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Condensamos da revista “Informador de Timbaúba”, de 1937, uma matéria de Ivo
Leitão Filho sobre os velhos engenhos de cana-de-açúcar.
Nada mais triste do que a ruína. E são a
ruína e a tapera que imperam, hoje, onde outrora dominava o bueiro de muitos
dos velhos engenhos de açúcar do Norte.
Não há dúvida que a injustiça e a
incompreensão dos homens passam no julgamento de nossa própria história.
O banguê é mais merecedor da gratidão e de
amparo do poder público. Com uma história que vem de muito longe, ele foi o
mais forte esteio de nossa economia em épocas passadas. E enquanto este resto
de vida e de luta perdura pelas bagaceiras, resta-nos cá fora, o conforto de que
a justiça triunfará no julgamento dessa pequena indústria açucareira que
desaparece.
Olhando o banguê sob o aspecto econômico,
escreveu, há pouco, o Sr. Costa Rêgo: “...o Instituto persegue e procura
extinguir o engenho de açúcar banguê, atingindo em cheio um produto que é o
alimento capital de paupérrimas populações sertanejas.”
Por mais que fale o sr. Severino Mariz,
escreva o sr. Costa Rêgo ou lamente o sr. Morais Filho, já não há lugar para o
banguê. O açúcar das usinas é mais alvo, apesar da vida não continuar mais
doce.
Vão desaparecendo assim a beleza e a
poesia dos pátios dos engenhos com suas marquesas estendidas nos alpendres para
as noitadas de São João e as festas da botada. O banguê é um pedaço bonito da
nossa história. Pelo Brasil ele empunhou as duas armas: a da guerra e a do
trabalho. E ainda hoje é uma escola do melhor heroísmo.
E já se faz ouvir invadindo os canaviais,
o eco de uma sirene estrangeira, sem beleza e sem poesia, para suprir o gemido
nostálgico dos carros-de-bois.
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