Foi na revista Fatos &
Fotos, Ano II, nº 70, de 02/06/1962, que encontrei assunto para a primeira SESSÃO NOSTALGIA de abril. Uma reportagem de duas páginas descreve como
foi o resultado do concurso de beleza realizado em 1912, no Rio de Janeiro,
no qual saiu vencedora a jovem Noêmia Nabuco de Castro, considerada a segunda Miss Brasil da era pré-Martha Rocha, ou seja, do período do Miss Brasil tido como não oficial,
anterior a 1954.
A primeira Miss Brasil de todos os tempos foi Violeta Lima Castro (1879-1965). Conhecida como Bebê Lima Castro, ela concorreu com centenas de candidatas, conseguindo o primeiro lugar no concurso de beleza organizado pelo jornal Rua do Ouvidor, do Rio de Janeiro.
As demais rainhas da beleza, reconhecidas como Miss Brasil antes de Martha Rocha, foram Zezé Leone (1922), Olga Bergamini de Sá (1929), Iolanda Pereira (1930), Ieda Telles Menezes (1932) , Vânia Pinto (1939) e Jussara Marques (1949).
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Detalhe: Na revista O Cruzeiro, ano XXXVII, de 22/05/1965, o jornalista Brício de Abreu (1903-1970) citou Aymée, artista de opereta e canto, francesa radicada no Rio de Janeiro, como a primeira Miss Brasil. Esse título é questionado por muitos missólogos, pois Aymée simplesmente venceu uma enquete promovida por Gryphus, jornalista do Diário do Rio, para saber, entre críticos e intelectuais, qual era “ a artista mais linda do Rio de Janeiro “. Tal fato só ficou conhecido graças a uma crônica do escritor Machado de Assis (1839-1908) falando sobre a eleição.
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A primeira Miss Brasil de todos os tempos foi Violeta Lima Castro (1879-1965). Conhecida como Bebê Lima Castro, ela concorreu com centenas de candidatas, conseguindo o primeiro lugar no concurso de beleza organizado pelo jornal Rua do Ouvidor, do Rio de Janeiro.
As demais rainhas da beleza, reconhecidas como Miss Brasil antes de Martha Rocha, foram Zezé Leone (1922), Olga Bergamini de Sá (1929), Iolanda Pereira (1930), Ieda Telles Menezes (1932) , Vânia Pinto (1939) e Jussara Marques (1949).
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Detalhe: Na revista O Cruzeiro, ano XXXVII, de 22/05/1965, o jornalista Brício de Abreu (1903-1970) citou Aymée, artista de opereta e canto, francesa radicada no Rio de Janeiro, como a primeira Miss Brasil. Esse título é questionado por muitos missólogos, pois Aymée simplesmente venceu uma enquete promovida por Gryphus, jornalista do Diário do Rio, para saber, entre críticos e intelectuais, qual era “ a artista mais linda do Rio de Janeiro “. Tal fato só ficou conhecido graças a uma crônica do escritor Machado de Assis (1839-1908) falando sobre a eleição.
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A matéria que abaixo transcrevo,
respeitando a ortografia vigente na época, está com um formato
diferenciado do da revista, pois adotei parágrafos, a fim de plasmar melhor a forma.
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AS DE ONTEM – Texto de Souza Rocha – Fotos do Arquivo de S.R. – Fatos &
Fotos, Ano II, Brasília, D.F., 2 de junho de 1962 – Nº 70.
Em março de 1912, o cronista
Figueiredo Pimentel, da famosa seção mundana “Binóculo”, da Gazeta de Notícias,
promoveu no Rio um concurso de beleza feminina que deu no que falar. Foi um concurso
sem provas e sem júris. Obviamente, também sem pernas de fora e sem medidas de
bustos, cinturas e quadris, coxas ou tornozelos. A escolha da carioca mais bela
daqueles tempos recuados fêz-se simplesmente através do voto dos leitores do
jornal. Cada voto tinha que ser acompanhado do cupom que o “Binóculo”
publicava. Tôda a gente podia votar e tòdas as mademoiselles podiam ser
votadas. A concorrente, cujos partidários de dispussem a comprar um maior número
de exemplares do jornal seria considerada a mais bela. Houve rapazes que
gastaram a metade da mesada paterna para comprar cupons e votar na sua amada. A
despeito, porém, das condições simplistas em que foi realizado o concurso,
visando mais a estimular a venda do jornal do que apurar realmente quais seriam
as môças mais bonitas da cidade, excedeu êle à própria expectativa do
organizador: foram recolhidos quase 180.000 votos para 223 candidatas e, com as
maturais exceções da praxe, foram distinguidas com as maiores votações
mademoiselles melhor sociedade do Rio, belas e prendadas na verdade.
A apuração final, publicada a 3 de abril de
1912, apontou para os dois primeiros lugares, com diminuta diferença de
sufrágios, as mademoiselles Noêmia Nabuco de Castro e Aluilde Prisco Barbosa –
a primeira com 5.860 votos, a segunda com 5.810, distanciadas as duas de quase
3.000 votos da terceira colocada, Maria José Monteiro dos Reis, 3.000 votos. Outras
môças, muito bem votadas, foram Risoleta Moura, as irmãs Peckolt (Elza e Judite),
Alice Araújo, Maritânia Lírio, Josefina da Conceição, Virgínia Urbano dos Santos
Araújo, Helena de Melo Barreto, Ieda Chiabotto e Nair de Teffé, a talentosa caricaturista
Rian que viria, em fins de 1913, a desposar o Marechal Hermes da Fonseca,
Presidente da República. Sete môças em flor, inicialmente muito sufragadas
também, tiveram seus nomes retirados do concurso “a pedido das respectivas famílias”.
Quem seria esta beldade? Não consta seu nome na legenda.. |
Os prêmios às vencedoras foram
apenas quatro: um jôgo de toucador para
a primeira colocada, oferecido pela Joalheria Oscar Machado, e vidros de uma
certa loção, Angélica, então muito em moda, para as três seguintes, doados pela
Perfumaria Bazin... Descrevendo o primeiro prêmio, Figueredo Pimentel, no seu
estilo mundano, dava-o como “um mimo do boudoir mais chic ou mais suntuoso”.
Era uma coleção de meia dúzia de escovas de prata lavrada – para cabelo, unhas,
dentes, pó-de-arroz etc. – acondicionada “num grande estojo coberto por uma
linda fazenda pompadour...” Tôdas as mademoiselles votadas no “Binóculo”, mesmo
as que tiveram um voto único, fizeram jus a retratos artísticos. Havia, porém,
uma hierarquia: as 30 primeirsa ganharam retratos feitos no “atelier” Sílvio
Beviláqua; as demais foram todas retratadas na Fotografia Musso. “Convidamos tôdas
as senhoritas a irem às Fotografias Beviláqua e Musso” ´escrevia a Gazeta. E
explicava : “Basta comparecerem em companhia de alguém da família, apresentar
um exemplar do jornal que publica o resultado e declinar o nome...”
Ao lado do primeiro concurso de beleza
realizado no Rio, em 1900, pelo semanário “Rua do Ouvidor” - do qual saiu
vencedora mademoiselle Bebê de Lima Castro – o concurso do “Binóculo”, de 1912,
pelo seu êxito e pela sua repercussão, teve garantido um lugar de relevo na
história de tais prélios.
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Faz 102 anos que Noêmia Nabuco de Castro tornou-se uma celebridade nacional, ao vencer um concurso de beleza, sem provas, sem júris, sem pernas de fora e sem medidas de bustos, cinturas, quadris, coxas ou tornozelos. Intervenções cirúrgicas estéticas e silicone eram assuntos que fariam parte de um tempo que estava muito distante.
Pergunto a você, leitor, leitora, nesta tarde
quente de abril: Como será a eleição de uma rainha da beleza daqui a 102 anos? Acabei de fazer essa pergunta ao Vento.
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Que relíquia! Adoro ler estas coisas antigas sobre Misses!
ResponderExcluirC,Rocha de Floripa
kkkkkk!Que delícia são essas reportagens!Mlle.Nabuco era bonita e,Nair de Teffé,lembrei de seu falecimento.Cadê as personalidades de agora?Japão
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