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O drama vivido pelo ex-vereador e família é lembrado nesta página por sua
cunhada Gisa Gomes Ferreira Lima
Pessoa simples, de um coração sem tamanho, generoso, humilde, um homem
de caráter, honesto, amigo e querido por todos. Desconheço quem não gostava
dele, até mesmo os seus adversários políticos eram seus amigos. Era o tio mais
querido pelos sobrinhos, aquele que entendia a todos com seu jeitinho simples e
amigo. Ele era casado com minha irmã e eu com o irmão dele. Os filhos deles são
nossos filhos e os nossos são dele. Moramos em uma mesma casa, uma casa cheia
de amor, de alegria, de amigos, de zoada, de resenhas... Até que isso tudo
mudou no dia 6 de agosto, quando recebemos a noticia mais triste de nossas
vidas: o resultado do exame que Jacquinho estava com um tumor no pâncreas.
Desde aquele dia que o nosso terraço,
que era só alegria, passou a ser só de tristeza, medo, dúvidas e sofrimento. Foram
25 dias de angústia até chegar o dia da cirurgia, 31 de agosto. As orações e
promessas foram muitas. Noites sem dormir, medo, aflição, mas tínhamos muita fé
e esperança que ele ficaria curado.
Começou então a luta. Viagens ao Recife, quimioterapia, soro, sonda para poder
se alimentar, lavagem gástricas, entre outros, mas ele sempre muito paciente,
calmo como sempre foi, sem reclamar de nada. Os dias iam se passando e não
víamos melhora alguma, as irmãs todos os dias iam lá em casa trazendo alguma
coisa para o animar e lhe agradar, traziam lanchinhos e comida, mas ele não comia praticamente nada.
Cada dia mais fraco e perdendo peso
foi então que a médica passou a sonda para ele se alimentar melhor. Tudo isso
deixava todos muito tristes e apreensivos. Carol e Eduardo todos os dias ao
acordar ligavam para mim para saber do tio-pai.
Em outubro, Jacquinho começou a
ficar com a pele amarelada e sentir dores, mas assim mesmo não reclamava de
nada, sempre muito educado, como dizia Aline. Todos os dias Edite ia na nossa
casa para fazer massagens em Jacquinho. A neta Fernanda e o filho Odilon também
faziam. Era uma dedicação total de todos. Joca, sempre muito preocupado,
querendo animá-lo, o chamava para dar uma volta de carro, mas ele já muito
fraco se negava a ir. Carol já não aguentava ver o tio-pai e padrinho daquele
jeito. Ligava para mim sempre chorando. Eduardo sempre pronto a ajudar, ficava
com ele nas horas que Céres precisava sair. Ajudava no banho, trazia chá de
tudo que era lugar, sempre muito preocupado. Tarcísio era o que mais sentia
medo do que podia acontecer, seu semblante era de total preocupação. Lon, vendo
o pai daquele jeito passou a ficar mais em casa, fazia muitas massagens nele,
fazia sua barba com muito cuidado e carinho. Felipe também estava ali com a mãe
toda hora e com ele.
Os dias foram se passando e o sofrimento e o medo aumentando, a partir
dai, eu
só pedia a Deus que se fosse para continuar assim seria melhor que o
levasse. Seria egoísmo nosso querer Jacquinho vivo daquela forma. Tentamos de
tudo. Quando no dia 26 de novembro, o médico mandou ele voltar para casa, entendemos que não tinha mais o que ser
feito, só nos restava dar amor, carinho conforto e esperar o dia de Deus. Ele
não merecia sofrer, pois era uma pessoa de fácil aceitação em tudo. Com certeza
aceitou bem sua passagem e agora está aliviado. Conseguimos ficar quatro meses
juntos com ele o tempo todo, o mantivermos em casa longe de um leito frio de um
hospital. Ficamos todos unidos. Não faltaram visitas. Aqueles que não foram
entendemos que não tinham coragem e queriam ter a lembrança dele vivo, alegre e
brincalhão.
Agora eu falo para todos que ele com certeza está nos braços do Pai,
junto com seus avós, pais e amigos e tenho certeza que um dia vamos todos nos
encontrarmos. Agora só restam as lembranças e eternas saudades.
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Texto publicado na página de Comportamento da revista TIMBAÚBA EM FOCO, edição 92, dezembro/2018. Exemplares poderão ser encontrados na Banca de Julio Alfredo, centro da cidade.
SIGA FELIZ N0 SEU CAMINHO
Faz dois anos que ouvi um conselho de um homem político, filho de tradicional família timbaubense, Jacques Ferreira Lima Filho: "Não queira entrar na política-partidária. É uma missão espinhosa. Continue sendo a pessoa que é. Siga feliz no seu caminho."
Sua imagem, alegre e serena, colocando bebida em meu copo durante uma festa, é a lembrança que guardarei do homem bom e sábio que partiu para a Grande Viagem antes do Natal chegar.
Jacques, siga feliz no seu caminho, eis tudo o que lhe desejo.
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- Daslan Melo Lima
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