sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

SESSÃO NOSTALGIA - As canções de Ângela Vasconcelos, Miss Brasil 1964, e Kiriaki Tsopei, Miss Universo 1964

Daslan Melo Lima


          Na foto oficial em conjunto das candidatas ao título de Miss Universo 1964, onde todas as concorrentes posaram com maiôs Catalina, o destino fez com que duas mulheres maravilhosas ficassem lado a lado, Ângela Vasconcelos, Miss Brasil, e Kiriaki Tsopei, Miss Grécia,numa ensolarada manhã de julho, em Miami Beach, Flórida, Estados Unidos.  

Em Miami, Kiriaki Tsopei e Ângela Vasconcelos tornaram-se boas amigas. Kiriaki perguntou sobre Pelé e pediu a Ângela para cantar algumas músicas daquele filme bonito, Orfeu Negro. A paranaense atendeu e quis troco: “Agora cante algo de Nunca aos Domingos, mas em grego mesmo.” Seu pedido foi satisfeito. (Revista Manchete, 15/08/1964)

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 ORFEU NEGRO
           Orfeu Negro, drama ítalo-franco-brasileiro de 1959, dirigido por Marcel Camus (1912-1982), inspirado na peça Orfeu da Conceição, de Vinicíus de Moraes (1913-1980), ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro de 1960. A adaptação da peça, que por sua vez foi inspirada nas figuras da mitologia grega, Orfeu e Eurídice, ambientou a obra no Brasil, tendo como fundo uma comunidade carente do Rio de Janeiro, no período carnavalesco. No papel de Orfeu, o jogador de futebol brasileiro Breno Mello (1931-2008), e no de Eurídice, a atriz norte-americana Marpessa Dawn (1934-2008). No enredo, Eurídice fugiu do interior com medo de um homem que queria matá-la e  apaixonou-se por Orfeu. 


          Acredito que Ângela Vasconcelos tenha cantado para Kiriaki Tsopei a música A Felicidade, de Vinicius de Moraes e Tom Jobim (1927-1994), uma das mais belas canções de Orfeu Negro.


Tristeza não tem fim, / Felicidade sim.
A felicidade é como a gota / de orvalho numa pétala de flor. / Brilha tranqüila, / depois de leve oscila / e cai como uma lágrima de amor.
A felicidade do pobre parece / a grande ilusão do carnaval. / A gente trabalha o ano inteiro / por um momento de sonho / pra fazer a fantasia / de rei ou de pirata ou jardineira, / e tudo se acabar na quarta feira.
Tristeza não tem fim, / Felicidade sim.
A felicidade é como a pluma / que o vento vai levando pelo ar. / Voa tão leve, / mas tem a vida breve / precisa que haja vento sem parar.
A minha felicidade está sonhando / nos olhos da minha namorada. / É como esta noite / passando, passando,/ em busca da madrugada. / Falem baixo, por favor , / pra que ela acorde alegre como o dia, / oferecendo beijos de amor.
Tristeza não tem fim, / Felicidade sim.

NUNCA AOS DOMINGOS

         Nunca aos Domingos, comédia-dramática dirigida por Jules Dassin (1911-2008),  em 1960, protagonizada por sua esposa Melina Mercouri (1920-1994), enfoca a amizade entre Ilya, uma prostituta grega,  e Homer Thrace, um escritor americano, vivido por Jules Dassin, que tenta mudar a maneira dela encarar a vida. Ilya é feliz do seu jeito, pois não há uma fórmula para a felicidade, e nos braços de Tonio, personagem de George Foundas (1924-2010), ela recupera sua alegria de viver. O filme deu a Melina Mercouri a satisfação de ver seu nome indicado ao Oscar de Melhor Atriz e a emoção de ser premiada como Melhor Atriz do Festival de Cannes de 1960. Nunca aos Domingos, canção-tema do filme, letra e música de Manos Hadjidakis (1925-1994) ganhou o Oscar de Melhor Canção de 1961.

          Acredito que Kiriaki Tsopei, que foi eleita Miss Universo e adotou o nome artístico de Corinna Tsopei,  tenha cantado para Ângela Vasconcelos exatamente a linda canção Nunca aos Domingos, abaixo na versão em português, como aparece nas legendas do filme.


Desde minha janela, envio beijos. / Um e dois e três e quatro. / E ao porto vêm uma e duas e três e quatro aves.

Quero ter um e dois e três e quatro filhos. / Quando se converterem em homens serão o orgulho de Piraeus. / Embora procure em todo mundo, / não acharei outro porto que tenha a magia de meu porto de Piraeus. / Quando chega o crepúsculo, o porto me encanta. / E os homens jovens e os ecos das canções enchem meu porto de Piraeus.

Não há ninguém que passe à porta  por quem não tenha sentido amor. / E aqueles que vêm de manhã  encherão meus sonhos de noite. / E às jóias que adornam meu pescoço acrescento um amuleto de boa sorte. / E agora estou preparada para receber o estranho que vem do porto.

Embora procure em todo mundo, / não acharei outro porto que tenha a magia de meu Porto de Piraeus. / Quando chega o crepúsculo, o porto me encanta. / E os homens jovens e os ecos das canções enchem meu porto de Piraeus.

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         Na noite do domingo de Carnaval, desliguei-me totalmente da folia para recordar  o Miss Universo 1964,  através das revistas e dos  álbuns de recortes do meu acervo,  e para assistir mais uma vez Orfeu Negro e Nunca aos Domingos.  Entrei no Túnel do Tempo ao lado da Poesia, da Cultura e da Nostalgia,  tomei um banho de inspiração e aqui estou, nesta quarta-feira de cinzas de 2012, concluindo mais uma  Sessão Nostalgia.  
       Concordo que  A felicidade é como a gota / De orvalho numa pétala de flor / Brilha tranqüila / Depois de leve oscila / E cai como uma lágrima de amor.”   E parodiando um trecho de Nunca aos Domingos (Embora procure em todo mundo, / não acharei outro porto que tenha a magia de meu Porto de Piraeus), 
confesso : embora procure em todo mundo, não acharei outra inspiração  que tenha a magia dos antigos concursos de Misses.

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2 comentários:

  1. Daslan,
    lendo o texto com a Ângela Vasconcelos, lembro da frustração dos brasileiros pela perda do bi-campeonato no Miss Universo. É que nos Anos Sessenta, concurso de miss era igual a futebol. Tinha de vencer todos os anos. Uma vez campeão, o título teria de ser conquistado no ano seguinte.
    Uma boa semana a todos os leitores.

    Muciolo Ferreira - do Recife

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  2. Bemlembrado Mucíolo!MB era de uma mobilização total no país.Bonita a amizade de MU e MB. Você,Daslan,não se cansa de poesia.Ainda bem.Eu também não!Abraços, Japão

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