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domingo, 10 de fevereiro de 2019

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Banguê, a sempre lembrada tradição que morreu


>>> Condensamos da revista “Informador de Timbaúba”, de 1937, uma matéria de Ivo Leitão Filho sobre os velhos engenhos de cana-de-açúcar.



     Nada mais triste do que a ruína. E são a ruína e a tapera que imperam, hoje, onde outrora dominava o bueiro de muitos dos velhos engenhos de açúcar do Norte.
     Não há dúvida que a injustiça e a incompreensão dos homens passam no julgamento de nossa própria história.
     O banguê é mais merecedor da gratidão e de amparo do poder público. Com uma história que vem de muito longe, ele foi o mais forte esteio de nossa economia em épocas passadas. E enquanto este resto de vida e de luta perdura pelas bagaceiras, resta-nos cá fora, o conforto de que a justiça triunfará no julgamento dessa pequena indústria açucareira que desaparece.
      Olhando o banguê sob o aspecto econômico, escreveu, há pouco, o Sr. Costa Rêgo: “...o Instituto persegue e procura extinguir o engenho de açúcar banguê, atingindo em cheio um produto que é o alimento capital de paupérrimas populações sertanejas.”
      Por mais que fale o sr. Severino Mariz, escreva o sr. Costa Rêgo ou lamente o sr. Morais Filho, já não há lugar para o banguê. O açúcar das usinas é mais alvo, apesar da vida não continuar mais doce.
      Vão desaparecendo assim a beleza e a poesia dos pátios dos engenhos com suas marquesas estendidas nos alpendres para as noitadas de São João e as festas da botada. O banguê é um pedaço bonito da nossa história. Pelo Brasil ele empunhou as duas armas: a da guerra e a do trabalho. E ainda hoje é uma escola do melhor heroísmo.
      E já se faz ouvir invadindo os canaviais, o eco de uma sirene estrangeira, sem beleza e sem poesia, para suprir o gemido nostálgico dos carros-de-bois. 

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