sábado, 29 de setembro de 2018

"Já não trago a lua nova na mão, como pouca gente traz"




           Ondas de sonhos caindo da lua. É no que penso quando chego à AABB para a minha atividade física Treinamento Funcional. O salão principal está sendo decorado para uma festa de 15 anos.
         “Tinha apenas quinze anos, / um cigarro e um embornal. / Muita pressa e muitos planos / e um trem pra capital. / Eu pensava tanto em ser um doutor / e o orgulho de meus pais. / Eu levava a lua nova na mão, / como pouca gente faz. ” Cantava Nara Leão nos anos 70, “Quinze anos”, composição de Naire e Paulinho Tapajós.
          Em silêncio, caminho cantando para a quadra esportiva: “Ontem quando eu era grande, / eu sabia muito mais. / Do que eu aprendi de enganos, / do que eu já perdi de paz. / Tenho agora quinze anos a mais, / já não sei voltar atrás. / Já não trago a lua nova na mão, / como pouca gente traz. ”
         Carrego n’alma um saldo generoso de sonhos da juventude. Acredito que muitos ainda poderão ser realizados, embora “já não trago a lua nova na mão, como pouca gente traz. ”
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– Daslan Melo Lima, primavera em Timbaúba, Pernambuco, 27/09/2018. 
Para escutar Nara Leão cantando "Quinze Anos", clique:  https://www.youtube.com/watch?v=MAlS98iJLYw

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Sociedade timbaubense em foco



BELEZA
Charles Tavares e Maissa Yasmin, o Mister e a Miss Juvenil 2018 da  Escola Dr. Antonio Galvão Cavalcanti (Ginásio Municipal).
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FAMÍLIA
Gabriel Chaves e Christiane Nowak com as filhas gêmeas, “as duas Marias”, a quem carinhosamente se referem.
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JUVENTUDE
Vitor Oliveira Barbosa e Ana Samara Morais de Azevedo, a Miss e o Mister 2018 da ETE-Escola Técnica Estadual  Miguel Arraes de Alencar.
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FLASH
Goretti Barbosa ladeada por Eliêta Brito e Marluce Brandão, encontro no Jubileu dos 80 anos da Escola Santa Maria.
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RELAX
O casal Silvio Cesar e Edilene Teófilo em clima de descontração, lembrando a famosa cena do filme “Titanic”.
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NUPCIAL
Marcia Tarciana Alves de Oliveira e Diercio Guerra, transbordantes de felicidade no dia do seu casamento.
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Crédito das Fotos: DML/Passarela Cultural-Arquivo Pessoal-Sou da Zoeira-Facebook


DE OLHO NO PASSADO - Manchete, Ano 26, Nº 1.332, 29 de outubro de 1977

                    

SYLVIA KRISTEL, EMMANUELLE NO BRASIL - Magra, apaixonada e com a cuca muito livre, a atriz de Emmanuelle está no Brasil para lançar um filme e aparecer numa novela. Oficialmente, ela veio ao Brasil para o lançamento nacional do filme Porque Agrado aos Homens, título pouco sutil de La Marge, onde é uma prostituta, dirigida pelo polonês Valerian Borovzich. Fará uma ponta na novela O Espelho Mágico. O tempo de fazer pontas já acabou. Mas o cachê é bom. ***** Foto: Simonpletri/Sygma. 

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MARCOS FREIRE: "CONSTITUINTE É A ÚNICA SAÍDA" - Nesta entrevista, ele questiona os rumos do Governo, diz que ninguém quer revanchismo e reclama anistia e fim do AI-5. Para Marcos Freire, as eleições de 1978 poderão dar à oposição uma vitória maior que a de 1974.  ***** "Uma revolução que não devolve o poder constituinte ao povo não é popular." *****  A popularidade de Marcos Freire em Pernambuco também se deve, em parte, à sua juventude e vitalidade. 
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HAVAÍ, O DESPERTAR DO VULCÃO - Uma grande erupção que, segundo a lenda, é provocada pela ira de Pele, deusa do fogo, volta a abalar Kiluea. 
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JANELLE COMISSIONG , O MUNDO DOURADO DE MISS UNIVERSO - Hoje ela vive num superapartamento em Nova Iorque. Mas seu maior desejo é voltar para sua terra natal, a exótica e calma Ilha de Trinidad. O reino da beleza fica no 50º andar de um prédio residencial às margens do rio Hudson, dento do território do Estado de Nova Iorque, nas fronteiras de Nova Iorque. Ali viverá durante o reinado de 77/78, a soberana da beleza feminina, Janelle Commissiong, Miss Universo 1977. Figurinista diplomada, Janelle sabe escolher o estilo de roupa que valoriza o seu tipo não muito alto. E gosta de decotes.  


Janelle compartilha com a loura Kim Tomes, Miss Estados Unidos, um apartamento à altura de sua realeza: um belo duplex, localizado no 50º andar de um prédio de luxo, de onde se pode apreciar toda a cidade de Nova Iorque. Tranquila, meiga, Janelle Commissiong tem seus próprios sonhos para quando transferir a coroa. Ela quer voltar à sua Trinidad, abrir uma boutique e lançar sua própria etiqueta de moda. Esta será uma forma de manter Janelle, para sempre, nas passarelas.  
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SESSÃO NOSTALGIA - Celice Marques, Miss Brasil 1982, pura tentação

 Daslan Melo Lima


          Aquela propaganda das calcinhas Hope, publicada na revista Claudia, de maio de 1997, não fazia referência ao passado de Miss da Dra. Celice Marques, mas era fácil identificar que ali estava Celice Pinto Marques da Silva, eleita quinze anos antes Miss Pará, Miss Brasil e  semifinalista (Top 12) no Miss Universo 1982.      
         Na página 43, sobriamente vestida, ela recomendava: "Como médica, eu recomendo calcinhas Hope de puro algodão para afastar as alergias". Na página 45, de sutiâ e calcinha, ela aconselhava: "Como mulher, eu aconselho Hope para aproximar os homens".
        
          


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          Natural de Bélem, Pará, 1 metro e 80 centímetros de altura, a hoje Dra. Celice Marques, médica, radicada em São Paulo, foi eleita a Miss do seu Estado aos 18 anos de idade, representando o tradicional clube Associação de Desportos Recreativa Bancrévea, criado em 1891, o segundo clube náutico mais antigo do Brasil (o primeiro é o Clube Barroso, no Rio Grande do Sul). Eleita Miss Brasil, apontada como uma das favoritas ao Miss Universo 1982, realizado em Lima, Peru, classificou-se entre as semifinalistas (Top 12), no ano em que a vencedora foi a canadense Karen Dianne Baldwin.   

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          Vinte e um anos depois da inusitada propaganda protagonizada por Celice Marques, detenho-me no slogan do produto: "Calcinhas Hope, puro  algodão, pura tentação."
       Releio todo o texto que escrevi, reviso e decido dar a esta crônica o título de "Celice Marques, Miss Brasil 1982, pura tentação." 

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Mais sobre Celice Marques:
SESSÃO NOSTALGIA - “Miss Brasil”, uma música da Banda do Pinduca para Celice Marques
         

domingo, 23 de setembro de 2018

Entre os homens brancos e pretos

     

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            Atrás de mim, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, construída no final do século XVI, pelos senhores de engenho. Ao fundo, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, construção iniciada pelos negros no final do século XVIII. 

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos
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         "Raças não existem. Trata-se de um conceito inventado. Não faz sentido dividir as pessoas pela cor da pele”, garante o geneticista mineiro Sérgio Pena.


 Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
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         Imagino como era complicado viver naquela época, mas não permito que a melancolia do domingo nublado se instale em minh’alma. Vou rezar na Igreja que está aberta, a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que há anos e anos também atende as preces de brancos e negros. 
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– Daslan Melo Lima, na cidade pernambucana de Goiana, a “Milão brasileira”, Patrimônio Histórico Nacional, a 61 Km do Recife.

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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Uma festa junina de 1961



TÚNEL DO TEMPO – Uma foto da turma do segundo ano primário do Grupo Escolar Professora Elizabeth Lira evoca uma festa junina de 1961. Entre um e outro autêntico forró-pé-de-serra, alguém cantava a marchinha “Brigitte Bardot”, de Miguel Gustavo, gravada no carnaval por Jorge Veiga.  

        Ingenuamente maliciosa, a música dizia: “Brigitte Bardot, Bardot / Brigitte beijou, beijou / Lá dentro do cinema / Todo mundo se afobou. /// BB, BB, BB / Por que é que todo mundo / Olha tanto pra você? / Será pelo pé? / -Não é! / Será o nariz? / - Não é! / Será o tornozelo?  / - Não é! / Será o cotovelo? / -Não é! / Você que é boa e que é mulher / Me diga então porque que é.” 
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Foto: Janildes Gomes/Facebook de Timbaúba em Números, Fatos e Fotos. 

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DE OLHO NO PASSADO - Manchete, Ano 34, Nº 1.765, 15 de fevereiro de 1986

                   


AS GATAS INVADEM A PRAIA DO HAVAÍ - Com seus salões, jardins e piscina transformadas  em paradisíacas ilhas dos Mares do Sul, o Iate Clube do Rio de Janeiro explodiu em alegria na sua 25ª Noite do Havaí. Como já é tradição, o baile foi uma festa para as cinco mil pessoas que pularam até o raiar do dia. Mulher bonita não faltou. ***** A jovem da esquerda, em pé, com plumas rosas na cabeça, é Márcia Gabrielle, Miss Mato Grosso, Miss Brasil, semifinalista (Top 10) no Miss Universo 1985.

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CHALLENGER, DA GLÓRIA À TRAGÉDIA - Terça-feira, 28 de janeiro de 1986, 14h38min (hora do Brasil). O voo do Challenger, ônibus espacial da Nasa,  não durou mais do que 73 segundos.  ***** A tripulação era composta por,  da esquerda para a direita, em pé,  o astronauta Ellison S. Onizuka; a professora Christa McAuliffe;especialista de cargas Gregory Jarvis e a astronauta Judith A. Resnik. Sentados: o piloto Mike J. Smith,  o  comandante da missão Francis R. Scobee e o astronauta Ronald E. McNair.

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HELO E KIKI, AS GAROTAS DE IPANEMA - Com 17 anos de idade,  Kiki Pinheiro, filha de Helô, musa da canção "Garota de Ipanema", foi eleita Garota de Ipanema 1986. 


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SESSÃO NOSTALGIA - A mulher brasileira no panorama do mundo

 Daslan Melo Lima  



     
      Na terceira semana de setembro de 1965, a revista Querida, uma publicação quinzenal da Rio Gráfica e Editora Ltda, do Rio de Janeiro, circulava em todo o Brasil trazendo uma matéria sob o título "A Mulher Brasileira No Panorama do Mundo", assinada pelo Dr. Carlos Alberto de Sousa. Transcrita abaixo, a reportagem enaltece a beleza das candidatas ao Miss Brasil 1965, superiores, segundo o autor, às concorrentes ao título de Miss Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro.

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                 A MULHER BRASILEIRA NO PANORAMA DO MUNDO
                                     Dr. Carlos Alberto de Sousa
                                        Especial para QUERIDA


       Conheço grande parte do mundo. E espero em breve visitar a parte oriental do Universo, aproveitando o Congresso em Tóquio, ao qual fui convidado.  
      Já vi brancas, amarelas, pretas. E índias, mulatas, cafuzas, mestiças, eurasianas. Continuo, porém, achando o tipo brasileiro o "fino" em matéria de mulher. Um pouquinho avantajada, como a italiana e a maioria das latinas.
        Creio, mesmo, que 99 por cento das brasileiras não sabem tirar partido dos dotes que Deus lhes deu. Primeiro pela vida sedentária que herdamos da colonização, quando as sinhás-moças viviam embaladas na rede, abanadas pelas escravas, sobrecarregando o físico com toda a sorte de petiscos, docinhos e biscoitos quentinhos saídos do forno. 
      Era uma lei de perdição para a beleza e linhas estéticas. Acresce a circunstância que depois de casadas passavam automaticamente a pertencer à categoria das matronas, mães de muitos filhos, usando modas de senhoras respeitáveis, sem outros interesses que o lar e filhos. Tratava-se de praxe estabelecida a pirataria dos maridos com as escravas que, não raro, tinham do senhor tantos filhos quanto Sinhá Dona. 
      A alimentação substanciosa e farta, casas enormes, fazendas imensas, contribuíam sem dúvida para a moral adotada. Nada escandalizava ninguém. Muitos dos erros do Brasil Colonia ainda perduram hoje.  

                                      MAS A VIDA CONTINUOU...

     Graças às dificuldades da época atual, as mulheres tiveram de sair em campo para trabalhar. Da concorrência com o homem nasceu a necessidade do aspecto físico bem cuidado. Há pouco tivemos um confronto no Rio de Janeiro, no Concurso Internacional da Beleza, a única realização do IV Centenário que atingiu o povo da Guanabara. 

Sue Ann Downey, Miss Estados Unidos, Miss Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro, terceira colocada no Miss Universo 1965.
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As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da direita para a esquerda: Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar; Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar; Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar; Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar; Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar; Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar; Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar;Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar.
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     Não é preciso ser juiz para concluir que o bouquet de mulheres que concorreu ao título de Miss Guanabara e Miss Brasil foi mil vezes superior às estrangeiras. A escolha de Miss Estados Unidos, contudo, foi justa. Suas belas formas e, principalmente, suas pernas influíram na seleção final.
      As americanas têm, em geral, seu ponto fraco no busto, em forma de pera e não globoso como deseja a perfeição e é encontrado comumente entre as brasileiras. A perda desta forma, quando constatada, leva as nossas mulheres aos tratamentos mais disparatados, indo por fim cair na mais sensata das escolhas: o tratamento `à base de hormônios ou o cirurgião plástico. Existe algo, porém, acima da beleza. 

                                               O ENCANTO 

      Miss Alemanha - mocinha magérrima - foi justamente aclamada pelo público e classificada pelo júri. Dona de um charme, de uma alegria e comunicabilidade  que deveria ser a tônica de um concurso de beleza, - que se disputa porque se deseja e onde o povo é o principal juiz - Miss Alemanha, repito, a todos conquistou. Isso as brasileiras deviam aprender. 

Na passarela, Ingrig Bethke, Miss Alemanha, terceira colocada no Miss Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro. Na comissão julgadora, da esquerda para a direita: Ângela Vasconcelos, Miss Brasil 1964; Teresinha Morango, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1957; Vera Ribeiro, Miss Brasil e quinto lugar no Miss Universo 1959; Ieda Maria Vargas, Miss Brasil e Miss Universo 1963; Emília Corrêa Lima, Miss Brasil 1955, e Martha Rocha, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1954. (Imagem: revista Fatos & Fotos)
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      Quanto às qualidades físicas, possuía o par de pernas mais feio que já vi. As coxas lembravam um amarrado de bagaço de cana, destituído já de todo o sumo. Não poderia ser classificada se se levasse em conta apenas a plástica. Eis a razão por que estou escrevendo este artigo. Para provar que o encanto não provem da beleza clássica. Nem mesmo dos vestidos, maquilagem ou penteados. 
      Encanto é sortilégio vindo do íntimo, de uma alegria interior. Da confiança em si própria, em seus méritos. Sem temor da concorrência.

Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, quarto lugar no Miss Brasil 1965.
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     Em matéria de andar, contudo, as nossas ganharam a palma. Dona Maria Augusta, da Socila, pouco conseguiu das misses internacionais, Pareciam soldados prussianos em marcha. As brasileiras, algumas, tinham a graça das garças, a deslizar, como Miss Mato Grosso. 

                                PROGRESSO EM RITMO DE BELEZA

      Cada vez se torna mais selecionado o espetáculo de beleza, eugenia e elegância entre a nossa juventude feminina. Feias não havia. Talvez algumas menos bela ou mais tímida. Todas mereciam apreciação e faziam jus ao desfile. 
      Fiz deste artigo um intervalo na série publicada sobre cuidados científicos de beleza. Meu livro, - "Todas Podem Ser belas"! - a ser lançado brevemente, será um estímulo para a mulher brasileira.
     Aprenda a cultivar beleza, atire fora as ideias retrógradas, o desprezo pelo físico. Dê maior valor à saúde. Por que não reviver o culto grego da beleza, da perfeição? Frinéia salvou-se da condenação à morte por sua plástica invejável. 
     Comece desde hoje - amanhã talvez seja tarde - a tratar de sua pele, do corpo, do conjunto em geral e terá a seus pés o homem amado, fiel, a adorá-la, principalmente se juntar ao físico a vontade e a agudez do espírito. Assim seja.
      Se algo não ficou bem claro, remeta  carta, com envelope selado para a resposta, solicitando informações à revista QUERIDA.  
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          Cinquenta e três anos depois, folheio a Querida e me recordo dos concursos de misses no Maracanãzinho. Saudade de O Cruzeiro, Mundo Ilustrado, Manchete e Fatos & Fotos dando grandes destaques em suas páginas. 
                O que fazer? Não permitir que a nostalgia seja mais forte do que eu. Já é Primavera. Assim Seja !

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domingo, 16 de setembro de 2018

"Todas as paixões passam e se apagam"




             "Todas as paixões passam e se apagam, exceto as mais antigas, aquelas da infância", disse o poeta italiano Cesare Pavese
         Lembro da primavera transbordando na minh'alma e das circunstâncias armazenando emoções inacabadas. Agarro-me hoje às fantasias de um tempo que se foi e construo com novos sonhos as inquietações da caminhada. 


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 - Daslan Melo Lima, setembro em Sapucaia, Timbaúba, Pernambuco.

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DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Esdras Farias e “A Parábola da Ilusão”



>>>>>>>> Encontramos na revista Informador de Timbaúba, de 1937, uma foto e um soneto do grande e pouco conhecido poeta.

           Esdras Leonam Alves de Farias nasceu na cidade do Recife, na rua das Flores, em 20 de novembro de 1889. Foi funcionário público, poeta, jornalista e tradutor. Escreveu poemas, sonetos, crônicas e artigos em diversos jornais e revistas pernambucanos (de 1910 a 1954), além de exercer, em alguns desses periódicos, a função de diretor, proprietário e redator. Este Esdras muitos conhecem por sua trajetória intelectual. Entretanto, pouco se sabe sobre o homem Esdras. Isso, talvez, se deva a sua timidez: “Por índole ou pelo meio em que vivia, tornei-me um homem de natureza tímida, isolado, um pessimista sem ser um desiludido”.
       Ainda menino trabalhou arduamente em um engenho de banguê. Morou no bairro de Beberibe, na cidade do Recife. Construiu sua intelectualidade com a força de vontade e o desejo de ser alguém. Foi um autodidata: “sedento de leituras instrutivas, lia folhinhas de porta, almanaques, livros emprestados, filados, o que me aparecia de literatura tão complexa e desordenada.”  Seu perfil pessoal nos foi revelado por meio de seus trabalhos literários, além de outros a ele dedicados ou em depoimentos de quem o conheceu.

A Parábola da Ilusão

Eu tive, quando moço, a pretensão
de ser feliz. E, pretensioso, assim
de outro não sei com tanta obstinação
e em entusiasmo fosse igual a mim.

Talvez principalmente pelo fim,
nesse fascínio do meu coração
- Adiante, moço! – E até 20 anos vim
conduzindo a esperança pela mão.

Depois, nada mais sei. Segui sozinho.
Desdenha, o coração, se ainda hoje o chamo
diante de outras miragens do caminho.

É que o meu coração,  segundo creio,
não sabe mais como se diz – eu amo
E nem, também, como se diz -  odeio.

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Fontes: Fundação Joaquim Nabuco e Informador de Timbaúba 1937

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