Na tarde ensolarada da terça-feira, 30 de janeiro, contrastando com o cinza que vestia a cidade de tristeza, acompanhei o enterro dos corpos da professora Eneida Rodrigues Araújo e do seu filho Guilherme Vinícius. A Grande Viagem chegou inesperadamente, quando o veículo dirigido por ela colidiu com outro, deixando Timbaúba perplexa diante dos mistérios da vida e da morte.
"Eu tenho certeza que a morte não existe", dizia o meu amigo Flavio Romero, em seu emocionante depoimento, durante o velório da sua esposa e filho.
Eu vou ficar ao lado de anjos invisíveis repetindo que a morte não existe, até o cinza da minh'alma se dissipar, antes do verão acabar.
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- Daslan Melo Lima
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C'ést la vie
Enquanto o cortejo fúnebre de Eneida e Guilherme passava pela rua Dr. Alcebíades, decorada para o Carnaval, as fitas multicores pareciam dizer adeus. Planeta de contrastes. C'ést la vie, assim é a vida, dizem os franceses.
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A Morte Não É Nada
ResponderExcluirA morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.
(Santo Agostinho)