domingo, 11 de maio de 2014

SESSÃO NOSTALGIA - RAIOLANDA CASTELO BRANCO, MISS PERNAMBUCO 1966


Daslan Melo Lima


     RAIOLANDA, AQUELE 11 DE JUNHO
   
      O ano era 1966 e o Brasil vivia há dois anos sob o regime miliar. O  presidente da república era o marechal cearense Humberto de Alencar Castelo Branco (1897-1967). Naquela noite de 11 de junho, no Sport Club do Recife, sete jovens disputaram o título de Miss Pernambuco: Raiolanda Castelo Branco, Miss Circulo Militar do Recife, primeiro lugar; Sônia Queiroz, Miss Vitória de Santo Antão, segunda colocada; Leda Maria Pontes,  Miss Clube Sargento Wolff, terceiro lugar; Leda Helena Martins Medeiros, Miss Sport Club do  Recife, semifinalista; Ednalva Lima de Araújo, Miss Caruaru; Wilma Biondi, Miss Clube dos Universitários, eleita Miss Simpatia; e  Maria da Conceição  Alencastro Cavalcanti, Miss Clube  Líbano Brasileiro.
       O evento teve caráter beneficente, com renda destinada ao Lions Club de Boa Viagem. Apresentadores: Carmen Towar e Cicero Moraes. Na comissão julgadora, Oswaldo Múcio Vasconcelos, Cid Sampaio, José Ramos Lopes, Fernando Milanez, José Sales Filho, Edward Rowel,  (cônsul dos Estados Unidos), Francisco de Paula Acioli Filho e Célia Ferreira.  


Alda Maria Simonetti Maia, Miss Pernambuco 1965, e sua sucessora, Raiolanda Castelo Branco. ***** Crédito das imagens: blog do  Fernando Machado.

    Raiolanda Castelo Branco, que usou um modelo rosa desenhado por Jurandir e confeccionado por Inês Peixe, tinha 1m72cm de altura, 91cm de busto, 100cm de quadris, era natural do Rio de Janeiro e tinha sido eleita Rainha das Piscinas de Pernambuco, conforme escreveu o jornalista  Fernando Machado em seu blog, numa matéria de 11/06/2011, recordando os 45 anos do certame.

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Raiolanda em foto de 1995.
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RAIOLANDA, VALEU A PENA 
Acervo DML/Passarela Cultural

      No Jornal do Commercio, Recife, edição de 02/12/1991, Fernando Machado teceu o comentário abaixo, ao apresentar Raiolanda como sua entrevistada da secção Perfil do Consumidor.

      O peso do sobrenome foi seu maior inimigo. Antes de ingressar na imensa passarela do Maracanãzinho, em forma de ferradura, Raiolanda Castelo Branco foi recebida com vaias pelo público carioca. Mas o o alvo não era a Miss Pernambuco-66, considerada pela imprensa como a melhor plástica do concurso naquele ano, e sim o primeiro governo do regime militar, o do presidente Castelo Branco. Quando Raiolanda, usando um belíssimo modelo criado por Marcílio Campos e maquiada por Múcio Catão chegou à metade da passarela, não se ouvia mais ruídos de vaias e sim de aplausos. E quando trocou o vestido pelo maiô, confirmara o prognóstico da imprensa, saiu do Maracanãzinho consagrada, sob aplausos e assobios de aprovação.
      Raida como é carinhosamente chamada pelos mais íntimos, nasceu no Rio, num dia 3 de maio, e entrou no Miss Pernambuco por acaso, atendendo o convite do coronel Ivan Ruy de Andrade e do major Alcione Melo, presidente e diretor social do Círculo Militar. A festa aconteceu no Sport e a torcida  rubro-negra queria que a vencedora fosse sua convidada Leda Helena Martins e, por conta disso, Raiolanda foi coroada sob aplausos e vaiais. (...) Concorda que a mulher está emancipada, apesar de admitir que isso devia ter acontecido bem antes. “Emancipação implica em juízo e há milhares de anos que a mulher tem demonstrado inteligência e capacidade. A História cita inúmeras mulheres célebres que evidenciaram o seu valor”, confessa.
     Raiolanda Castelo Branco confia na mulher fazendo política e diz que o dia mais feliz como Miss Pernambuco foi "quando ao término do meu reinado tive a maravilhosa certeza de que meus amigos continuavam os mesmos e que também tinha adquirido outros. Digo isto porque ao entrar para o concurso as pessoas falavam tantas historias que fiquei preocupada com o que poderia acontecer. Graças a Deus, tudo foi bom demais e hoje sou uma mulher feliz, tanto profissional como socialmente."

     Abaixo, algumas das perguntas feitas por Fernando Machado à Miss Pernambuco 1966, e suas respectivas respostas sobre o assunto Miss.
Uma Miss Brasil – Ieda Maria Vargas
Uma Miss Pernambuco – Sonia Maria Campos          
Uma Miss que a influenciou – Nenhuma. Tudo aconteceu inesperadamente.
Uma Miss Pernambuco  que merecia ser Miss Brasil – Ana Maria Guimarães, Miss Pernambuco de 1988
Uma jovem que merecia ser Miss Pernambuco - Fabiana Pirro 
Sua maior alegria como Miss – A vitória no Miss Pernambuco, pois não esperava sair do Sport com a faixa e a coroa
Sua maior decepção como Miss – Só tive alegrias
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Detalhe: Na época dessa entrevista, a atriz pernambucana Fabiana Pirro tinha sido eleita Rainha do Baile Municipal. No ano seguinte, representou o Estado da Paraíba no Miss Brasil 1992. 
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Robert Perman e Raiolanda Castelo Branco Perman, um dos casais mais queridos da sociedade pernambucana.
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        RAIOLANDA CASTELO BRANCO PERMAN, 
                          O MESMO PERFUME

      Numa tarde cinzenta de junho de 1966, ao passar na praça da Independência, na frente do Diario de Pernambuco, conheci Raiolanda Castelo Branco, mas não ao vivo, através de uma exposição fotográfica mostrando as candidatas ao título de Miss Pernambuco, exposta na vitrine da loja Dias Junior.  Eu sonhava assistir ao concurso, mas aquilo fazia parte de um mundo mágico e glamouroso, muito distante da minha realidade social e econômica. 
    
Acervo DML/Passarela Cultural
"Miss Pernambuco – que não tem culpa de se chamar Raiolândia Castelo Branco – recebe a mais violenta vaia da noite. Mas mantem a classe, aguenta quase até o fim, quando começa a correr e é levada aos camarins nos braços de Maria Augusta." 
     Isso está  lá, na revista Realidade, Ano 1, número 5, mês de agosto, uma publicação da Editora Abril, em cuja capa aparece a chamada instigante PORQUE CHORAM AS MISSES. Detalhe: a revista citou o nome da Miss PE 66 como Raiolândia e não Raiolanda.

     Conheci Raiolanda Castelo Branco Perman pessoalmente em 1994, quando coordenei o concurso Rei e Rainha dos Estudantes de Pernambuco, etapa Timbaúba. Ela veio compor a comissão julgadora como convidada do Fernando Machado,  coordenador geral do certame estadual. Quando anunciei o seu nome para fazer parte da mesa do júri, o público aplaudiu a Miss Pernambuco 1966 com um carinho e um entusiasmo impressionantes. Com a palavra o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616): "Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume."

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2 comentários:

  1. Daslan, é sempre bom rever as misses do passado.

    Raiolanda Castelo Branco foi uma, marcou época como rainha da beleza pernambucana. E continua desfilando sua classe nos salões sociais.

    Muciolo Ferreira

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  2. Perfeito o encerramento desta crônica com a citação de Shakespeare.

    C.Rocha de Floripa

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