Daslan Melo Lima
Cristiane Lisita Passos, Miss Goiás, morena de olhos verdes, semifinalista no Miss Brasil 1981, foi a primeira brasileira a conquistar o título de Miss Intercontinental, realizado em Barranquilla, Colômbia, em 24/10/1981.
Cristiane Passos, Miss Intercontinental 1981 (Foto: Vador Goulart, revista Fatos & Fotos Gente, n° 1.075, Ano XX, 29/03/1982)
Na semana passada, quando focalizei Taiomara do Rocio Brochard, escrevi que no ano de 1981 as brasileiras alcançaram grande destaque nas passarelas dos maiores concursos de beleza do mundo. Falei de Adriana Alves de Oliveira (quarto lugar no Miss Universo), Taiomara do Rocio Borchardt (vice Miss Beleza Internacional) e Maristela Silva Grazzia (quarto lugar no Miss Mundo).
Deixei de citar Cristiane Passos, talvez pelo fato de, inconscientemente, minha memória estar mais vinculada aos três citados concursos de beleza, os mais tradicionais do planeta, e de o Miss Intercontinental, na época Miss Teen Intercontinental, não ser motivo de maiores comentários na mídia nacional.
Por mera casualidade, em março de 1982, folheando em uma banca um exemplar da revista Fatos & Fotos Gente, deparei-me com uma reportagem sobre Cristiane Passos. Interessado por tudo relacionado às misses, comprei a publicação, sem saber que ela se tornaria uma relíquia.
Cristiane Passos, Miss Intercontinental 1981 (Foto: Vador Goulart, Fatos & Fotos Gente, n° 1.075, Ano XX, 29/03/1982)
O concurso Miss Intercontinetnal foi criado em 1972, com o nome de Miss Teenage Intercontinental, em Aruba, sob a organização de Rene Lacle. De 1979 até 1981, teve a denominação de Miss Teen Intercontinental, passando a ser chamado de Miss Intercontinental a partir de 1982.
As brasileiras que mais se destacaram no Miss Intercontinental foram:
Cristiane Passos, primeiro lugar, 1981 (Barranquilla, Colômbia);
Márcia Cristine de Carvalho Macedo, quinto lugar, 1982 (Cartagena, Colômbia);
Rejane Heiden, quarto lugar, 1983 (Oranjestad, Aruba);
Janaína Vizeu Berenhauser Borba, primeiro lugar, 1998 (Bad Lausick, Alemanha)
Fabíola Effgen, semifinalista em 2002 (Fürth, Alemanha);
Rafaella Tinti Borja Pinto, semifinalista, 2003 (Berlin, Alemanha);
Carla Seixas Lara, semifinalista, 2004 (Huhhot, China);
Andrea Lopes de Andrade, semifinalista, 2005 (Huangshan, China);
Natália Guimarães, semifinalista, 2006 (Nassau, Bahamas);
Marcela Duarte, quarto lugar, 2007 (Mahe, Seychelles);
Vanessa Cristina Guimarães de Morais, semifinalista, 2008 (Zabrze, Polônia).
Cristiane Passos, Miss Intercontinental 1981 (Foto: Vador Goulart, Fatos & Fotos Gente, nº. 1.075, Ano XX, 29/03/1982)
Cristiane Lisita Passos, uma brasileira de 20 anos, atual Miss Juventude Internacional, eleita na Colômbia, pretende concorrer a uma cadeira na Assembléia Legislativa de seu estado natal, Goiás.
“Às vezes, as pessoas vêem os jovens como alienados. Não é nada disso: nós, jovens, podemos fazer muitas coisas, principalmente em relação à igualdade das classes sociais” – diz Cristiane, estudante de jornalismo.
“Somos uma juventude de transição, que ficou entre o AI-5 e a promessa de abertura total. É mais ou menos o que escrevi numa poesia (ela está para lançar seu primeiro livro):
“Estou abarrotada de épocas e acontecimentos / e sinto que este velho tempo ainda está dentro de mim.”
Morena, de olhos verdes, não acha que por ser Miss não pode pensar, agir e ter opiniões próprias.
Quanto à política, frisa que gosta muito, “desde que seja limpa, que vise os interesses do povo. Uma política para beneficiar e não para tornar o político um beneficiado. Demagogos têm muitos por aí, e eu os quero bem longe de mim”.
Depois da vitória, Cristiane teve que cumprir alguns compromissos que incluíam viagens ao Caribe e América do Norte.
“O fato de ser Miss não impede que eu tenha minhas opiniões. Gosto muito da política desde que seja uma política limpa e que vise os interesses do povo. Comigo, demagogo não tem vez.”
(Marlene Anna Galeazzi, Fatos & Fotos Gente, nº 1.075, Ano XX, de 29/03/1982)
Cristiane Passos, A Miss que ser deputada. Página completa da reportagem de Marlene Anna Galeazzi, com fotos feitas por Vador Goulart, revista Fatos & Fotos Gente, n° 1.075, Ano XX, 29/03/1982
As coisas que Cristiane Passos falou sobre política em março de 1982 soam atuais.
Não sei se ela chegou a concorrer a uma cadeira na Assembléia Legislativa de Goiás, mas sei que voltou a disputar outro título internacional, o Reina Mundial del Banano 1985. Nesse concurso, que existe em Machala, a capital da banana do Equador, desde 1964, Cristiane Passos voltou a brilhar e trouxe para o Brasil o segundo lugar, tendo perdido o título para Rosibel Chácon, da Costa Rica.
Detalhe: O Brasil venceu o Reina Mundial del Banano em 1989, com Cristiane Corrales Ferreira (Miss Goiás, semifinalista no Miss Brasil 1988) e em 1996, com a gaúcha Paula Simon.
O que Cristiane Lisita Passos faz hoje ?
Ela é jornalista, advogada e escritora;
Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais pela UMSA, Universidad Del Museo Social Argentino;
Mestra em Direito Agrário pela UFG, Universidade Federal de Goiás;
Pós graduada em Administração Pública, Direito do Trabalho, Direito Processual Civil, Direito Empresarial e Orçamento e Finanças.
Imagino que a Dra. Cristiane Lisita Passos, Miss Goiás 1981, semifinalista do Miss Brasil 1981, Miss Intercontinental 1981 e vice Rainha Mundial da Banana 1989, tem orgulho do seu passado de rainha da beleza, vai ler esta matéria e recitar em silêncio, em tom de nostalgia, aqueles mesmos versos sábios que escreveu um dia:
Estou abarrotada de época e acontecimentos
E sinto que este velho tempo ainda está dentro de mim.
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segunda-feira, 20 de julho de 2009
sexta-feira, 17 de julho de 2009
SESSÃO NOSTALGIA - Taiomara do Rocio Borchardt, Miss Brasil Beleza Internacional 1981
Daslan Melo Lima
Taiomara do Rocio Borchardt, morena de Paranaguá, Miss Brasil Beleza Internacional 1981. (Foto: revista Fatos & Fotos)
Taiomara tinha esperança de, pelo menos, ficar entre as quinze semifinalistas e ficou surpresa com o segundo lugar. (Foto: Fatos & Fotos)
Mas, ficando em segundo lugar e sendo uma das misses que mais se destacou, os compromissos começaram a chover.
"Dentro do possível tentarei fazer com que as mudanças não sejam profundas. Dizem que vai ser difícil, mas estou disposta a pagar para ver."
Por isso mesmo, pretende passou a maior parte do tempo possível na sua Paranaguá. (Recorte da revista Manchete, 31/10/1981, parte de um dos meus álbuns sobre concursos de misses)
No ano de 1981, as brasileiras alcançaram grande destaque nas passarelas dos maiores concursos de beleza do mundo:
A gaúcha Adriana Alves de Oliveira, Miss Rio de Janeiro, eleita Miss Brasil no primeiro concurso promovido por Sílvio Santos, classificou-se em quarto lugar no Miss Universo, realizado em New York, Estados Unidos, em 20 de julho;
A gaúcha Adriana Alves de Oliveira, Miss Rio de Janeiro, eleita Miss Brasil no primeiro concurso promovido por Sílvio Santos, classificou-se em quarto lugar no Miss Universo, realizado em New York, Estados Unidos, em 20 de julho;
A paranaense Taiomara do Rocio Borchardt conseguiu ser vice Miss Beleza Internacional em Kobe, no Japão, em 06 de setembro;
A paulista Maristela Silva Grazzia foi a Londres e conquistou o quarto lugar no Miss Mundo, em 12 de novembro.
Taiomara do Rocio Borchardt, morena de Paranaguá, Miss Brasil Beleza Internacional 1981. (Foto: revista Fatos & Fotos)
A morena Taiomara, vinte anos de idade, trabalhava como secretária quando foi convidada por Paulo Max para disputar o titulo de Miss Beleza Internacional. Convite aceito, contou com a assessoria e companhia de uma celebridade que já tinha vivido em Tóquio: a carioca Maria da Glória Carvalho, eleita em 1968 Miss Guanabara, terceira colocada no Miss Brasil e Miss Beleza Internacional.
Uma brasileira reina no Japão. A beleza morena de Taiomara conquistou os japoneses de Kobe. (Foto: Fatos & Fotos). Eram quarenta e duas concorrentes. Taiomara venceu na cidade de Kyoto a competição de Miss Elegância e dois dias depois quase era eleita a mais bela, perdendo apenas para a loura australiana Jenny Annet Dereck.
Taiomara tinha esperança de, pelo menos, ficar entre as quinze semifinalistas e ficou surpresa com o segundo lugar. (Foto: Fatos & Fotos)
"A vitória pelo que representava, significava muito. Mas o alto preço que me custaria, sob o aspecto humnao, me aturdia", confessou Taiomara do Rocio Borchardt, a Tarlis Batista de MANCHETE.
"Me apavorei, confesso, quando as outras candidatas começaram a ser afastadas e fui me aproximando do título de Miss Beleza Internacional."
"Eu tinha medo de ganhar.""Me apavorei, confesso, quando as outras candidatas começaram a ser afastadas e fui me aproximando do título de Miss Beleza Internacional."
Mas, ficando em segundo lugar e sendo uma das misses que mais se destacou, os compromissos começaram a chover.
"Dentro do possível tentarei fazer com que as mudanças não sejam profundas. Dizem que vai ser difícil, mas estou disposta a pagar para ver."
Por isso mesmo, pretende passou a maior parte do tempo possível na sua Paranaguá. (Recorte da revista Manchete, 31/10/1981, parte de um dos meus álbuns sobre concursos de misses)
O Top 3 do Miss Beleza Internacional 1981. Da esquerda para a direita: a irlandesa Michaelle Roca (terceiro lugar), a australiana Jenny Annet Dereck (primeiro lugar) e a brasileira Taiomara do Rocio Borchardt (segundo lugar). (Fatos & Fotos)
Em 11 de novembro de 1981, a revista Veja publicou a foto acima, onde a imagem de Taiomara ilustrava uma matéria sobre seu entusiasmo em abraçar a carreira política.
Revendo as páginas de um dos meus álbuns de recortes, e fazendo uma releitura do depoimento que Taiomara concedeu a Tarlis Batista, acredito que Taiomara optou mesmo por levar uma vida tranquila, onde não houvesse mudanças profundas.
Taiomara do Rocio Borchardt teve medo de ganhar o Miss Beleza Internacional 1981 para não pagar o alto preço que isso lhe custaria, mas permaneceu na memória dos japoneses como uma das mais belas misses que o Brasil já enviou para disputar o concurso Miss Beleza Internacional.
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terça-feira, 7 de julho de 2009
SESSÃO NOSTALGIA - Alba de Souza Leão, Miss Pernambuco 1955
Daslan Melo Lima
O enorme sucesso da baiana Marta Rocha no concurso Miss Universo 1954 e a repercussão do seu segundo lugar, quando perdeu para Miriam Stevenson, Miss Estados Unidos, por causa das lendárias duas polegadas a mais nos quadris, motivaram inúmeras jovens brasileiras a encarar uma passarela em busca do título de Miss Brasil 1955. Entre elas estavam Alba e Adelaide, duas jovens de muita classe, oriundas de uma das mais tradicionais famílias pernambucanas, a Souza Leão,
Conforme Ivo Ricardo Wanderley, www.irwanderley.eng.br/souzaleao/souzaleao.htm, as raízes da família Souza Leão se estendem até o Porto, em Portugal. O primeiro Souza Leão que veio para Pernambuco se chamava Domingos e era filho de Manuel de Leão (1606-1694), que se casou com uma Souza. Domingos de Souza Leão nasceu em 1656 e era o mais novo dentre oito irmãos. Não se sabe ao certo quando chegou a Pernambuco, mas há indicações de genealogistas da família de que foi no final do século XVII. Dos noventa titulares da nobreza pernambucana, nada menos que dezesseis eram membros da família Souza Leão.
Brasão da família Souza Leão
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Alba de Souza Leão no Miss Pernambuco 1955
Na noite de 28 de maio de 1955, na passarela do Clube Náutico Capibaribe, na época um dos clubes mais fechados de Pernambuco, desfilaram as seguintes concorrentes ao título de Miss Pernambuco 1955:
Adelaide de Souza Leão, Miss Cabanga Iate Clube
Alba de Souza Leão, Miss Aeroclube de Pernambuco
Edília de Guimarães Paiva, Miss América Futebol Clube
Lourinisa de Sena Guerra, Miss Sport Club do Recife
Maria Dirce Corrêa da Silva, Miss Jet Club
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Deveria ter desfilado a jovem Almerinda Pessoa de Azevedo, Miss Atlântico Olindense, mas sua idade era apenas 16 anos, assim, teve que desistir. (Revista Gente Bonita, nº. 1)
Alba de Souza Leão, beleza e elegância nos anos dourados. (Foto: Gente Bonita, nº. 1)
Alba de Souza Leão, Miss Aeroclube de Pernambuco, conquistou a todos e foi eleita Miss Pernambuco 1955. Na comissão julgadora estavam João Alfredo, Fedora do Rego Monteiro Fernandes, Lula Cardoso Ayres, Ladjane Bandeira, Abelardo Rodrigues, Mauro Mota, Severino Soares, Carmem Monteiro, Ivan Assunpção e Valdir de Carvalho.
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Alba de Souza Leão no Miss Brasil 1955
Expectativas e sonhos nos sorrisos de várias candidatas ao título de Miss Brasil 1955. Alba de Souza Leão, Miss Pernambuco 1955, está ao pé da escada, à esquerda. (Foto: Gente Bonita, nº 1)
No mês seguinte, Alba Souza Leão embarcou para o Rio, pela Real Aerovias, a fim de tentar o Miss Brasil. Na audiência que as misses tiveram com o Presidente da República, Café Filho, - naquela época a capital brasileira ainda era o Rio – ele perguntou a Alba se tinha alguma coisa para reclamar, ao que ela respondeu:
“O senhor não nomeou um pernambucano para o Ministério da Agricultura.”
Era uma tradição o Ministério ser de Pernambuco.
(Gente Bonita, nº. 1).
Alba de Souza Leão desfilando no Quitandinha com um modelo chamado “Boa Viagem”, confeccionado com bordado inglês da “América Fabril”. (Foto: revista O Cruzeiro, 09/07/1955)
Alba de Souza Leão. ***** Fotos: O Cruzeiro
No Teatro Mecanizado do Hotel Quitandinha, Rio de Janeiro, na noite de 25 de junho de 1955, dezenove lindas moças disputaram o título de Miss Brasil. Alba de Souza Leão representou muito bem Pernambuco, embora não tenha conseguido um lugar entre as cinco finalistas, posições que couberam às misses abaixo relacionadas, de acordo com o veredicto das quinze pessoas que fizeram parte do júri.
Emília Corrêa Lima, Miss Ceará, primeiro lugar, com oito pontos; Ethel Chiaroni, Miss São Paulo, Ingrid Schmidt, Miss Rio de Janeiro, e Annete Stone, Miss Amazonas, empatadas em segundo lugar, com dois pontos cada uma; e Maria Gilda Rodrigues de Medeiros, Miss Pará, terceiro lugar, com um ponto.
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O casamento de Alba de Souza Leao
O sorriso da pernambucana Alba de Souza Leão ilustrando uma propaganda do Leite de Rosas, na revista O CRUZEIRO, de 19/11/1955.
Ao “Leite de Rosas”, patrocinador do Concurso “Miss Brasil 1955” e embelezador de todas as mulheres brasileiras, ofereço minha fotografia no dia do meu Enlace Matrimonial. Sinceramente. Alba de Souza Leão, “Miss Pernambuco”.
Alba renunciou ao título de Miss Pernambuco para casar no dia 16 de julho de 1955, na Capela da Estação Rádio Pina, Recife, com o milionário Harry B. Richburg, Tenente da Marinha dos Estados Unidos. Ela, que era soprano e pianista, leva hoje uma vida tranquila em San Antonio, Texas, ao lado do esposo, das filhas Eva, Catherine e Guiomar e dos netos, além de se dedicar a atividades filantrópicas, dando assistência a um asilo de idosos carentes.
Alba de Souza Leão Richburg. ***** Foto: Fernando Machado
De vez em quando, Alba vem ao Brasil matar as saudades de Pernambuco, dos amigos e familiares que aqui deixou.
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O Bolo Souza Leão
O nome Souza Leão é um ícone de Pernambuco, não apenas por Alba, também pelo famoso Bolo Souza Leão.
Segundo pesquisadores, o Bolo Souza Leão entrou na história da culinária pernambucana por intermédio de Dona Rita de Cássia Souza Leão Bezerra Cavalcanti, esposa do coronel Agostinho Bezerra da Silva Cavalcanti, proprietário do engenho São Bartolomeu, povoado de Muribeca, município de Jaboatão dos Guararapes.
De Dona Rita, renomada quituteira da época, tem-se conhecimento de que muitas de suas receitas ficaram famosas, como a do Bolo São Bartolomeu e o Bolo Souza Leão. Alguns ingredientes do Souza Leão, originalmente europeus, foram substituídos: o trigo pela massa de mandioca e a manteiga francesa, por manteiga feita na cozinha do engenho.
O sucesso ficou garantido até a atualidade e é considerado o mais aristocrático bolo nordestino. Inclusive, na tradição de servir o bolo, existe a obrigação de utilizar pratos de porcelana ou de cristal. Provavelmente, esta exigência deva-se à importância dos Souza Leão, que o batizaram. Conta-se, também, que ele foi servido ao imperador Dom Pedro II e sua esposa Tereza Cristina, quando de passagem por Pernambuco, no ano de 1859.
Atualmente, é tarefa difícil identificar a receita original, que se atribuiu a Dona Rita de Cássia. A seguir, uma das receitas do tradicional bolo Souza Leão.
Ingredientes: 18 gemas; 6 xícaras de leite de coco puro; 1 kg de açúcar; 1 kg de massa de mandioca; 2 colheres de sopa de manteiga; Sal a gosto.
Preparo: Com açúcar, faça uma calda em ponto de fio; Junte a manteiga e depois as gemas; Acrescente a massa lavada, espremida e peneirada. E, por fim, leite de coco e sal a gosto; Passe toda a mistura em peneira muito fina, várias vezes; Coloque em fôrma untada com manteiga e forrada com papel impermeável, também untado. Asse em forno regular.
No dia 22 de maio de 2008, foi sancionada pelo governador Eduardo Campos, a Lei nº 357/2007, de autoria do deputado Pedro Eurico, que deu ao bolo Souza Leão o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco.
(Fundação Joaquim Nabuco, www.fundaj.gov.br)
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Juro que não estou fazendo merchandising, mas depois dessa Sessão Nostalgia nada melhor que um pedaço de Bolo Souza Leão e um gole de uma das mais finas cachaças que conheço, a Cachaça Souza Leão (vide www.cachacasouzaleao.com.br), fabricada pela empresa Aldeia Velha Participações e Empreendimentos, localizada em Aldeia, Camaragibe, Pernambuco, propriedade do administrador de empresas Roberto Souza Leão Barros e do engenheiro Roberto Maia.
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sábado, 4 de julho de 2009
SESSÃO NOSTALGIA - DENISE GUIMARÃES PRADO, MISS MINAS GERAIS 1958, UM ROSTO BONITO A SERVIÇO DOS POBRES
Daslan Melo Lima
> De maiô, Denise Guimarães Prado, Miss Minas Gerais 1958, em foto de Indalécio Wanderley, na revista O Cruzeiro, 05/07/1958.
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As velhinhas de Belo Horizonte ficavam felizes quando recebiam a visita da linda Miss Minas Gerais, uma ativa Luísa.(Querida, segunda quinzena, janeiro de 1959)
Denise Guimarães Prado, Miss Minas Gerais 1958, saiu do Maracanãzinho naquele 21 de junho de 1958 com um honroso terceiro lugar no concurso Miss Brasil, perdendo apenas para a pernambucana Sônia Maria Campos, segunda colocada, e para a carioca Adalgisa Colombo, Miss Distrito Federal, primeira colocada.
O Top 3 do Miss Brasil 1958 alcançou projeção internacional. A carioca Adalgisa Colombo voltou de Long Beach com o segundo lugar no concurso Miss Universo 1958. A pernambucana Sônia Maria Campos, primeira brasileira a disputar o título de Miss Mundo, voltou de Londres com o sétimo lugar no Miss Mundo. A mineira Denise Guimarães Prado foi eleita Reina Continental del Café 1959, em Manizales, Colômbia.
Durante o período que passou no Rio de Janeiro, Denise conheceu o trabalho realizado pela Associação Luísa de Marillac, fundada por Irmã Rosalie Rendu, Filha da Caridade de São Vicente de Paulo, em 1853, na França. O nome vem de Santa Luisa de Marillac (1591-1660), patrona da Associação, fundadora das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo.
> De maiô, Denise Guimarães Prado, Miss Minas Gerais 1958, em foto de Indalécio Wanderley, na revista O Cruzeiro, 05/07/1958.
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Um rosto bonito a serviço dos pobres, este foi o título da reportagem de Arlete Neves, publicada na revista Querida, 2ª quinzena, janeiro de 1959.
A bela Miss Minas Gerais mostra que beleza e futilidade não são companheiras inseparáveis, como tanta gente supõe. Sem se deixar ofuscar pelo sucesso, põe o prestígio do seu título – e de sua beleza - a serviço de uma nobre causa.
Denise Guimarães Prado, esta beleza de garota que recebeu o título de Miss Minas Gerais de 1958, em sua vagem ao Rio para disputar o cetro de Miss Brasil, tomou conhecimento do trabalho que as “Luísas de Marillac” realizam em favor da velhice desamparada.
De volta à sua cidade resolveu divulgar lá também o mesmo movimento. De pensar e agir foi apenas um passo. Com grande entusiasmo Denise se pôs a trabalhar e a divulgar em Belo Horizonte a obra das “Luísas”. Foi assim que os vovôs e as avozinhas pobres de Minas Gerais ganharam uma linda e ativa protetora.
Esta é Denise. Um rosto bonito e um coração dedicado à velhice desamparada. (Revista Querida, segunda quinzena, janeiro de 1959)
Denise utilizou seus conhecimentos entre a sociedade local para lançar uma campanha em prol da construção de um abrigo para a velhice. Organizou uma “avant-première”, exibições na TV Itacolomi, festas de caridade. O número de “Luísas” foi crescendo e agora a associação já é uma realidade em Belo Horizonte. Foi deliberada a realização de chás, em residências de figuras destacadas da sociedade local, cuja renda reverterá totalmente para a instituição. O primeiro deles foi realizado na casa da nova “patronesse”, Sra.Alair Couto (nascida Zilda Meireles), e constituiu-se realmente num acontecimento social e num belo desfile de elegância, bom gosto e distinção da mulher mineira.
Um aspecto do chá de caridade na casa da Sra.Alair Couto (nascida Zilda Meireles). Da esquerda para a direita: Hélio Vaz de Melo (gerente da sucursal mineira de O Globo), Ana Marina Viana (colunista social), Denise Guimarães Prado (Miss Minas Gerais 1958), Wilson Frade (colunista social), Zilda Meireles e Marli Passos. (Querida, segunda quinzena, janeiro de 1959)
Em homenagem a “O Globo”, que há dois anos resolveu projetar o nome das “Luísas”, hoje conhecidas por toda a parte, as moças mineiras decidiram conceder ao jornalista Rogério Marinho, diretor substituto daquele jornal, o título com diploma de “Protetor Perpétuo” das “Luísas de Marillac”, de Belo Horizonte.
O chá de caridade na residência da Sra.Alair Couto foi realmente um acontecimento social na capital mineira. Da esquerda para a direita, a elegância de Teresinha Martins, Elza Neireles, Denise Guimarães Prado, Helena Gonçalves de Castro, Solange Castaings, Baby Malletta, Maria Meireles, Clades Pinto e Ana Maria Viana.(Querida, segunda quinzena, janeiro de 1959)
A historia da ALM , Associação Luísa de Marillac, no Brasil, nasceu em 15/03/1942, na Creche Catarina Labouré, no bairro do Ipiranga, São Paulo. Desde então, tem feito muito pela causa dos idosos. Basta conferir o site Família Vicentina no Brasil, www.fv.org.br.
No dia 27/09/1957, em homenagem a São Vicente de Paulo, a ALM do Brasil implantou em âmbito nacional o Dia do Idoso. Em 1960, ano do tricentenário da morte de Santa Luisa de Marillac e de São Vicente de Paulo, no dia 9 de junho, instalou-se em Salvador, Bahia, o grande Congresso da ALM do Brasil. Desse Congresso saíram as propostas de reformas de uma política justa e humana para os idosos. De 1960 até 1975 a ALM de São Paulo, unida às Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo e a sociedade como um todo, criou mecanismos para o projeto da construção da Cidade dos Velhinhos, em Itaquera, cujo primeiro pavilhão foi inaugurado em 1964. Dos anos de 1975 a 1980, seus trabalhos se voltaram para pesquisa e assessoria em projetos de geriatria e gerontologia, em obras governamentais e não governamentais. Em 1982 a ALM participou na Áustria do Congresso Mundial do Envelhecimento.
Santa Luísa de Marillac
Eis o pensamento da Associação Luísa de Marillac: Só existe um caminho para concretizar o ideal de cidadania do idoso: é a união, a organização, a luta e a descoberta de seus valores.
As velhinhas de Belo Horizonte ficavam felizes quando recebiam a visita da linda Miss Minas Gerais, uma ativa Luísa.(Querida, segunda quinzena, janeiro de 1959)
Em Minas Gerais, no dia 30/12/1962, foi fundado um pequeno município que recebeu o nome de Marilac, em homenagem a Santa Luisa de Marillac. Acredito que por lá muita gente deve saber que hoje a Associação Luísa de Marillac existe em cinqüenta paises e conta com 320.000 voluntárias. Acredito que por lá muita gente deve saber que Denise Guimarães Prado, Miss Minas Gerais 1958, no auge da sua juventude e beleza, dedicou grande parte do seu tempo à causa da Associação Luísa de Marillac, colocando seu rosto bonito a serviço dos pobres.
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