Por Daslan Melo Lima -
É intenso o
calor pernambucano neste terceiro dia de novembro de 2012, embora no calendário
conste que estamos na Primavera, estação que teve início em 22 de setembro. Há poucos
minutos, fui buscar no meu acervo uma publicação da década de 1950. Tinha de
ser de novembro e dos anos 50, muito longe
da realidade dos nossos dias, talvez, consciente ou inconsciente, para “fugir”
de tanto calor.
----------
Tenho nas mãos um exemplar da revista
Manchete, de 19/11/1955, em cuja capa aparece o General Henrique
Duffles Batista Teixeira Lott (1894-1984), Ministro da Guerra, figura central de
acontecimentos que puseram em jogo a sorte da República. Na longa reportagem sobre o assunto, ele conta
como e por que foi obrigado a desencadear no país, em nome dos ideais
republicanos, uma intervenção militar de longo alcance. Eu até poderia me
estender nesse assunto, mas a essência desta secção não é outra senão focalizar as misses
que marcaram época neste imenso país-continente chamado Brasil.
PRIMAVERA NO RECIFE
No
meio da revista, em página dupla colorida, uma reportagem focaliza várias misses fotografadas por Gervásio Batista. Elas eram o alvo
das atenções no Recife, naquele novembro de 1955. O trecho da matéria, abaixo transcrito, respeitando a ortografia da
época, diz:
Por iniciativa
da “Fôlha da Manhã” e da “Rádio Olinda”, Recife assistiu ao mesmo belo
espetáculo esportivo já realizado no Rio: os Jogos Olímpicos da Primavera. Dois
mil jovens, rapazes e moças de colégios e clubes pernambucanos, compareceram ao
estádio da ilha do Retiro para a abertura do grande certame. Em roupas esportivas,
cada qual com seu uniforme colorido, desfilaram as balisas, os rapazes e as môças
do basquete, do vôlei, da esgrima, do remo, do atletismo, da natação, do
ciclismo, do tênis de mesa, conduzidos pelas bandeiras de suas agremiações. Fechando
o desfile, as misses, que ali foram. Uma festa magnífica. No campo do Sport, os
atletas fizeram a volta ao campo e, perfilados, prestaram o jurado olímpico. Depois,
as misses percorreram as ruas da cidade, em tronos armados em jipes. Quando
apareceram no estádio lotadíssimo, foram obrigadas a duas voltas em tôrno do
campo: o público pernambucano não se cansou de aplaudi-las. Estavam realmente
lindas, como se pode ver pelas fotos que ilustram estas páginas.
Miss
Cinelândia 1954; Elvira da Veiga Wilberg, Miss Distrito Federal; e
Ingrid Schmidt (1938-2008), Miss Estado do Rio de Janeiro.
-----
Maria Eunice Dias,
Miss Bahia; Annete Stone, Miss Amazonas;
e Bertini Mota, Miss Alagoas.
-----
Maria José
Valera, Miss Rio Grande do Norte; Maria Aparecida Benz, Miss Minas Gerais; Wilma Sozzi, Miss Paraná; Ingrid Schmidt, Miss Estado do Rio de Janeiro; Simei Ribeiro Bílio, Miss Maranhão, Elvira da Veiga Wilberg, Miss Distrito Federal; a Rainha dos Jogos Olímpicos da Primavera; a Miss
Cinelândia 1954; Bertini Mota, Miss Alagoas;
Maria Eunice Dias, Miss Bahia; e Annete
Stone, Miss Amazonas.
-----
A GRANDE AUSENTE
Alba de Souza Leão, Miss Pernambucano, não participou da festa. Motivo: cinco meses depois de ter disputado o título de
Miss Brasil, vencido pela cearense Emília Corrêa Lima, renunciou
ao título para casar com o milionário Harry B.Richburg, Oficial da Força
Aérea dos Estados Unidos. Sua foto aparece na página 52 da referida Manchete, vestida
de noiva, ilustrando o comercial do Leite de Rosas. Sobre a imagem está escrito : Ao “Leite de Rosas”, patrocinador do Concurso “Miss Brasil
1955” e embelezador de todas as mulheres brasileiras, ofereço minha fotografia
no dia do meu Enlace Matrimonial. Sinceramente. Alba de Souza Leão, “Miss
Pernambuco”.
-----
O calor
desta tarde de sábado continua intenso. Vou lá fora ao encontro de uma brisa
refrescante. Vou fechar os olhos e imaginar que sou menino e estou na Ilha do Retiro, no Recife,
naquele novembro de 1955, aplaudindo e admirando aquelas misses de um tempo
mágico que se foi, para sempre se foi.
_____
Timbaúba, PE, na tarde primaveril do terceiro dia de novembro de 2012,
*****
*****
ResponderExcluirE eu que pensava já ter visto de tudo aqui nessa Sessão Nostalgia, e eis que me surpreendo com uma matéria de um evento realizado no meu Recife que nunca tinha ouvido falar. Valeu, Daslan! Abs,
muciolo ferreira - do Recife
Quue belo trabalho de resgate e avivamento dos áureos tempos, onde a beleza efetivamente contava nos concursos de Miss; tempos em que os certames "paravam" o país, e todos corriam às bancas de revistas, assim que O CRUZEIRO ou MANCHETE estampavam na capa as três vencedoras. Era assim que se denia: 2ª vencedora (Miss Brasil Mundo), 3ª vencedora (Miss Brasil Internacional) e, por fim, a 1ª, a grande vencedora da noite, a Miss Brasil Universo. Bons tempos aqueles, não era mesmo meu amigo Daslan? Os Diários Associados, Maria Augusta (da SOCILA), Ellen de Lima entoando a "Canção das Misses", a passarela em forma de ferradura, os "MAIÔS CATALINA", a maquiagem "HELENA RUBINSTEIN", a coroa, o manto, o cetro, o trono, os flashes, o café-da-manhã no outro dia, a primeira visita ofical da Miss, o primeiro passeio...Saudades!!!! (Genaro Oliveira, da Bahia)
ResponderExcluir