Daslan Melo Lima
Na
última quinta-feira, 30, quando Maio estava se preparando para se despedir da
passarela do tempo de 2013, recebi este e-mail de José Maria de Mattos:
Encontrei nos meus arquivos essa relíquia, se assim podemos chamar que é, uma poesia de autoria de D. Maria do Rosário. Não sei que ano ela escreveu , mas
é uma verdadeira declaração de amor à Lage (com G). No texto, ela descreve a
sua admiração e carinho à terrinha nas quatro estações.
Pensando nisso, achei
que poderia ser feita uma crônica (e crônica é com você), comparando o talento: Maria do Rosário x
Antonio Vivaldi, já que os dois se inspiraram nas quatro estações, um na
escrita e o outro na música. Espero que eu esteja certo no meu pensamento
e tenha a sua aprovação.
Um forte abraço!
A inesquecível Maria do Rosário Cavalcanti Silva é um dos ícones culturais alagoanos de São José da Laje, ao passo que o compositor italiano Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741) é
um dos ícones da música clássica internacional. Maria do Rosário e Vivaldi, cada um com o talento que DEUS deu a
ambos, contribuíram para tornar o planeta Terra mais belo.
Enquanto digito este
texto,estou ouvindo as Quatro Estações, a obra imortal de Vivaldi, e selecionando imagens da minha terra natal para intercalar na bela poesia de Maria do Rosário Cavalcanti Silva. A
tarefa que José Maria de Mattos pediu-me foi muito complicada. Faltaram as palavras
devidas para construir uma crônica, mas o vento, o silêncio e os anjos invisíveis deram-me uma ideia: deixar que o espaço desta secção seja ocupado por uma partícula da essência dela, eterna Maria do Rosário Cavalcanti Silva.
MINHA TERRA, por Maria do
Rosário Cavalcanti Silva
Minha cidade, sobre
pedras construída, / É protegida por colunas verdejantes. / E um velho rio de
águas mansas, murmurantes / Eternamente canta um hino a sua ermida. / Eu a
comparo a uma joia preciosa / Ou flor mimosa do Jardim do Criador!
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É minha terra!
E seu povo, minha gente! / Vou vivendo alegremente, no seu seio acolhedor!
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Se é VERÃO, cedinho o sol aparecendo, / Vai
se estendendo sobre as casas e os quintais / E os filhos seus para o trabalho
vão correndo / Tão pressurosos, sempre alegres joviais. / E as criancinhas
saltitando nas calçadas / Tão descuidadas, são anjinhos do Senhor!
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É minha terra!
E seu povo, minha gente! / Vou vivendo alegremente, no seu seio acolhedor!
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E quando à noite a
lua cheia, deslumbrante, / Vai prateando todo o seu canavial / Que então parece
um oceano farfalhante / Ou terno amante que recebe, sensual, / Belas pracinhas
trocam beijos, enlaçados, / Os namorados, ao luar sob o palor.
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É minha terra!
E seu povo, minha gente! / Vou vivendo alegremente, no seu seio acolhedor!
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Se é OUTONO, e já o sol entristecido / Pois
querendo ficar tem que partir / Porque por plúmbeas nimbos envolvida / Vai ter
forçosamente que sumir... / Se das ramadas folhas mortas vão caindo / Das
lufadas do vento ao dissabor.
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É minha terra!
E seu povo, minha gente! / Vou vivendo alegremente, no seu seio acolhedor!
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Em pleno INVERNO, quando o sol some distante / E a chuva cai constantemente dos beirais / Num
canto triste, tão pungente, soluçante / Que mais parece um coração em tristes
ais, /Até assim a minha cidade é tão mimosa! / Toda dengosa, do inverno no
torpor!
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É minha terra!
E seu povo, minha gente! / Vou vivendo alegremente, no seu seio acolhedor!
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Na PRIMAVERA, toda verde e perfumada / Pela
fragrância, as essências mais sutis / Enquanto o vento vai brincando nas
ramadas, / Engalanadas pelas flores mais gentis. / E pelo espaço, em bando
alegre, o passaredo / Vai pipilando um doce canto em seu louvor!
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É minha terra!
E seu povo, minha gente! / Vou vivendo alegremente, no seu seio acolhedor!
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