Por Daslan Melo Lima
PRÓLOGO
Era 09/06/1951. A famosa revista semanal
O Cruzeiro estava no seu 23º ano de circulação e colocava nas bancas de todo o
pais 320.000 exemplares. Na capa, o rosto expressivo de uma jovem da sociedade
do Rio de Janeiro, Corina Baldo, fotografada por Peter Scheler. Dois anos depois, precisamente em 07/02/1953,
Manchete, uma publicação criada há poucos meses e que se tornaria a principal
concorrente de O Cruzeiro, saía nas bancas trazendo uma encantadora Corina Baldo
com a faixa de Miss Elegante Bangu 1952.
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MISS ELEGANTE BANGU 1952 - Reportagem de Ibrahim Sued -
Fotos de Nicolau Drei e Yllen Kerr - Revista
Manchete, 07/02/1953.
A
ideia foi do sr. Joaquim Guilherme da Silveira e vinha sendo trabalhada há
algum tempo. Realizar um concurso (patrocinado pela sua fábrica Bangu) em que pudesse
ser realçada a elegância da mulher brasileira. Um concurso sem objetivos
comerciais, sem finalidade de lucro, com a renda total revertendo em benefício
da Pequena Cruzada. Era a primeira vez que um concurso de tal importância se
realizava no Brasil e logo o maquinismo técnico da Bangu foi movimentado para o
seu completo sucesso. O figurinista José Ronaldo, como já vinha fazendo, foi
mais uma vez chamado para desenhar os vestidos, e a ideia inicial foi ampliada
para permitir a todos os clubes esportivos do país indicar as suas candidatas.
Logo depois dos primeiros dias de lançamento o concurso foi ganhando adeptos,
empolgando o país, e em todos os clubes, quando se realizavam eleições para
indicar a sua candidata, verdadeiras multidões compareciam. Era a vitória completa da ideia original dos Silveirinhas.
Finalmente selecionadas 32 candidatas marcou-se a escolha final da Miss
Elegância Bangu de 1952, para a noite de 24 de janeiro. A procura de mesas já
garantia um sucesso antecipado. Todos os salões do Copacabana estavam lotados
na noite quente daquele sábado. Toda a alta sociedade compareceu. Um júri composto
de 13 nomes consagrados nas artes, no jornalismo, na elegância brasileira, iria
escolher aquela que poderia usar durante todo o ano o título de Miss Elegância
Bangu 1952. Todas as jovens (de grande beleza e elegância) cobiçavam esse
título. Nada mais natural, acrescente-se.
Terminado o desfile, aguardou-se o veredictum do júri. A espera demorou
15 minutos, mas a ansiedade durou muito mais. As candidatas não tiravam os
olhos da mesa onde os juízes discutiam, manipulavam notas, gesticulavam. Mas
todos compreendiam a tremenda dificuldade enfrentada por aquele júri de fato:
escolher a mais elegante do país entre tantas elegantes. Mas o júri demorava
para realizar uma escolha criteriosa. E realmente outra coisa não se podia
esperar de um júri presidido por Herbert Moses e composto do colunista Jacinto
de Thormes, o pintor Santa Rosa, o figurinista Alceu Pena, o cronista social
Gilberto Trompowsky, o príncipe Dom João de Orleans, o autor desta reportagem e
as elegantíssimas senhoras Carlos Eduardo de Souza Campos, Álvaro Catão,
Francisco Rosemburgo, Carlos Guinle Filho, João Savedra, George Hime e a senhorita
Marilu Montenegro.
Uma
tremenda salva de palmas premiou a escolha dos jurados. Os fotógrafos e
cinegrafistas movimentaram-se, todos correram para o lado da srta. Corina
Baldo. Ela acabava de ser escolhida Miss Elegância Bangu 1952. Emocionada,
recebia o abraço dos srs. Joaquim Guilherme da Silveira e Roberto Marinho ao
mesmo tempo que lhe era colocada a faixa com os dizeres: “Elegante Bangu 1952”.
Ninon Seiller, terceira colocada, representante do Clube Curitibano, desfila com um vestido organdi rosa pálido em babados plissados. |
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Maricy Camargo, segunda colocada, desfila com um vestido de fustão Bangu branco, estampado em azul e vermelho. Prêmio: uma viagem a Buenos Aires, Argentina. |
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Novamente
desfilaram as três primeiras colocadas recebendo uma verdadeira consagração. Ao
lado da primeira colocada passaram as srtas. Maricy Rodrigues, segunda colocada
e Ninon Seiller, terceira colocada. A
terceira colocada recebeu a sua faixa das mãos do Príncipe Dom João de Orleans
e Bragança. A segunda do sr. Roberto Marinho, diretor do vespertino “O Globo” e
que apoiou francamente o concurso. E, finalmente, a vencedora recebeu a faixa consagradora
das mãos do Sr. Joaquim Guilherme da Silveira, Diretor Comercial da fábrica Bangu.
Da esquerda para a direita, Ninon Seiller, terceiro lugar; Maricy Camargo, segunda colocada; e Corina Baldo, Miss Elegante Bangu 1952. |
Estava
finalizada a maior parada de elegância que já se realizou no Brasil e que será repetida
todos os anos. De agora em diante o título de Miss Elegante Bangu é uma preocupação
de todas as jovens do Brasil. E ostentar a faixa de campeã orgulhará qualquer
jovem de qualquer Estado do Brasil. Foi mais uma ideia vitoriosa dos irmãos
Silverinhas.
O CARISMA DO TÍTULO MISS ELEGANTE BANGU
Em
18/12/2010, focalizei nesta secção o
concurso Miss Elegante Bangu 1958, cuja matéria poderá ser conferida neste link
http://passarelacultural.blogspot.com.br/2010/12/sessao-nostalgia_18.html . Naquela ocasião, escrevi que foi no ano de 1951 que D. Candinha Silveira, esposa de Joaquim Guilherme da Silveira, um dos donos da empresa Tecidos Bangu, fundada em 1891, criou o concurso Miss Elegante Bangu, evento
beneficente em prol da instituição Obra da Pequena Cruzada. Informei, também, que o primeiro certame tinha
sido realizado em 1952. Com base na reportagem de Ibrahim Sued , vimos que a ideia foi do Sr. Joaquim Guilherme da
Silveira, mas que deve ter tido o apoio incondicional de sua esposa. O ano de 1952 foi de articulações visando o sucesso da final do certame
que, embora realizado em 24 de janeiro de 1953, a faixa da vencedora remetia ao ano de
1952.
O
carisma do concurso se espalhou por todo o Brasil. Era chique participar dos
desfiles Bangu, cujo prêmio maior para a primeira colocada na finalíssima
nacional era uma viagem a Europa. Moças finas e educadas, oriundas de
famílias bem conceituadas, desfilavam em trajes esportivos e em roupas de gala
confeccionadas com tecidos da marca Bangu.
EPÍLOGO
Corina
Baldo marcou época na sociedade carioca e voltou aos holofotes da mídia em 1986,
quando o seu filho Felipe Camargo foi selecionado para ser protagonista da
série Anos Dourados, na TV Globo. Em sua edição de 19/07/1986, a revista Manchete
publicou a foto acima, onde se lê na legenda:
50 neles ! Ela foi Miss Elegante Bangu e Miss Caiçaras, e seu nome esteve presente nas passarelas e colunas sociais dos anos 50. Hoje, funcionária pública, Corina Baldo pode reencontrar os bons tempos do passado ao ver seu filho, o ator Felipe Camargo, revivendo na TV aqueles anos dourados.
50 neles ! Ela foi Miss Elegante Bangu e Miss Caiçaras, e seu nome esteve presente nas passarelas e colunas sociais dos anos 50. Hoje, funcionária pública, Corina Baldo pode reencontrar os bons tempos do passado ao ver seu filho, o ator Felipe Camargo, revivendo na TV aqueles anos dourados.
Timbaúba,
a Princesa Serrana, amanheceu silenciosamente envolvida em tom
cinza neste último domingo pernambucano de abril de 2013, mas nada de
melancolia. O cinza está combinando com o céu nublado e as folhas
do meu pé de acácia dançam ao som da abençoada chuva que lá fora cai. Sou parte deste baile e os meus pensamentos dançam com o
Vento frio, enquanto encerro esta Sessão Nostalgia.
O tempo que se foi, se foi, para sempre se foi, mas continuo permitindo que o menino que um dia eu fui viaje no túnel do tempo ao sabor dos meus sentimentos, mergulhando em velhas revistas que focalizam concursos de Misses, meu passatempo preferido. E de alma leve, declamo em silêncio doces versos do poeta Théo Drummond:
O tempo que se foi, se foi, para sempre se foi, mas continuo permitindo que o menino que um dia eu fui viaje no túnel do tempo ao sabor dos meus sentimentos, mergulhando em velhas revistas que focalizam concursos de Misses, meu passatempo preferido. E de alma leve, declamo em silêncio doces versos do poeta Théo Drummond:
Baila, baila, bailarino,
a vida é como uma dança
e a gente, desde menino,
baila, baila e não descansa.
a vida é como uma dança
e a gente, desde menino,
baila, baila e não descansa.
Estou procurando informações, fotos e matérias nas revistas sobre a representante de Santa Catarina para o Miss Elegante Bangu 1952, Sra. Laila Freyesleben Ferreira.
ResponderExcluirSe souberem indicar algo, agradeço
att Andre Freyesleben