A jornalista Valdelusa D’Arce, 81 anos, faleceu ontem, domingo, 11, às 07h15min, no Hospital da HapVida, no Recife, em decorrência de um AVC, Acidente Vascular Cerebral, sofrido no dia 06 de junho. O velório e o sepultamento ocorreram à tarde no Cemitério Parque das Flores, no bairro de Tejipió.
Valdelusa D’Arce nasceu em Correntes, PE, foi criada em Garanhuns, PE, onde estudou no tradicional Colégio Santa Sofia, e em seguida radicou-se no Recife com a família. Continuou seus estudos no Colégio Padre Félix e formou-se em Jornalismo na Unicap, Universidade Católica de Pernambuco. Por mais de trinta anos lecionou na referida instituição e durante quase uma década coordenou o curso de Jornalismo. Também atuou na área empresarial, em assessorias governamentais, e exerceu o cargo de Secretária de Turismo da Ilha de Itamaracá, sua terra do coração, onde possuía uma casa. No Diario de Pernambuco, passou cerca de trinta anos trabalhando em várias editorias. “Garçom”, a mais famosa música do cantor Reginaldo Rossi (1943-2013), de quem era amiga, foi composta ao seu lado, numa mesa de bar. Era solteira e não deixou filhos.
Abaixo, trechos
de depoimentos de personalidades que conheceram bem Valdelusa D‘Arce.
Magno Martins, jornalista
Professora
Val, como era tratada carinhosamente, fez parte do mesmo grupo de professores
no curso de Jornalismo da era de ouro da Católica, integrado por Lúcia Noya,
Vera Ferraz, Eduardo Ferreira, Salett Tauk, Teresa Cunha, Neide Mendonça,
Isaltino Bezerra e Carlos Benevides.
Além de professora,
Val foi minha colega de redação no Diário de Pernambuco entre os anos 80 e 90.
Atuava na área de cultura para o caderno Viver, editado por Lêda Rivas e vez
por outra substituía Gildson Oliveira, meu chefe, na editoria Regional.
Texto impecável, chefe
durona, professora exigente, mas justa, Val fez história no jornalismo
pernambucano. Nunca quis tentar a sorte no plano nacional. Era muito apegada à
cultura regional, gostava de festas, principalmente Carnaval.
Fará muita falta!
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Lêda Rivas, jornalista e Mestra em História
Tinha que ser num domingo, não é, Val? Dia de sol, de praia e de umas
geladas, em Itamaracá, sua terra do coração, onde o inverno se disfarça em
cores e cirandas, e onde você plantou, como sonhava, seu refúgio, seu porto
seguro. Determinada e detalhista, tinha mesmo que escolher o momento de partir.
Cansou-se do sofrimento, da expectativa, da incerteza, e, bem ao seu estilo,
bateu o martelo e virou a mesa. E seguiu, como quem parte em um cruzeiro, numa
nave, vocação de viajante, aberta ao encontro de outros mundos.
Vá na luz de Deus, minha amiga, mas, por favor, não me desaponte: não
se acomode. Faça barulho, quando chegar, ponha ordem na casa, se for preciso
(Deus vai aprovar a sua assessoria) convoque os amados, a nossa gente do Diario
de Pernambuco, os que se foram antes de nós rumo às estrelas. Adeth Leite, seu
amigo esquisitão, estará à sua espera, e a ele se juntarão outros tantos.
Vou omitir alguns, por falha de lembrança, mas resgato os que me
ocorrem. Nosso chefe Antonio Camelo vai estar na porta principal, arrancando de
você as novidades do dia; Mauro Mota, o poeta maior, já compôs uns versos em
sua homenagem; Lúcio Costa vai recebê-la com um abraço apertado; Orismar
Rodrigues será seu mestre-de-cerimônias: Fernando Spencer passará a eternidade
falando de cinema; Zé Maria Garcia vai levá-la ao Savoy do céu; Fernando da
Cruz Gouveia lhe mostrará o grande arquivo que construiu para a memória do
Criador; com Mary Lúcia Sena você dará boas gargalhadas; Loyde Reis, a nossa
Tia Lóla, tem uma edição fresquinha do Júnior para lhe entregar.
Por favor, dê um beijo em Selênio Homem, o maior repórter que
conhecemos, tire por menos as brincadeiras de Gilberto Prado, o Betoca, e não
discuta com Manoel Barbosa, que ele é da turma do bem. Finalmente, não se
esqueça de dizer a Potiguar Matos que guarde bem direitinho a metade de mim que
ele levou.
Vá arrumando os espaços enquanto espera os que restamos. Separe o meu
lugar, de preferência, um jardim que cheire a lavanda, com vista para o mar, de
onde eu enxergue a Ibéria e reencontre os caminhos por onde andou o coração do
meu pai.
Qualquer dia, amiga, a gente vai se encontrar.
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Fátima Bahia, jornalista
Minha querida amiga Valdé, que enquanto alguns colegas torciam o nariz para meu revolucionário estilo, me levava para que eu falasse aos seus alunos da Unicap.
Excelente pessoa, visionária/revolucionária, ótimo papo, generosas gargalhadas. Valdé, te amo e deveria ter te dito isto, várias vezes, antes disso.
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Muciolo Ferreira, jornalista
Segundo a fábula da
onça e o gato, "Nem tudo os mestres ensinam aos seus aprendizes ". Vou
abrir uma exceção para contestar essa regra afirmando que isso nunca foi
aplicado nas aulas da professora Valdelusa ,
no Curso de Jornalismo da Unicap. Ética e honesta com seus alunos, minha
mestra sempre se pautou pela verdade e, por essa retidão, fez parte por muitos
anos da elite dos bons profissionais da Imprensa pernambucana e do corpo
docente da Unicap.
Era bastante exigente e durona quando preciso, mas paciente, didática e
amiga dos alunos na arte de ensinar Jornalismo Comparado, sem omitir nenhuma
informação sobre o tema. Na sala de aula orientava os futuros jornalistas como
dividir os espaços das páginas de um jornal conforme a importância da notícia e
o quantitativo dos anúncios publicitários.
Na prática era a diagramação do jornal.
Fora da sala de aula Valdelusa era uma figuraça. Nem lembrava a mestra exigente que procurava
tirar o melhor, o máximo do aluno, de modo a qualificá-lo para não ser
reprovado no vestibular da vida quando chegasse nas redações dos jornais, das
revistas, das rádios ou televisão. Concluída a graduação no final da década de 70,
reencontrei a colega de profissão em inúmeros eventos, fossem culturais, sociais,
corporativos, congressos ou nas feiras de Turismo, ela como Editora-chefe do Caderno de Turismo
do Diario de Pernambuco. Há uns quatro ou cinco anos encontrei minha eterna
mestra no evento pré-carnavalesco “Aurora dos Carnavais”, na Rua da Aurora,
acompanhando as apresentações dos Blocos Líricos. Foi um momento de alegria,
descontração e pura nostalgia. Val esbanjando um sorrisão e a mesma
descontração de sempre, indagando-me se o Bloco da Saudade já tinha se
apresentado.
É com a recordação desse último reencontro que quero ficar com sua
imagem. Lembrança de uma pessoa animada e de alto astral. E qualquer dia,
qualquer hora a gente se encontra novamente. Mas desta vez em outra
dimensão. E quem sabe não seja no “Banquete
da Vida Eterna" como prometeu Jesus Cristo a todos que creem na sua
ressurreição?
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Alexandre Figueiroa, jornalista, professor universitário do curso de Jornalismo da Unicap e cineasta
Muitos dos atuais professores do curso de Jornalismo da Unicap têm algo em comum em sua história. Foram alunos da jornalista e professora Valdelusa D’Arce. Com ela aprendemos passos importantes para o exercício dessa profissão que tanto amamos. Antigos alunos, e depois colegas e amigos, nunca a esquecerão. Os novos não a conheceram pessoalmente, mas certamente a adorariam. Vai em paz, Darling.
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As palavras fogem em momentos assim, Paulo D'Arce, mas a essência de Valdelusa está envolvida em LUZ, indo ao encontro de outra missão, em um dos fantásticos mundos do Pai Eterno.
- Mensagem de Daslan Melo Lima, editor do blog, para o amigo Paulo D'Arce, irmão de Valdelusa.
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Crédito das imagens: Fernando Machado (colorida) e Acervo Pessoal/reprodução (preto e branco).
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ResponderExcluirDe Muciolo Ferreira, via WhatSapp
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Estou em lágrimas lendo essas homenagens, porque Valdelusa se foi levando com ela pedaços de mim dos tempos da minha minha doce juventude vivida na Unicap.
Ficam as lembranças.
Ela merece todas essas palavras ditas por Magno, Lêda e Muciolo.
ResponderExcluirWashington Lyra - Caruaru, PE
ResponderExcluirValdelusa D'Arce, desde já, um ícone do jornalismo pernambucano.
Marília / Direto da Ilha de Itamaracá, a terra do coração da eterna jornalista.
ResponderExcluirSeu nome será lembrado eternamente, enquanto alguém sonha ser um/uma jornalista como antigamente.
Débora Lourenço
Petrolina
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ResponderExcluirMensagem via WhatSapp
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"Tinha que ser num domingo, não é, Val? Dia de sol, de praia e de umas geladas, em Itamaracá, sua terra do coração, onde o inverno se disfarça em cores e cirandas, e onde você plantou, como sonhava, seu refúgio, seu porto seguro."
Palavras doces e emocionantes da Lêda Rivas.
Merecem ser gravadas numa placa de bronze e afixadas numa praça da Ilha de Itamaracá.
Maurício Souza - Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco
As homenagens que li agora, cada uma mais linda que a outra, descrevem bem quem era Valdelusa.
ResponderExcluirUma mulher forte, competente,séria, amiga dos amigos.
Ela seguiu para outro plano, mas, deixa seu legado profissional.irrepreensível.
Parabéns Mucíolo pelo lindo texto, tão carregado de emoção.
Siga em paz amiga. Vá com Deus!
Joseli Lacerda!
ResponderExcluirInesquecível professora Valdelusa D´Arce.
Estudei com ela em 1988, na Unicap, a disciplina Redação II.
Era bem "durona", mas sempre coerente e atenciosa.
Que ela siga o Caminho da Luz !
Dido Borges
João Pessoa / PB
ResponderExcluirLembro dos textos irreverentes e deliciosos da Fátima Bahia no Suplemento Social do Jornal do Commercio, aos domingos.
Interessante saber que Valdelusa D'Arce apreciava o estilo da Fátima.
Romeu Lima
Olinda / Pernambuco