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sábado, 28 de junho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Dione Oliveira, o perfil de consumidor da Miss Mundo Brasil 1959

Daslan Melo Lima

          Naquele distante junho de 1959, ao ser anunciado o nome da carioca Vera Ribeiro, Miss Distrito Federal, como primeira colocada no concurso Miss Brasil, um coro de milhares de vozes descontentes ecoou pelo Maracanãzinho. Para a maioria do público, o título deveria ter ficado com a  pernambucana Dione Oliveira, natural de São Bento do Una, que tinha representado o Clube Intermunicipal de Caruaru, cidade onde morava, no Miss Pernambuco. 
           Dione Oliveira, Miss Pernambuco, classificada em segundo lugar no Miss Brasil 1959, representou o Brasil no concurso Miss Mundo, em Londres. Foi a segunda Miss Mundo Brasil. A primeira foi a também pernambucana Sônia Maria Campos, no ano anterior. Ao retornar de Londres, fixou residência em São Paulo, onde foi modelo fotográfico e fez comercial para a televisão do sabonete Lever, aquele que no exterior era conhecido como Lux, preferido por 9 entre 10 estrelas do cinema. Casou e teve três filhos : Adriano, Marcelo e Gabriela. Dione Oliveira mora hoje em Leverkusen, Alemanha, ao lado do seu segundo esposo, o empresário alemão Wolfgang Brach.
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          Em setembro de 1994, em visita ao Recife, Dione foi entrevistada pelo jornalista Fernando Machado para a secção Perfil do Consumidor, do Jornal do Commercio-Recife. A matéria foi publicada na edição de 19/09/1994, trazendo uma foto sua feita por Fernando Gallotta, mostrando uma Dione de cabelos claros, mais linda do que nunca. Vamos conferir.

Uma Miss Brasil – Adalgisa Colombo
Uma Miss Universo – Ieda Maria Vargas e Luz Marina Zuluaga
Uma Miss Mundo – Não me lembro
Uma Miss Pernambuco – Nelbe Souza
Uma mulher bonita – Linda Evans
Um homem bonito – Christophe Lambert
Perfume – Magic Claire e Neystére de Rochas
Xampu – Lancôme
Creme dental – Signal
Desodorante – Lancôme
Comida preferida – Filé à Roquefort
Comida que detesta – Polvo
Restaurante que gosta de ir – Dom Curro, em São Paulo
Momento de saudade – De tudo que deixei no Brasil
Um momento emocionante – Quando meu primeiro filho ficou pela primeira vez em pé. Eu chorei.
A palavra mais bonita para uma Miss – Um elogio
E a mais feia – Ignorá-la
Personagem da história que gostaria de ter sido – Sissi, a Imperatriz da Áustria
Um artista plástico – Francisco Brennand
Quem gostaria que pintasse seu retrato – Renoir
Um homem elegante – Aquele que se veste com discrição
Uma mulher elegante – Caroline de Mônaco
Um mito na beleza – Elizabeth Taylor
Uma personalidade da moda – Dior
Um monstro sagrado dos esportes – Ayrton Senna
A quem daria o Prêmio Nobel – Gandhi
Uma cidade inesquecível – Atenas
Cidade que gostaria de voltar - Atenas
Cidade que volta com alegria – Colônia e Dusseldorf, na Alemanha. São Paulo e Recife, no Brasil
Cidade que gostaria de conhecer – Veneza
O paraíso das compras – São Paulo
Com quem gostaria de esbarrar no aeroporto de Frankfurt – Robert Redford
Bebida – Caipirinha e vinho branco
O melhor programa da TV – É muito difícil, atualmente, mas adoro o Faustão
E o pior – Sílvio Santos
Um ator de TV – Paulo Autran
Uma atriz de TV – Betariz Segal
Um cantor – Frank Sinatra
Uma cantora – Marisa Monte
Um compositor – Vinícius de Moraes
Um compositor de frevo – Capiba
Quem gostaria que compusesse uma música para você – Vinícius
Emilinha Borba ou Marlene – Marlene
Escritor – Harold Robins
Poeta – Olegário Mariano
Quem gostaria que escrevesse sua biografia - Alguém que realmente conhecesse minha vida
Quem levaria para uma ilha deserta – Meu marido, Wolfgang
E quem deixaria por lá para sempre – As pessoas que não sabem o que é realmente viver
Um dentista – Enéas Cirello
Um médico – Frederico Thiessen
Hino Musical – Fascinação e Folhas Mortas
Um político – Juscelino Kubitschek de Oliveira
Um cabeleireiro – Iranã, em São Paulo
Um figurinista – Marcílio Campos, meu grande amigo e anjo da guarda
Um filme inesquecível – Dr. Jivago e Retratos da Vida
Ator de cinema – Robert De Niro
Atriz de cinema – Merryl Streep
Marylin Monroe ou Greta Garbo – Marylin Monroe
Clark Gable ou Errol Flynn – Clark Gable, sem pensar
Richard Gere ou Tom Cruise – Gere
Julia Roberts ou Demi Moore – Julia Roberts
Animal doméstico – Gato
Revista que gosta de ler – Caras
Pensamento – Não haverá paz ao seu redor se não houver paz em seu espírito.


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          Vou contar uma verdade : Pernambuco, o Leão do Norte, continua tendo Dione Oliveira como uma das misses mais importantes da sua história. 
       Nunça esqueça disso, minha cara Dione Oliveira Brach, como consolo para as imensas saudades que você sente da sua terra amada.

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sábado, 21 de junho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Ana Cristina e Maria Elizabeth Ridzi, as misses gêmeas de 1966

 Daslan Melo Lima



          Junho de 1966, Rio de Janeiro. Não se falava em outra coisa senão em duas irmãs louras lindíssimas, gêmeas idênticas, candidatas ao título de Miss Guanabara. Suas fotos estampavam as capas das mais famosas revistas brasileiras e o fato inédito era assunto de norte a sul do Brasil. Estou falando de dois ícones dos anos 60, as misses gêmeas Ana Cristina Ridzi e Maria Elizabeth Ridzi.

ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, 
AS FILHAS DE UM GUERREIRO TCHECO

     Michal Ridzi, o pai das gêmeas, tinha uma história de vida que daria um espetacular filme de aventuras. Ele nasceu na Tchecoslováquia, em 1904. Sua família perdeu tudo na guerra de 1914. Era engenheiro e construiu usinas na China, Tibet, Abissínia e Israel. Em 1936, participou da guerra civil espanhola, como observador militar junto ao governo da Espanha. Seu avião foi abatido duas vezes pelos marroquinos de Franco. O avião caiu sobre um rio e depois sobre um monte de feno. Escapou ileso e voltou para a Tchecoslováquia, mas teve de abandonar seu país por causa da invasão. Chegou a Paris sem dinheiro algum e foi em seguida para a Guiana Francesa, onde acabou conseguindo visto para o Brasil. Passou dois meses em Belém do Pará e terminou indo para o Rio. Comprou um sítio; construiu um cinema, o Cine Gláucia, em Nova Iguaçu; organizou uma firma de construção e juntou dinheiro fazendo pequenas casas em cidades fluminenses, como Teresópolis e Paulo de Frontim. Em 1945, perdeu tudo, em decorrência das restrições de crédito impostas pelo governo, tendo de recomeçar vendendo hortaliças nas ruas de Teresópolis. Anita Bercet, a mãe das gêmeas, descendente de italianos, conheceu Michal num consultório de um dentista, na Cinelândia, Rio de Janeiro.

ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, BOLÃOZINHO E MILICA

     Casa de Saúde Frau Heim, Rio Comprido, noite de 30/04/1947. Ana nasceu às 23h49min, pesando 3quilos e 100 gramas. Maria Elizabeth nasceu 10 minutos depois, faltando um minuto para a meia-noite, pesando 2 quilos e 800 gramas. Com um ano de idade, Elizabeth usava um lacinho rosa no pescoço, enquanto o de Ana Cristina era azul. Somente dessa maneira os parentes as distinguiam. Elas nasceram em Rio Comprido, cresceram no sítio Vila Gláucia, em Nova Iguaçu, estudaram em São João do Meriti e se tratavam por dois carinhosos apelidos: Ana era Bolãozinho e Maria Elizabeth era Milica.

ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS


Elas são belas e muito iguais, uma a segunda via da outra, o carbono, a repetição dos detalhes que compõem a beleza que vai ser julgada. Apenas diferem na maneira de ser em relação à vida.
Perguntamos às duas: Cristina, se Deus lhe aparecesse, o que você pediria, se fosse o caso de pedir?
- Que Ele tornasse atingível o meu amor inatingível. O homem que amo sem solução. O proprietário da minha ambição, do meu sonho.
E você, Elizabeth?
- Ora, se Deus me aparecesse, eu pediria que ele derramasse a paz no Mundo. Eu seria feliz com a felicidade dos outros, porque eu sou mais os outros do que eu mesma.
Assim são as gêmeas desiguais de idéias.
(Ubiratan de Lemos, revista O CRUZEIRO, de 23/06/1966)
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Entre elas existe apenas uma pequena diferença descoberta por F&F: uma pinta cinzenta sob o lábio inferior, lado direito, de Elizabeth, que ninguém nota.
Quando estudavam juntas, na Escola Pública de Vilar dos Teles ou no Ginásio Santa Maria de São João do Meriti, as professoras e as freiras frequentemente trocavam as notas de comportamento das duas, que eram diferentes. Ana Cristina sempre foi mais extrovertida, mais explosiva, e Maria Elizaeth mais meiga e mais quieta.
No Banco de Crédito Mercantil, onde ambas trabalham, certo cliente ameaçou fechar a conta porque não foi cumprimentado na rua por uma delas, exatamente a que não o conhecia.
(André Kallás escreveu em FATOS & FOTOS, de 09/07/1966):


ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, 
UMA RIA E OUTRA SORRIA

     Antes do concurso Miss Guanabara, Maria Elizabeth foi eleita Miss Suéter, no concurso promovido pelo Social Clube de Meriti, em São João do Meriti. Foi ela quem primeiro recebeu o convite para se candidatar a Miss GB. Recusou. Só aceitou depois que Ana decidiu concorrer. Na época, ambas trabalhavam no Banco de Crédito Mercantil e eram concluintes do curso de contabilidade da Faculdade Cândido Mendes. Na passarela do Miss GB, Maria Elizabeth representou o Banco onde trabalhava e Ana representou o Marã Tênis Clube.

     Milhares de pessoas no Maracanãzinho. Eleição da Miss GB 1966. Pela ordem de classificação, as oito finalistas foram: Ana Cristina Ridzi (Marã Tênis Clube), Maria Elizabeth Ridzi (Banco de Crédito Mercantil), Elizabete Santos (Clube Renascença), Sandra de Araújo Duarte (Fluminense), Marina Alice Vidal (Flamengo), Vera Lúcia Diniz Cabral (Er. Mir.), Maria da Conceição e Silva (Grêmio Recreativo Cacique de Ramos) e Eliane Pio Pedro (São Cristóvão). Eram duas louras, Ana e Maria Elisabeth Ridzi. Duas mulatas, Elizabete Santos e Maria da Conceição Silva, que ficaria famosa como modelo com o nome de Marina Montini. Quatro morenas, Sandra, Marina, Vera e Eliane.

     Muitos já comentaram que alguém do júri teve a idéia de jogar uma moeda para o alto para ver se dava cara ou coroa, a fim de decidir qual das gêmeas ficaria com o primeiro lugar. Pelo que as revistas da época informam, a comissão julgadora optou por Ana Cristina pelo entusiasmo que ela passava.

Entre estas gêmeas cariocas só havia uma diferença de temperamento. Uma era mais efusiva que a outra. Quando Ana Cristina ria, Maria Elizabeth apenas sorria. Quanto ao resto, eram iguais, inseparáveis. Mas, agora, o concurso para a escolha de Miss Guanabara distinguiu Ana Cristina com sua faixa gloriosa para a disputa do titulo de Miss Brasil: Maria Elizabeth colocou-se em segundo lugar, porque era impossível eleger duas Misses GB para um só ano. No entanto, Milica não ficou triste: ela vê, em sua irmã, um reflexo de sua própria beleza. (Justino Martins, revista MANCHETE, de 25/06/1966)

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Eis o que Maria Elizabeth disse para Ana Cristina: - Eu não tinha a mínima vontade de ganhar. O que eu queria era fazer você ganhar. Eu não sentia ânimo na passarela. Confesso que sabia não estar andando com garbo, com charme. Aí o júri deve ter pensado: “Aquela ali não está mesmo com vontade de ganhar.” Eu fui andando e o júri deve ter visto que eu não estava com vontade de vencer, e sim de fazer você vencer.

     Ana Cristina obteve 97 pontos do júri, enquanto Maria Elizabeth ganhou 73 pontos, uma diferença de 24 pontos a favor de Ana. A mulata do Renascença Clube, Elizabete Santos, terceira colocada, conseguiu 57 pontos. O pai das gêmeas torceu pela vitória de Ana Cristina, “não por gostar mais de uma filha do que de outra, mas porque ela defendia o Marã, clube de gente humilde.” (MANCHETE, 25/06/1966).Dias após ter sido eleita, Ana embarcou pra Salvador-BA, onde várias misses estaduais desfilaram no estádio Antônio Albino, na noite da eleição de Miss Bahia. Foi a primeira viagem de avião de Ana.


ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, 
CANSAÇO E COMPROMISSO

     Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 25/06/1966. Eram 26 jovens e um sonho: suceder a loura carioca Maria Raquel Helena de Andrade no trono de Miss Brasil. As finalistas foram: Ana Cristina Ridzi, Miss Guanabara, primeiro lugar; Marluce Manvailler Rocha, Miss Mato Grosso, segundo lugar; France Carneiro Nogueira, Miss Ceará, terceiro lugar; e Virgínia Barbosa de Souza, Miss Minas Gerais, quarto lugar e Miss Simpatia. Semifinalistas: Clara Eunice da Cunha Grohmann, Miss Rio Grande do Sul; Ana Maria Façanha Gaspar, Miss Rondônia; Gláucia Marcy Zimermann, Miss Santa Catarina; e Tânia Maria Zattar, Miss São Paulo.

No final do concurso, ao sair do Maracanãzinho, Maria Elizabeth foi obrigada a dar centenas de autógrafos antes que os colecionadores entendessem que Ana Cristina ainda estava nos camarins. Na segunda-feira seguinte, Miss Brasil estava exausta, mas tinha o compromisso de comparecer a uma solenidade em sua homenagem. Maria Elizabeth, com um sorriso, mandou-a descansar e foi. Os promotores da festa não sabiam, até hoje, que foi ela quem recebeu as homenagens pela irmã. Ficam sabendo agora. (André Kallás , FATOS & FOTOS, 09/07/1966.

     Desabafo de Ana com Maria Elizabeth: - Eu não tenho esperança de ser Miss Universo. Eu acho que a Miss Universo tem quer ser uma beleza diferente. Eu não represento bem o Brasil, eu pareço mais uma estrangeira. Tanto que eu pareço mais Miss Estados Unidos do que a própria Miss Estados Unidos. Eu não sou um tipo brasileiro, apesar de ter muita vontade de ser. E saiba, Milica, que às vezes fico com raiva quando escuto certas pessoas dizerem : Ah, eu gostaria de ter nascido em tal país. Eu não, Milica, eu estou satisfeitíssima de ter nascido no Brasil. Resposta de Maria Elizabeth: - Mas o Brasil é assim mesmo, Bolãozinho. É um punhado de raças que estão se misturando. Só daqui a uns 500 anos é que tudo deverá estar bem misturado.

ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, FAVORITISMO E MODÉSTIA

     Ao chegar aos Estados Unidos, Ana foi apontada como favorita. Antes de ir pra Miami, cumpriu com outras misses uma pequena agenda em Nova Iorque e sua hostess foi Hiett Cavalcanti, Miss Ceará 1939, milionária brasileira que vivia há 20 anos nos Estados Unidos.

Jamais uma Miss Brasil alcançou tanta popularidade - antes do início do concurso de Miss Universo – quanto a loura Ana Cristina. Dias atrás, em Nova Iorque, ao ser apresentada às concorrentes de trinta e dois países, nossa Miss ouviu a mesma pergunta, feita quase a uma só vez : “E sua irmã, não veio? Será possível que ela seja tão bonita quanto você?"
O que mais impressiona em Ana Cristina, no confronto com as demais misses, é a sua espontaneidade. Enquanto algumas candidatas não conseguem disfarçar o nervosismo e outras se esforçam em afetação, Miss Brasil conserva um sorriso franco e alegre. Todas as misses apontam Ana Cristina como provável vencedora em Miami.

O itinerário de Miss Brasil, em Nova Iorque, começou com um susto e uma corrida. Horas depois de sua chegada, Ana Cristina subiu para os aposentos que ocupa no Hotel Summit, juntamente com Miss Estados Unidos. Mal as duas começaram a desfazer as malas, viram-se envolvidas por espessa fumaça. Estridentes sirenes soaram e o quarto das duas moças foi invadido por bombeiros de mangueiras em punho. Ao barulho dos bombeiros, somou-se o de policiais armados. No aposento contíguo, gangsteres de verdade haviam ateado fogo a imensas malas que continham dólares falsos. Muitos gritos e correrias, inclusive das duas misses! “De repente!”, recorda Ana Cristina, “ tive a sensação de estar vivendo uma cena de filme de Jerry Lewis e caí na gargalhada; e também parei de correr, porque o incêndio era só nas cortinas e não apresentava perigo algum.” Ao fim do episódio tragicômico, Miss Brasil, por sua bravura, recebeu os cumprimentos de alguns policiais que haviam acorrido ao local e um deles, negro, perguntou-lhe : “ Há muitas coloreds bonitas no seu país?” E Ana respondeu: “ No Brasil, todas as raças têm seus expoentes de beleza.
( Gervásio Batista, MANCHETE,16/07/1966)
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Do diário de Ana Cristina: Nova Iorque é uma maravilha! (...) Olho para as pessoas nas ruas e tenho a impressão de estar vendo uma gente bem alimentada e esbanjando saúde. Os americanos são sorridentes e agradáveis. E também não são indiferentes, conforme se diz. Quando circulei com minha faixa de Miss em Rockefeller Center juntou gente em volta de Gervásio, que me fotografava. Daqui a pouco iremos para Washington e visitaremos a Casa Branca. Será que o Presidente Lyndon Johnson nos receberá? Seria ótimo, não acham? (...) Os jornalistas pensam que eu é que sou a Miss Alemanha, por ser loura, então ela agora brinca de ser Miss Brasil. Também Miss Suécia é linda, e está entre as favoritas aqui. Miss Suécia também tem um temperamento que combina com o meu. Sempre que a ela me dirigo quebro o galho chamando-a de YOU. E YOU é realmente um amor.

     Miami Beach, Flórida, Estados Unidos, 16/07/1966. Pela primeira vez, a escolha das semifinalistas e finalistas do Miss Universo ocorreu na mesma noite da coroação . A CBS transmitiu o evento pela televisão, em cores, alcançando 80 milhões de telespectadores. Observação de Gervásio Batista, da MANCHETE: Os repórteres americanos ficaram cativos pela modéstia de Maria Elizabeth, a gêmea número 2, que em momento algum procurou ofuscar o brilho de Ana Cristina. Sucesso à parte de Miss Brasil ao desfilar, como manequim, no Fontainebleau. As elegantes de Miami disseram que ela faria fortuna como modelo.

     Apesar do seu empenho e favoritismo, Ana Cristina ficou de fora do grupo das 15 semifinalistas do Miss Universo. Pela segunda vez em 12 anos, o Brasil foi desclassificado no famoso concurso. A primeira vez ocorreu em 1961,com a mineira Stael Rocha Abelha. Mas Ana não guardou mágoa , adorou a experiência e fez amizade com a vencedora, Margareta Arvidsson, Miss Suécia.

     Vale a pena recordar que, embora não tenham tido um assédio da mídia internacional igual ao de Ana Cristina Ridzi, coube às demais finalistas do Miss Brasil 1966 “vingar” a sua desclassificação. Marluce Manvailler Rocha foi a quarta colocada em Londres, no concurso Miss Mundo, do qual saiu vitoriosa Reita Faria, Miss Índia. O Miss Beleza Internacional 1966 não foi realizado. Caberia a Francy Carneiro Nogueira, Miss Ceará, terceira colocada no Miss Brasil, representar o país naquele certame. Como Francy renunciou ao título para casar, coube a Virginia Barbosa de Souza, Miss Minas Gerais, quarta colocada, o direito de concorrer ao Miss Beleza Internacional 1967, realizado em 29/04/1967, bem antes da eleição da Miss Brasil 1967. Virgínia ficou entre as semifinalistas e a vencedora foi a argentina Mirta Teresita Massa.

ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, 
A MISS E A MODELO

     Ao voltar para o Brasil, Ana assumiu publicamente seu namoro com Sérgio Kattar, descendente de libaneses, produtor da TV Tupi e executor geral do Miss Brasil. O namoro tinha começado no Estádio Antônio Balbino, em Salvador. Ana casou com Sérgio na Igreja da Candelária, segundo o ritual maronita, no dia 04/07/1967, três dias após ter passado a faixa para sua sucessora, a paulista Carmen Sílvia de Barros Ramasco. Duas mil pessoas viram Ana chegar ao altar vestida num modelo de Nazaré, avaliado em 15 milhões de cruzeiros velhos ou 15 mil cruzeiros novos, em tule e zibelina, com uma cauda de 15 metros, segundo O CRUZEIRO. 35 metros, segundo FATOS & FOTOS. Ao dar à luz a primeira filha, Ana deu-lhe o nome de Margareta, em homenagem a Margareta Arvidsson.

     Maria Elizabeth fez um curso de modelo na Socila e aceitou o convite de uma empresa de propaganda e publicidade para ser o símbolo da garota jovem guarda, a cara da nova geração iê-iê-íê. Ganhou as capas de revistas e posou para outdors com o cabelo bem curto, à la Twiggy ,passando a imagem da garota brasileira moderna, esportiva e dinâmica nos comerciais da SHELL, faturando 1.200 cruzeiros novos por mês, um bom dinheiro para a época.

ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH, 
MEU RECADO PARA AS GÊMEAS

     Maria Elizabeth, eu tenho a coleção completa dos romances de A. J.Cronin, um dos meus autores prediletos. Devo a você a honra de ter descoberto a obra de Cronin, quando li em uma revista que “Noites de Vigília” era o seu livro preferido.

     Ana Cristina, falar de você e da sua irmã é reencontrar o menino e o adolescente sonhador que eu fui nos anos 60. Dentro do homem que sou ainda há um garoto que sonha ir ao Rio de Janeiro e se hospedar no Hotel Serrador, apartamento 1.301, o mesmo onde você e sua mãe se hospedaram durante o Miss Brasil 1966. E lá, no terraço do Hotel Serrador, fechar os olhos e imaginar que você e Maria Elizabeth poderão chegar a qualquer momento para me dar dois autógrafos e dois beijos. Dois beijos iguais, maravilhosamente iguais.

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Relação de todas as crônicas publicadas em PASSARELA CULTURAL focalizando as gêmas Ana e Elizabeth Ridzi:
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21/06/2008, SESSÃO NOSTALGIA - ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH RIDZI, AS MISSES GÊMEAS DE 1966,   
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25/12/2009, SESSÃO NOSTALGIA - MARIA ELIZABETH RIDZI, VICE-MISS GUANABARA 1966, E OS ROMANCES DE A.J.CRONIN , http://passarelacultural.blogspot.com.br/2009/12/sessao-nostalgia_25.html

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27/08/2011, SESSÃO NOSTALGIA – ANA CRISTINA E MARIA ELIZABETH RIDZI, ONDE O VENTO ENCONTRAVA AS ROSAS, http://passarelacultural.blogspot.com.br/2011/08/sessao-nostalgia_27.html
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12/05/2012, SESSÃO NOSTALGIA - MISSES E MÃES NA TARDE QUE MORRE , http://passarelacultural.blogspot.com.br/2012/05/sessao-nostalgia_12.html

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sábado, 14 de junho de 2008

SESSÃO NOSTALGIA – SANDRA GUIMARÃES DE OLIVEIRA, MISS BRASIL 1974, A ANTIMISS.

Daslan Melo Lima

Sandra Guimarães, Miss São Paulo, Miss Brasil 1974


          Na noite do concurso Miss Brasil 2004, quando da homenagem às Miss Brasil , uma linda senhora com jeito de garota travessa, sorridente, de cabelos curtos presos no estilo “rabo de cavalo”, era uma das que mais se destacava pelo ar jovial. Seu nome : Sandra Guimarães de Oliveira, Miss Brasil 1974.

          Sandra Guimarães, quando eleita Miss São Paulo e Miss Brasil, morava em Ribeirão Preto. A filha do dentista Wilson Oliveira, na época gerente da Caixa Econômica Federal daquela cidade , e de D. Glícia,  nasceu em 24/07/1955, tinha dois irmãos, Dario e Silvana, cursava o 1º ano de Psicologia na PUC, na capital, e namorava João Bosco, médico cardiologista da Beneficência Portuguesa. Loura de olhos verdes, Sandra Guimarães tinha 1,72 de altura,59 Kg, 88 cm de busto, 62 de cintura e 88 de quadris e formou o Top 3 de 1974 ao lado de Janeta Eleomara Hoeveler (Miss Rio Grande do Sul, segunda colocada,) e de Marisa Sommer (Miss Brasília, terceira colocada, a favorita do público, semifinalista no Miss Mundo). O Miss Brasil 1974 foi realizado no Ginásio Presidente Médici, em Brasília, perante um público estimado em 25 mil pessoas, e são de Fatos & Fotos as imagens acima.

          O cirurgião plástico Marcos Szpilman, impressionado com a beleza de Sandra Guimarães, declarou à revista Fatos & Fotos, de 17/06/1974:

Na minha opinião, a Miss Brasil deste ano apresenta uma bela combinação de cor de olhos com a dos cabelos.Ela me pareceu bastante graciosa ,feminina e com medidas que qualquer mulher gostaria de possuir. Além disso, as características principais da face,como nariz,boca, queixo etc.,são bem proporcionais e se encaixam perfeitamente uma com a outra.Mas,como perfeição só existe nas obras de arte,eu dou 9 para ela, porque a acho quase perfeita.

          Sandra Guimarães não figurou entre as 12 semifinalistas do Miss Universo , realizado em 19/07/1974, no Folk Arts Theater, em Manilha, Filipinas, cuja vencedora foi Amparo Munoz, Miss Espanha. Na sua volta ao Brasil, descontraída, sem maquiagem alguma e com o cabelo amarrado num rabo- de -cavalo, trajando uma camiseta onde se lia “Benice Tome. I’ve Ahard Day”, Seja Legal Comigo, Tive Um Dia Difícil, deu a declaração abaixo, publicada em FATOS & FOTOS, de 12/08/1974.

A viagem valeu pela curtição. Sou a antimiss. Voltei com saudade de tudo e todos. Adorei as Filipinas. Logo que cheguei lá, fui "adotada" por uma família de Manilha. Ganhei presentes, inaugurei um hospital e fui a muitas festas. Teve uma, no Baran Gay Day, que foi um “barato”: eu estava com calor e mil pessoas vieram me abanar. Parecia ate que eu estava num daqueles filmes de Bagdá.A candidata da Inglaterra era bonitinha. A da Holanda também, mas logo que vi a da Espanha, achei que ela seria a nova Miss Universo.

Perdi. Só isso. Não fui a primeira e não serei a última. Perdi, porque perdi e não liguei. Não tinha paciência de ficar sorrindo o tempo todo, depois de ter ensaiado 12 horas. Teve um jornal de lá que me colocou entre as 12 finalistas, mas os juízes não pensaram com o os repórteres. É claro que minha mãe, minha companheira de vigem, me achava a mais bonita de todas as candidatas, mas foi ela quem ganhou um titulo: o de Miss Mãe.

          Ao ser indagada quanto aos compromissos como Miss Brasil, ela falou em tom de brincadeira :

Vai ser um escândalo total. Não sou a Miss tradicional. Em Brasília, num dia muito frio, vesti um camisão e apareci para o pessoal. Não gosto de usar maquiagem e sempre fiz questão de ser o que sou.

          A Miss Brasil 1974 reside hoje em Rio das Pedras-SP e tem um ateliê de decoração em Piracicaba. No dia 03/07/2004, em longa entrevista a João Umberto Nassif, no programa "Piracicaba, Histórias e Memórias", na Rádio Educadora de Piracicaba, Sandra fez as seguintes declarações:

EU ME ACHAVA UMA PESSOA FEIA - Eu fui me dar conta de que eu era uma pessoa bonita quando fui eleita a Miss Brasil. Ninguém acredita. Mas eu fui uma pessoa que cresci com muitos complexos. Demorei muito tempo para superá-los. Mesmo depois de ter sido eleita Miss Brasil ainda conservava os meus complexos. Eu me achava uma pessoa feia. Eu tive que usar aparelhos nos dentes, o que não era comum na época e hoje é moda. Eu dormia com esparadrapo na boca, não podia dormir com a boca aberta porque o dentista falava que o dente saia mais para fora. Eu tinha as pernas tortas. Tive que ficar com as pernas engessadas durante meses. Isso quando eu tinha nove anos. Depois, após tirar o gesso, tinha que dormir com aparelhos nas pernas, coisa que nenhuma amiguinha minha usava para dormir. Eu usava botina! Era um inferno a minha vida! A minha mãe sempre querendo que eu ficasse assim, bonita, bonita, bonita! E eu achando que eu era a pessoa mais feia do universo. Tive que fazer tudo para arrumar!

FUI INCENTIVADA PELO MEU PAI - Eu prestei vestibular para psicologia na PUC-SP e fui aprovada. Comecei a fazer a faculdade. Nesse ínterim meu pai aparece em São Paulo falando que todo mundo em Ribeirão Preto estava atormentando a vida dele e da minha mãe por que todo mundo queria que eu fosse candidata ao concurso para Miss Ribeirão Preto. Por incrível que pareça fui incentivada pelo meu pai. Geralmente é a mãe da Miss que a incentiva. Nesse caso foi o papai.
Eu nunca consegui falar não para o meu pai. Eu acabei concordando, falei : - "Ta bom papai! Eu vou me candidatar ao Miss Ribeirão Preto, depois acabou! Porque eu quero estudar!" Fui a Ribeirão Preto, participei do concurso, mas sem pensar em ganhar o concurso, queria só alegrar o meu pai. E acabei sendo eleita Miss Ribeirão Preto. Foi aquela festa, aquela alegria, aquela coisa toda que todo mundo sabe como é que é , ai eu disse ao meu pai: - "Já fiz o que o senhor pediu, o que todo mundo tava te amolando, agora eu volto para São Paulo." Ele me disse: - "Não! Não! Agora você tem que participar do concurso Miss São Paulo. Você continua fazendo a faculdade, você vai estar em São Paulo mesmo." Concordei com ele.

FALARAM O DIABO DE MIM - O concurso Miss São Paulo foi em Campinas. Era organizado pelos Diários Associados e o responsável era Raul Roulien. Foi o maior forrobodó, o maior “ forfait” pro meu lado.Eu estava hospedada num hotel em Campinas junto com outras misses. Era apartamento individual, onde eu ficava com a mamãe.Bom, eu estava lá, linda e loira, hospedada no hotel e ia haver um jantar, mas só para nós misses. Ia ter um pouco de imprensa. Nesse dia eu estava no meu quarto e resolvi dar uma clareada no cabelo Entraram no quarto meu cabeleireiro, minha cabeleireira e eles foram clarear meu cabelo. Foi o maior forrobodó naquele quarto.Tive que lavar o cabelo na banheira porque o chuveiro não funcionava, foi um rolo. E as misses lá embaixo, já no salão, todas esperando já sentadas para o jantar, falando o diabo de mim, que eu estava querendo chegar atrasada para ser notada pela imprensa. Falaram o diabo, não me recordo exatamente o que falaram, mas foi algo que eu fiquei tão brava, tão brava, que eu desci para o restaurante de camisola transparente e o cabelo em sopa, para cima, com tinta escorrendo, para provar que eu não estava fazendo nada do que todas estavam comentando. Foi ai a minha primeira aparição. Ai fiquei conhecida mesmo. Elas me tornaram conhecida. Conhecidíssima, eu diria.
Fui eleita Miss São Paulo. A apresentação foi do Walter Forster. Ai falei: - "Agora chega! Chega! Parei! Não dá mais para mim! Eu quero seguir a minha vida!" Diziam que eu tinha que concorrer para ser Miss Brasil. Eu na realidade só queria deixar meu pai contente. Ai tranquei a matrícula na PUC e lá fui eu para Brasília. Foi outro forrobodó!

SEMPRE FIQUEI NA MINHA - Eu não aprontei nada. As misses é que aprontaram. Eu ficava na minha. Sempre fiquei na minha. Elas ficaram incomodadas comigo. Porque elas acordavam com cinco centímetros de pancake , cílios postiços, baton. Produzidas. Montadas. Eu acordava, colocava minha calça jeans, meu tênis, minha camisetinha branca, bem básica, e descia para tomar café da manhã, bater papo, usando o cabelo preso tipo rabo-de-cavalo. E elas começaram a falar de mim, diziam que alguma coisa eu estava querendo: ” não é possível que essa mulher não se arrume”. Elas começaram a falar muito mal de mim porque eu andava de qualquer jeito.Para elas, calça jeans, tênis e camiseta era andar de qualquer jeito, para mim não. Elas começaram a falar muito de mim e isso chegou nos ouvidos da imprensa. A imprensa toda queria saber quem era essa fulana diferente. Era eu. Então eu me tornei mais conhecida ainda. Porque elas falaram muito mal de mim. A imprensa gostou bastante de mim.


A VINGANÇA É UM PRATO QUE SE COME FRIO - Existem as aulas de etiqueta. Ensaios. As meninas ficavam possessas comigo porque nos ensaios elas iam maravilhosas, esplendorosas, punham até vestido longo para ensaiar. Eu punha uma calça bem grossa para ensaiar. Era um frio. Era mês de junho.Usava uma meiona bem grossa no pé. Eu desfilava descalça. Punha umas camisas bem grossas, que eram do meu pai. Assim eu ia ensaiar. Elas me achavam ridícula. Diziam: “Essa mulher veio do meio do mato!” Só que a mulher do meio do mato ganhou!

Ganhei um Fuscão branco no Miss São Paulo. No Miss Brasil, eu ganhei um Chevette branco, era o carro da moda.A vingança é um prato que se come frio. Sabe por que digo isso? Porque tinha um grupinho que só queria me prejudicar. Faziam tudo possível para ver se eu não ganhava. Isso é da época do maestro Herlon Chaves. Não fui ao programa de Flavio Cavalcanti. Tive o maior quebra pau com ele.Fui ao programa da Hebe Camargo, conheci Dina Sfatt uma mulher encantadora, nunca vou me esquecer dela.
Clodovil fez meus trajes todos. Tem um traje típico, que era a camisa 10 do Pelé. Ela tinha cinco camadas de lantejoulas amarelas, com todo bordado em verde. Esse traje foi luxuosíssimo, quando eu entrei tocou a música da seleção brasileira. O estádio veio abaixo. É como se fosse a camiseta da seleção brasileira, mas em formato de vestidinho, bem micro vestido. Uma meia três quartos com uma lingüinha, tipo cintinha, um sapato branco com fios dourados bárbaros.

MEUS CASAMENTOS - Meu primeiro casamento eu tinha 19 anos, permaneci um ano casada. Ele era médico. Ele não aceitava nem um pouco a minha condição de miss. Você já viu um homem aceitar bem a situação de uma mulher que é eleita Miss Brasil? Casei de novo quando estava com 24 anos. O meu segundo marido Fernando Walsberg, conheci no Rio de Janeiro, ele era um dos diretores da TV Globo, eu tinha acabado de entrar na Globo do Rio. Permanecemos sete anos casados. Tivemos nosso filho, Jonas Walsberg que acaba de se formar em Propaganda e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Dia 19 de junho ele fez 23 anos.

          Sobre sua participação no quadro do Miss Brasil 2004, onde várias Miss Brasil foram homenageadas, Sandra falou :

Nossa! Meu coração parecia que ia sair pela boca. Fiquei muito emocionada. Eles tocaram o Hino das Misses . “ Os estados brasileiros se apresentam nesta festa de alegria e esplendor...” A parte mais bonita de toda essa história de Miss foi o Hino.

          Ao rever a cena das Miss Brasil no concurso Miss Brasil 2004, quando Ellen de Lima canta a "Canção das Misses", de Lourival Faissal, fico me perguntado o que Sandra Guimarães de Oliveira estaria pensando naquele instante. Será que em algum momento de sua vida ela se arrependeu de não ter cumprido o seu reinado como Miss Brasil e de ter renunciado ao título para casar ? Valeu a pena ter sido Miss Brasil? Como eu gostaria que Sandra Guimarães, a antimiss, respondesse essas perguntas.

                                                                                *****

sábado, 7 de junho de 2008

NEM AS ÁGUAS TÊM PALAVRAS













Maceió, Alagoas, Paraíso das Águas, noite de 25 de maio de 2008. Na juventude dos seus 21 anos de idade, Johnny Wilter da Silva Pino, nascido em 22/12/1986, saiu de casa para uma festinha entre amigos. Alguns deles resolveram visitar um amigo na região do bairro de Tabuleiro. Johnny ia no carro de um amigo, mas achou que deveria fazer companhia ao Marcos Miranda, indo com o mesmo na moto.

Ao passar nas imediações do Hospital Universitário, Marcos saiu da rua principal para tomar o rumo da casa do amigo. Segundo Marcos, havia pouca luminosidade e não viu a viatura policial. Além disso, e com a moto com a descarga "cadron”, não ouviu ninguém mandar parar. Um tiro se ouviu na noite. Mais outro tiro. Johnny caiu. Marcos parou e viu Johnny tentando se levantar. Desnorteado, apavorado, saiu correndo. Mais na frente, encontrou uma barreira policial, parou e pediu socorro. De volta ao local, encontrou Johnny morto e sem capacete. Um tiro no braço. Outro na cabeça.

A versão do Capitão da PM é a de que mandou a moto parar e teve tiros como resposta. O Governador de Alagoas falou em entrevista que foi um acidente.
É muito complicado sair em busca de uma explicação para uma situação assim nos estudos sócios-culturais, nas teses psicológicas, nas religiões... e extrair consolo para os pais, familiares e amigos do Johnny. No YOUTUBE, http://br.youtube.com/watch?v=4IfjjPUl2UY , postaram um vídeo em homenagem à sua memória, onde os versos emocionantes da música PRA ONDE VAI ?, de Gabriel O Pensador, falam da perplexidade diante da morte trágica de um jovem.

Mais uma vida jogada fora.
Um coração que já não bate mais, descanse em paz.
Sonhos que vão embora antes da hora.
Sonhos que ficam pra trás.


Pra onde vai você?
Pra onde vai?
Pra onde vai o Sol?
Quando a noite cai?


E agora?
A dor é do tamanho de um prédio.
A casa sem ele vai ser um tédio.
Não tem remédio, não tem explicação, não tem volta.
Os amigos não aceitam, o irmão se revolta.


A família não acredita no que aconteceu.
Ninguém consegue entender porque o garoto morreu.
Tiraram da gente um jovem tão inocente.
(...)
O seu pai ficou mais velho, mais sério e mais triste
e a mãe simplesmente não resiste.
Além do filho, perdeu o seu amor pela vida.
(...)

Todo mundo, toda hora, tem vontade de chorar,
quando se lembra dos planos que o garoto fazia.
Ele dizia: "Eu quero ser alguém um dia.”
Sonhava com o futuro desde menino.
Ninguém podia imaginar o seu destino.
Mais uma vítima de um mundo violento.
Se Deus é justo, então quem fez o julgamento?


Pra onde vai você?
Pra onde vai?
Pra onde vai o Sol?
Quando a noite cai?


Por que um jovem que vivia sorridente
perde a sua vida assim tão de repente?
Logo um cara que adorava viver.
Realmente, é impossível entender.

Nenhuma resposta vai ser capaz
de trazer de novo a paz à família do rapaz.
Nunca mais suas vidas serão como antes.
E eles olham o seu retrato na estante.

Aquele brilho no olhar e o jeitão de criança
agora não passam de uma lembrança.
E a esperança de que ele esteja bem, seja onde for,
não diminui o vazio que ele deixou.
(...)
E as suas roupas no armário parecem esperar que ele volte de surpresa
pra ocupar o seu lugar vazio à mesa.
A tristeza às vezes é tão forte
que é mais fácil fingir que não houve morte.
(...)


Pra onde vai você?
Pra onde vai?
Pra onde vai o Sol?
Quando a noite cai?


O jornal TRIBUNA DE ALAGOAS,de 26 de maio, publicou a seguinte matéria :

A morte do estudante universitário Johnny Wilter da Silva Pino, de 21 anos, causou comoção na cidade de União dos Palmares, a 83 quilômetros de Maceió, cidade-natal do jovem e onde a maioria da sua família reside.

Os pais do rapaz, José Cícero e Maria Cicera da Silva Pino, ele comerciante e ela funcionária do INSS, ainda chocados com a tragédia, apresentaram outra versão para o crime: “Johnny estava na garupa de uma moto quando os policiais deram sinal para eles pararem, o condutor do veículo - certamente por medo, quis arrancar, no que meu filho caiu e um policial aproximou-se e o executou sumariamente, mesmo ele implorando por sua vida. Queremos Justiça, pois casos dessa natureza não podem ficar impunes. Iremos às últimas conseqüências, mas esse assassino será punido pela lei”, disse a mãe da vítima.

Uma tia de Johnny disse que quando foi atingido pelos policiais o jovem estava de posse de todos os seus documentos e do seu irmão, que apesar de ser bombeiro formou-se recentemente em jornalismo e fazia, nos dias de folga, estágio em uma rádio de União dos Palmares. “Como a polícia prova que ele atirou, se a arma que pretensamente era utilizada não apareceu? Como o parceiro que conduzia a moto poderia ter jogado a arma fora, se parou adiante? Somos uma família humilde e Johnny foi assassinado friamente. Que polícia é esta?", questionou.


Talvez com o tempo, nas águas de Alagoas, iremos encontrar palavras para consolar os pais, familiares e amigos do Johnny Wilter da Silva Pino. Talvez. Por enquanto, nem as águas têm palavras.

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SESSÃO NOSTALGIA – EMÍLIA CORRÊA LIMA, O PERFIL DE CONSUMIDOR DA MISS BRASIL 1955

Daslan Melo Lima


               Faz exatamente 15 anos que uma senhora cearense natural de Sobral, radicada no Rio de Janeiro, veio passar vários dias no Recife, acompanhada do esposo, o paraibano Wilson  Santa Cruz Caldas, com quem estava casada desde 15/09/1956. Era junho de 1993. Com classe e educação, aquela senhora de 59 anos de idade, completados no dia 10 de abril daquele ano,chamava a atenção pela simplicidade de sua elegância, beleza e serenidade. Seu nome: EMÍLIA CORRÊA LIMA DE SANTA CRUZ CALDAS, nascida EMÍLIA CORRÊA BARRETO LIMA, ou simplesmente EMÍLIA CORRÊA LIMA, nome com o qual ficou famosa como MISS BRASIL 1955. Naquele junho de 1993, o jornalista Fernando Machado entrevistou Emília para a prestigiadíssima coluna Perfil do Consumidor, publicada no Jornal do Commercio-Recife, de 07/06/1993.

Uma Miss BrasilIeda Maria Vargas, também Miss Universo.
Uma Miss Universo - Yolanda Pereira, a primeira Miss Universo brasileira.
Uma Miss CearáMaria de Fátima Araújo, que representou meu clube, o Maguari. É minha grande amiga.
Uma mulher bonita - Catherine Deneuve. É lindíssima e uma grande atriz.
Um homem bonito - Robert Redford. Além de bonito é também um grande ator e diretor e faz filmes politicamente corretos.
PerfumeBandit,de Piguet, e Visa, da mesma grife.
XampuElseve, da L’Oreal.
Sapato - Qualquer um que seja cômodo. Adoro tênis e também uma sandália bem fresquinha.
DesodoranteLeite de Rosas. Sempre usei. Não somente como desodorante, mas para retirar maquiagem, como remédio para picada de insetos ou, então, quando dou encontrão nos móveis, etc.
Creme dental - Kolynos, Phillips e Crest.
Comida preferidaCafé com leite, pão com manteiga e queijo Por isso minha refeição preferida é o café da manhã. Adoro feijoada e também tapioca com coco e queijo. Quando venho ao Recife, nunca deixo de ir à Olinda só para comer aquelas deliciosas tapiocas.
Comida que detestaToda comida gordurosa e apimentada
Restaurante que gosta de ir - No Recife, Ponto de Encontro. No Rio, o Nino’s e o Alvaro’s. Em Fortaleza, o Trapiche.
Momento de saudade - Não tenho nenhum específico e, ao mesmo tempo, tenho.
Momento emocionanteQuando nasceu meu primeiro filho e o olhei pela primeira vez.
Flor - Rosa amarela.
Fobia - Fobia mesmo, nenhuma, mas tenho horror, nojo, a gato novo e morcego.
A palavra mais bonita da língua portuguesaSão tantas que eu não sei escolher. Assim de pronto me lembro de: paz, alvorada, claridade, amigo, saudade, adolescência e alegria.
E a mais feiaFome, certamente é terrível ! E ódio.
Personagem da história que gostaria de ser - Admiro vários, mas não gostaria de ser ou ter sido nenhum deles. Gandhi, por exemplo, foi um dos meus ídolos.
Quem gostaria que pintasse o seu retrato - Goya, Michelangelo, Rubens ou Renoir.
FrutaAbacaxi, que costuma aparecer em dezembro, bem maduro e geladinho.Não existe fruta igual.
Um homem elegante - Yves Montand.
Mulher eleganteInês de la Fressenge, Grace Kelly e Audrey Hepburn.
Um mito - John Fitzgerald Kennedy.
Uma personalidadeWalt Disney. Foi um gênio. Seu nome estará sempre ligado à alegria, crianças e encantamento.
A quem daria o Prêmio Nobel da PazA quem resolver com justiça a questão judaico-palestina.
Uma cidade inesquecível - Camocim, uma cidadezinha no litoral do Ceará, onde na infância e juventude passava as férias.
Cidade que gostaria de conhecerMuitas e muitas ainda. Budapeste,Córdoba,Copenhague, Bali, outras mexicanas e peruanas. E olhe que já conheço muitas.
Cidade que gosta de voltar - Paris e Roma.
BebidaSuco de tangerina, ou Royal Salut ou Dimple, on the rocks.
Um programa de televisãoJô Onze e Meia e Cara a Cara, com Marília Gabriela.
Uma novela inesquecível - Gabriela, Cravo e Canela.
Ator de TV - Meu netinho de oito anos Eduardo Caldas, o Pingüim da novela Corpo e Alma.
Atriz de TV - Glória Pires, Marília Pêra e Natalia Thimberg.
Cantor - Emílio Santiago, Tim Maia e Frank Sinatra.
Cantora - Beth Carvalho, Gal Costa, Elizete Cardoso, Barbra Streisand, Ella Fitzgerald e Donna Summer.
Emilinha Borba ou MarleneEmilinha.
Livro de Cabeceira - Não tenho. Estou lendo atualmente Um Táxi Para Viena D’Áustria, de Antonio Torres.
Escritor João Ubaldo Ribeiro e Gabriel Garcia Marquez.
PoetaCecília Meireles, João Cabral de Mello Neto, Manuel Bandeira e Fernando Pessoa.
Quem levaria para uma ilha desertaMeu marido, meus filhos, meus genros e os cinco netos. Ia ser ótimo.
E quem deixaria por lá para sempre - Todos os políticos do mundo. Ia ser divertido vê-los fazendo promessas furadas, cada um querendo passar o outro para trás. Todos querendo falar e nenhum querendo ouvir.
Um médico - Meu pai. Antes de médico, ele foi um humanista.
Uma música que gosta de cantar - Gente Humilde e Sampa.
Hino Musical - Força Estranha.
Compositor - Caetano, Gil e Chico. Mas seria injusto não citar Capiba, Tom Jobim, Noel Rosa e Caymmi.
Uma peça de teatro - Um Sentimento Muito Delicado e todas as peças de Vianninha.
Ator de teatro - Antônio Fagundes.
Atriz de teatro - Fernanda Montenegro e Cleyde Yaconis.
Um político nacionalJayme Lerner.
Um político internacional - Anwar Saddat.
Quem gostaria que compusesse uma música para vocêCustódio Mesquita.
Um cabeleireiro0 meu, o italiano Mário del Ponti.
Um costureiro - Yves Saint Laurent.
Um artista plástico - Pancetti, Teruz e Elizeu Visconti.
Marilyn Monroe ou Greta Garbo - Marilyn Monroe.
Pelé ou Garrincha – Garrincha.
O que não pode falta na sua geladeira - Água.
Motivo de orgulhoTer construído duas creches em favelas cariocas: ”Andorinha”, na Restinga, e” Pequena Obra do Presépio”, no Cantagalo .
Motivo de decepçãoNão tocar violão e nem falar francês e inglês.
Gostaria de ser capa de qual revista - No tempo de Miss fui capa das principais: O Cruzeiro, Manchete e Revista da Semana.
Filme Inesquecível - Zorba, O Grego
Ator de cinema - Gian Maria Volonté e Jack Nicholson.
Atriz de cinema - Vanessa Redgrave, Jéssica Tandi e Whoopi Goldberg.
Pensamento - “Aprendi com a primavera a me deixar cortar e voltar sempre inteira”, de Cecília Meireles.

                Quando Fernando Machado perguntou se tinha valido a pena ter sido Miss Brasil, Emília Corrêa Lima respondeu: “Sim, pelos bons momentos e oportunidades, como viajar e conhecer pessoas interessantes. Fiz amizades que conservo até hoje. Conheci meu marido naquela época, casei, tive filhos e, em decorrência disto, hoje, tenho netos. Eu era jovem. Foram bons tempos e muita coisa boa aconteceu. “
               Resposta de uma mulher bem estruturada que conheceu a glória e o glamour dos anos dourados e não se deixou iludir pelos flashes, pelos holofotes, pela mídia e pelos aplausos. Por tudo isso, Emília Corrêa Lima, Miss Maguari, Miss Ceará, Miss Brasil, semifinalista do Miss Universo 1955, a filha de Dona Sara e do Dr.Hider, será sempre um dos maiores orgulhos cearenses.
....................
P.S. Emília cometeu um lapso na entrevista. Sua amiga Maria de Fátima Araújo, Miss Maguari 1956, não foi Miss Ceará. O título de Miss CE 1956 ficou com Maria de Jesus Holanda, Miss Clube dos Diários, 4º lugar no Miss Brasil. Emília foi a única Miss Maguari que ganhou o Miss Ceará.

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