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segunda-feira, 28 de maio de 2018

DE TIMBAÚBA PARA MUNDO - Cléo de Mérode, a musa francesa de Jader de Andrade



>>>>>>> Numa época mais romântica, sem televisão e internet, uma dançarina internacional ganhou um poema do famoso jornalista e poeta goianense-timbaubense

        Aos oito anos, Cléo de Mérode (1875-1966) já mostrava o talento que a tornaria uma dançarina de renome mundial da Belle Époque. Nascida em Paris, ela entrou na escola de balé da Ópera de Paris aos sete anos e fez sua estreia profissional aos onze anos. Mas seria a beleza dela que agitaria a imaginação do público, pois Cléo de Mérode era, talvez, o primeiro verdadeiro ícone de celebridade. Em pouco tempo, suas habilidades dançantes ficaram em segundo plano com seu glamour, à medida que os cartões postais e as cartas de baralho começaram a mostrar sua imagem.
      Foi em “Musa & Troça”, um livro de Job Sá, pseudônimo de Jader de Andrade (1886-1931), o  maior ícone da cultura timbaubense, editado em 1905, pela Typ. J.B.Edelbrock, Recife, PE, que encontramos um poema dedicado a Cléo de Mérode chamado “N’um Cartão Postal”.

Cléo de Mérode
Tanta beleza,
Tanta attracção, 
Que ninguem pode
Ter singeleza 
Na descripção!

Vel-a é o estupendo
Facto que illude
De ver, - que tal! ... 
O sol nascendo
N’um muito rude 
Cartão postal !...”

       A fama de Cléo de Mérode tinha se espalhado pelo mundo, numa época sem televisão e internet. Seu novo penteado era ansiosamente esperado e rapidamente imitado. Artistas famosos da Belle Époque, como Henri de Toulouse-Lautrec, Giovanni Boldini e Félix Nadar fizeram fila para esculpir, pintar e fotografar a musa. Em 1896, o rei Leopoldo II, tendo-a visto dançar no ballet, apaixonou-se por ela e logo se espalhou o boato de que Cléo era sua amante. O rei foi pai de dois filhos com uma prostituta e sua reputação sofreu como consequência.
         Mas essa era a Belle Époque, uma época de expansão colonial sem precedentes, o alvorecer da moderna cultura das celebridades. Tais indiscrições foram logo esquecidas e Cléo de Mérode se tornou uma estrela internacional, dando performances por toda a Europa e Estados Unidos. Sua decisão de dançar no cabaré Folies Bergère só serviu para aumentar seu público. E quando conheceu o artista Gustav Klimt, cuja especialidade era a sexualidade feminina, um romance floresceu. A propósito, vale a pena assistir ao filme “Klimt”, de 2006, dirigido por Raul Ruiz.

          Continuando a dançar até depois dos cinquenta anos, Mérode acabou se retirando para o balneário de Biarritz, nos Pirineus franceses. Em 1955, publicou sua autobiografia, “Le Ballet de ma vie” (A Dança da Minha Vida). Seu corpo está enterrado no Cemitério Père Lachaise em Paris, decorado por uma linda escultura daquela que também teve admiradores em Timbaúba e se tornou uma das musas do imortal Jader de Andrade.

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Daslan Melo Lima, com pesquisa sobre Cléo de Mérode feita na Wikipedia.
Matéria postada na revista TIMBAÚBA EM FOCO, edição 84, abril/2018.

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