>>>>>>> Numa época mais romântica, sem televisão
e internet, uma dançarina internacional ganhou um poema do famoso jornalista e
poeta goianense-timbaubense
Aos oito anos, Cléo de Mérode (1875-1966)
já mostrava o talento que a tornaria uma dançarina de renome mundial da Belle
Époque. Nascida em Paris, ela entrou na escola de balé da Ópera de Paris aos
sete anos e fez sua estreia profissional aos onze anos. Mas seria a beleza dela
que agitaria a imaginação do público, pois Cléo de Mérode era, talvez, o
primeiro verdadeiro ícone de celebridade. Em pouco tempo, suas habilidades
dançantes ficaram em segundo plano com seu glamour, à medida que os cartões
postais e as cartas de baralho começaram a mostrar sua imagem.
Foi em “Musa & Troça”, um livro de Job Sá, pseudônimo de Jader de Andrade (1886-1931),
o maior ícone da cultura timbaubense,
editado em 1905, pela Typ. J.B.Edelbrock, Recife, PE, que encontramos um poema
dedicado a Cléo de Mérode chamado “N’um Cartão Postal”.
Cléo de Mérode
Tanta beleza,
Tanta attracção,
Que ninguem pode
Ter singeleza
Na descripção!
Vel-a é o estupendo
Facto que illude
De
ver, - que tal! ...
O sol nascendo
N’um muito rude
Cartão postal !...”
A fama de Cléo de Mérode
tinha se espalhado pelo mundo, numa época sem televisão e internet. Seu novo penteado era ansiosamente esperado e rapidamente
imitado. Artistas famosos da Belle Époque, como Henri de Toulouse-Lautrec,
Giovanni Boldini e Félix Nadar fizeram fila para esculpir, pintar e fotografar
a musa. Em 1896, o rei Leopoldo II, tendo-a visto dançar no ballet,
apaixonou-se por ela e logo se espalhou o boato de que Cléo era sua amante. O
rei foi pai de dois filhos com uma prostituta e sua reputação sofreu como consequência.
Mas essa era a Belle Époque, uma época
de expansão colonial sem precedentes, o alvorecer da moderna cultura das
celebridades. Tais indiscrições foram logo esquecidas e Cléo de Mérode se
tornou uma estrela internacional, dando performances por toda a Europa e
Estados Unidos. Sua decisão de dançar no cabaré Folies Bergère só serviu para
aumentar seu público. E quando conheceu o artista Gustav Klimt, cuja
especialidade era a sexualidade feminina, um romance floresceu. A propósito,
vale a pena assistir ao filme “Klimt”, de 2006, dirigido por Raul Ruiz.
Continuando a dançar até depois dos
cinquenta anos, Mérode acabou se retirando para o balneário de Biarritz, nos
Pirineus franceses. Em 1955, publicou sua autobiografia, “Le Ballet de ma vie” (A
Dança da Minha Vida). Seu corpo está enterrado no Cemitério Père Lachaise em
Paris, decorado por uma linda escultura daquela que também teve admiradores em
Timbaúba e se tornou uma das musas do imortal Jader de Andrade.
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Daslan Melo Lima, com pesquisa sobre Cléo de Mérode feita na Wikipedia.
Matéria postada na revista TIMBAÚBA EM FOCO, edição 84, abril/2018.
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