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domingo, 20 de abril de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Elenice Barreto e Indalécio Wanderley, a história de amor da Miss Clube Militar 1955 e do fotógrafo da revista O Cruzeiro


Daslan Melo Lima


      O cearense Indalécio Wanderley, nascido em 02/06/1928 e falecido em 18/02/2001, foi um dos maiores repórteres fotográficos do Brasil. Fez coberturas de memoráveis acontecimentos nacionais e internacionais para a revista O CRUZEIRO. Adorava o que fazia e levava uma vida muito agitada, por conta da sua profissão. Certo dia, o jornalista José Alberto Gueiros perguntou a Indalécio: “Quando vais posar? Quando serás o fotografado e não o fotógrafo? Quando vai a tua mão servir para aliança e não apenas para disparar a objetiva?“ Apressado, Indalécio respondeu que nunca se casaria, pois não tinha tempo.
     Em todas as matérias sobre os concursos de Misses da revista O Cruzeiro, dos anos 50 e 60, o nome de Indalécio Wanderley consta nos créditos. Foi o brasileiro que mais fotografou concursos de misses. Em 1955, com a sua máquina fotográfica “Leica”, lente 1:5, Indalécio Wanderley foi ao Quitandinha, fotografar umas garotas que iam disputar o título de Miss Clube Militar. Assim escreveu José Alberto Gueiros, em O Cruzeiro, de 05/05/1956:


Palco cheio de garotas bonitas. Muita luz de refletores, muitos sorrisos fotogênicos, e um especial autêntico, dengoso, cheio de mistério. O sorriso que atraiu não apenas o olho profissional de Indalécio – que é a lente 1:5 da sua “Leica” – mas também a alma do cearense romântico ainda sem Iracema, de lenda ou de verdade. Elenice Barreto era a dona do sorriso. Pois fiquem certos de que o nosso caro Wanderley capitulou nos primeiros dez minutos. Ela foi eleita Miss Clube Militar, saiu nos jornais, nas revistas e não saiu do coração do repórter. Pouco tempo depois o dinâmico cearense, com a máquina a tiracolo, pedia a moça em casamento. A Miss amava o repórter. O repórter amava a Miss. Era uma reportagem que se transformava em história de amor.

         Indalécio Wanderley e Elenice Barreto casaram na Igreja de São Paulo Apóstolo, no Rio de Janeiro, no dia 28/01/1956, em cerimônia religiosa com efeito civil oficializada pelo Bispo D. José Vicente Távora (1910-1970). O então poderoso jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968) fez questão de comparecer ao casamento. 
       A  O Cruzeiro, em sua edição de 05/05/1956, colocou a foto da noiva na capa, deixando de lado, nada mais, nada menos, a atriz Grace Kelly (1929-1982). Explicando melhor: Grace Kelly tinha se casado com o Príncipe Rainier (1923-2005). A revista publicou catorze páginas sobre o assunto, mas não deu a capa aos soberanos de Mônaco, celebridades internacionais. O casamento de Elenice Barreto e Indalécio Wanderley rendeu apenas três páginas, mas quem estava na capa, feliz e sorridente, era Elenice Barreto, Miss Clube Militar 1955, a loura carioca que conquistou o cearense Indalécio Wanderley, um ícone da história da fotografia brasileira.

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6 comentários:

Raimundinho Junior disse...

Obrigado Daslan pela bela homenagem a este fotógrafo excepcional que foi Indalécio Wanderley. No livro "Cobras Criadas" de Luiz Maklouf ele é citado diversas vezes, foi realmente um importantíssimo repórter e fotógrafo. Soube que ia sair um livro com diversas fotos dele, mas infelizmente nunca vi esse livro. Indalécio merece por parte de todos nós, muitas e muitas homenagens.
Abraços,
Raimundo Junior

Unknown disse...

Olá,
Meu nome é Ivna e sou sobrinha por parte de mãe de Indalécio Wanderley. Fiquei feliz e emocionada ao ler o texto sobre meu tio. Fui dama de honra do casamento dele e ele sempre foi uma referência em minha vida.
Infelizmente, o Brasil tem memória curta e, por isso, ainda não se fez um livro sobre meu tio.
Talentoso, inteligente, bem-humorado, criativo, Indalécio foi um ícone da fotografia brasileira e não havia uma só mulher que não ficasse linda nas lentes de meu tio (mesmo aquelas que não eram tão lindas).
Obrigada por se lembrar de meu tio.
Um abraço.
PS. Eu tenho ainda hoje a revista O Cruzeiro em que Elenice saiu na capa.

Unknown disse...

Com certeza foi uma grande figura.

Agora, este nome ninguém merece.

Que o diga, bem, que o diga eu, que também me chamo Indalécio...

gleydsson disse...

Olá. Preciso do contato de algum familiar do repórter Indaélcio Wanderlei. Sou jornalista e estou fazendo um livro com fatos da década de 1960 e gostaria de menciona-lo.
Informações para o e-mail
gcnreporter@yahoo.com.br
Obrigado.

Maíra Fernandes de Melo disse...

Boa tarde.
Também gostaria do contato de herdeiros ou representantes legais dos direitos de autor do Indalécio. Tentei encontrar a Ivna, mas o provedor redireciona pra uma página inexistente. Trabalho na produção de um programa sobre MPPB e gostaria de usar algumas fotografias de autoria de Indalécio. Alguém teria como me ajudar nessa busca? Obrigada, Maíra - maira.fernandes@conspira.com.br

Aurélio Resende disse...

Olá pessoal, boa tarde

Sou um daqueles que apreciam a boa fotografia e lembro com muita saudade, dos tempos em que meu pai era assinante da revista O CRUZEIRO, que sem pre trazia fotos de autoria desse grande fotógrafo cearense. Estou aguardando o lançamento de alguma obra, fotográfica ou biográfica, sobre este grande profissional. Se sair qualquer obra, por favor me avisem. Aqui vai meu email : aurélio.resende@bol.com.br.
Muito grato.
Aurélio Resende