Daslan Melo Lima
Há treze anos, uma preciosa recordação vive no meu
coração e no espaço azul das coisas que me são caras: a imagem de uma jovem linda e inteligente chamada Michella Dauzacker Marchi, ou simplesmente Michella Marchi.
Eu estava no Clube
Internacional do Recife, na noite da eleição da Miss Pernambuco 1999, quando
num dos intervalos chamaram à passarela aquela que um ano antes tinha sido
eleita a mulher mais bela do país. Ela surgiu deslumbrante, simples e ao mesmo
tempo sofisticada, humilde e ao mesmo tempo majestosa. Após o desfile, Michella
Marchi pegou o microfone para falar das suas impressões como Miss Brasil.
Segura de si, tranquila, voz pausada e agradável, Michella Marchi falou de sua experiência como rainha da beleza
num mundo onde o interior das pessoas deveria ser priorizado e externou a
importância de um título de beleza, dentro de um contexto onde o belo pode dar
às mãos na construção de um mundo melhor e politicamente correto. Ao encerrar o
seu discurso, a Miss Brasil 1998 foi aplaudidíssima. Muitos ficaram em pé para
aplaudi-la, inclusive eu. E é para você,
Dra. Michella Marchi, eterna Miss
Dourados, Miss Mato Grosso do Sul, Miss Brasil e semifinalista no Miss Universo
1998, a quem dedico a primeira Sessão Nostalgia deste agosto frio de 2012.
O
MISS BRASIL 1998 NA VISÃO DA ISTOÉ
Adriana Reis, Miss Rondônia, e Michella Marchi, Miss Mato Grosso do Sul. Minutos antes de saber que ficaria em segundo lugar, a Miss Rondônia não segurou as lágrimas. |
VOLTA PARA O FUTURO – Concurso Miss Brasil
tenta resgatar o glamour do passado e mostra novo perfil de candidatas -
(Reportagem de Rita Moraes. Fotos de Luciana de Francisco.Revista ISTOÉ, nº 1488, 08/04/1998).
Elas
juram que não leram só O Pequeno Príncipe, nem querem apenas aparecer em coluna
social ou arranjar um bom casamento. Sem medo de eventuais críticas feministas,
27 belas jovens disputaram o Miss Brasil 98, concurso que causava frisson nas
décadas de 50 e 60 e fez mitos como Martha Rocha e Vera Fischer, mas nos úlltimos
20 anos perdeu o brilho, deixando até de ser televisionado. Dentro dos
tradiconais maiôs Catalina ou em trajes de gala, as candidatas se esforçaram
para apresentar um perfil intelectualizado. Conscientes das conquistas feitas
pela mulher, elas rechearam suas poucas falas com alusões aos problemas
sociais, fugindo ao esteriótipo de bibelô. “O Brasil precisa valorizar a
educação”, discursou Michella Marchi, 20 anos, Miss Mato Grosso do Sul. Com
1,79m, 59 quilos, 89 cm de busto, 62 de cintura e 90 de quadril, a Miss Brasil
98 vislumbra os ganhos que o título pode lhe render. Estudante de Direito,
Michella fala inglês, conhece a Europa e quer ser uma advogada bem sucedida.
Todas as candidatas estavam sincronizadas
com a proposta dos organizadores que esperam resgatar a importância do concurso lançando
o slogan “Beleza com propósito”. Na verdade, eles seguem uma tendência estabelecida
desde a década de 80 em outros países, como a Venezuela, onde este tipo de
evento é um grande empreendimento e vincula-se a causas sociais. “O Miss
Universo é assistido por 800 milhões de telespectadores. Custa ao país sede cerca
de US$ 4 milhões e é disputado por 90 países”, diz Boanegers Gaeta Júnior, da empresa
Singa Brasil, orga- nizadora oficial do concurso. “Não dá para entender o
desinteresse nacional.” Na quarta-feira 1º, a casa de show Tom Brasil em São
Paulo ficou lotada, mas a maioria era artista, empresário e familiar convidado. Nos tempos
áureos, a escolha de Miss Brasiil levava 20 mil pessoas ao Maracanãzinho, no
Rio.
Luizeani Altenhofen, Miss Rio Grande do Sul, terceira colocada.
Algumas coisas, porém, não mudam. Como a
cara de surpresa e as lágrimas das vencedoras, o sorriso amarelo das não finalistas, as sempre presentes mães de miss,
o exagero de alguns estilistas e os faniquitos dos maquiadores. Minutos antes
de saber que ficaria em segundo lugar, a Miss Rondônia, Adriana Reis, de mãos
dadas com Michella Marchi, segurou as lágrimas. A emoção tem sentido. As três
primeiras representarão o Brasil nos maiores concursos internacionais e poderão
receber prêmios milionários. Michella, que já garantiu um Corsa 98, sete
vestidos de noite, um celular, joias e mais R$ 3.500, estará em breve em
Honolulu, no Havaí, para o Miss Universo, cuja premiação chega a US$ 250 mil. Adriana concorrerá ao Miss Mundo nas
Ilhas Seycheelles e a terceira colocada, a loura Luizeani Altenhofen, Miss Rio
Grande do Sul, irá para o Japão concorrer ao Miss Beleza Internacional. Martha
Rocha, que fez parte do júri, viveu essa emoção há 44 anos e reconhece que, se
as cenas se assemelham, os critérios de avaliação hoje vão além das duas polegadas
a mais no quadril, que a fizeram perder o Miss Universo. “Neste tempo, o homem
já foi á Lua e a Marte. As moças têm que estar atualizadas.” Ela tem razão. As
atuais candidatas podem se mirar no exemplo da venezuelana Irene Saez, Miss
Universo 1981, que fez carreira política e é candidata favorita à Presidência
da República.
_____
Michella Marchi, Miss Brasil 1998, na capa da revista Miss Brasil 99, editada por Gaeta Promoções & Eventos Ltda. Na foto menor, o Top 3
do Miss Brasil 1998. Da esquerda para a direita, Luizeani Altenhofen, Miss Rio
Grande do Sul, terceira colocada; Michella Marchi, Miss Mato Grosso do Sul,
primeira; e Adriana Reis, Miss Rondônia, segundo lugar. Luizeani Altenhofen, Miss Brasil
Beleza Internacional, não partipou do Miss Beleza Internacional, realizado no
Japão, porque teve problemas de saúde nas vésperas de embarcar para o exterior. Michella Marchi ficou entre as semifinalistas
do Miss Universo, em Honolulu, Havaí. Adriana Reis, Miss Brasil Mundo, ficou entre as
semifinalistas do Miss Mundo, em Londres. Tal como na época de ouro do Miss Brasil, o
concurso de 1998 enviou as três primeiras colocadas para os três mais importantes
concursos de beleza do mundo.
O REINADO DE MICHELLA MARCHI
Honolulu, Havaí, maio de 1998. Eram 81 garotas de todas as partes do mundo atrás de um sonho: ser eleita Miss Universo. Entre elas, Michella Marchi, que conquistou um lugar entre as semifinalistas. O concurso foi vencido por Wendy Fitzwilliam , Miss Trinidad Tobago.
_____
Roberto
Macêdo, jornalista baiano, entrevistando a Miss Brasil 1998 no intervalo de uma das programações do Miss Universo.
_____
Filha da Miss Dourados 1972, Sandra Dauzacker, Michella
entrou no concurso municipal a pedidos dos coordenadores locais, pois estava se
mudando para Santos-SP, onde começaria seus estudos de Direito. Por insistência
de alguns, achou por bem prestar uma homenagem à cidade que estava deixando, convicta
que não ganharia o título. Para sua surpresa, conquistou em duas semanas os
concursos de Miss Dourados, Miss Mato Grosso do Sul e Miss Brasil 1998. Entre
as personalidades que fizeram parte da comissão julgadora do Miss Brasil 1998
estavam três Misses Brasil: Martha Rocha
(1954), Celice Marques (1982) e Valéria Pèris (1994). Michella viajou ao Miss Universo, realizado
no Havaí, ficou entre as semifinalistas e recebeu convites para participar de campanhas publicitárias com o objetivo
de promover o turismo naquele país. De volta ao Brasil, trancou matricula na Faculdade
de Direito e iniciou seus compromissos como Miss Brasil. Viajou por mais de 80
cidades em 17 Estados e ainda Argentina, Paraguai e Uruguai. Apresentou-se em
vários programas de TV, foi capa da
revista Folha de São Paulo e motivo de reportagens em várias publicações nacionais, como O Globo, Jornal do
Brasil, O Estado de São Paulo e Caras. Foi convidada a integrar o elenco de Estrela de Fogo, novela da Rede Record, e a apresentar um programa mensal na
Rede Bandeirantes chamado Rodeio. Optou pelo programa, pois antes de ser Miss
tinha sido campeã de equitação na categoria três tambores,
durante três anos consecutivos, no seu Estado natal e no Paraná. Participou
como jurada convidada das gravações de Pecado Capital, novela da Rede Globo de
Televisão, no concurso que elegeu a mais bela taxista do Rio. Também foi
destaque da Escola de Samba Beija Flor e sua presença foi citada no
Jornal Nacional como a figura que deu brilho à escola. (Fonte: Revista Miss Brasil
99, Gaeta Promoções e Eventos Ltda).
POR ONDE ANDA MICHELLA MARCHI
A Miss Brasil 1998 é casada com o empresário Dilton Niquini e
mora em Belo Horizonte–MG, onde
trabalha como advogada. Ela foi entrevistada recentemente pela Band no progama Miss Minas
Gerais 2012, onde conta relatos interessantes sobre sua trajetória de rainha da
beleza brasileira,. Vide o link: http://missminasgerais.com.br/plus/modulos/multimidia/visualizar.php?cdmidia=22
----------
Naquele 1999, eu estava no Clube
Internacional do Recife na condição de coordenador de Gilvânia Aguiar, Miss Timbaúba, torcendo
para que ela conseguisse pelo menos um lugar entre as semifinalistas.
Não conseguiu, embora tenha feito uma boa apresentação, no ano em que a bela Jadilza Bernardo, Miss Jataúba,
foi eleita Miss Pernambuco. E entre as
boas recordações daquele 1999, ficou comigo para sempre a lembrança de
Michella Marchi, Miss Brasil 1998, uma preciosa recordação que vive no meu
coração e no espaço azul das coisas que me são caras.
*****
6 comentários:
Daslan,
Chego agora em casa, depois de um dia extenuante, e vejo essa maravilha: a Sessão Nostalgia com Michella. Que prazer!
Você me fez reviver alguns dos dias mais felizes da minha existência, ao passar aquelas semanas em Honolulu acompanhando o desenrolar do Miss Universo e cobrindo o evento para o jornal O Progresso, de Dourados, terra natal da Miss Brasil. A foto que você publica foi durante uma entrevista que fiz para um programa havaiano que transmitia em espanhol.
Michella é uma das Miss Brasil mais queridas por mim. Além da beleza, ela é um ser humano maravilhoso. Não somente eu, mas a grande maioria dos presentes em Honolulu tinha certeza de que a Miss Brasil seria a Miss Universo. Quando apresentei Michella a Osmel Sousa, o todo poderoso da Venezuela, ele disse: "Ustedes tienen una preciosidad"! E vi os olhos dele brilharem, imaginando aquela miss representando o seu país. Não teria para ninguém!
Na véspera da semifinal, comentei com o diretor do Miss Brasil que Michella venceria e Trinidad ficaria em segundo. O estilista de Wendy Fitzwilliam, Peter Elias, escutou e daí nasceu uma amizade que dura até hoje, sendo ele meu anfitrião no Miss U 99.
Michelle ficou em 6º. Acredito que se ela tivesse contado com uma melhor assessoria, um melhor vestido de noite, ela teria sido a Miss U 1998.
Em 2001 encontrei Michella novamente num concurso de miss. Dessa vez no Miss U em Porto Rico. E viajamos no mesmo vôo de San Juan para Miami, com toda a tripulação "babando" pela brasileira. O chefe dos comissários veio me dizer que a conhecia, mas não lembrava de onde, se era uma atriz de Hollywood... Eu disse que era a Miss Brasil 98, semifinalista no Havaí. Ele imediatamente se lembrou e ofereceu a Michella um assento na primeira classe. E nos encheu de brindes da American Airlines.
Como você diz, Daslan, são recordações que o tempo levou, mas fica o perfume na nossa mente a nos recordar que já fomos felizes. Obrigado Michella! E que Deus proteja e acolha sempre a sua mãe, que já não está entre nós.
Roberto Macêdo
Daslan, é sempre um privilégio para quem acompanha a História das Misses do Brasil frequentar bloggers como o seu. Admiro também seu trabalho. E lembrar da eleição de Michela Marchi em 1998 é um dos momentos mais gratificantes deste concurso. Porte, inteligência e beleza, porém esbarrou na falta de preparação para o concurso naqueles dias, e teríamos concerteza conquistado o Miss Universo, porque beleza nunca lhe faltou.
Existe um cabelereiro aqui em Salvador que tem uma das mais belas fotos de Michela Marchi num poster, vou tentar obter copia dela. Ok?
Um grande abraço.
MARCIO LANDIN. (Jose Romeu)
Daslan,
o que mais me encantou na coluna semanal do Passarela Cultural não foi a matéria sobre a Miss Brasil 1998 Michella Marchi. Até porque, apos a desistência do Sílvio Santos em transmitir o concurso, este entrou em queda livre, decadência, perdendo o interesse geral da mídia e de quem acompanhava seu desenrolar.
As minhas congratulações ao editor do blog vai para a bela imagem da jornalista e Miss Brasil 1989 Flávia Cavalcante. Ela está muito mais bonita do que quando foi eleita Miss Brasil, num sábado, dia 1º de abril de 1989, concurso do qual tive o privilégio de assistir no antigo Teatro da TVS, no bairro do Carandirú.
Uma boa semana a todos.
Em tempo: adorei o comentário do Roberto Macêdo sobre a Michella Marchi. Daqui envio o meu abraço a ele que é o maior especialista brasileiro e conhecedor profundo dos concursos de miss.
Muciolo Ferreira - do Recife
Muciolo,
Muito obrigado pela citação. Bondade sua.
Um abraço,
Roberto
I was in hawaii 1998 i remember seeing michella many times at the hilton village were the contestants were staying she is very attractive its nice reading about her after all these years
Daslan,
Igual aos amigos que já postaram seus comentários, assisti pela TV esse concurso em 1998, Michela era a mais bela das concorrentes. Acredito também como Roberto que o vestido de gala a prejudicou bastante, merecia algo melhor. Isso ocorre há vários anos quando nem Rio G. do Sul e nem Minas Gerais representam o Brasil quando levam os melhores vestidos. Mas não tem a beleza ímpar de Michela, sentimos pena desse estado de coisas. Brasil em 1998 teria a sua terceira coroa. Porém, deslocar o cenário para outro estado seria uma ameaça para os donos da patente. Como sempre foi. Existe uma foto aqui em Salvador num simples salão de cortes de cabelo, num grande quadro com Michela em vestido vermelho. Com essa cor e com o cabelo que ela está naquela foto que fica na Direita da Piedade em frente ao Banco do Brasil, é dizer está ali a MISS UNIVERSO.
MARCIO LANDIN
Postar um comentário