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Daslan Melo Lima
Em dezembro do ano passado, ao passar por um sebo do centro do Recife, encontrei uma pilha de recortes do Jornal do Commercio, do Recife, referentes ao ano de 1958.
Por conhecer o dono do sebo, em cuja banca já tinha adquirido algumas revistas antigas, pedi para manusear a preciosidade.
Foi aí que encontrei uma parte da página 11, da secção Sociedade, com uma belíssima crônica do jornalista Altamiro Cunha, A Apoteose das Misses.
Por conta do meu interesse e por ser cliente do sebo, ganhei do vendedor o recorte da crônica.
A APOTEOSE DAS MISSES, crônica de Altamiro Cunha, JORNAL DO COMMERCIO, Recife-Pernambuco-Brasil, Ano XXXIX, Número 73 - Domingo, 30 de março de 1958
Em tempo de nova ortografia, optei em transcrever o texto completo da crônica respeitando as regras gramaticais vigentes na época de sua publicação, dando um toque maior de documento a esta Sessão Nostalgia.
A APOTEOSE DAS MISSES
Misses que alteias emoções e confusões, de reinados velozes nas perdulárias ramificações dos vossos encantos, belezas fotogràficamente lúcidas e por vezes incompletas quando radiografadas na fria análise aos rebuscados anatômicos;
misses que no pedestal da vossa realeza, não podeis eximir-vos das opiniões favoráveis ou negativas sobre um esplendor de harmonioso encanto;
misses louras ou morenas, brancas num sortilégio lunar, da cor das filhas do sol, leves como pássaros, graciosas como bailarinas, emocionais nas curvas como tanto ousaram aquelas ninfas que foram esculpidas nos mármores gregos;
misses que alcançais o mérito supremo daquilo que um poeta chamou de “o triunfo imortal da carne e da beleza”, consagradas que sois nos campeonatos estéticos, eu vos admiro da mesma forma que vejo estrelas nas imutáveis temperaturas de inverno e verão!
Se os céus, conforme as estações, esfumam retratos radiantes, claro que ao meu pensamento só existem indúcias para que as misses demorem como estrelas em noites de verão.
Não vos sendo inconstantes as formas da natureza, certo ar feiticeiro a Ninon de Lenclos perdurará por muito tempo na consagrada plástica com que fostes favorecidas pelos bons fados. Contudo não deveis abusar dos creme de “chantilly” propícios ao alargamento desproporcional do busto e das ancas, e também (respeitosamente eu vos aviso) não sejais gulosas das toneladas de fatias de pão com manteiga que se permitem a indicações, ou para melhor, (o termo é mais exato) a improvisações de ventres frondosos, legítima figuração estética nesse santuário de harmonias que deve ser o corpo das misses.
Conservai uma expressão sonhadora e suave nos dias de fastígio, desprezando os gestos da “vamp”, - que sendo vaidosos na arte de agradar aos Baby Pignatari, de hábeis homenagens aos prazeres rápidos! – que merecendo aplausos da famulagem, só fâmulas aparecem quando não possuidores dos vossos encantos.
Guardai como exemplo de merecimento, a conduta excepcional de Emilia Correia Lima, a miss que sempre elevou o conceito dêsse concurso de beleza, com a soberania das dignas atitudes.
Misses! Eu vos exalto como elementos de uma sinfonia triunfal.
E torcendo ficarei para que Pernambuco mande êste ano ao Rio uma miss de rara formosura
ALTAMIRO CUNHA
.......Altamiro Cunha (Foto: Diario de Pernambuco, 15/10/1986).......
Altamiro Cunha, considerado o pai da crônica social pernambucana, morreu de parada cardíaca às 5 horas da madrugada de 14/10/1986, no Hospital dos Servidores do Estado, aos 80 anos de idade.
Os fãs da cearense Emília Corrêa Lima, Miss Brasil 1955, ao lerem esta Sessão Nostalgia, deverão ficar emocionados com a citação do seu nome como exemplo de conduta.
Sônia Maria Campos, Miss Pernambuco 1958, vice-Miss Brasil e sétima colocada no concurso Miss Mundo, ao tomar conhecimento desta página deverá se emocionar por ter sido aquela Miss de rara formosura que Altamiro Cunha desejava ver no Rio.
Por outro lado, os peruanos ficarão emocionados por não terem dúvida que, também desse lado de cá da América do Sul, a sua Gladys Zender, Miss Universo 1957, a imagem que ilustra a crônica, é uma legenda há 52 anos.
Finalizando, quero expressar às Misses de ontem e de hoje o meu eterno carinho, citando Altamiro Cunha:
Misses ! Eu vos exalto como elementos de uma sinfonia triunfal.
... Eu vos admiro da mesma forma que vejo estrelas...
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terça-feira, 28 de abril de 2009
quinta-feira, 23 de abril de 2009
SESSÃO NOSTALGIA - MARIA RAQUEL DE ANDRADE, VALE A PENA SER MISS
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Daslan Melo Lima
Era abril de 1966 e faltavam dois meses para Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara e Miss Brasil 1965, passar as faixas para as suas sucessoras, quando a revista MANCHETE(Ano 13, Nº 730, 16/04/1966) circulou nas bancas de todo o país com uma reportagem de André Kallás, Maria Raquel de Andrade – Vale a pena ser Miss?
Maria Raquel responde: Sim, vale a pena ser Miss Brasil, desde que recebi a faixa, no ano passado, as alegrias que tive e continuo tendo são muito mais numerosas do que as decepções. Não me arrependo de ter representado o Brasil em Miami. Pelo contrário, sinto um orgulho imenso, por mim, pelos meus pais, pelos meus amigos e pelo Botafogo. E.se isso fosse possível gostaria de recomeçar tudo de novo. Até mesmo o título de Miss Marte me deixaria feliz.
Maria Raquel foi descoberta pela jornalista Nina Chaves, que publicou sua foto no suplemento feminino do jornal O Globo. A foto era sensacional, e a moça de cabelos louros, agitados pelo vento, teve que ser explicada com a seguinte legenda: Ela existe, sim senhores! E mora no Rio.
Maria Raquel de Andrade, Miss Guanabara 1965, ladeada pelo pai João Luís e pela mãe que também se chamava Raquel.(Foto: MANCHETE, 03/07/1965)
Então, de repente, Maria Raquel ficou viciada em bailes de debutantes. Depois do seu verdadeiro Baile das Debutantes, realizado em Florianópolis, ela foi procurada pelo Barão de Siqueira Júnior, especializado em promover esse tipo de festa juvenil. O Barão lhe disse:
- Você é simplesmente um sonho! Eu quero que você participe do Baile das Debutantes que vou dar no Rio, no Clube Monte Líbano.
Maria Raquel topou. A festa foi linda. Mas o Barão, ainda não satisfeito, exigiu que ela participasse de outro baile, o mais solene dos três, no Copacabana Palace e tendo por madrinha a senhora Sarah Kubitschek. Hoje ela comenta com um sorriso:
- Se dependesse do Barão, eu iria continuar debutando até hoje...
Em 1964, no Maracanãzinho, ela viu pela primeira vez a eleição de Miss Brasil.
- Fiquei deslumbrada com aquele movimento, o entusiasmo do público e tudo o mais. Aplaudi freneticamente Ângela Vasconcelos, no momento em que foi coroada. Mas nunca poderia pensar que no ano seguinte tudo aquilo aconteceria comigo mesma.
Maria Raquel fez um curso de recepcionista na Socila e a professora Maria Fernanda incentivou-a a se inscrever no Miss Guanabara. A mãe não apoiou, mas o pai disse sim. A família torcia pelo Botafogo e quando um diretor do clube perguntou se ela gostaria de representar o clube da estrela solitária no Miss Guanabara, Mara Raquel não teve dúvida em aceitar.
Maria Raquel de Andrade, Miss Brasil 1965, em anúncio de propaganda dos produtos de beleza Helena Rubinstein. (Foto: MANCHETE,17/07/1965)
Havia uma onde tremenda contra mim. Algumas candidatas diziam que se eu ganhasse era marmelada, e que em represália não cantariam em minha homenagem, conforme estava no programa. Não cantaram mesmo, mas não liguei. O importante foi o momento em que a linda Vera Lúcia Couto me passou a faixa. Foi o momento mais emocionante da minha vida, muito mais emocionante do que quando fui coroada Miss Brasil.
Ninguém pode imaginar o que é um camarim durante a eleição de Miss Brasil. Ouvem-se fofocas de arrepiar os cabelos. Aquela correria para lá e para cá, a demora em começar o desfile, a expectativa, tudo mexe com os nervos da gente. No entanto, na hora de colocar os pés na passarela, senti-me estranhamente calma. Estava tão serena que cheguei a observar a posição das diferentes torcidas, percebendo que a turma do Botafogo estava do lado esquerdo. Comecei a andar de cabeça erguida, sorrindo até o fim, indiferente às vaias, que foram muitas, e aos também numerosos aplausos. Se ganhasse, seria ótimo. Se perdesse, azar meu. Era assim que eu pensava. Ganhei. A reação brutal de uma parte do público não me impressionou. O que me interessava era a opinião do júri. Mesmo porque, se o público brasileiro fosse chamado para julgar concursos de beleza, haveria até guerra civil. Logo que Ângela Vasconcelos me passou a coroa, meu primeiro pensamento foi para mamãe e papai. Estava feliz por vê-los felizes e recompensados pelos dias de angústia que viveram juntos comigo. O resto, as vaias, o despeito, as fofocas, que se danassem.
A favorita do público ao título de Miss Brasil 1965 era Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, que ficou apenas em quarto lugar, motivo das vaias às quais Maria Raquel se refere, as maiores vaias da historia do Maracanãzinho.
Maria Raquel de Andrade - (Foto: MANCHETE,16/04/1966)
- Nenhuma vaia do mundo – diz ela, recordando a sua dramática noite de glória no Maracanãzinho – nenhuma vaia do mundo – repete - cobriria o som daquela serenata que fizeram para mim em Manaus, às margens do Rio Amazonas. E qualquer crítica se apagaria ante o sermão pronunciado pelo Padre Gustavo, em Curitiba, durante a missa celebrada em minha homenagem, quando passei por lá. Foi um sermão quase que exclusivamente sobre o significado do título que eu acabava de conquistar, e eram palavras tão sábias e comoventes que chorei um bocado.
Maria Raquel Helena de Andrade ficou entre as quinze semifinalistas do concurso Miss Universo 1965 e achou justa a vitória da tailandesa Apasra Hongsakula.
Na condição de Miss Brasil, ganhou em moeda da época cinco milhões de cruzeiros em espécie, um automóvel zero quilometro da marca Gordini, vestidos, sapatos e jóias e viajou pelo país inteiro.
Depois, casou e se tornou uma das grandes damas da sociedade carioca, figura obrigatória nos grandes eventos, com o nome citado nas mais prestigiadas colunas sociais.
Exteriorizando muita alegria, ela marcou presença na noite da eleição da Miss Brasil 2004, no quadro que rendeu um tributo às Misses Brasil dos anos anteriores, dentro das comemorações dos 50 anos do concurso Miss Brasil.
Quais foram as canções cantadas naquela serenata em Manaus, às margens do Rio Amazonas?
Quais foram as palavras sábias e comoventes daquele sermão do Padre Gustavo em Curitiba?
Foram todas revestidas de um tom especial de espiritualidade que marcou para sempre o universo de Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara e Miss Brasil 1965, uma Miss que se orgulha do seu passado de rainha da beleza e que não se cansa de dizer que valeu a pena ser Miss.
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Daslan Melo Lima
Era abril de 1966 e faltavam dois meses para Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara e Miss Brasil 1965, passar as faixas para as suas sucessoras, quando a revista MANCHETE(Ano 13, Nº 730, 16/04/1966) circulou nas bancas de todo o país com uma reportagem de André Kallás, Maria Raquel de Andrade – Vale a pena ser Miss?
Maria Raquel responde: Sim, vale a pena ser Miss Brasil, desde que recebi a faixa, no ano passado, as alegrias que tive e continuo tendo são muito mais numerosas do que as decepções. Não me arrependo de ter representado o Brasil em Miami. Pelo contrário, sinto um orgulho imenso, por mim, pelos meus pais, pelos meus amigos e pelo Botafogo. E.se isso fosse possível gostaria de recomeçar tudo de novo. Até mesmo o título de Miss Marte me deixaria feliz.
Maria Raquel foi descoberta pela jornalista Nina Chaves, que publicou sua foto no suplemento feminino do jornal O Globo. A foto era sensacional, e a moça de cabelos louros, agitados pelo vento, teve que ser explicada com a seguinte legenda: Ela existe, sim senhores! E mora no Rio.
Maria Raquel de Andrade, Miss Guanabara 1965, ladeada pelo pai João Luís e pela mãe que também se chamava Raquel.(Foto: MANCHETE, 03/07/1965)
Então, de repente, Maria Raquel ficou viciada em bailes de debutantes. Depois do seu verdadeiro Baile das Debutantes, realizado em Florianópolis, ela foi procurada pelo Barão de Siqueira Júnior, especializado em promover esse tipo de festa juvenil. O Barão lhe disse:
- Você é simplesmente um sonho! Eu quero que você participe do Baile das Debutantes que vou dar no Rio, no Clube Monte Líbano.
Maria Raquel topou. A festa foi linda. Mas o Barão, ainda não satisfeito, exigiu que ela participasse de outro baile, o mais solene dos três, no Copacabana Palace e tendo por madrinha a senhora Sarah Kubitschek. Hoje ela comenta com um sorriso:
- Se dependesse do Barão, eu iria continuar debutando até hoje...
Em 1964, no Maracanãzinho, ela viu pela primeira vez a eleição de Miss Brasil.
- Fiquei deslumbrada com aquele movimento, o entusiasmo do público e tudo o mais. Aplaudi freneticamente Ângela Vasconcelos, no momento em que foi coroada. Mas nunca poderia pensar que no ano seguinte tudo aquilo aconteceria comigo mesma.
Maria Raquel fez um curso de recepcionista na Socila e a professora Maria Fernanda incentivou-a a se inscrever no Miss Guanabara. A mãe não apoiou, mas o pai disse sim. A família torcia pelo Botafogo e quando um diretor do clube perguntou se ela gostaria de representar o clube da estrela solitária no Miss Guanabara, Mara Raquel não teve dúvida em aceitar.
Maria Raquel de Andrade, Miss Brasil 1965, em anúncio de propaganda dos produtos de beleza Helena Rubinstein. (Foto: MANCHETE,17/07/1965)
Havia uma onde tremenda contra mim. Algumas candidatas diziam que se eu ganhasse era marmelada, e que em represália não cantariam em minha homenagem, conforme estava no programa. Não cantaram mesmo, mas não liguei. O importante foi o momento em que a linda Vera Lúcia Couto me passou a faixa. Foi o momento mais emocionante da minha vida, muito mais emocionante do que quando fui coroada Miss Brasil.
Ninguém pode imaginar o que é um camarim durante a eleição de Miss Brasil. Ouvem-se fofocas de arrepiar os cabelos. Aquela correria para lá e para cá, a demora em começar o desfile, a expectativa, tudo mexe com os nervos da gente. No entanto, na hora de colocar os pés na passarela, senti-me estranhamente calma. Estava tão serena que cheguei a observar a posição das diferentes torcidas, percebendo que a turma do Botafogo estava do lado esquerdo. Comecei a andar de cabeça erguida, sorrindo até o fim, indiferente às vaias, que foram muitas, e aos também numerosos aplausos. Se ganhasse, seria ótimo. Se perdesse, azar meu. Era assim que eu pensava. Ganhei. A reação brutal de uma parte do público não me impressionou. O que me interessava era a opinião do júri. Mesmo porque, se o público brasileiro fosse chamado para julgar concursos de beleza, haveria até guerra civil. Logo que Ângela Vasconcelos me passou a coroa, meu primeiro pensamento foi para mamãe e papai. Estava feliz por vê-los felizes e recompensados pelos dias de angústia que viveram juntos comigo. O resto, as vaias, o despeito, as fofocas, que se danassem.
A favorita do público ao título de Miss Brasil 1965 era Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, que ficou apenas em quarto lugar, motivo das vaias às quais Maria Raquel se refere, as maiores vaias da historia do Maracanãzinho.
Maria Raquel de Andrade - (Foto: MANCHETE,16/04/1966)
- Nenhuma vaia do mundo – diz ela, recordando a sua dramática noite de glória no Maracanãzinho – nenhuma vaia do mundo – repete - cobriria o som daquela serenata que fizeram para mim em Manaus, às margens do Rio Amazonas. E qualquer crítica se apagaria ante o sermão pronunciado pelo Padre Gustavo, em Curitiba, durante a missa celebrada em minha homenagem, quando passei por lá. Foi um sermão quase que exclusivamente sobre o significado do título que eu acabava de conquistar, e eram palavras tão sábias e comoventes que chorei um bocado.
Maria Raquel Helena de Andrade ficou entre as quinze semifinalistas do concurso Miss Universo 1965 e achou justa a vitória da tailandesa Apasra Hongsakula.
Na condição de Miss Brasil, ganhou em moeda da época cinco milhões de cruzeiros em espécie, um automóvel zero quilometro da marca Gordini, vestidos, sapatos e jóias e viajou pelo país inteiro.
Depois, casou e se tornou uma das grandes damas da sociedade carioca, figura obrigatória nos grandes eventos, com o nome citado nas mais prestigiadas colunas sociais.
Exteriorizando muita alegria, ela marcou presença na noite da eleição da Miss Brasil 2004, no quadro que rendeu um tributo às Misses Brasil dos anos anteriores, dentro das comemorações dos 50 anos do concurso Miss Brasil.
Quais foram as canções cantadas naquela serenata em Manaus, às margens do Rio Amazonas?
Quais foram as palavras sábias e comoventes daquele sermão do Padre Gustavo em Curitiba?
Foram todas revestidas de um tom especial de espiritualidade que marcou para sempre o universo de Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara e Miss Brasil 1965, uma Miss que se orgulha do seu passado de rainha da beleza e que não se cansa de dizer que valeu a pena ser Miss.
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quarta-feira, 15 de abril de 2009
SESSÃO NOSTALGIA - MARISOL CONTRERAS, A POBRE GAROTA ORFÃ, MISS UNIVERSO 1970, E SUA VICE DEBBIE SHELTON, A GAROTA TIPO PLAYBOY
Daslan Melo Lima
Após os jogos da Copa do Mundo, realizados no México, quando a seleção brasileira conquistou pela terceira vez a Taça Jules Rimet, tornado-se tri campeão mundial de futebol, as atenções da imprensa internacional voltaram os olhos para os Estados Unidos. Em Miami Beach, no dia 11 de julho de 1970, foi eleita a Miss Universo 1970. Das 64 concorrentes ao título, a favorita era Deborah Dale Shelton, chamada por todos de Debbie Shelton, Miss Estados Unidos, morena de olhos verdes e longos cabelos abaixo da cintura, nascida em 21/11/1948, em Washington, DC, e criada em Norfolk, Virgínia.
Debbie Shelton, Miss Estados Unidos 1970 ( Foto: Revista Fatos & Fotos, 23/07/1970)
Momentos decisivos do Miss Universo 1970: quinto lugar, Miss Argentina, Beatriz Marta Gros; quarto lugar, Miss Japão, Jun Shimada; terceiro lugar, Miss Austrália, Joan Lydia Zealand. Ficaram então, frente à frente: Debbie Shelton, Miss Estados Unidos e Marisol Malaret Contreras, Miss Porto Rico. Expecativa geral. O nome anunciado como Miss Universo 1970 foi o de Marisol Malaret Contreras.
Marisol Malaret Contreras, Miss Porto Rico, morena, cabelos castanhos e olhos verdes, nasceu em Utuado, Porto Rico, em 13/10/1949. (Foto: Capa da revista Fatos & Fotos, 30/07/1970)
Pobre, órfã, trabalhando desde os 15 anos, Marisol vive hoje um sonho de cinderela.
Um prêmio em dinheiro de 10 mil dólares, um contrato de 10 mil dólares para apresentações pessoais, casacos de pele e presentes diversos no valor de 25 mil dólares foi o que Miss Porto Rico ganhou com o título.
Ela é órfã, mora com uma tia e um irmão, trabalha desde os 15 anos, atualmente é secretária da Companhia de Telefones de Porto Rico e estuda na universidade.
Marisol Malaret Contreras, Miss Universo-70, 21 anos, medidas perfeitas (89-58-89), disse que vai divulgar pelo mundo o poder do amor:
"Senti, na minha consagração, a força de amor que existe entre os seres e quero que todos também o sintam."(Fatos & Fotos, 30/07/1970)
Detalhe: Duas misses concorrentes ao Miss Universo 1970 obtiveram grande destaque no Miss Europa 1970, realizado três meses depois em Piraeus, Grécia. Noelia Afonso Cabrera, Miss Espanha, não classificada em Miami, foi eleita Miss Europa e Anna Zamboni, Miss Itália, semifinalista do Miss Universo, obteve a terceira colocação.
Eliane Fialho Thompson, Miss Brasil, ficou entre as semifinalistas do Miss Universo 1970 ao lado de Miss Tchecoslováquia, Kristina Hanazalova; Miss Grécia, Angelique "Kiki" Bourlesi; Miss Guam , Hilary Ann Best ; Miss Hong Kong, Mabel Hawkett; Miss Itália, Anna Zamboni; Miss Malásia, Josephine Lena Wong Jaw Leng; Miss Suécia, Britt-Inger Johansson ; Miss Suíça, Diane Jane Roth e Miss Venezuela, Bella Mercedes La Rosa de la Rosa.
A favorita era Miss Estados Unidos, Debbie Shelton, uma garota tipo Playboy, que acabou em segundo. Miss Brasil, Eliane Fialho Thompson, segundo a opinião geral, merecia um lugar entre as cinco primeiras. A escolha de Marisol agradou à colônia latino americana em Miami, mas desagradou os americanos.(Fatos & Fotos, 23/07/1970)
Marisol Malaret Contreras, Miss Universo 1970 (Fatos & Fotos,30/07/1970)
Muito já se falou em Marisol Malaret Contreras, depois daquele 11 de julho de 1970.Sua situação financeira mudou para melhor, assim como a vida humilde da tia e do irmão portador de deficiência física. Depois do reinado, Marisol comandou vários programas de televisão, foi editora de revistas dirigidas ao público feminino, tornou-se empresária do ramo de moda e decoração e passou a dar palestras de motivação para jovens executivas e aspirantes ao mundo dos negócios.
Marisol Malaret Contreras foi a primeira das cinco Misses Porto Rico a conquistar o título de Miss Universo. As outras foram: Deborah Carthy-Deu (1985), Dayanara Torres (1993), Denise Quiñones (2001) e Zuleyka Rivera (2006).
Da esquerda para a direita, quatro das cinco Misses Porto Rico que foram eleitas Miss Universo: Marisol Malaret Contreras (1970), Deborah Carthy-Deu (1985), Dayanara Torres (1993) e Denise Quiñones (2001). (Foto:www.elanecdotario.com)
Marisol depois daquele 1970. (Foto:www.fanpop.com)
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Muito já se falou em Debbie Shelton, depois daquele 11 de julho de 1970. Em março de 1974, ela apareceu na capa da revista Playboy. Depois, atuou na televisão, trabalhou no filme Dublê de Corpo, do diretor Brian de Palma, em 1984, e foi uma das atrizes de Dallas, a famosa série televisiva. No ano passado, Debby Shelton aceitou convite para atuar em Nip/Tuck, outra série da televisão norte americana.
Muitos ainda ouvirão falar em Marisol Malaret Contreras, a pobre garota órfã de Porto Rico que foi eleita Miss Universo 1970.
Muitos ainda ouvirão falar em Deborah Dale Shelton, ou simplesmente Debbie Shelton, a garota tipo Playboy dos Estados Unidos que foi eleita vice-Miss Universo 1970.
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quarta-feira, 8 de abril de 2009
SESSÃO NOSTALGIA - Concurso Miss Brasil 1960
Daslan Melo Lima
Em maiôs Catalina, as 8 mulheres brasileiras mais belas de 1960. Da esquerda para a direita:
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Gina MacPherson, Miss Guanabara, Miss Brasil 1960.
Vinte anos, 1,70m de altura, 93cm de busto, 58 de cintura e 93cm de quadris. Coxa 53cm, tornozelo 22 e 57 quilos.
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Magda Pfrimer, Miss Brasília, segunda colocada. Vinte e um anos, 1,73m de altura, 95cm de busto,60 de cintura e 95cm de quadris. Coxa 59,5cm, tornozelo 21 e 62 quilos.
O ano era 1960, início de uma década que revolucionou o planeta Terra. Maracanãzinho, Rio de Janeiro, sábado, 11 de junho. Um público estimado em 28 mil pessoas estavam ali para assistir a eleição da mais bela brasileira do ano, promovida pelos Diários Associados. As candidatas, em número de 23, oriundas de todas as regiões do país, tinham um sonho, o sonho maior de toda moça daquela época: ser coroada Miss Brasil.
As misses desfilaram, primeiro, em vestido de baile (criações de CIAESA, sinônimo de Tecidos Flamezin, que se apresenta com o slogan de que "a elegância veste a beleza"). Os penteados do cabeleireiro Ermílio (anticlássico, mas funcional) e a maquillage de N.G.Payot acrescentaram mais beleza às misses. Isto quer dizer que a elegância desfilou também no Maracanãzinho.
As misses mais aplaudidas pela multidão-júri foram as de Minas, Pernambuco, Guanabara e Estado do Rio. Na base do plebiscito leigo - se rumor de palmas significasse diploma de beleza - algumas delas seriam as primeiras colocadas. E Miss Minas, a mais ovacionada, seria Miss Brasil.
Mas o Júri-expert vê as misses através de luneta antropométrica. Há pecados mortais de beleza. Poucos exemplos: ombros caídos, quadris volumosos, coxas grossas, joelhos para dentro, omoplatas salientes, e a indispensável linha reta das pernas, quando os calcanhares ficam unidos. Beleza de miss requer - dizem os que se dizem entendidos - harmonia de linhas, até a ponta dos dedos. Rosto, personalidade e saber andar contam muito. A moça que enche os olhos não é, em verdade, a miss, mas o bom gosto particular. Miss é outra coisa: talvez a combinação de aritmética com poesia e mais algo em código. ***** (Revista O CRUZEIRO, 25/06/1960, Ano XXXII, Nº37, reportagem de Ubiratan de Lemos e Indalécio Wanderley)
Em maiôs Catalina, as 8 mulheres brasileiras mais belas de 1960. Da esquerda para a direita:
Miss São Paulo, Erica Bertha Lirkus, 8º lugar;
Miss Amazonas, Vanja Nobre Jacob, 7º lugar;
Miss Rio Grande do Sul, Edda Logges, 5º lugar;
Miss Pernambuco, Maria Edilene Torreão, 3º lugar;
Miss Guanabara, Gina MacPherson, 1º lugar;
Miss Brasília, Magda Renate Pfrimer, 2ºlugar;
Miss Minas Gerais, Mercedes Elizabeth del Carmen Carrascosa Von Glehn, 4º lugar;
Miss Estado do Rio, Marzy Moreira, 6º lugar.
O Júri foi assim constituído: Sras.Helena Silveira (de S.Paulo), Leda Ribeiro, Eunice Modesto Leal, Martha Rocha, Herbert Moses, Leão Veloso (escultor), Oscar Santa Maria (juiz internacional de concursos de beleza), Zacarias do Rêgo Monteiro, Carlos Machado, João Calmon (diretor-geral dos Diários Associados) e José Amádio (diretor desta Revista). Pois esses senhores decidiram, por maioria de 8 votos, que Miss Brasil seria Gina Macpherson (Miss Guanabara, pelas cores do Botafogo). Diga-se, ao vôo de andorinha, que o Júri não se deixou contagiar pelo público, votando dentro da melhor cartilha, como fazem os Júris internacionais. O segundo lugar coube a Miss Brasília (vaia de 5 minutos de protesto) e o terceiro a Miss Pernambuco (com aprovação das arquibancadas. ***** (O Cruzeiro, 25/06/1960)
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Gina MacPherson, Miss Guanabara, Miss Brasil 1960.
Vinte anos, 1,70m de altura, 93cm de busto, 58 de cintura e 93cm de quadris. Coxa 53cm, tornozelo 22 e 57 quilos.
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Magda Pfrimer, Miss Brasília, segunda colocada. Vinte e um anos, 1,73m de altura, 95cm de busto,60 de cintura e 95cm de quadris. Coxa 59,5cm, tornozelo 21 e 62 quilos.
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Edilene Torreão, Miss Pernambuco, terceira colocada.
Dezoito anos, 1,71m de altura, 92cm de busto, 58 de cintura e 92cm de quadris. Coxa 58cm, tornozelo 19 e 56 quilos.
Em Miami Beach, Gina MacPherson ficou entre as 15 semifinalistas do Miss Universo. Em Long Beach, Magda Pfrimer não conseguiu classificação entre as semifinalistas do Miss Beleza Internacional. Perseverante, ela tinha representado Góias no Miss Brasil 1958. No ano seguinte, tentou em vão ser Miss Brasília, só conseguindo em 1960. Em 1963,no Haiti, ganhou um título internacional: Rainha Pan-Americana de Turismo. Edilene Torreão, que tinha vencido o Miss Pernambuco representando o Santa Cruz Futebol Clube, representou o Brasil no Miss Mundo, em Londres, classificando-se entre as semifinalistas.
Gina Macpherson, Miss Guanabara, Miss Brasil 1960
Não sei quantas vezes já abri a revista O CRUZEIRO, de 25 de junho de 1960. Abri a revista incontáveis vezes para fugir dos pesadelos do mundo atual. Para mostrar ao menino que um dia eu fui que ele conheceu um mundo menos competitivo, menos violento. Um mundo mais belo e sonhador, onde 28 mil pessoas iam assistir no Maracanãzinho o concurso Miss Brasil.
*****
SESSÃO NOSTALGIA - Miss Guanabara 1960
Daslan Melo Lima
Maracanãzinho, Rio de Janeiro, noite de 04 de junho de 1960. Um público estimado em 10 mil pessoas estava ansioso. Vinte e quatro jovens iam disputar o primeiro título de Miss do recém criado estado da Guanabara.
Maracanãzinho, o maior templo da beleza brasileira de todos os tempos. ***** (Foto: Revista Manchete)
A CANDIDATA MAIS APLAUDIDA
Duas mulatas estavam entre as concorrentes e foram muito aplaudidas: Dirce Machado, Miss Renascença, e Norma Valéria, Miss Vila da Penha.
Sucesso, sem dúvida, tanto para o público como para os ”entendidos”, foi Dirce Machado, do Renascença. Depois que o “Orfeu do carnaval” deu curso internacional à mulata, como produto genuinamente brasileiro, as semi-“coloreds” passaram ao domínio da passarela. E eis que Dirce abalou o Maracanãzinho, vindo, afinal, a obter a quarta colocação. ***** (Revista O Cruzeiro, 18/06/1960).
Dirce Machado, Miss Renascença. ***** Foto: Manchete
Dirce Machado foi a sensação da noite. Mulata elegante e bonita, ela empolgou o público, que a aplaudiu todo o tempo em que esteve na passarela. Dirce é recepcionista num cabeleireiro da Tijuca, mora em Catumbi e foi apresentada pelo Renascença Clube, no Méier. É carioca, mede 1,65m, pesa 58 quilos e veste manequim 44. ***** Manchete, 18/06/1960.
A MISS PROIBIDA
Um das figuras mais lindas da platéia era Geórgia Quental, um dos mais famosos modelos e manequins da época.
A candidata Geórgia Quental foi proibida de se inscrever, depois de uma reunião dos dirigentes de todos os clubes. Por quês? Geórgia é manequim profissional. E o que pode haver de mal nisso? Um manequim sabe desfilar, já foi selecionado por sua beleza e as outras entrariam quase sem chance. De qualquer maneira Geórgia foi ao Maracanãzinho e muita gente lamentou que não entrasse no concurso. (Manchete)
Em 1959, Geórgia Quental tinha tentando ser candidata ao título de Miss Distrito Federal, mas Mena Fialha, proprietária da Casa Canadá, para onde Geórgia desfilava, preferiu apoiar Adalgisa Colombo, que também era manequim. Adalgisa foi Miss Distrito Federal, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958. Enquanto isso, Geórgia Quental só consegui realizar o sonho de desfilar no Maracanãzinho em 1962, quando obteve o sétimo lugar no Miss Brasil, representando o Rio Grande do Norte.
AS OITO FINALISTAS
Vestindo maiôs Catalina, as oito finalistas do Miss Estado da Guanabara 1960, em foto de Indalécio Wanderley para a revista O Cruzeiro. No pódio, propaganda da empresa Criações Ciaesa, fabricante dos Tecidos Flamezin. Da esquerda para a direita:
Elvira Bela Grubel, Miss Jacarepaguá;
Martha Vieira Angermann, pernambucana radicada no Rio de Janeiro, Miss Fluminense;
Dirce Machado, Miss Renascença, 4º lugar;
Maria Helena Thomé da Costa , Miss Uruguai Tênis Clube, 2º lugar;
Gina MacPherson, Miss Botafogo, 1º lugar;
Shirley da Silva Carneiro, Miss Grajaú, 3º lugar;
Elenita Teixeira Lobo, Miss Marã;
Sônia Brasil Pinto, Miss Vasco da Gama.
Shyrley da Silva Carneiro, do Grajaú, ganhou o terceiro lugar, com pleno assentimento das arquibancadas. Shirley é professora em Irajá. A vitória surpreendeu-a: " Os meus alunos vão ficar contentes”.
As misses inauguraram estilo novo em homenagem ao Estado (também novo) que queriam representar. E concorreram como amigas. Daí, os abraços e beijinhos gerais que as vitoriosas receberam das que não obtiveram classificação. Miss Mackenzie (Odracy Lucena de Carvalho) ficou tão contente com o resultado que chegou a chorar ao abraçar Gina. E Gina, por sua vez, confessou ter ficado espantada ao se saber “a mais bela”. Pensara que Miss GB seria a candidata mignon do Clube da Aeronáutica, Thelma Elita Cardoso de Sousa, beleza-transistor, que não ficou sequer entre as finalistas. (O Cruzeiro)
AS QUATRO MAIS
As quatro primeiras colocadas, em foto de Indalécio Wanderley, revista O Cruzeiro. Da esquerda para a direita:
Maria Helena Thomé da Costa, Miss Uruguai Tênis Clube, 2º lugar
Gina MacPherson, Miss Botafogo, 1º lugar
Shirley da Silva Carneiro, Miss Grajaú, 3º Lugar
Dirce Machado, Miss Renascença, 4º lugar
ELA TAMBÉM FOI MUITO APLAUDIDA
Elaine Dalla Riva, Miss Faculdade Nacional de Filosofia, em foto da revista Manchete, um rosto que lembrava o da Imperatriz Farah Diba.
(...) este ano as candidatas não usaram vestidos de baile. Todas escolheram cores e modelos que deixaram mais uma vez provada a elegância natural da mulher brasileira. A maioria não tinha a menor prática de desfiles, mas alguma orientação, na véspera, foi o suficiente para que exibissem toda a graça da mocidade. (Manchete)
GINA MACPHERSON,
PRIMEIRA MISS ESTADO DA GUANABARA
Ao som de “Cidade Maravilhosa” e aplaudida por dez mil pessoas que se encontravam no Maracanãzinho, Gina MacPherson, um lindo broto de olhos verdes e cabelos pretos, representante do Botafogo, recebeu do governador do estado a faixa de primeira Miss Guanabara. Ela foi a última a chegar, mas logo após o vestido de baile já era apontada pela maioria como a vencedora.
“Acho que vou chorar...” E o Governador Sette Câmara sorriu ao ouvir Gina MacPherson, primeira Miss da Guanabara, fazer-lhe aquela confissão, mas a jovem controlou sua emoção e distribuiu beijos para o público. (Manchete)
Gina MacPherson, Miss Guanabara 1960 - Foto: revista Manchete
A primeira Miss Estado da Guanabara recebeu um prêmio de 20 mil cruzeiros. E outro maior: o abraço do pai. Antes recebera um telegrama de estímulo do noivo, que é aviador, e estava na Nova Zelândia. Também terá presentes de Tecidos Flamezin, patrocinadores do concurso: vestidos.
Primeira Miss GB fala português com sotaque (quando quer) da Escócia. Isso quer dizer que Gina MacPherson, que concorreu pelo Botafogo e cujos pais são escoceses, fala inglês na velha base britânica, além de ter olhos verdes, 1.70 de altura, 93de busto e de quadris, 58 de cintura, 53 de coxa e 57 de peso. Tudo isso numa moldura de 20 anos, com linhas exatas e belo palminho de rosto, decorado por um sorriso leve.
A moça de olhos verdes dominou, com seus passos leves, a passarela, com um modelo “cocktail”, em tule vaporoso, estola do mesmo tecido, sapatos de cetim cor de caju e luvas da mesma cor. De maiô, também impressionou pela plástica perfeita. ***** (O Cruzeiro)
Gina MacPherson, Miss Guanabara, beleza, classe e elegância. Ela usou um modelo coquetel em “tuffe” vaporoso azul, sapatos de cetim luvas de cor caju.
Ela mora em Niterói, é recepcionista da BOAC e foi descoberta por um diretor do Botafogo, casualmente, no próprio local de trabalho. Por isso, suas primeiras palavras foram para agradecer ao clube que tornou realidade outra historia de Cinderela. ***** (Manchete)
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Uma semana depois de eleita Miss Guanabara, Gina MacPherson venceu 22 candidatas e foi coroada Miss Brasil 1960. Em Miami Beach, o título de Miss Universo ficou para Linda Bement, Miss Estados Unidos e Gina conquistou um lugar entre as semifinalistas (Top 15).
Gina MacPherson, Miss Guanabara 1960 - Foto: revista Manchete
Em 1960, o Brasil, o mundo e o tempo eram outros. Os valores e os costumes eram outros. Ao voltar dos Estados Unidos, Gina MacPherson reassumiu a função de recepcionista na empresa de aviação BOAC e voltou a fazer o que adorava: ler romances, montar a cavalo na fazenda dos pais e assistir aos filmes de Marlon Brando, Tony Curtis, Frank Sinatra, Debbie Reynolds, Brigitte Bardot e Gina Lollobrigida.
Gina MacPherson achava que a felicidade estava num bom marido e num casal de filhos. Cumpriu seu reinado de Miss Guanabara e Miss Brasil até o final. Depois, casou e teve seu almejado casal de filhos, mas isso eu contarei em outra Sessão Nostalgia, onde voltarei a evocar um tempo mágico que se foi, para sempre se foi.
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