. Sendo sua mãe portadora de hanseníase, quando Eunice tinha três anos de idade, a sua família mudou-se para Uruguaiana-RS. Ali fez os seus estudos primários, no Colégio União.
Tendo prosseguido os seus estudos em São Paulo, formou-se na Escola Normal e fez o curso de Educação Sanitária.Certo dia de 1927, em visita a uma família amiga, reencontrou o seu antigo professor e diretor do Colégio União, Charles Anderson Weaver, viúvo, casaram-se seis meses depois, tendo ido residir em Juiz de Fora-MG. Embora o casal não tendo tido filhos, Eunice cuidou dos quatro filhos do primeiro casamento do marido. Um ano mais tarde, Charles foi convidado pela Universidade de New York para dirigir a Universidade Flutuante da América do Norte, instalada num transatlântico, que faria uma viagem ao redor do mundo para melhor formação de seus alunos. Tendo aceite o convite, partiu do Rio de Janeiro acompanhado pela esposa, que aproveitou para estudar Jornalismo, Sociologia, Serviço Social e Filosofias Orientais, em visita a 42 países. Por onde passou, interessou-se pelo problema da hanseníase, principalmente nas ilhas Sandwich, Japão, China, Índia e Egito.
De volta ao Brasil, fundou em Juiz de Fora a Sociedade de Assistência aos Lázaros. De madrugada, quando passava o trem para Belo Horizonte, dirigia-se à estação ferroviária, a fim de prestar assistência aos hansenianos que eram transportados no vagão da segunda classe ao Leprosário Santa Isabel , naquela cidade. Ali, oferecia-lhes roupas, cobertores e refeições. Fundou o Educandário Carlos Chagas , em Juiz de Fora (1921) e o Educandário Santa Maria, no Rio de Janeiro. Em 1935, obteve do então Presidente da República, Getulio Vargas, a promessa de auxílio oficial para a obra, no montante do dobro do que ela conseguisse arrecadar junto à sociedade civil. Com esse acordo, Eunice dedicou-se a viajar por todo o país, divulgando a campanha da Federação das Sociedades de Assistências aos Lázaros e Defesa contra a Lepra.
Foi a primeira mulher a receber a Ordem Nacional do Mérito, no grau de Comendador, em novembro de 1950, e a primeira pessoa, na América do Sul, a receber o troféu Damien-Dutton. Publicou "Vida de Florence Nightingale", "A Enfermeira" e "A História Maravilhosa da Vida". Representou o Brasil em inúmeros congressos internacionais sobre a hanseníase, tendo organizado serviços assistenciais no Paraguai, Cuba, México, Guiatemala, Costa Rica e Venezuela.
Foi homenageada com o título de "Cidadã Carioca" e com o título de "Cidadã Honorária de Juiz de Fora" . Foi delegada brasileira no 12º Congresso Mundial da Organizção das Nações Unidas, em outubro de 1967. Em diversos Estados do Brasil, instituições de assistência aos hansenianos levam o nome de "Sociedade Eunice Weaver". Em 09/12/1969, faleceu subitamente. O seu corpo foi sepultado ao lado dos restos mortais do marido, no Cemitério dos Ingleses, Rio de Janeiro. (Principal fonte de pesquisa: wikipédia)
EPÍLOGO
Selo da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, 1973, um reconhecimento ao trabalho de Eunice Weaver
Ainda sobre Eunice Weaver - "Corajosa e arrebatada, possuía elevado caráter, que a permitiu manter-se lutando tenazmente em defesa dos seus "filhos", enfrentando dificuldades compreensíveis e situações complexas, nunca lhe faltando, porém, os auxílios da misericórdia do Senhor, e em hora alguma foi escasso o socorro do céu! Apesar das dificuldades naturais, no mais, tudo eram felicidades e contínuas alegrias. Mas, a batalhadora Eunice Weaver perde inesperadamente o esposo, rompendo-se o elo de luz que lhe sustentava o equilíbrio no labor de consolação e de misericórdia. Na ausência do sempre solícito esposo, a jornada a sós lhe é mais difícil. Amigos leais buscaram animá-la, confortando-a e encorajando-a para a luta, mas a ausência física do idolatrado companheiro, pungia fortemente. Entretanto, em 1959, uma de suas amigas a levou até Pedro Leopoldo para conhecer o médium Chico Xavier e, a mensagem de paz e otimismo transmitida pelo médium, lhe deu forças para continuar." (Fonte: http://www.espiritismogi.com.br)
Ainda sobre Emília Corrêa Lima - "Como Miss Brasil, ela teve oportunidade de percorrer o seu próprio país, de ponta a ponta. Conheceu, então, D. Eunice Weaver, com quem colaborou numa campanha de assistência aos lázaros. Até ao Paraguai ela foi, a fim de participar de um desfile de modas, de caráter beneficente. Às vezes eu me senti cansada – declara -, mas bastava olhar para D. Eunice e logo recuperava as forças. Deus recompensou depressa as minhas canseiras, fazendo-me encontrar a felicidade. São sempre boas as experiências que enriquecem a vida da gente. Ser Miss é uma experiência que dura um ano, numa idade em que cada ano vale por dez. Do ponto de vista financeiro, não direi nada. Não recebi muito dinheiro. Mas aconteceram coisas maravilhosas. Ganhei muitos presentes... Vale a pena ser Miss, sim. Pelo carinho do povo, pelas boas amizades, pela oportunidade de fazer o bem, cooperando com uma mulher extraordinária, como D. Eunice Weaver. E, ainda, porque foi como Miss Brasil que acabei conhecendo o homem a quem amo e que é hoje o meu marido. Vale a pena, sim! " (Fonte: Manchete, 11/06/1966).
Emília Corrêa Lima casou em 15/09/1956, com o oficial do exército e engenheiro Wilson Santa Cruz Caldas, filho de mãe pernambucana, nascido na Paraíba. Dessa união nasceram três filhos: Nélson, Marília e Emilinha. Radicada no Rio de Janeiro, Emília construiu duas creches em duas comunidades cariocas: ”Andorinha”, na Restinga, e ”Pequena Obra do Presépio”, no Cantagalo, zona sul do Rio de Janeiro, entre os bairros de Ipanema e Copacabana.
Gosto de ver as Misses envolvidas em campanhas humanitárias. Gosto do lema do concurso Miss Mundo, "Beleza com Propósito", pois graças a ele muito dinheiro já foi empregado em projetos sociais ao redor do mundo. Gosto de falar de Emília Corrêa Lima, Miss Brasil 1955. O lema do Miss Mundo é de 1980, mas, no distante 1955, Emília já disponibilizava sua beleza como propósito para a construção de um mundo melhor.
Amigo DASLAN, suas crônicas sempre dizem algo legal, sincero e num português erudito, algo que hoje pouco se vê na mídia. Esta sessão nostalgia abordando EMÍLIA CORRÊA LIMA está supimpa, falaste com propriedade, pois a personalidade da Miss Brasil 55 fora forjada no seio de uma verdadeira família. Seus valores e crenças estavam alicerçados na ética, na cultura e na dignidade da pessoa humana. Paranéns, principalmente, pela singeleza utilizada valorizando a postura ética de EMÍLIA e de dona Eunice Weaver. Abraços
ResponderExcluirE-mail enviado pelo jornalista Muciolo Ferreira, Recife-PE
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A Sessão Nostalgia sobre Emília Corrêa Lima mostra como era o comportamento e personalidade das misses dos anos 50 e 60, comparando aos dias de hoje.
Era uma época em que as misses tinham sonhos bem diferentes, embora também fossem tentadas a percoreer os caminhos da fama e fortuna.
Todavia, elas não perdiam a dignidade, porque tinham moral ilibada, uma exigência dos que coordenavam os concursos.
Abraços ao Daslan e a todos os leitores
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Por acaso,procurando a música Rio Antigo,de Chico Anísio,lembrei-me de procurar alguma coisa sobre Emília.Quando pequena minha mãe,Jesuína Pereira Ramalho,comentava sobre a simplicidade de Emília.Minha mãe era enfermeira da antida Estrada de Ferro,em Parnaíba-PI,onde o Major Santa Cruz foi diretor e como tal,usava os serviços do Posto Médico.Minha acompanhou suas gravidezes.Eu não a conhecí,nascí em 1954,mas sabia de sua simplicidade e deucação.
ResponderExcluirSó agora fiquei sabendo do histórico da Emília e fiquei impressionado com sua visão de mundo,simples ,sem ambições e prestativa à minorias.
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