Daslan Melo Lima
“Minha paixão pelas Misses começou em
1957, quando Teresinha Morango foi eleita Miss Amazonas, Miss Brasil e vice-Miss
Universo”, disse-me o geógrafo Paulo Fernando d’Arce, pernambucano natural de Garanhuns, radicado no Recife, ao iniciarmos uma deliciosa conversa sobre Misses, assunto fascinante para ele e para mim. Foi na tarde fria do sábado, 16, que nos encontramos na
praça de alimentação do shopping Paço Alfândega, no Recife, local combinado para nossa
entrevista. Culto, tranquilo e bem humorado, Paulo d’Arce frisou que tem outra grande paixão além das Misses, o voleibol.
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Passarela Cultural – Quando e como começou
sua paixão pelas misses?
Paulo d’Arce – Eu ainda era um menino e tudo começou em
1957, quando vi as fotos de Teresinha Morango nas capas de revistas. Fiquei
encantado por ela. Anos depois, na adolescência, eu pegava dois ônibus para chegar ao Aeroporto Internacional dos Guararapes, a fim de comprar
todas as revistas sobre os concursos, antes que chegassem às bancas do meu
bairro. Infelizmente, no ano de 1975, uma enchente
do rio Capibaribe atingiu minha casa e destruiu todo o
meu acervo.
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Passarela Cultural – Quem é sua Miss Pernambuco inesquecível?
Paulo d’Arce – Edilene Torreão,
terceira colocada no Miss Brasil 1960 e representante do País no Miss Mundo.
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Passarela Cultural – Qual a
pernambucana mais injustiçada da história do Miss Brasil?
Paulo d’Arce – Ângela
Agra Galvão, classificada em quinto lugar no Miss Brasil 1978.
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Passarela Cultural - Quais as candidatas mais
injustiçadas do concurso Miss Pernambuco?
Paulo d’Arce - Por ordem cronológica: Lúcia Santa Rita, Miss
Sport Club do Recife, terceiro lugar no Miss Pernambuco 1967; Albanize Maria
Braga Coelho, Miss Sport Club do Recife, quinto lugar no Miss Pernambuco 1974; e Virginia Helena Gomes, Miss Clube
Náutico Capibaribe, terceira colocada no Miss Pernambuco 1981, quarto lugar no Miss Brasil como representante da Paraíba.
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Passarela Cultural - Quem é a sua Miss Brasil
inesquecível?
Paulo d’Arce – Martha Jussara da
Costa, Miss Rio Grande do Norte, Miss Brasil 1979, quarto lugar no Miss Universo 1979. Martha
Jussara, na minha opinião, foi a brasileira mais injustiçada da história do
Miss Universo.
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Passarela Cultural - Uma vice-Miss Brasil inesquecível.
Paulo d'Arce – Vera Lucia Couto Santos, Miss Guanabara, vice-Miss
Brasil 1964, terceira colocada no Miss Beleza Internacional 1964. Ela poderia ter sido a primeira colocada no Miss Brasil daquele ano, enquanto Ana Maria Costa Caldas, Miss Pernambuco, quarto lugar, estaria numa posição melhor como vice de Vera.
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Passarela Cultural - Qual a sua Miss
Universo inesquecível?
Paulo d'Arce – Amparo Muñoz (1954-2011), Miss
Espanha, Miss Universo 1974.
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Passarela Cultural - Qual a jovem internacional mais
injustiçada do Miss Universo?
Paulo d'Arce - Yulia Lemigova, Miss Rússia, em 1991, ano em que a vencedora foi a mexicana Lupita Jones. Yulia ficou em
terceiro lugar. Outra injustiçada, Carolina Eva Izsak Kemenify, Miss Venezuela, em 1992, finalista,
quando a eleita foi Michelle McLean, da Namíbia. Cito também a bela Cynthia Olavarría, Miss Porto Rico, segundo lugar no Miss Universo
2005, vice de Natalie Glebova, Miss Canadá.
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Passarela Cultural - Uma Miss Beleza Internacional inesquecível.
Paulo d'Arce – Stanley van Baer, Miss Holanda, Miss Beleza Internacional 1961.
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Passarela Cultural - O que diz sobre as misses que se submetem a intervenções cirúrgicas?
Paulo d'Arce -
Muitos consideram isso uma coisa normal, mas eu preferia as misses do
passado com suas imperfeições. Maria Raquel Helena
de Andrade tinha nariz de "batatinha", mas foi eleita Miss Guanabara, Miss Brasil e semifinalista no Miss
Universo 1965.
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Passarela Cultural - Cite alguns detalhes marcantes que você guarda na memória.
Paulo d'Arce – São muitos, mas é impossível
esquecer Adalgisa Colombo (1940-2013), Miss Distrito Federal, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958, com aquele penteado, o cabelo para
trás, um coque, uma imagem atemporal. Você vê uma foto antiga de Adalgisa e tem a impressão que é atual.
Lembro-me de um exemplar do
jornal Última Hora com uma reportagem intitulada "As três forças do Ouro”,
referindo-se às louras Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara; Sandra Rosa, Miss São Paulo; e Mary Grace Oiticica Bandeira, Miss Alagoas,
apontadas como favoritas ao título de Miss Brasil 1965. Maria Raquel conquistou o primeiro lugar, Sandra foi sua vice, e Mary Grace não figurou entre as
finalistas. Conheci Maria Raquel e Mary
Grace na loja Dias Junior, em frente ao prédio do Diario de Pernambuco, quando elas vieram para um
evento no Recife. A beleza de Mary Grace dava de dez a zero em Maria Raquel.
Não poderia deixar de falar no belo vestido azul que Jerson fez para Martha Vasconcellos, Miss Bahia, Miss Brasil, Miss Universo 1968, e o modelo que
Marcílio Campos criou para minha amiga Enilda Sá Barreto, Miss Pernambuco
1973.
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Outro dia fui apresentado a uma
jovem e durante nossa conversa, ao saber que eu era apaixonado por concursos de
misses, ela disse: “Minha mãe foi Miss
Bahia 1959.” Aí eu falei: “Maria Euthyma Manso Dias, terceira colocada no Miss
Brasil.” Surpreendida com minha resposta, tratou de promover um encontro entre mim e Maria Euthymia Manso Pimentel, radicada há muitos anos no Recife, considerada uma das mulheres mais
elegantes da sociedade pernambucana, esposa do empresário Tácito Pimentel. Maria Euthymia está em ótima forma física e ainda
possui o vestido de gala com o qual desfilou no Maracanãzinho. Foi vestida nele que ela se apresentou há alguns anos num evento beneficente.
Gostaria de registrar o mais belo cenário de um concurso de Miss Universo, o palco do teatro Odeão de Herodes Ático, na Acrópole de Atenas, Grécia, em 1973. Fantástico!
Paulo d'Arce - Sim, desde que ela tivesse essa vontade, mas nenhuma até agora demonstrou interesse. Embora
os certames tenham se distanciado de todo aquele glamour do passado, eu ainda me entusiasmo para assistir aos concursos e acompanhar as trajetórias das
misses. Como você sempre diz, Daslan, paixões são paixões, simplesmente paixões,
não se explicam.
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9 comentários:
Vocês não podem imaginar como tenho inveja das pessoas que alcançaram o período áureo dos concursos de Misses.
Pegar dois ônibus para ir comprar todas aquelas revistas maravilhosas do passado, O CRUZEIRO, MANCHETE, FATOS & FOTOS, MUNDO ILUSTRADO... eu pegaria até cinquenta!!!!!!!!!
C. Rocha de Floripa
Adorei rever Paulo darce, que conheci há muitos anos durante um concurso de Miss Pernambuco. Suas opiniões sobre os resultados dos concursos sempre foram respeitosas e equilibradas.
Eduardo
Alô, Daslan!
A Sessão Nostalgia desta semana é ANTOLÓGICA. Porque ter o Paulo d'Arce por entrevistado tem sabor de quero mais. Ele sabe de tudo e mais alguma coisa sobre os concursos de miss. Porque nunca deixou de comparecer a esses eventos, mesmo quando a competição tinha atingido o fundo do poço. Mas ele sempre marcava presença e ainda conseguia o filme do concurso para assistir e/ou emprestar aos amigos.
Pena eu não ter sido lembrado para esse encontro no Shopping Paço Alfândega. Vocês não merecem o meu perdão ( hahahaha...) Mesmo assim, um beijão ao Paulão e concordo com suas opiniões, principalmente sobre a grande injustiça sofrida pela Miss Sport de 1974, minha vizinha de sala de aula e uma das mulheres mais bonitas que já conheci. Albaniza iria arrasar no Miss Brasil daquele ano, se tivesse sido eleita Miss Pernambuco.
Uma ótima semana a todos os amigos e leitores do blog do Daslan.
Muciolo Ferreira
Ótimas perguntas e sensatas respostas!
Senti falta apenas de uma pergunta. O que Paulo acha do excesso de intervenções cirúrgicas à la Venezuela?
Daslan, vc poderia fazer essa indagação a ele e postar na matéria?
Grato
A. Gomes//Rio
Olá, A. Gomes, do Rio, boa noite!
Telefonei há pouco minutos para o Paulo d'Arce e ele não apenas respondeu a sua pergunta como acrescentou um dado novo à matéria: revelou qual o cenário mais belo que já houve de um Miss Universo.
Foi uma satisfação agregar esses dados à Sessão Nostalgia desta semana que no momento está "bombando": quinto lugar no ranking do Google como a secção de PASSARELA CULTURAL mais acessada nos últimos dias.
Grato por sua atenção e um abraço.
Daslan
Grato, Daslan pelo contato feito com o Paulo, atendendo minha curiosidade sobre o que ele achava sobre as misses intervenções cirúrgicas.
No que diz respeito ao cenário do Miss Universo 1973, cncordo plenamente, é o mais belo de todos os tempos.
A.Gomes/Rio
Adoro este tipo de matéria, uma entrevista feita por quem entende do assunto e respostas dadas por uma pessoa que tem AMOR e RESPEITO pelo universo MISS.
Parabéns ao editor do blog e ao senhor Paulo d'Arce.
Marília Rocha
Santos, São Paulo
Que tal reunir Muciolo e Paulo numa entrevista-debate?
Um diria sua Miss Brasil preferida e o outro diria a sua. Cada um explicaria o porquê da sua predileção.
Acho que ficaria interessante.
Eduardo
Que bonito ver que o Paulo d'Arce ainda acompanha os eventos.
Antigamente ser Miss tinha um status fora do comum. Estendiam tapete vermelho. Era de uma grande nobreza.
Infelizmente a TV Bandeirantes está copiando a forma fria dos americanos. Nesse 2014 haverá venda de ingressos aos interessados. Não será apenas para convidados como em anos anteriores.
E espero que volte nos moldes brasileiros, realizados com passarelas e com a presença maciça do público, pois esse evento nasceu assim, sendo popular. Esse evento é do povo! Só que tentaram elitizar. Elitizando torna-se o evento frio, sem emoção. Pois o segredo e o sucesso do evento está na presença do grande público. Repito: Esse evento é do povo! Os brasileiros amam as suas misses. E que o brilho volte como foi na época áurea em que o Paulo d'Arce suspirava de emoção.
Forte abraço!
Edi Corrêa/Sorocaba-SP
edicorrea.blogspot.com
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