>>>>> A figura do boi de carnaval de Pernambuco é diferente da do bumba-meu-boi do Maranhão. O sempre lembrado Capitão Pereira (1889-1981), timbaubense do bairro de Mocós, conta no livro Reinado da Lua – Escultores Populares do Nordeste, como se originou a brincadeira, tal como escutou de Chico Pepeta, um velho conhecido seu.
Eu fiquei com esta história. Contam outras, mas a que eu sei é esta. Tudo foi traçado no tempo do cativeiro. Um grande fazendeiro, muito rico, lá do sertão, perdeu um boi valente que ele tinha. O boi se chamava Tupi. E com o correr do tempo teve uma coisa e morreu, sem que o fazendeiro pudesse dar jeito. O homem ficou desesperado, sem querer enterrar o boi. E o boi cheirando mal. Os amigos chegavam e davam conselho pra enterrar o boi, e nada. Até que chegou um mais curioso e deu a ideia de tirar o couro do boi, sem defeito, curtir e espichar na vara, depois fazer uma armação e cobrir com o couro do boi, já seco. O fazendeiro aceitou a ideia e assim mandou fazer: arame, tábuas, cipó, etc. Depois de pronto, o bicho ficou no mesmo formato do boi Tupi. Ai fizeram o resto da invenção. Um camarada entrava embaixo daquela armação toda e começava a andar. A boiada passava e rendia homenagem àquele boi. Fazia menção porque sentia o mesmo ensejo. Foi aquela animação, todo mundo queria ver o boi.
Um dia, um senhor que tinha os negros dele, a pedido, deixou eles irem ver como era a novidade. Os negros gostaram, e como não tinham com que se divertir, pediram um dinheirinho ao seu senhor pra fazer um boi parecido com aquele, o que foi prontamente dado e prontamente eles fizeram. Não com tanta aparência, porque não tinha o couro, mas assim mesmo, de pano, ficou bom. Depois os negros imaginaram: Como é que a gente brinca sem ter toque? Foi quando veio a ideia: Vamos fazer uma zabumba. Arranjaram um barril de bacalhau, um pedaço de couro e fizeram. E aí disseram que o boi com a zabumba só podia ser o bumba-meu-boi. As outras figuras foram chegando, sempre saindo do juízo deles, pelas histórias que sabiam e viviam.
Eu fiquei com esta história. Contam outras, mas a que eu sei é esta. Tudo foi traçado no tempo do cativeiro. Um grande fazendeiro, muito rico, lá do sertão, perdeu um boi valente que ele tinha. O boi se chamava Tupi. E com o correr do tempo teve uma coisa e morreu, sem que o fazendeiro pudesse dar jeito. O homem ficou desesperado, sem querer enterrar o boi. E o boi cheirando mal. Os amigos chegavam e davam conselho pra enterrar o boi, e nada. Até que chegou um mais curioso e deu a ideia de tirar o couro do boi, sem defeito, curtir e espichar na vara, depois fazer uma armação e cobrir com o couro do boi, já seco. O fazendeiro aceitou a ideia e assim mandou fazer: arame, tábuas, cipó, etc. Depois de pronto, o bicho ficou no mesmo formato do boi Tupi. Ai fizeram o resto da invenção. Um camarada entrava embaixo daquela armação toda e começava a andar. A boiada passava e rendia homenagem àquele boi. Fazia menção porque sentia o mesmo ensejo. Foi aquela animação, todo mundo queria ver o boi.
Um dia, um senhor que tinha os negros dele, a pedido, deixou eles irem ver como era a novidade. Os negros gostaram, e como não tinham com que se divertir, pediram um dinheirinho ao seu senhor pra fazer um boi parecido com aquele, o que foi prontamente dado e prontamente eles fizeram. Não com tanta aparência, porque não tinha o couro, mas assim mesmo, de pano, ficou bom. Depois os negros imaginaram: Como é que a gente brinca sem ter toque? Foi quando veio a ideia: Vamos fazer uma zabumba. Arranjaram um barril de bacalhau, um pedaço de couro e fizeram. E aí disseram que o boi com a zabumba só podia ser o bumba-meu-boi. As outras figuras foram chegando, sempre saindo do juízo deles, pelas histórias que sabiam e viviam.
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O Reinado da Lua: Escultores Populares do Nordeste, já em sua quarta edição (2010), foi escrito por Silvia Rodrigues Coimbra, Flávia Martins e Maria Leticia Duarte, com fotografia de Piii (Maria do Carmo Buarque de Hollanda). Suas duas primeiras edições foram publicadas em 1980 pela Editora Salamandra, do Rio de Janeiro.
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