FERREIRINHA, O GUARDIÃO DOS SEGREDOS DOS VELHOS CABARÉS DE TIMBAÚBA
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Daslan
Melo Lima
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“Cuidado! Ferreirinha começou assim!”
Essa é uma expressão preconceituosa que ainda se ouve em Timbaúba-PE quando alguém
discrimina algum garoto ou adolescente devido a sua suposta
homossexualidade. Poucos, no entanto, conhecem o lado humano do Ferreirinha, apelido de José
Ferreira da Silva, natural do Engenho Pedreiras, Macaparana-PE, o filho de número 17 de uma mãe solteira que sem ter condições de criar os filhos teve de espalhá-los pelo mundo.
A MADAME SATÃ DE TIMBAÚBA
Ainda criança, aos 7 anos de idade, Ferreirinha veio morar em Timbaúba, onde passou a
trabalhar nas cozinhas dos cabarés da conhecida Rua das Flores, concentração das mais famosas casas de prostituição da zona da mata norte de
Pernambuco, tais como Rosa Branca e Apolo 11. Logo ganhou a simpatia de todos. Ele fala rápido, sempre rindo, de bem com a vida. Não guarda mágoa e nem fotos do passado e dá muitas gargalhadas ao fazer confissões como estas:
“Muitas
mulheres bonitas viveram na zona de Timbaúba. A mais bonita era Lu Pintada.”
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“Amei
muito um cara e quando soube que ele me traía com uma mulher resolvi me vingar.
Peguei uma faca e cortei minha perna para pensarem que foi ele que quis me
matar. Perdi muito sangue. Mas quando foram levar ele preso, confessei que
tinha sido eu que queria me matar. Fizemos as pazes e passamos a noite amando.”
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“Quando
alguma mulher da zona queria me prejudicar, eu pegava palitos de fósforos e
colocava na comida delas para que se engasgassem. Mas nenhuma chegou a morrer.”
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“Teve homens
de família rica que tiraram meninas da zona e casaram com elas. E com elas
foram felizes.”
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“Sou
filho de Oxum. Gosto de paquerar. Comecei a amar muito cedo. Já amei muito e também
fui muito amado.”
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“Trabalhei
muitos anos como cozinheiro na casa de....., mas só consegui me aposentar por idade.Tenho minha casinha que é própria e sou feliz.”
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"Tenho muito orgulho dos troféus e prêmios que recebi nos carnavais, um reconhecimento pelo meu esforço e dedicação ao Maracatu Urubatan".
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"Tenho muito orgulho dos troféus e prêmios que recebi nos carnavais, um reconhecimento pelo meu esforço e dedicação ao Maracatu Urubatan".
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Ferreirinha adora Carnaval. Fundou o Maracatu
Urubatan em 1963 e como líder do mesmo já ganhou vários troféus. Foi um dos homenageados do Carnaval timbaubense de 2012 e seu
nome já foi cogitado para disputar o prêmio Memória Viva de Pernambuco. Mora numa casinha simples de varanda, sala,
um quarto, banheiro e cozinha, localizada na Rua Henrique Dias, na encosta do Alto
Santa Terezinha.
RUA DAS FLORES X RUA DA LAMA
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Já
não existem cabarés na antiga Rua
das Flores, que também chamavam Rua da Lama. O espaço é um Páteo de
Eventos, apelidado por muitos de forroré, mistura de forró com cabaré. Agora em maio, um Parque de Diversões faz a felicidade das
crianças que conhecem uma realidade diferente da que viveu a Madame Satã de Timbaúba, a do Ferreirinha que não teve infância.
Ferreirinha, cuja casa é perto do Páteo de Eventos, levará para o
túmulo os segredos comprometedores que um dia inundaram a Rua
das Flores, ou a Rua da Lama. Ele não cita nomes de pessoas importantes, vivas ou mortas, que adoravam os cabarés. Sua atitude é politicamente correta.
Diferente do comportamento de quem ainda discrimina algum garoto ou adolescente com a expressão: “Cuidado! Ferreirinha começou assim!”
"CUIDADO! FERREIRINHA COMEÇOU ASSIM!"
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QUEM
FOI A VERDADEIRA MADAME SATÃ
Existem muitos pontos em comum entre Ferreirinha e João
Francisco dos Santos Sant´Anna, a verdadeira Madame Satã, conforme percebi ao consultar a Wikipédia. Madame Satã nasceu em Glória do
Goitá-PE, em 25/02/1900 e morreu no Rio de Janeiro em 11/04/1976. Criado numa família de 17 irmãos, João Francisco
chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Jovem, foi para o Recife, onde
viveu de bicos. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no
bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador
de marmitas. Mas há quem diga que foi cozinheiro de mão-cheia. Foram fatores de
sua marginalização o fato de ser negro, pobre e homossexual.
Dotado
de uma índole irônica e extrovertida, logo pegou gosto pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1942, ao desfilar
no bloco-de- rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido. O transformista
se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de
Cecil B. DeMille. Era freqüentador assíduo do bairro da Lapa, (reduto carioca
da malandragem e boemia na década de 1930), onde muitas vezes trabalhou como
segurança de casas noturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou de agressão.
Foi
preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao presídio da Ilha Grande. Freqüentemente, Madame Satã enfrentava a
polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra
mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo
mendigos, prostitutas, travestis e negros. É considerado uma referência na
cultura marginal urbana do Século XX. No ano de 2001, foi rodado no Brasil um
filme sobre sua vida, que leva também o
nome de Madame Satã, dirigido por Karin Ainouz, vencedor de diversos prêmios
nacionais e internacionais. Nesse filme, João Francisco dos Santos foi
interpretado pelo ator Lázaro Ramos.
MEMÓRIA TIMBAUBENSE
Capa da "Revista de Timbaúba" - Ano de 1932 |
Página da revista "Informador de Timbaúba" - Ano de 1937 |
ALMANAQUE DE HISTÓRIA - Recomendo a todos uma visita ao site Almanaque de História, http://www.almanaquedehistoria.blogspot.com.br/ .O blog é editado por Cláudio Roberto de Souza, timbaubense radicado no Recife, Mestrando em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Apaixonado pela cidade onde nasceu, Cláudio Roberto adora pesquisar sobre Timbaúba no Arquivo Público do Estado.
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ROTEIRO POÉTICO DE TIMBAÚBA
FESTIVAL DE CORES - O muro verde do Centro de Políticas Sociais e Administrativas é um festival de cores, com obras de arte assinadas por Nem Pernambuco, talentoso artista plástico timbaubense. Até a árvore frondosa deixou de ser vegetal para se incorporar ao festival.
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Daslan,
ResponderExcluirMuito bem elaborada a reportagem com Ferreirinha. Ele foi empregado na casa do Sr. José Ferreira(in memorian) por muito tempo.
Quando alguém chegava perguntando por Zé Ferreira, Ferreirinha indagava se era o preto ou branco, pois tanto o patrão como o empregado se chamava Zé Ferreira.
Tranquelino Ferreira Monteiro
Timbaúba-PE
Bela lembrança das misses noivas de maio. Na verdade, maio tem a magia de ser o mês das Mães, das misses mães, e o período consagrado a Virgem Maria, com 30 dias de novenas.
ResponderExcluirNa minha adolescência, aguardava ansiosamente por este mês. Primeiro para poder ir todas as noites às novenas no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, no morro do mesmo nome. E depois pela ansiedade e curiosidade de ficar aguardando as fotos semanais de capa do Diário de Pernambuco, aos domingos, com uma nova candidata a Miss Pernambuco. Isso nos anos sessenta. Lindos anos, belos dias.
Uma semana iluminada ao Daslan e a todos os leitores do Passarela Cultural
Muciolo Ferreira, do Recife
As pinturas no muro ficaram uma verdadeira obra de arte, monstra o que é VIVER COM ARTE, parabéns ao Artista Nem, mas arvore pintada tirou beleza natural que a aquele tronco envelhecido exalava mostrando o que é usar as cores para viver sem arte.
ResponderExcluirDaslan obrigado pela nossa foto postada em seu blog foi um prazer viajar com você espero ter sido a primeira de várias outras viagens agradece Cida a mãe de Miguel Neto e suas irmãs Laurinda e Rita.
ResponderExcluirGente eu procuro alguém que participou do bloco as holandesas pois nessa foto está minha mãe que nunca conheci então gostaria de pode falar com alguma participante desse bloco mim ajudem por favor
ResponderExcluirFererrinha e maravilhoso
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