sábado, 29 de agosto de 2015

SESSÃO NOSTALGIA - Akiko Kojima, Miss Universo 1959, olhos de amêndoas com toque de infância

Daslan Melo Lima




        A capa da revista O Cruzeiro, Ano XXXI, nº 44, de 15/08/1959, trazia na capa o rosto de uma japonesa natural de Kochi, nascida em 29/10/1936. Tratava-se de Akiko Kojima, eleita Miss Universo 1959 em 24/07/1959, em Long Beach, Califórnia, Estados Unidos. "Olhos de amêndoas com toque de infância brincam, felizes, com o sorriso, leve hai-kai que guarda segredos", assim dizia em tom poético uma das legendas da reportagem de quatro páginas "O rosto nº 1 do mundo", com texto de Ubiratan de Lemos e fotos de Indalécio Wanderley.  


Akiko Kojima ainda não se refez daquela noite (a mais bonita de todas para ela) quando a coroa desceu sobre a sua cabeça e recebeu, entre palmas, a faixa de Miss Universo. Ainda lhe soam aos ouvidos as melodias da noite de festa no Municipal Auditorium, com títulos e imagens suaves como "Eu podia dançar a noiite toda" ou "Com uma canção em meu coração". Tudo com cenários de jardim - que Akiko tanto adora - e vasos floridos. Mas, se tudo é agradável para a bonita moça de Tóquio, os entendidos no assunto de "misses" acham que o seu reinado será de todos, até agora, o mais dificil. Akiko só fala mesmo japonês. É uma sucessão de "hai-kais" que a tornam, em matéria de comunicação, distante de seus fãs. Mas se existe isso e mais o fato de terem sido contrariadas um pouco as indicações geométricas de Mr. Trotta, é verdade também que a japonesa tem graça e leveza. Essas prerrogativas do Sol Nascente a tornam muito longe de parecer uma modelo profissional, sua real profissão na capital do Japão. Depois ela deu uma lição de modéstia que a tornou muito simpática aos olhos ianques. As lágrimas, que lhe vieram ao rosto em noite coroada, foram transformadas, no dia seguinte, em sorrisos e gestos pequenos de mímica bonita. Fomos encontrá-la em cenário de piscina de hotel. Ficamos sabendo, então, que Akiko gosta do azul combinado com cor de rosa. Não tem compromissos com Cupido e seus diálogos são entretidos com os jardins de Tóquio entre cerejerias em flor. Seus passos já percorreram outras terras. Viu, de perto,  os cangurus australianos, ouviu as doces canções das Filipinas e conheceu a famosa terra de contrabandistas de novela, a célebre Hong Kong. 
Akiko em quatro sorrisos: leve surpresa, ballet de mãos e os espocar do riso número um de 1959. 
          
Não está, também, de namoro com Hollywood. Apenas uns dois filmes e nunca uma carreira. Prefere o remanso de um lar bem construído, sem amarguras de  Madame Butterfly. Um homem a quem possa amar e a quem prefere obedecer como na tradição do secular Japão. Seus quitutes não fogem ao tradicional em seu país: arroz com chá, eis uma combinação de que Akiko muito gosta. Tem a música como um ritual e faz os seus hai-kais. Ao deitar-se, todas as noites, entoa uma prece pela cartilha budista. Quando lhe pergutamos, com o auxílio de intérprete e alguma míimica, qual a sua paisagem favorita, respondeu: - Uma ilha.
          É a ilha pequenina onde a sua mãe trabalha desde que o sol desponta até que seja substituído pela lua asiática. Trata-se de um buquê verde no Pacífico japonês. Quanto às amizades, Akiko fala de algumas mais íntimas nesse roteiro de Long Beach onde triunfou. Miss Brasil, Burma, Coréia e Estados Unidos figuram nesse capítulo de ternura de Miss Unvierso. Algo de fatalismo - fruto da mentalidade oriental - existe nas opiniões de  Akiko Kojima. É assim que soubemos que ela aceitou a coroa como a vontade dos fados. A moça das cerejeiras foi indicada pelos deuses budistas. Para a pergunta final, escolhemos algo que dissesse um pouco do Brasil. 
          - Você conhece um país muito grande chamado Brasil? 
        Akiko pensou 10 segundos antes de responder. Depois disse: 
     - Brasil? Sim, São Paulo. Velhos amigos de minha família vivem lá. Eu gostaria de conhecer os paulistas. 

Ela fala japonês e o boy, inglês, mas os dois se entendem. Linguagem de miss tem faixa e boniteza para traduzir. E o menino ianque parou para poder conversar.
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          Por onde anda Akiko Kojima, com seus olhos de amêndoas com toque de infância, neste final de tarde de agosto de 2015? Imagino que, após uma refeição de arroz com chá, esteja fazendo uma caminhada num jardim japonês repleto de cerejeiras em flor, feliz, com uma canção em seu coração.

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2 comentários:


  1. Daslan, q jóia, q beleza. Outra japonesa Miss Universo, Riyo Mori, em 2007, também teve êxito no mundo como Miss. Claro q a nossa Miss Brasil e Vice Miss Universo Natália Aparecida Guimarães poderia ter ganho, ou a 4ª colocada, a Miss Coréia do Sul, Lee Ha-nui (Honey Lee), mas eu soube q o pessoal no Auditório Nacional, na Cidade do México, no México, em 2007, saíram d lá bastantes satisfeitos com o resultado do concurso, com a vitória do Japão, ao contrário de 2009 no Atlantis Paradise Island, Nassau, Bahamas, q eu soube que o povo não gostou do resultado compatriota da Venezuela, com Stefanía Fernández como ganhadora. Eu soube q todo mundo saiu do evento nas Bahamas reclamando do resultado.

    Aqui no Estado do Rio de Janeiro, o Concurso Estadual d 2015 será agora, no próximo dia 19/09, num sábado.

    Lembranças,

    Raphael Guedes Marinho.

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  2. Desta vez, o nosso Poeta Missólogo, vem abordando, na sua "Sessão Nostalgia," com odor e sabor de cerejeira, a doce Akiko Kojima, uma das mais bonitas misses do Universo. Akiko, aparentando uma pureza típica da terra do "Sol Nascente", conquistou os americanos e o mundo, nenhuma oriental, até hoje, delegada do MU, chegou a ultrapassar o seu lugar no panteão da beleza e elegância, o nosso amigo acima citou a Riyo Mori, naquela noite de 2007, essa japonesa abusou do seu charme, beleza e elegância, não deu chance para nenhuma outra.
    Obrigado poeta pelas suas dignas postagens sempre com o conteúdo cheio de poesia, postura e seriedade. A minha leal admiração, continue sempre neste horizonte elegante de trabalho no seu Passarela Cultural.

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