Daslan Melo Lima
Em setembro
de 1966, o Brasil conheceu um evento que marcou época, o September Fashion Show,
motivo de oito páginas da revista Manchete, edição nº 755, ano 14, de
08/10/1966.
Em cinco dias
consecutivos, o Rio de Janeiro viveu o maior festival de moda já
realizado no Brasil. Os números são suficientes para descrever o que foi o
September Fashion Show, primeiro espetáculo comercial realizado num hotel,
ocupando o teatro, todos os salões e a piscina do Copacabana Palace: em 32
horas de desfiles, nos quais foram apresentadas as criações de 50 firmas expositoras,
90 moças bonitas mostraram 2.500 obras primas da costura brasileira, realizando
um movimento de vendas de aproximadamente 10 bilhões de cruzeiros.
Depois de firmar seu nome
como responsável pelos sucessivos êxitos
da Fenit, o paulista Caio Alcântara Machado conseguiu superar-se a si mesmo,
nessas grandiosas 32 horas que colocam o Brasil em primeiro plano mundial em
promoções do gênero. Nunca, antes, tantas firmas e personalidades se mobilizaram
para o sucesso de um único acontecimento.
As rainhas da beleza
brasileira também participaram do superespetáculo da última semana no Copacabana Palace. Em torno da famosa piscina do não menos famoso hotel, a festa da moda prosseguiu numa sucessão de maiôs, túnicas e lingeries. Entre os manequins profissionais, desfilaram também Ieda Vargas, Adalgisa Colombo, Ângela Vasconcelos, Maria Raquel de Andrade, Ana Cristina e Elizabeth Ridzi, Solange
Dutra Novelli e Vera Lúcia Couto. Entre as misses, foi então sorteado um
automóvel Gordini novinho em folha, que coube a Miss Universo, Ieda Vargas.
Ela, aliás, aproveitou a ocasião para apresentar aos admiradores cariocas o
jovem José Carlos, seu noivo. Foram os cinco dias mais intensos na história
elegante do Rio de Janeiro, iniciando a tradição de uma festa digna da
primavera que surge.
Da esquerda para a direita, Ana Cristina Ridzi (1946-2015), Miss Guanabara, Miss
Brasil 1966; Elizabeth Ridzi, irmã gêmea de Ana Cristina, vice-Miss Guanabara 1966; Vera Lúcia Couto dos Santos, Miss Guanabara, vice-Miss Brasil, terceira
colocada no Miss Beleza Internacional 1964; Ângela Vasconcelos, Miss Paraná,
Miss Brasil, semifinalista no Miss Universo 1964; Ieda Maria Vargas, Miss Rio
Grande do Sul, Miss Brasil, Miss Universo 1963; Maria Raquel Helena de Andrade,
Miss Guanabara, Miss Brasil, semifinalista no Miss Universo 1965; Adalgisa
Colombo (1940-2013), Miss Distrito Federal, Miss Brasil, vice-Miss Universo 1958; e Solange
Dutra Novelli, Rainha do IV Centenário do Rio de Janeiro.
As misses vestiram túnicas desenhadas por Alceu Penna (1915-1980).
As misses vestiram túnicas desenhadas por Alceu Penna (1915-1980).
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Ana Cristina Ridzi, Miss Guanabara, Miss Brasil 1966
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Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil, Miss Universo
1963
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Quem estava na capa da Manchete que dedicou oito páginas ao September Fashion Show era o cantor Roberto Carlos e a jovem Patrícia Brito e Cunha Engelke (1947-1996), eleita Glamour Girl 1966, concurso promovido pelo jornalista Ibrahim Sued (1924-1995).
Escolhida por um júri que tinha como presidentes de honra a senhora Iolanda Costa e Silva e o Governador Negrão de Lima, a senhorita Patrícia de Brito e Cunha Engelke recebeu o título de Glamour Girl de 1966, numa bonita festa realizada no Golden Room do Copacabana Palace, e que constituiu o encerramento de gala do September Fashion Show. Loura de olhos azuis, Patrícia, como prêmio pelo novo titulo, ganhou um automóvel Gordini e uma letra de câmbio da Copeg, que foi doada ao Patronato da Gávea. A festa da Glamour Girl do Rio de Janeiro foi idealizada, em 1944, pela saudosa senhora Lea Affonseca Duvivier, presidente de honra do Patronato da Gávea.
A Glamour Girl de 1966, senhorita Patrícia de Brito e Cunha Engelke, é fã de Aldous Huxley, Machado de Assis, Roberto Carlos e os Beatles. Está noiva.
A Glamour Girl de 1966, senhorita Patrícia de Brito e Cunha Engelke, é fã de Aldous Huxley, Machado de Assis, Roberto Carlos e os Beatles. Está noiva.
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Logo mais será setembro de 2015. E assim se passaram quarenta e nove anos.
Tento em vão perguntar ao vento frio pernambucano, que sopra insistente ao meu lado, o porquê desta sensação de que o tempo parece
correr tão rápido. Fecho a revista para guardá-la novamente com muito cuidado e carinho. Oito rainhas da beleza brasileira continuarão na Manchete sorrindo naquele setembro de 1966, até que a impediosa ação
do tempo destrua todas as páginas.
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Uma boa e iluminada tarde, meu querido escritor, poeta, memoriador...
ResponderExcluir(kkk... Essa última palavra inventada).
Viajo com suas estórias, suas escritas...
Parabéns!
Seu blog é maravilhoso! Aguardo os sábados para visitá-lo.
Que Deus te ilumine sempre.
Jamil, fã do Estado do Mato Grosso.
ResponderExcluirTempos de muito glamour, expectativas e ansiedade para saber quem seria a nova Miss Brasil. Atualmente nem sabemos se haverá concurso, onde e quando.
Muciolo Ferreira
Parabéns pela matéria Daslan. Que pena que sentimos essa nostalgia que não sabemos do quê! Porque, no futuro, os que verem as fotos de hoje terão essa mesma sensação. E assim caminha a humanidade
ResponderExcluirRoberto Macêdo
Concordo com RM:alguns sentirão a mesma nostalgia...Quanto as misses,as mais bonitas na foto:Maria Elizabeth(que era a minha preferida naquele concurso de Miss GB) e Angela Vasconcellos(a minha MB entre todas).Abraços,Japão
ResponderExcluirSeu blog é linda e muito sensível. Amo visitá-lo.
ResponderExcluirA crise está tão séria, Muciolo Ferreira, que nem sabemos se haverá Miss Universo esse ano, onde e quando.
ResponderExcluirE considero, ainda: se continuar com vitórias de latinas - questionáveis - o concurso fornecerá de vez.
Adorei seu blog.o final me emocionou.
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