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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Ingrid Schmidt, Miss Rio de Janeiro 1955, o perfume que ficou



          É de Ingrid Schmidt, acima, em foto pertencente ao acervo do Labhoi, Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense, que falarei neste espaço especial. Ela morreu segunda-feira, 22 de setembro. Simpatia, beleza, classe, elegância, educação, inteligência e  desembaraço fizeram da eterna Miss Rio de Janeiro uma das favoritas ao título de Miss Brasil 1955.

           Primeiro do que tudo é preciso situar a figura de Ingrid Schmidt na madrugada de um sábado distante, 25 de junho de 1955. Eram 19 moças que sonhavam ser Miss Brasil e ocupar o trono da baiana Martha Rocha, famosa pelo segundo lugar conquistado no Miss Universo 1954. O grande salão do teatro mecanizado do Hotel Quitandinha estava lotado e o público aplaudiu delirantemente quando Paulo Porto e Lourdes Mayer anunciaram as cinco finalistas. Emília Barreto Corrêa Lima, Miss Ceará, oito pontos, primeiro luigar; Annete Stone, Miss Amazonas; Ingrid Schmidt, Miss Rio de Janeiro; e Ethel Chiaroni, Miss São Paulo, empatadas para o segundo lugar com dois pontos cada uma; e  Gilda Medeiros, Miss Pará,um ponto, terceiro lugar.


As cinco finalistas do Miss Brasil 1955, da esquerda para a direita: Miss Amazonas, Annete Stone; Emília Corrêa Lima, Miss Ceará; Ethel Chiaroni, Miss São Paulo;Ingrid Schmidt, Miss Rio de janeiro; e Gilda Medeiros, Miss Pará. (Foto O CRUZEIRO,09/07/1955).
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Ingrid Schmidit
Revista Manchete Esportiva, nº 2, 1955.

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          Ingrid Schmidt Grael, matriarca da família de maior sucesso do esporte olímpico brasileiro,  morreu na manhã de segunda-feira, 22 de setembro, vítima de câncer. Aos 70 anos, ela estava internada no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, e há um ano convivia com problemas causados pela doença. O enterro foi na segunda, às 17 horas, no Cemitério Parque da Colina, no Alto de Pendotiba, em Niterói. A vida de Ingrid foi sempre ligada ao esporte. Ela foi campeã de tênis na juventude. Seu pai, Preben Schmidt, foi um dos pioneiros da vela no país e iniciou todos os seus filhos na modalidade. Os gêmeos Erik e Axel, irmãos de Ingrid, foram os primeiros brasileiros campeões mundiais da vela, em 1961, na classe Snipe.

          Em 2005, foi madrinha do Brasil 1, barco brasileiro que deu a volta ao mundo e terminou a Volvo Ocean Race na terceira posição. Por causa dos filhos, ela costumava brincar que era "A Maior Mãe do Esporte Olímpico Brasileiro".
          Ingrid teve três filhos: Axel (velejador ambientalista) e os campeões olímpicos Torben e Lars Grael. Torben Grael, 48 anos, é o maior medalhista olímpico do país e velejador com o maior número de medalhas do planeta: ele tem dois ouros (Atlanta-1996 e Atenas-2004), uma prata (Los Angeles-1984) e dois bronzes (Seul-1988 e Sydney-2000). Lars, 44 anos, conquistou duas medalhas de bronze olímpicas, em Seul-1988 e Atlanta-1996. Em 1998, sofreu um acidente e teve de amputar a perna direita. Foi secretário de Esportes em São Paulo e trabalhou no Ministério dos Esportes em Brasília. Voltou a velejar e foi vice-campeão mundial da classe Mini-Maxi, regra ORC, comandando uma tripulação de deficientes físicos.


Ingrid Schmidt, vice-Miss Brasil 1955 - Foto Manchete, 02/07/1955

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          Ingrid não se destacou na vela como seus irmãos ou como dois de seus três filhos. Mas sempre foi o espírito esportivo, o bom humor em pessoa, a contadora de histórias. Do drama de ter o marido, Coronel Dickson Grael, perseguido pela repressão que queria calá-lo sobre o episódio da bomba do Riocentro ao episódio da perda de uma das pernas de seu filho Lars, ela sempre conseguia tirar uma lição, uma história para contar sorrindo. Ela transmitia um carinho enorme pelos filhos, netos, noras e amigos. Era respeitada e amada por todos da vela, especialmente os contemporâneos de seus filhos. Em sua casa, as bandejas que serviam doces e salgados em festas, eram na verdade bandejas de premiações de campeonatos conquistados pelos filhos e até mesmo por seu pai. Usando a gente cuida mais, não fica com ferrugem e damos uma utilidade prática para elas, simplificava Ingrid, apontada por muitos como a mais bela Miss Rio de Janeiro de todos os tempos. 

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O texto abaixo, autoria de Lars Grael, foi publicado em seu blog, http://www.larsgrael.com.br


Ingrid Schmidt Grael - A Guerreira Viking

23/9/2008 - 14:07:48


Com muito pesar, comunico o falecimento da nossa mãe Ingrid Schmidt Grael aos 70 anos de idade no Rio de Janeiro.Filha do lendário engenheiro e velejador dinamarques Preben Schmidt, Ingrid foi irmã de Rolf, Margarete e dos Tri-Campeões Mundiais de Vela Axel & Erik Schmidt.Foi Miss Niterói; Miss Estado do Rio de Janeiro e segundo colocada no Miss Brasil. Na cerimônia de premiação no Palacio do Catete e na presença do Presidente Café Filho, conheceu o Coronel Dickson Melges Grael com quem contraiu matrimônio.

Mãe do velejador ambientalista Axel Grael, do maior medalhista do esporte Olímpico Brasileiro e da Vela Mundial Torben Grael e deste que escreve esta coluna. Avó de Trine, Marco, Martine, Nicholas e Sofia Grael, Ingrid sempre teve ainda como filho seu sobrinho Glenn Erik Haynes, filho de sua irmã precocemente falecida Margarete (Guida).

Sócia mais antiga do Rio Yacht Club (Niterói), Ingrid teve uma vida itinerante como esposa de militar. Viveu no Rio, São Paulo, Osasco, Belém, Brasília, Ingrid que tinha dupla nacionalidade Brasileira e Dinamarquesa, sempre teve suas raízes na cidade de Niterói/RJ, berço de sua família e aonde foi sepultada ontem.

Velejadora e grande incentivadora da carreira dos filhos na Vela, Ingrid era amante do Tênis, esporte que começou a praticar na fase adulta, mas que a levou a conquistar a Taça Itamaraty em Brasília nos anos 70. Ainda em Brasília, foi professora de inglês e posteriormente Diretora da Casa Thomas Jefferson. Ao retornar a Niterói, foi professora do Brasas e atuou no ramo empresarial de exportação e importação.

Torcedora ferrenha dos irmãos, filhos e netos na Vela, Ingrid foi madrinha de vários dos nossos barcos, e com destaque para o "Brasil 1" que dignificou a vela brasileira na última edição da Volvo Ocean Race; do veleiro clássico da classe 6 Metros Internacional "Marga" e do veleiro escola do Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael) "Fuzzarca" uma de suas últimas aparições públicas.

Para nós, fica o vazio e a saudade daquele sorriso contagiante, daquela disciplina escandinava, daquele amor pela vida, daquele carinho materno...
Ingrid foi duas vezes Rainha dos Jogos da Primavera, título que se orgulhava da conquista, outrora extremamente relevante. Uma das vezes, o título foi eternizado em capa do Jornal dos Sports ao receber o troféu das mãos do Presidente Getulio Vargas no Estádio das Laranjeiras (Fluminense Football Club). 

Parece que Dª Ingrid escolheu a abertura da primavera para sua despedida...

Lars, Renata, Trine, Nicholas & Sofia Grael. 
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Ingrid Schmidt, Miss Rio de Janeiro 1955

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Ingrid Schmidt na passarela do Hotel Quitandinha. ( O Cruzeiro, 09/07/1955)

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            A primavera de 2008 começou oficialmente às 12h46min da segunda-feira, 22 de setembro. Ingrid Schmidt, Miss Rio de Janeiro, vice-Miss Brasil 1955, partiu para outra dimensão um pouco antes, às 10h30min, deixando o perfume de quem soube cumprir bem sua missão no planeta Terra.

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5 comentários:

AXEL SCHMIDT GRAEL disse...

Agradecemos a homenagem à Ingrid Grael. Parabens pela pesquisa. Ótimas fotos.

Axel Grael

Anônimo disse...

Linda homenagem à uma das 3Vices-MB55!Para mim,assemelha-se mais à atriz Katherine Hepburn,em edição bem melhorada.De uma família íntegra e transparente.Abraços,Japão

ROBERTO GOUVÊA COSTA MARQUES disse...

A INGRID SEMPRE FOI UM DOCE DE PESSOA, SIMPÁTICA , EDUCADA E ÓTIMA COLEGA. FOMOS COLEGAS NO INTERNATO DO COLÉGIO ANGLO AMERICANO, JUNTAMENTE COM OS IRMÃOS AXEL E ERIC QUE COMO ELA ERAM TAMBÉM MUITO EDUCADOS. É SEMPRE MUITO TRISTE QUANDO UM AMIGO VAI EMBORA MAS "C'EST LA VIE". ROBERTO GOUVÊA COSTA MARQUES.

Iara Maria Rezende disse...

Ingrid, minha amiga pessoal. era uma pessoa que se sobre punha ao seu tempo.
Além de rara beleza, tinha uma alegria contagiante e sempre uma história divertida para contar. Sua presença era como luz, sempre radiante.
Soube tardiamente de seu paradeiro, já que nossa convivência deu-se enquanto seu marido, Cel.Dixon, comandava o Regimento de Artilharia de Uruguaiana e meu Pai era oficial do Estado Maior. Gostávamos de andar de bicicleta, ter aulas de tênis, e as vezes ir a Paso de Los Libres.
Quando perdemos contato, a Internet nem existia como instrumento de comunicação, mas acompanhava a trajetória de seus filhos no esporte. De longe, sofri com a notícia do acidente de seu filho e nunca perdi o interesse de acompanhar esta mulher que, sem nenhuma dúvida, foi impar em sua existência, deixando uma marca, que era impossível esquecer.
Seu filho, ao qual agradeço imenso, avisou-me de sua partida.
Hoje, lamento, lamento muito, que a distância tenha interrompido nosso convívio,mas a amizade esta não se perdeu, e onde estiveres, certamente, estarás em boa companhia, um espírito de luz e beleza que tivemos entre nós.
Adeus, querida amiga.
Iara Maria Rezende.

Silveira/Pel disse...

Não custa especular, passadas já tantas décadas da eleição de Emília como Miss Brasil 1955. E nunca esqueço de sua foto como Miss Ceará, em cima de um pequeno pilar, na revista O Cruzeiro que antecedia a eleição da Miss Brasil/55. Ela estava simplesmente deslumbrante e eu pensei, deve ser esta a futura Miss Brasil. Mas, aí, surge em pleno Miss Brasil a figura igualmente arrebatadora de Ingrid Schmidth para complicar. E eu só fico com pena que ainda não enviássemos representante para competir no Miss Mundo. Eu digo isso porque acho que Emília, com seu belo rosto de traços clássicos e seu corpo longilíneo, tinha tudo para vencer esse certame, mais linda que era do que a vencedora que competira com ela no Miss Universo. E Ingrid, com seu corpo mais exuberante, perfeito, e com seu rosto daquelas belas garotas de comerciais norte americanos, acho que também tinha tudo, no mínimo, para arrebatar um top 5 daquele Miss Universo. Mas eu nunca vou poder mudar o que já está escrito há tanto tempo. Nem por isso vou deixar de pensar que, naquele distante anos de 1955, o Brasil poderia ter arrebatado o seu primeiro Miss Mundo e, também, o seu primeiro Miss Universo.