sábado, 18 de abril de 2015

EU TAMBÉM SOU BAIANO



EU TAMBÉM SOU BAIANO - O colorido das letras contrasta com o dia nublado e contribui para espalhar uma sensação gostosa de energia positiva. Ufanismo por esse imenso país-continente chamado Brasil. Não sou apenas alagoano de nascimento e pernambucano de coração. O nosso chão vai além das fronteiras criadas pelas convenções. Eu também sou baiano. 
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DIANTE DO MAR SEM FIM DO SENHOR DO BONFIM - A tarde cinza não consegue anular lembranças ensolaradas. Tanto aqui em cima como lá embaixo, sob o sol ou sob a chuva, o vento perdeu a conta das pessoas que se encantaram pela Bahia. Diante do mar sem fim do Senhor do Bonfim, reduz-se a nada a chuva que cai sobre mim. 
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A PRAÇA É MINHA - “A praça, a praça é do Povo! / Como o céu é do Condor! / É antro onde a liberdade / Cria a águia ao seu calor!” Foi isso o que escreveu um dia o poeta baiano Castro Alves. Enquanto as pessoas fogem da chuva que cai, a praça está deserta e a brisa fria cumprimenta os pombos, o monumento e o meu momento. A praça é minha, dos pombos e do vento. 
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RENOVADO DE FÉ - O nome Pelourinho remete ao local onde os meus ancestrais africanos escravizados eram castigados. “Esqueça tudo isso. As dores deles alcançaram o céu e foram diluídas em louvores”, sussurram os anjos invisíveis ao meu redor. Por isso abro um sorriso renovado de fé. 
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O QUE HOJE NÃO É - A capela de Nossa Senhora da Saúde está fechada, mas a imagem de Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis, está atenta à minha presença. ***** William Shakespeare afirmou que “há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar". Como sempre acreditei nisso, saio da Igreja de São Francisco leve, muito leve, certo de que amanhã poderá ser possível o que hoje não é. 
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A BAIXA DO SAPATEIRO É UM ESTADO DE ALMA – Meu pai era sapateiro e a simples menção dessa palavra desencadeia uma cascata de emoções inacabadas. Ir a Salvador e passar pelos arredores da localidade denominada Baixa do Sapateiro, também é tomar uma dose generosa de romantismo. ***** “Amor bobagem que a gente não explica, ai, ai / Prova um bocadinho, ô / Fica envenenado, ô / E pro resto da vida é um tal de sofrer / Ôlará, ôleré...” , diz a famosa canção de Ari Barroso. ***** “Toda cidade é um estado de alma”, afirmou o escritor belga Georges Rodenbach. Salvador é um estado de alma. A Baixa do Sapateiro é um estado de alma. 
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TARDE EM ITAPUÃ – A música de Vinicius de Moraes e Toquinho fala num velho calção de banho, num dia pra vadiar, num mar que não tem tamanho, num arco-íris no ar... A tarde, no entanto, é de muita chuva e estou diante do mar de Patamares. Itapuã fica bem mais adiante. Não tem problema. Vou ficar aqui e me embriagar de poesia. 
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É BOM A GENTE NÃO IR À BAHIA - No lugar do sol, chuva, muita chuva em Salvador, mas isso não é motivo para eu deixar de curtir a poesia e a magia dos locais por onde passeia meu corpo e meu espírito. Antes de subir pelo Elevador Lacerda, minha atenção desperta para uma loja fechada onde há uma frase que diz “Sorria você está na Bahia”. ***** Por isso, sorrio e dou razão a uma velha canção da dupla Tom & Dito que diz assim: “...é bom a gente não ir à Bahia, porque se for fica querendo ficar...” 
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Não sou apenas alagoano de nascimento e pernambucano de coração. 
O nosso chão vai além das fronteiras criadas pelas convenções. 
Eu também sou baiano. 
- Daslan Melo Lima
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