Daslan Melo Lima
Segundo a revista Fatos & Fotos, de 11/07/1964, havia 50 mil pessoas no Ginásio do Maracanãzinho, Rio de Janeiro, na noite da eleição da Miss Brasil 1964. Era um sábado , 04 de julho de 1964. O concurso Miss Brasil estava no auge. Um ano antes, a gaúcha Ieda Maria Vargas tinha sido eleita Miss Universo e 24 lindas jovens de todo o país queriam receber de suas mãos a coroa de Miss Brasil e, quiçá, em Miami Beach, a de Miss Universo.
Entre as milhares de pessoas presentes ao Maracanãzinho uma se chamava João Roberto Esteves Kelly, ou simplesmente João Roberto Kelly, carioca, 26 anos, pianista, compositor e produtor musical. Inspirado na mulata Vera Lúcia Couto dos Santos, Miss Guanabara, segunda colocada no Miss Brasil, e depois terceiro lugar no Miss Beleza Internacional, João Roberto Kelly compôs uma marchinha que, gravada na voz de Emilinha Borba (1922-2005), foi o maior sucesso do carnaval brasileiro de 1965.
Mulata Bossa Nova
Caiu no Hully Gully
E só dá ela.
Iê, Iê, Iê, Iê, Iê, Iê
Na passarela.
Caiu no Hully Gully
E só dá ela.
Iê, Iê, Iê, Iê, Iê, Iê
Na passarela.
A boneca está
Cheia de fiu-fiu,
Esnobando as louras
E as morenas do Brasil.
Vera Lúcia Couto em traje típico. A fantasia confeccionada por Evandro de Castro Lima (1920-1985) tinha o nome de "Samba, Sinfonia de Três Raças". Revista Manchete, 18/07/1964) |
Numa entrevista para o site bafafá.com.br, João Roberto Kelly relembrou: “Um dia, eu fui a um concurso de Miss Brasil no Maracanãzinho e vi uma mulata quase negra evoluindo maravilhosamente com um “pisar” de passarela muito elegante, muito fora inclusive dos padrões que todas as mulatas encaravam qualquer movimento de passarela. Eu olhei e disse: Que moça diferente, merece ser fotografada numa música. Era Vera Lúcia Couto...” (Fonte: Raimundo Junior, missesemmanchete.blogspot.com, 20/12/2007)
Vera Lúcia Couto em traje de banho. A marca do maiô era, obviamente, Catalina. (Revista Fatos & Fotos, 11/07/1964). |
Porque estamos em clima carnavalesco, a música Mulata Bossa Nova será tocada muitas vezes por esse Brasil afora, para deleite dos sonhadores e saudosistas da minha geração.