Daslan Melo Lima
Naquela tarde de final de setembro de
1993, diante de um “sebo”, no centro do Recife, a chamada de capa de uma Manchete despertou minha atenção: “Ana Paula Arósio, a mulher mais bonita do
Brasil”. Comprei o exemplar apenas para saber mais sobre a modelo, sem
imaginar que iria encontrar uma reportagem focalizando a mineira Tatiana Paula Alves, eleita Miss Brasil
para o concurso Miss Beleza Internacional 1993.
A época era de pouco espaço na mídia para as misses, comparando com os anos das décadas anteriores, quando O Cruzeiro, Manchete, Mundo Ilustrado
e Fatos & Fotos dedicavam várias
páginas ao assunto.
Tatiana Paula Alves, Miss Brasil Beleza Internacional 1993
Imagem: www.missbrazil.com.br
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Tatiana, Miss Brasil 93
Enxuta na água e na passarela
Manchete, Ano 42, Nº 2.157, Rio de Janeiro, 07 de agosto de 1993 - Reportagem de José Rodolpho Câmara - Fotos de João Mário Nunes
Ela foi campeã brasileira de natação em 1992 e ainda hoje nada 6 mil metros por dia. Agora, na passarela, a bela Tatiana conquista a faixa de Miss Brasil e resgata, com as colegas, o brilho desta festa típica dos anos 60.
A época é mesmo de reviver. Depois de dance music, das calças
boca-de-sino e do velho Fusca, um outro sucesso do passado volta a ganhar
espaço: é o concurso de Miss Brasil – que tanto mobilizou a opinião pública dos
anos 50 e 60 – resgatado, no último sábado, em Santa Catarina, quando mais de
mil pessoas lotaram o Teatro Centro Integrado de Cultura, para aplaudir a
vencedora, Tatiana Paula Alves, de Minas Gerais. Aos 18 anos e com 1,80m de altura, esta mineira de Divinópolis, que é fã de Kevin Costner e estuda
arquitetura em Belo Horizonte, representou o Brasil no Campeonato Mundial de Natação de 91, na Suíça, e em 1992 foi campeã brasileira na modalidade, que pratica desde os seis anos de idade.
Dona de um corpo escultural, Tatiana nada diariamente cerca de 6 mil metros, e jamais havia pensado em ser miss. Entrou no concurso de
brincadeira e agora se prepara para a disputa internacional, no Japão, dia 9
de outubro.
Criado em 1954, quando deu a vitória à inesquecível Martha Rocha, o concurso atravessou fases distintas, que foram do mais alto prestígio à banalização.
Desta vez, a festa contou com a coordenação geral de Paulo Max – a quem
pertence a licença americana para realização do evento no Brasil – e com a
apresentação de Marly Bueno, que foi a apresentadora oficial do Maracanãzinho,
até 1971. Vestida de metalúrgica, Tatiana representou o Estado de Minas Gerais entre outras 26 candidatas,
diante de um corpo de jurados constituído de 12 personalidades e presidido
pela primeira dama de Santa Catarina, Vera Kleinubing. Entre os notáveis do
júri, a Miss Mundo de 71, Lúcia Peterlle, e a Miss Universo de 68, Martha Vasconcellos.
Teatro do Centro Integrado de Cultura de Florianópolis, 31/07/1993 - Top 5 do Miss Brasil Beleza Internacional 1993 - Da esquerda para a direita: Sábata Manoela Souza de Andrade, Miss Sergipe (segundo lugar); Alessandra Santiago Bonotto, Miss Rio Grande do Sul (terceiro); Mônica Guimarães Ferreira, Miss Paraná; Tatiana Paula Alves, Miss Minas Gerais (primeiro lugar); e Roselaine Ribeiro, Miss Bahia. ***** Direção e Realização: Danilo D´Avila & Paulo Max Produções - Coordenação: Moacir Benvenutti. Evento transmitido ao vivo pela CNT.
A promoção foi de Danilo D’Ávila e as cinco finalistas – que discursaram sobre seus estados de origem – foram aplaudidas com o mesmo entusiasmo dos
anos cinquenta. O segundo lugar coube a Miss Sergipe, Sábata Manoela Souza de
Andrade, e o terceiro ficou com a representante do Rio Grande do Sul,
Alessandra Santiago Bonotto.
A reportagem da Manchete dava a entender que Tatiana representaria o
País no Miss Universo, e não no Miss Beleza Internacional. O Miss Universo
tinha sido realizado no dia 21 de maio, no México, tendo a gaúcha Leila Schuster obtido classificação entre as semifinalistas (Top 10).
Tatiana Paula Alves não conseguiu se classificar no Miss Internacional (Miss Beleza Internacional). Ela hoje é uma profissional muito conceituada. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais, e fez pós-graduação na área de Energia e Sustentabilidade na mesma instituição. Atua na área de arquitetura no desenvolvimento, coordenação e gestão de projetos corporativos/industriais. Tem experiência em docência pelo Centro Universitário UNA, além de Mestrado em Ciências Técnicas Nucleares e Doutorado em Engenharia Mecânica, ambos pela UFMG. Ainda: Teaching and Learning in High Education (Carga horária de 270h), University of Tampere, UTA, Finlândia.
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Ana Paula Arósio na capa da Manchete, Ano 42, Nº 2.157, Rio de Janeiro, 07 de agosto de 1993.
Vinte e cinco anos depois, as misses no Brasil continuam sem aquela
visibilidade esperada pelos missólogos nas grandes revistas. Ainda bem que a internet, com seus sites
especializados e redes sociais, compensa um pouco a lacuna deixada pelas saudosas O Cruzeiro, Manchete, Mundo Ilustrado e Fatos & Fotos.
Ana Paula Arósio foi digna daquela capa da Manchete, mas em seu lugar a Bloch Editores S.A. poderia ter colocado Tatiana Paula Alves, Miss Brasil Beleza Internacional 1993, enxuta na água e na passarela. Miss para sempre Miss.
Ana Paula Arósio foi digna daquela capa da Manchete, mas em seu lugar a Bloch Editores S.A. poderia ter colocado Tatiana Paula Alves, Miss Brasil Beleza Internacional 1993, enxuta na água e na passarela. Miss para sempre Miss.
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