Por Daslan Melo Lima
PRÓLOGO
Em setembro de 1965, a Superintendência do Quarto Centenário do Rio de Janeiro, com o apoio das revistas Manchete e Fatos & Fotos e da TV Excelsior, criou um concurso para eleger a Garota de Ipanema.
A Garota de Ipanema receberá, como prêmio, uma viagem aos Estados Unidos (com direito à acompanhante), estada paga e ajuda de custo no valor de um milhão de cruzeiros.
As candidatas devem ser brasileiras, maiores de 16 anos e com 21 anos incompletos até a data do encerramento das inscrições, solteiras, freqüentadoras da Praia de Ipanema. E mais: altura mínima de 1,60m, instrução de grau médio, não exercer qualquer atividade artística (inclusive manequim) profissional. Não tem importância que a candidata não seja carioca da gema. Mas é preciso provar que mora no Rio.
As concorrentes se apresentarão na manhã do dia 24 de outubro numa passarela com o formato da calçada de Ipanema, num anfiteatro a ser construído no Castelinho. Os desfiles serão em traje esportivo – calça Lee e blusão colorido – e em maiô, com modelo criado especialmente para o concurso. Um júri constituído de onze peritos selecionará cinco finalistas e, em seguida, a Garota de Ipanema. (Manchete, 04/09/1965)
As candidatas devem ser brasileiras, maiores de 16 anos e com 21 anos incompletos até a data do encerramento das inscrições, solteiras, freqüentadoras da Praia de Ipanema. E mais: altura mínima de 1,60m, instrução de grau médio, não exercer qualquer atividade artística (inclusive manequim) profissional. Não tem importância que a candidata não seja carioca da gema. Mas é preciso provar que mora no Rio.
As concorrentes se apresentarão na manhã do dia 24 de outubro numa passarela com o formato da calçada de Ipanema, num anfiteatro a ser construído no Castelinho. Os desfiles serão em traje esportivo – calça Lee e blusão colorido – e em maiô, com modelo criado especialmente para o concurso. Um júri constituído de onze peritos selecionará cinco finalistas e, em seguida, a Garota de Ipanema. (Manchete, 04/09/1965)
A CANÇÃO E A MUSA INSPIRADORA
O concurso pegou carona no extraordinário sucesso da música Garota de Ipanema, de Tom Jobim (1927-1994) e Vinícius de Moraes (1913-1980), cujos versos originais diziam:
Vinha cansado de tudo
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheio de balanço
Caminho do mar
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheio de balanço
Caminho do mar
Heloísa Eneida, a musa da canção Garota de Ipanema. (Imagem: www.todamusica.blogspot.com)
“Menina que passa”, era como se chamava a música, depois alterada para “Garota de Ipanema”, quando ganhou novos versos inspirados na jovem Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, conhecida hoje como Helô Pinheiro.
Olha que coisa mais linda,
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
Num doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
E também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
MÍRIAM SALGADO LIMA, GAROTA DE IPANEMA 1965
No dia 27/11/1965, na piscina do Clube de Regatas Flamengo, um júri selecionou as dez finalistas: Luísa Maria (Sírio e Libanês), Maria Aparecida (Monte Líbano), Míriam Salgado Lima (Vasco da Gama), Ruth Caminha (Flamengo), Taís do Amaral (Radar), Maria do Socorro (Olímpico), Sônia Ferraz (Canaveral), Sônia Machado (Clube Carioca), Maria Lucia (Jequiá), e Maria Esteves (Servidores da Sursan).
Míriam Salgado Lima, Garota de Ipanema 1965. (Foto: Antônio Rudge, capa da revista Manchete, 11/12/1965).
Ela merece uma nova canção, exclusiva, de Tom e Vinícius. Chama-se Míriam Salgado Lima e foi eleita, esta semana, Garota de Ipanema, num concurso que, durante meses, agitou a praia do Castelinho. (Justino Martins, Manchete, 11/12/1965)
Loura, cabelos escorridos sobre os ombros, sorriso luminoso, olhos azuis e corpo mais que perfeito, Míriam Salgado Lima (que mora no Leblon) é a nossa primeira Garota de Ipanema. Ou seja: representa o broto carioca ideal, tal e qual Tom Jobim e Vinícius de Morais imaginaram na sua internacionalmente famosa canção. Míriam foi eleita no último sábado, numa grande festa nos salões do Clube Monte Líbano, e recebeu alegre homenagem no dia seguinte, em frente ao trecho de praia mais famoso do Rio: o Castelinho. Seus prêmios incluem uma viagem, com direito a acompanhante, pela Varig, para os Estados Unidos, quinze dias de estada, um milhão de cruzeiros, a coleção de trajes “de manhã à noite” da América fabril, uma coleção de sapatos Teresa Carlos e um contrato artístico com o Canal Dois, da Guanabara. Importante: tão logo regresse, Miriam ficará noiva, circunstância que Tom e Vinícius não previam na sua música.
O júri que elegeu Míriam foi formado pela esposa do governador da Guanabara, Sra. Mitsi Almeida Magalhães, Sra. Célia Cravo Peixoto (esposa do secretário de Turismo que patrocinou o certame), Luís Rossier (criador do traje esporte das candidatas), Ricardo Cravo Alvim, Oscar Bloch Sigelmann (diretor-superintendente de MANCHETE) e Fatos & Fotos, co-patrocinadores), Madame Campos (que também maquilou as candidatas), Maria Cláudia, Deputado Everardo Magalhães Castro, Mateus Fernandes, Heloísa Eneida (real inspiradora de Vinícius de Morais e Tom) e Francisco de Castro (TV Excelsior, co-patrocinador). (Manchete, 11/12/1965)
Heloísa Eneida, a musa inspiradora da canção Garota de Ipanema posa para os fotógrafos segurando a faixa de "Garota de Ipanema" conquistada por Míriam Salgado Lima. (Manchete, 11/12/1965)
Quando voltar dos Estados Unidos, a bela Míriam vai prestar exame para a Escola de Belas Artes.
As candidatas a misses do Rio possuem fabuloso espírito esportivo. Elas cumprimentaram Míriam no Monte Líbano e no Castelinho.
Antes mesmo da prova final, todas as concorrentes apontavam Míriam Salgado Lima como a grande vencedora. E vestindo trajes esportivos foram, juntamente com Heloísa, participar da festa popular na Praia de Ipanema, que incluiu um desfile da Escola de Samba da Portela. (Manchete, 11/12/1965)
As candidatas a misses do Rio possuem fabuloso espírito esportivo. Elas cumprimentaram Míriam no Monte Líbano e no Castelinho.
Antes mesmo da prova final, todas as concorrentes apontavam Míriam Salgado Lima como a grande vencedora. E vestindo trajes esportivos foram, juntamente com Heloísa, participar da festa popular na Praia de Ipanema, que incluiu um desfile da Escola de Samba da Portela. (Manchete, 11/12/1965)
EPÍLOGO
Depois daquele 1965, outros concursos Garota de Ipanema foram realizados e várias lindas jovens fizeram dele um trampolim para o ingresso na vida artística e a conquista de outros títulos de beleza. Josete Armênia Rodrigues, a Josi Campos, Garota de Ipanema 1987, trabalhou em filmes e programas de televisão e foi capa das revistas “Ele & Ela” e “Playboy”. Kenny Neoob de Carvalho Castro, Garota de Ipanema 1982, foi Miss Rio de Janeiro e semifinalista do Miss Brasil 1983. Detalhe: Kiki Pinheiro, filha de Helô, também foi eleita Garota de Ipanema nos anos oitenta, precisamente em 1986. Em 1989, a mulata Valéria Valenssa chamou a atenção de todos. Não venceu o concurso, mas ganhou a simpatia de Hans Donner, designer gráfico da TV Globo, um dos jurados, com quem casaria anos depois. Valéria se transformou num dos maiores símbolos sexuais brasileiros como Garota Globeleza, estrela das vinhetas carnavalescas da TV Globo.
Miriam Salgado Lima e o cantor Pery Ribeiro (1937-2012) na capa da TV Revista do Rádio, nº 870, 1966 |
Míriam Salgado Lima, capa da revista Fatos & Fotos, 28/01/1967.
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Míriam Salgado Lima continua - e continuará - na minha lista das mulheres mais belas de todos os tempos.
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