Daslan Melo Lima
“Daslan,
tô saindo de casa. Vamos iniciar um dos dias mais inesquecíveis da sua vida. Da
minha também! Abraço.” O relógio marcava 08h30min da ensolarada manhã
baiana do domingo, 13, quando acessei minha página no Facebook e li essa
mensagem enviada às 08h04min por Roberto Macêdo. Foi a minha primeira viagem a
Salvador e eu estava no Hotel Bahiamar, aguardando a chegada do meu amigo que estava disposto para me mostrar a cidade. Eu já tinha feito um city-tour no dia anterior com o
guia do grupo da minha excursão, mas
nada como a expectativa de um passeio tranquilo, ao sabor das vivências de um jornalista profissional em sintonia com a minha visão de poeta e fã de concursos de Misses. Nosso
passeio será contado em três crônicas semanais. Esta é a primeira.
MARTHA VASCONCELLOS, MISS UNIVERSO 1968, UM SELO DE DEUS
Depois de um giro fantástico pelo famoso
Pelourinho, Roberto dirigiu-se a um edifício localizado em área nobre
da cidade informando que estava indo ao encontro de um amigo que iria almoçar conosco. Subi com ele
no elevador e em determinado andar Roberto tocou a campainha. Se o meu coração não
fosse tão saudável como é, minha saúde teria sofrido um grande impacto. Quando meu amigo tocou a campainha, quem abriu a porta foi Martha Vasconcellos, Miss Bahia, Miss
Brasil e Miss Universo 1968. Não há nenhuma palavra na língua portuguesa ou em
outra qualquer que possa exprimir o meu sentimento e minha emoção. Riso e choro deram as mãos, mas ficaram travados na garganta. Bela, tranquila,
Martha mostrou-me sua residência e parte do seu acervo ligado ao seu reinado de beleza e em seguida fomos
almoçar no Restaurante Soho, em Marina Bahia.
Martha Vasconcellos mostrando várias homenagens emolduradas num recanto especial do seu apartamento.
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Martha Vasconcellos com a sua faixa de Miss Universo e eu segurando a sua de Miss Brasil. "Não quer posar usando a faixa? " perguntou Martha com um sorriso. Respondi que não, para frustração do menino tímido que um dia eu fui. Estar ao lado da deusa, tendo nas mãos objeto tão valioso, já era o suficiente para o menino sonhador. |
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As faixas de Miss Bahia, Miss Brasil, Miss Fotogenia e Miss Universo. Uma vermelha, Miss Tia Martha, homenagem dos seus alunos após voltar de Miami Beach com o título de Miss Universo; outra, onde há escrito simplesmente Rainha, quando foi eleita Rainha da Primavera ainda criança, na escola; e as de Brazil , usadas nos trajes das apresentações como candidata ao título de Miss Universo.
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O menino que um dia eu fui pensava que um troféu de Miss Universo era de ouro. Engano. Mais valioso do que o ouro, a personalidade de Martha Vasconcellos. |
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A todo momento, a brisa mansa do Mar sem fim do Senhor do Bonfim entra pela varanda do apartamento de Martha Vasconcellos para saudar a beleza da Miss Universo.
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Pausa para uma foto após o almoço no Restaurante Soho, em Bahia Marina. Roberto Macêdo, Martha Vasconcellos e eu.
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Os momentos vividos ao lado de Roberto
Macêdo e Martha Vasconcellos tiveram gosto de sonho. Jornalista e arquiteto,
ele é uma companhia ótima, culto, de bem com a vida, escritor (está
escrevendo a biografia de Martha Vasconcelos) e um dos maiores conhecedores sobre assuntos
ligados a Misses. Nossa eterna Miss Universo 1968 é uma pessoa maravilhosa que
já sorriu e já chorou, pois as pessoas predestinadas à fama e à fortuna também
têm os seus problemas como qualquer passageiro da estação Planeta Terra.
Um título de Miss é para toda vida, mas
pelo tempo decorrido, eu e a brisa mansa que soprava do Mar sem fim do Senhor
do Bonfim tivemos uma ligeira impressão que a nossa eterna Miss Universo ainda
não tem a real dimensão do quanto foi adorada e como ainda é amada pela Bahia,
pelo Brasil, pelo Mundo. Martha Vasconcellos irradia aquela luz que remete ao trecho
de uma crônica da escritora cearense Rachel de Queiroz (1901-2003), publicada
na revista O Cruzeiro, edição de 30/07/1955, originalmente dedicada a Emília
Corrêa Lima, Miss Brasil 1955.
“Tudo são dons, dons gratuitos, que se recebem da fonte de todos os
dons. Valerão eles menos por isso? E a beleza, entre os dons, é o mais alto de
todos: o maior elogio que se pode fazer a uma realização, a uma paisagem, a um
poema, é dizer que são belos. Porque a beleza é a coroa que os completa. Nem a
virtude se concebe sem beleza, nem a divindade. Não só os deuses dos pagões
eram belos: a própria Igreja, dentro da sua austeridade, pinta os santos
formosos. Alguém poderia imaginar Nossa Senhora feia? E Cristo, se viesse ao
mundo na figura de um homem malformado, não seria até uma profanação? Não será
por frivolidade que a Igreja assim se empenha em tornar seus santos; será antes
porque, com o seu profundo conhecimento do coração humano, sabe que a beleza
atrai o amor e a devoção. Porque a beleza é como um selo de Deus.”
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Muito obrigado, Roberto Macêdo! As palavras de agradecimento fogem
todas, pois nenhuma definiria o meu sentimento de gratidão pelas horas baianas
maravilhosas que você me proporcionou. Vida longa revestida de Saúde e Paz para você, Martha Vasconcellos, Miss Bahia, Miss Brasil, Miss Universo 1968, um selo de DEUS.
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