Nos quinze anos de Virgínia (atrás da garota de
blusa escura com corrente no pescoço), filha do poeta João Feliciano (1917-1982) e Alga
Marina de Oliveira Feliciano, reuniram-se
Gustavo, Marcelo, Laureano, Ana Glória, Zelma, Dalvinha, Nelma, Rômulo,
Gilma, Pompéia, Milinha, Flávia e Verônica.
Catorze jovens, catorze destinos
posando para a posteridade na escada do
belo casarão da rua Walfredo Ferreira Lima, 73, onde funciona hoje a subseção
da OAB-PE.
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"A Escada era a plateia de
concursos de miss e os jogos da seleção brasileira com direito a pipoca e licor
de jenipapo. Eternas recordações. No terraço da frente, som ao violão, Jeca e
Itamar. No terraço de trás, lanchinhos de sapoti, goiaba, delicia de abacaxi, beijo
gelado, bolo de rolo, doce de jaca, doce de batata doce e algumas frutas da
fruteira da copa/cozinha E o piano debaixo da escada ao som de Música para Elisa, com o pianista Tales. Grandes momentos."
- Teotônio Monteiro.
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"O movimento de entra e sai nessa casa de adolescentes era grande. Em pouco tempo nasceu um grande bloco, o Morcego, com letra de João Feliciano e música de Damião. As fantasias eram todas costuradas nessa casa com a coordenação de D.Alguinha. Entre tapas e beijos para ganhar as fantasias destaques. E reviver Timbaúba nos anos dourados."
Ana Gloria Araújo.
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Quantas histórias guardam a memória do casarão? Talvez um velho objeto que inspirou o poeta João Feliciano a compor o soneto abaixo pudesse contar.
O Relógio
Na parede o relógio pendurado,
Indiferente, sádico, sisudo;
Monstro faminto, frio, calculado,
Esvaziando do tempo o conteúdo.
Contemplo, nesta noite, apavorado,
Sem coração, metálico, desnudo;
E sinto o peito como transpassado
Por pérfido punhal pontiagudo.
Se pudesse quebrar estas amarras
E o tempo libertar das suas garras,
Certo o faria em menos de um segundo.
Alma gelada e pela dor convulsa,
Sinto crescer em mim forte repulsa
Por todos os relógios deste mundo.
Aos pés de uma escada do velho casarão, em vão tento decifrar mistérios da vida e da morte. E fico a fantasiar que nesta escada tenha surgido a inspiração para o poeta João Feliciano compor o poema que se segue.
Árvore Velha
Ontem revi
tristinha, desfolhada,
Exposta à rigidez
do sol a pino,
A árvore em
cuja sombra camarada
Traquinei nos
meus tempos de menino!
Como parece
longa a caminhada
Que separou do
seu o meu destino!
Como era doce
o fruto purpurino!
Que lhe roubava à custa de pedrada!
Falei-lhe, então, dos muitos desenganos
Que a vida reservou-me nestes anos...
Minha voz embargou-se, e, nesse instante
Ali fundidos duas vidas:
Ela chorava
seiva fecundante,
E eu derramava
lágrimas sentidas!
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Imagem antiga: acervo de Ana Glória Ferreira de Araújo
Fotos atuais: DML/PASSARELA CULTURAL
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PASSARELA CULTURAL - 14 ANOS
PASSARELA CULTURAL chega nesta segunda-feira, 02 de julho, aos 14 anos de fundação. Tudo começou em 02/07/2004, com o nome de Timbaconexão, coluna sociocultural do extinto site Timbafest, editado por Walfredo Silva. Em 12/10/2007, a coluna migrou para blog com o nome de PASSARELA CULTURAL, com o apoio do cearense Evandro Silva, editor do missesnapassarela.blogspot.com.br, que me ensinou como produzir um blog.
PASSARELA CULTURAL tem uma visibilidade impressa através da revista TIMBAÚBA EM FOCO, onde edito matérias que também são postadas no blog. Duas secções deste site são os maiores destaques: DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO, sobre a cena sociocultural de Timbaúba, minha pernambucana terra adotiva, e SESSÃO NOSTALGIA, focalizando antigos concursos de Misses, uma das minhas paixões. A propósito dessa última, desejo registrar o meu reconhecimento a duas personalidades que me incentivaram a escrever sobre o assunto: Dido Borges e Roberto Macêdo, editor do Miss News, missnews.com.br .
Muito grato pela atenção de todos. Continuem acessando PASSARELA CULTURAL. Um abraço e dias iluminados.
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– Daslan Melo Lima
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