Daslan Melo Lima
Long Beach, Califórnia, Estados Unidos, manhã do ensolarado sábado de 19 de julho de 1958. Candidatas aos títulos de Miss Estados Unidos e Miss Universo 1958 posam nos degraus da escada semicircular do Pacific Coast Club para a fotografia oficial.
"Um sol realmente californiano castigava as beldades. Adalgisa começou a sentir-se mal. Disse baixinho para um guarda: Está muito quente. Foi-se apoiando nele, levou a mão à cabeça e pediu-que a amparasse. Levaram-na para a enfermaria. Deram-lhe sais e ela se recuperou. Não quis, todavia, voltar à praia para as fotografias não oficiais. Houve receio que ela não suportasse a temperatura, durante o desfile de carrinhos do Ocean Boulevard. Mas ela resistiu bem. Acenou e sorriu para a multidão, durante todo o percurso. Foi uma das mais aplaudidas pela assistência: 200 mil pessoas para o Long Beach Independent e 100 mil para o Los Angeles Examiner."
"As fotos são do ligeiro desmaio de Adalgisa Colombo em Long Beach. Apesar de bem carioca, ela não costuma ir à praia."
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Adalgisa Colombo (1940-2013), Miss Distrito Federal, Miss Brasil, Vice-Miss Universo 1958.
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Acima e abaixo, as candidatas ao Miss Estados Unidos e Miss Universo 1958. As setas apontam as semifinalistas. Adalgisa Colombo é a quinta da direita para a esquerda, na fila de baixo.
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Luz Marina Zuluaga (1938-2015), Miss Colômbia, eleita Miss Universo 1958, é a terceira da direita para a esquerda, na fila do meio.
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Na noite do mesmo sábado, "doze mil pessoas viram a abertura solene do concurso de Miss Universo, no Veterans Memorial Stadium. E viram Adalgisa Colombo, sorridente, oferecer ao prefeito de Long Beach (careca e simpático) um chapéu de cangaceiro. Muitas só não ouviram quando ela usou a palavra present em lugar de gift e se embaraçou para explicar a origem do presente: "Dizem que foi usado por um pistoleiro chamado Lampião, que nossa Polícia Militar matou a tiros no interior do Brasil. Mas não tenha medo. Como o senhor vê, a cabeça dele não foi alvejada. Somente o corpo, que mais parecia um paliteiro". Houve risos e ela não se perturbou. Deixou cair um envelope branco. O "mayor" Robert Kealer o apanhou e Adalgisa lhe disse: "É uma mensagem do prefeito de minha cidade para o senhor". Antes de se despedir dele (pedindo-lhe que tomasse café do Brasil), Adalgisa fez o prefeito dar meia volta. Olhou-o da cabeça aos pés e afirmou: "O senhor é mais elegante que o do Rio de Janeiro". Adalgisa queria esclarecer uma dúvida. Havia iniciado sua saudação dizendo que, por coincidência, os dois prefeitos eram muito simpáticos."
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Fonte: O Cruzeiro, Ano XXX, Número 43, 09 de agosto de 1958
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No dia 25 de julho de 1958, seis dias depois daquele sábado,
Adalgisa Colombo posava para os fotógrafos do mundo inteiro compondo o Top 5 do
Miss Universo. ***** Da esquerda para a direita: Adalgisa Colombo, Miss Brasil,
segundo lugar; Geri Hoo, Miss Hawaii, terceiro; Luz Marina Zuluaga, primeiro;
Eurlyne Howell, quarto, e Alicja Bobrowska, Miss Polônia, quinto lugar. (Imagem: Ebay).
E assim se passaram sessenta anos, muito tempo mas quase nada, em comparação com a eternidade das nossas almas.
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ResponderExcluirBelo passeio pelo verão californiano de 1958 com uma carioca irreverente. Adalgisa será sempre Adalgisa. E se para os americanos "Nunca houve uma mulher como Gilda", numa referência ao filme antológico estrelado por Rita Hayworth, jamais o Brasil terá uma outra miss igual a Adalgisa Colombo.
Parabéns, Daslan, por traze-la sempre de volta ao Passarela Cultural. Uma ótima semana.
muciolo ferreira- do Recife