Apesar
do tempo nublado, o Sol fez questão
de marcar presença na visita pastoral que Dom Frei Severino Batista de França, bispo
diocesano de Nazaré da Mata, fez à
comunidade de Cruz do Caboclo na tarde da quinta-feira, 14.
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Dom Frei Severino Batista de França, “fiat voluntas tua”
Dom Frei Severino Batista de França, da OFMC,
Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, é pernambucano de Bezerros, PE, onde
nasceu em 29/01/1945. Ingressou no Seminário dos Capuchinhos aos 12 anos de
idade, em 15/10/1957. Emitiu os primeiros votos na Ordem em 08/12/1964, e os votos
perpétuos em 12/12/1967. Cursou Filosofia em Guaramiranga, CE, e Teologia em
Salvador, BA. Ordenou-se Sacerdote em 08/12/1972, em Bezerros, por Dom José
Lamartine Soares, Bispo Auxiliar de Olinda e Recife.
Entre as missões da sua trajetória
religiosa, consta as de vigário nas paróquias de Santa Rita de Cássia (Maceió,
AL), Sagrada Família (Bom Conselho, PE); Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da
Penha (ambas no Recife); e Nossa Senhora
dos Remédios (Catolé do Rocha, PB). Foi
também coordenador da Pastoral da Juventude na Arquidiocese de Maceió e vigário
episcopal para os religiosos na mesma; fez parte do Colégio dos Consultores e
Conselho Presbiterial da Diocese de Cajazeiras, Conselho Presbiterial da
Arquidiocese de Natal e da Arquidiocese de Maceió, onde coordenou a Pastoral Familiar.
Foi eleito Bispo Auxiliar da Diocese
de Santarém por sua Santidade o Papa João Paulo II, tomando posse em 31/10/2004.
Dom Frei Severino foi nomeado Bispo Titular da Diocese de Nazaré em 07/03/2007, por sua Santidade o Papa Bento
XVI. Seu lema episcopal: “fiat voluntas tua”, faça-se a tua vontade.
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Atento aos detalhes, Dom Frei Severino fez referências positivas à organização da Capela de Santo Antônio, fundada em 02/01/1936. Em uma das paredes, as listas dos dizimistas e noiteiros marianos. "Tragam suas Bíblias quando vierem para a igreja", recomendou aos presentes. |
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Após o descerramento da placa comemorativa da sua visita, Dom Frei Severino posou ao lado do José Ramos e Ana Marinho, donos da propriedade Cruz do Caboclo, e de José Ramos Filho, o caçula do casal.
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"Em todos os locais onde chego, as pessoas me recebem com lanches. Desse jeito, vou sair de Timbaúba mais gordo, com dez quilos a mais" , afirmou Dom Frei Severino, dando uma lição de simplicidade, carisma e bom humor.
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Cruz do Caboclo, uma tarde para recordar
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No interior do nicho, restaurado em 23/10/1974, Dom Frei Severino escutou com atenção as explicações de Ana Marinho sobre o significado do nome Cruz do Caboclo.
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Num recanto do nicho, dois pés de barro e um coração de madeira, sinais das muitas graças alcançadas pelas pessoas que fazem suas promessas no local.
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Ao passar sob o frondoso pé de cajá, Dom Frei Severino elogiou a beleza da árvore. Em seguida, tomou um táxi rumo a outro compromisso em Timbaúba. |
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Dona Chiquinha e Dona Biuzinha, mãe e filha, moradoras antigas da casinha localizada na frente da capela, optaram por assistir ao movimento de longe, apesar de Ana Marinho ter insistido para que fossem à capela.
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Enquanto isso, o gato de Dona Chiquinha parecia indiferente aos fogos de artíficios que soavam na tarde histórica de Cruz do Caboclo.
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Cruz do Caboclo, o resgate cultural
de um local mágico
A paisagem de Cruz do Caboclo atualmente.
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A paisagem de Cruz do Caboclo antigamente. ***** "Cruz de Caboclo", óleo sobre tela, 40 x 31, de Teotônio Monteiro. A obra, datada de abril/2014, está tombada como a de nº 1.515. O artista tem quadros seus em coleções particulares dos cinco continentes.
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A área de Cruz do Caboclo está envolta
em muitas lendas, mas Teotônio Monteiro,
artista plástico timbaubense radicado no Recife, concedeu à PASSARELA CULTURAL o depoimento
abaixo baseado nas histórias que ouvia da avó Minervina Barbosa de Moura.
A história de Cruz do
Caboclo teve início com o viúvo José Barbosa, dono das terras, pai de nove
filhos, que casou com a viúva conhecida como D. Bombom de Moura, de Aliança, PE, mãe de três
meninos pequenos. Desse matrimônio nasceu um único filho, Júlio de Moura
Barbosa, que viria a ser Monsenhor. Da citada união, também houve um casamento
entre os filhos Minervina Barbosa e Tranquelino de Moura, os quais passaram a
se chamar Minervina Barbosa de Moura e Tranquelino de Moura Barbosa, meus avós. Esse
casal ficou nas terras dos pais
trabalhando muito. Ele e ela tornaram-se verdadeiros empreendedores, líderes na
comercialização de couro nas cidades da região, Aliança, Timbaúba, Itabaiana,
entre outras.
Em meados do século XIX,
quando um viajante caboclo morreu, foi erguida uma cruz pequena no local. As pessoas que passavam na estrada deixavam
agradecimentos, faziam promessas, pediam graças e acendiam velas. Vovô e vovó
despertaram para esse sentimento religioso e mandaram construir uma cruz maior
com os símbolos dos instrumentos utilizados na crucificação de Jesus Cristo, no
mesmo local da cruz anterior. Quando Tranquelino e Minervina passaram a ser
proprietários da localidade, deram às terras o nome de Cruz do Caboclo, em homenagem ao
caboclo viajante.
Meu avô e minha avó
formavam um casal muito feliz, bondoso para a comunidade e sempre a serviço do próximo. A terra é fértil e
nela impera fé, religiosidade, luz e curas. Vale lembrar que, durante muitos
anos, era comum o costume de enterrar, durante a madrugada, as crianças que
nasciam mortas, popularmente chamadas de anjinhos, atrás do nicho da Cruz do Caboclo.
A comunidade cresceu e uma
capela, cujo Padroeiro é Santo Antônio, foi inaugurada. Houve tempo em que
aconteciam muitas festas religiosas com celebrações de missas, sacramentos, mês
mariano, festa do padroeiro Santo Antônio, Natal... Todos os sábados realizava-se
a Feirinha do Capuchinho e à noite sempre uma atração cultural, Pastoril, Cavalo Marinho, teatro de bonecos e retretas. Era um oásis de
misticismo e cultural.
Parabéns ao Sr. José Ramos e a senhora Ana Marinho,
atuais donos da propriedade, pelo resgate cultural e religioso de Cruz do Caboclo.
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Antes de voltar para casa, puxei levemente a corda do sino da capela, só para ouvir aquele som místico saudando os anjos invisíveis que estavam ao redor da Cruz do Caboclo. |
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