sábado, 24 de dezembro de 2016

"A hora que passou não volta mais"

          
       
      Você já sentiu alguma vez aquela sensação de que foi apenas espectador do momento?  De que se calou e teve receio de continuar, enquanto uma voz silenciosa pedia para interagir com a situação?  Tenho certeza, leitor, leitora, que suas respostas foram sim. As minhas também, dezenas de vezes.

     Por não termos sido parte ativa do cenário, um calafrio percorre nossos corpos e nossas almas. Não ouvimos a voz que gritava em silêncio dentro de nós. 
       E hoje, quando uma sombra invisível passa perguntando pelo tempo que se foi, tentamos ressuscitar sons e cores do passado, mas não conseguimos e nos apegamos a recordações que só fazem aumentar nossas emoções inacabadas.

       O título desta crônica é a tradução de uma citação do poeta romano Ovídio (43 a.C.- c. 18 d.C.), Nec quae praeterit hora redire potest, enquanto a ilustração é uma pintura de André Kohn, pintor russo contemporâneo. Os caminhos dos dois nunca se cruzaram, mas há uma relação estreita na arte de ambos. Na pintura de André Kohn, figuras caminham embaixo da chuva, vivendo o momento, não esperam pela estiagem. Ovídio canta a hora que passou e que não volta mais, jamais, nunca mais.

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REFLEXÃO
"A vida não tem mais do que duas portas: uma de entrar, pelo nascimento; outra de sair, pela morte."
- Rui Barbosa (1849-1923), escritor, orador e político baiano.

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