UM FREVO N'ALMA
Antes de os relógios marcarem os primeiros minutos da quarta-feira de cinzas, dei adeus a mais um Carnaval. Ele vai compor a sinfonia de uma folia imaginária da qual faz parte outros Carnavais, os vividos por mim e os que deixei de viver.
Ficou um Frevo n'alma que poderia ter sido cantado em outro tom, e em outro passo dançado.
Ficou um Frevo n'alma, eternamente inacabado, até que o destino possa dizer que esteja acabado.
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Daslan Melo Lima
Praça do Centenário, Timbaúba, Pernambuco, 05/03/2019
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CARNAVAL NA RUA DAS FLORES
Poucas casas restaram no foco da área conhecida como “cabaré de Timbaúba”. Em uma delas, um imóvel muito simples de porta e janela, onde funciona uma borracharia, podemos enxergar uma placa marcada pelo tempo: Rua das Flores.
Sim, ali realmente viveram flores raras. Jovens discriminadas pelos costumes de um tempo que se foi. Um namoro mais ousado, a pureza perdida, uma gravidez indesejada... Aí estavam os ingredientes de uma tragédia familiar. E quase sempre a mocinha era expulsa de casa e acabava nas pensões mal iluminadas cheirando a álcool e cigarro, a fim de exercer a profissão rotulada por algumas culturas como a mais antiga do mundo. Ainda bem que algumas ganhavam a sorte grande: arrumavam amantes ricos e se tornavam madames.
Sim, ali realmente viveram flores raras. Jovens discriminadas pelos costumes de um tempo que se foi. Um namoro mais ousado, a pureza perdida, uma gravidez indesejada... Aí estavam os ingredientes de uma tragédia familiar. E quase sempre a mocinha era expulsa de casa e acabava nas pensões mal iluminadas cheirando a álcool e cigarro, a fim de exercer a profissão rotulada por algumas culturas como a mais antiga do mundo. Ainda bem que algumas ganhavam a sorte grande: arrumavam amantes ricos e se tornavam madames.
De alguma forma, todo ano tinha Carnaval. Época de receberem os aplausos na avenida com suas vestes coloridas e rostos exageradamente maquiados. Não se espante se passar neste Carnaval pela Rua das Flores e encontrar um bloco sem som, sem risos, sem bebidas... O Carnaval das mulheres “perdidas” de ontem virou um festival de fantasmas em preto e branco.
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Daslan Melo Lima - Terça-feira de Carnaval em Timbaúba, Pernambuco, 05/03/2019
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PARA UMA SEGUNDA-FEIRA DE CARNAVAL
Gosto da chuva e do sol se revezando na folia. Gosto do silêncio, entre um bloco e outro, e da presença da poesia.
Abraço o instante administrando emoções inacabadas de velhos carnavais vividos e não vividos.Minh'alma até se surpreende, quando ouso declamar versos de Omar Khayyam carregados de hedonismo:
Ah, aproveitar ao máximo o que ainda nos resta,
Antes de voltarmos ao pó;
Pó que se transforma em pó e, sob o pó, jazer,
Sem vinho, sem canções, sem cantores e sem fim.
----------Daslan Melo Lima
Praça Carlos Lyra, Timbaúba, Pernambuco, 04/03/2019
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FALTOU ROMY SCHNEIDER
FALTOU ROMY SCHNEIDER
Um imenso e velho casarão da Rua Imperial, decorado com peças que remetiam a um Castelo, foi o cenário do camarote Spettus, onde assisti ao desfile do Galo da Madrugada.
Romântico incorrigível que sou, imaginei uma festa temática no local. Nela eu dançaria uma valsa com Romy Schneider, a inesquecível Sissi dos filmes que encantaram o menino alagoano de São José da Laje que um dia eu fui.
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Daslan Melo Lima, sábado de Carnaval no Recife, Pernambuco, 02/03/2019
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