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sábado, 27 de abril de 2013

SESSÃO NOSTALGIA – CORINA BALDO, MISS ELEGANTE BANGU 1952


Por Daslan Melo Lima

PRÓLOGO


          Era 09/06/1951. A famosa revista semanal O Cruzeiro estava no seu 23º ano de circulação e colocava nas bancas de todo o pais 320.000 exemplares. Na capa, o rosto expressivo de uma jovem da sociedade do Rio de Janeiro, Corina Baldo, fotografada por Peter Scheler. Dois anos depois, precisamente em 07/02/1953, Manchete, uma publicação criada há poucos meses e que se tornaria a principal concorrente de O Cruzeiro, saía nas bancas trazendo uma encantadora Corina Baldo com a faixa de Miss Elegante Bangu 1952.

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 MISS ELEGANTE BANGU 1952 - Reportagem de Ibrahim Sued - Fotos de Nicolau Drei e Yllen Kerr  - Revista Manchete, 07/02/1953.


          A ideia foi do sr. Joaquim Guilherme da Silveira e vinha sendo trabalhada há algum tempo. Realizar um concurso (patrocinado pela sua fábrica Bangu) em que pudesse ser realçada a elegância da mulher brasileira. Um concurso sem objetivos comerciais, sem finalidade de lucro, com a renda total revertendo em benefício da Pequena Cruzada. Era a primeira vez que um concurso de tal importância se realizava no Brasil e logo o maquinismo técnico da Bangu foi movimentado para o seu completo sucesso. O figurinista José Ronaldo, como já vinha fazendo, foi mais uma vez chamado para desenhar os vestidos, e a ideia inicial foi ampliada para permitir a todos os clubes esportivos do país indicar as suas candidatas.
         Logo depois dos primeiros dias de lançamento o concurso foi ganhando adeptos, empolgando o país, e em todos os clubes, quando se realizavam eleições para indicar a sua candidata, verdadeiras multidões compareciam.  Era a vitória completa da ideia original dos Silveirinhas.
         Finalmente selecionadas 32 candidatas marcou-se a escolha final da Miss Elegância Bangu de 1952, para a noite de 24 de janeiro. A procura de mesas já garantia um sucesso antecipado. Todos os salões do Copacabana estavam lotados na noite quente daquele sábado. Toda a alta sociedade compareceu. Um júri composto de 13 nomes consagrados nas artes, no jornalismo, na elegância brasileira, iria escolher aquela que poderia usar durante todo o ano o título de Miss Elegância Bangu 1952. Todas as jovens (de grande beleza e elegância) cobiçavam esse título. Nada mais natural, acrescente-se.
          Terminado o desfile, aguardou-se o veredictum do júri. A espera demorou 15 minutos, mas a ansiedade durou muito mais. As candidatas não tiravam os olhos da mesa onde os juízes discutiam, manipulavam notas, gesticulavam. Mas todos compreendiam a tremenda dificuldade enfrentada por aquele júri de fato: escolher a mais elegante do país entre tantas elegantes. Mas o júri demorava para realizar uma escolha criteriosa. E realmente outra coisa não se podia esperar de um júri presidido por Herbert Moses e composto do colunista Jacinto de Thormes, o pintor Santa Rosa, o figurinista Alceu Pena, o cronista social Gilberto Trompowsky, o príncipe Dom João de Orleans, o autor desta reportagem e as elegantíssimas senhoras Carlos Eduardo de Souza Campos, Álvaro Catão, Francisco Rosemburgo, Carlos Guinle Filho, João Savedra, George Hime e a senhorita Marilu Montenegro.
       Uma tremenda salva de palmas premiou a escolha dos jurados. Os fotógrafos e cinegrafistas movimentaram-se, todos correram para o lado da srta. Corina Baldo. Ela acabava de ser escolhida Miss Elegância Bangu 1952. Emocionada, recebia o abraço dos srs. Joaquim Guilherme da Silveira e Roberto Marinho ao mesmo tempo que lhe era colocada a faixa com os dizeres: “Elegante Bangu 1952”.

Ninon Seiller, terceira colocada, representante do Clube Curitibano, desfila com um vestido organdi rosa pálido em babados plissados.
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Maricy Camargo, segunda colocada, desfila com um vestido de fustão Bangu branco, estampado em azul e vermelho. Prêmio: uma viagem a Buenos Aires, Argentina. 
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Corina Baldo, primeira colocada, recebe a faixa das mãos de  Joaquim  Guilherme da Silveira. Seu vestido foi confeccionado em organdi permanente "Mauve" plissado e bordado a canutilhos prateados. Prêmio: uma viagem a Paris e um guarda-roupa completo.

       Novamente desfilaram as três primeiras colocadas recebendo uma verdadeira consagração. Ao lado da primeira colocada passaram as srtas. Maricy Rodrigues, segunda colocada e Ninon Seiller, terceira colocada.  A terceira colocada recebeu a sua faixa das mãos do Príncipe Dom João de Orleans e Bragança. A segunda do sr. Roberto Marinho, diretor do vespertino “O Globo” e que apoiou francamente o concurso. E, finalmente, a vencedora recebeu a faixa consagradora das mãos do Sr. Joaquim Guilherme da Silveira, Diretor Comercial da fábrica Bangu.


Da esquerda para a direita, Ninon Seiller, terceiro lugar; Maricy Camargo, segunda colocada; e Corina Baldo, Miss Elegante Bangu 1952.

          Estava finalizada a maior parada de elegância que já se realizou no Brasil e que será repetida todos os anos. De agora em diante o título de Miss Elegante Bangu é uma preocupação de todas as jovens do Brasil. E ostentar a faixa de campeã orgulhará qualquer jovem de qualquer Estado do Brasil. Foi mais uma ideia vitoriosa dos irmãos Silverinhas.

O CARISMA DO TÍTULO MISS ELEGANTE BANGU

          Em 18/12/2010, focalizei  nesta secção o concurso Miss Elegante Bangu 1958, cuja matéria poderá ser conferida neste link  http://passarelacultural.blogspot.com.br/2010/12/sessao-nostalgia_18.html   .  Naquela ocasião, escrevi que  foi no ano de 1951 que  D. Candinha Silveira, esposa de Joaquim Guilherme da Silveira, um dos donos  da empresa Tecidos Bangu, fundada em 1891, criou o concurso Miss Elegante Bangu, evento beneficente em prol da instituição Obra da Pequena Cruzada. Informei, também, que o primeiro certame tinha sido realizado em 1952. Com base na reportagem de Ibrahim Sued , vimos  que a ideia foi do Sr. Joaquim Guilherme da Silveira, mas que deve ter tido o apoio incondicional de sua esposa. O ano de 1952 foi de articulações visando o sucesso da final do certame que, embora realizado em 24 de janeiro de 1953, a faixa da vencedora remetia ao ano de 1952.
          O carisma do concurso se espalhou por todo o Brasil. Era chique participar dos desfiles Bangu, cujo prêmio maior para a primeira colocada na finalíssima nacional era uma viagem a Europa. Moças finas e educadas, oriundas de  famílias bem conceituadas, desfilavam em trajes esportivos e em roupas de gala confeccionadas com tecidos da marca Bangu.

EPÍLOGO


          Corina Baldo marcou época na sociedade carioca e voltou aos holofotes da mídia em 1986, quando o seu filho Felipe Camargo foi selecionado para ser protagonista da série Anos Dourados, na TV Globo. Em sua edição de 19/07/1986, a revista Manchete publicou a foto acima, onde se lê na legenda:
50 neles ! Ela foi Miss Elegante Bangu e Miss Caiçaras, e seu nome esteve presente nas passarelas e colunas sociais dos anos 50. Hoje, funcionária pública, Corina Baldo pode reencontrar os bons tempos do passado ao ver seu filho, o ator Felipe Camargo, revivendo na TV aqueles anos dourados.  
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          Timbaúba, a Princesa Serrana, amanheceu silenciosamente envolvida em tom cinza neste último domingo pernambucano de abril de 2013, mas nada de melancolia. O cinza está combinando com o céu nublado e as folhas do meu pé de acácia dançam ao som da abençoada chuva que lá fora cai. Sou parte deste baile e os meus pensamentos dançam com o Vento frio, enquanto encerro esta Sessão Nostalgia
         O tempo que se foi, se foi, para sempre se foi, mas continuo permitindo que o menino que um dia eu fui viaje no túnel do tempo ao sabor dos meus sentimentos, mergulhando em velhas revistas que focalizam concursos de Misses, meu passatempo preferido. E de alma leve, declamo em  silêncio doces versos do poeta Théo Drummond:

 Baila, baila, bailarino, 
a vida é como uma dança
e a gente, desde menino, 
baila, baila e não descansa.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Estou procurando informações, fotos e matérias nas revistas sobre a representante de Santa Catarina para o Miss Elegante Bangu 1952, Sra. Laila Freyesleben Ferreira.
Se souberem indicar algo, agradeço
att Andre Freyesleben