Rio de Janeiro, 13 de junho de 1959. A cidade vivia seu último ano na condição de capital do Brasil. Naquela noite, no Maracanãzinho, vinte e duas jovens desfilavam na longa passarela de 124 metros em busca do titulo de Miss Distrito Federal, que no ano anterior tinha sido conquistado por Adalgisa Colombo, Miss Brasil e vice-Miss Universo 1958. Aliás, Adalgisa Colombo não passou a faixa para sua sucessora. Meses após ter voltado de Long Beach, ela renunciou para casar com Jackson Flores. A Miss Distrito Federal 1959 recebeu a faixa das mãos do Prefeito Sá Freire Alvim.
As fotos que ilustram esta matéria foram reproduzidas da revista O CRUZEIRO, de 27/06/1959.
Um quarto do estádio foi ocupado por apreciadores das belas federais. Não faltaram à festa dos Diários Associados, sob o patrocínio dos refrigeradores Gelomatic, as torcidas organizadas. Estas, aliás, funcionaram como preliminar do concurso. As mais ruidosas foram as do Flamengo e de Vila Isabel. Parece mesmo que a Vila tinha a seu lado metade dos espectadores.
Mascarenhas e seus acordeons tiveram a sua vez, com bailados exóticos e números alegres. Também a Banda Municipal executou dobrados, sob o olhar discreto do Prefeito Sá Freire Alvim. Centenas de garçons faziam acrobacias, com bandejas em compasso de cai não cai, por entre mesas, onde fervilhavam palpites. Não raro alguém perdia a calma (nas arquibancadas), sendo necessários os argumentos dos Cosme e Damião, felizmente sem maiores conseqüências. O nome de uma ou outra candidata fazia parte do coro das claques, que agitavam bandeiras dos clubes ali representados.
Todo o Rio, pelo rádio e pela TV Tupi (exclusiva) assistiu aos lances da noitada. Foi o toque lírico, no noturno boêmio da cidade. Uma festa que vai virar saudade. Uma ducha de higiene mental, agradável e diferente. Um romântico sonho de curvas, sob a batuta do belo, por excelência.
Um júri eclético funcionou no Maracanãzinho. Mediu, calculou, decidindo por detalhes mínimos. Levou mais de uma hora para dar o seu veredicto. Estava assim formado o staff de selecionadores da beleza carioca: Sras. Mena Fialho, Heloísa Amado e Eunice Modesto Leal e os Srs. Álvaro Americano, Henrique Pongetti, Leão Veloso, H.S. Nazareth, Milton d´Ávila , Abellard França, Julie Kaus e Edílson Varela. Seria desnecessário dizer que esta equipe soube escolher as mais bonitas de um leque realmente esplêndido de candidatas.
(Revista O CRUZEIRO, 27/06/1959)
Na foto acima, da esquerda para a direita: Vanja (4º lugar), Denise (2º lugar), Vera (1º lugar), Claudette (3º lugar) e Marcli (5º lugar)
1º Lugar: Vera Regina Ribeiro, Miss Vila Isabel, que depois seria eleita Miss Brasil e quinta colocada no Miss Universo 1959.
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2º Lugar: Denise Rocha de Almeida, Miss Flamengo. Denise voltou a desfilar no Maracanãzinho, em 1963, na condição de Miss Brasília, onde ficou em quarto lugar.
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3º Lugar: Claudette Martins Moraes, que tinha sido eleita a mais bela funcionária civil.
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4º Lugar: Vanja Nobre Jacob, Miss Botafogo, natural do Amazonas. Vanja disputou o Miss Brasil no ano sequinte, representando o estado onde nasceu, e obteve o sétimo lugar.
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5º Lugar: Marcli Rosseti dos Guimarães, Miss Clube Militar. Semanas antes, ela e Marta Garcia, vice-Miss Clube Militar, tinham concorrido ao Miss Brasília, ocasião onde ficou em segundo e Marta em primeiro lugar.
Vera recebeu a vitória como um deslumbramento. Mal cabia no seu maiô Catalina. Gastou abraços e autógrafos e dedicou aos seus pais e ao clube da Vila a sua vitória. Entrevistada por nós, foi logo respondendo a todas as perguntas. Disse que não acreditava na faixa, apenas um lugarzinho entre as finalistas. Para Vera havia uma Miss bem linda no desfile: Denise, a do Flamengo.
Verinha acha difícil dizer o que sentiu, de verdade, ao ser coroada. Indagada sobre os seus planos, ela respondeu:
“Ficarei no Rio, trabalhando normalmente na Caixa Econômica”, onde é funcionária.
Terminou tudo com um desabafo de Miss sem poses:
“Hoje irei á festa do clube. Tomarei com os meus amigos uma taça de champanha. E depois dormirei até ao meio dia de domingo. Dormirei um sono total, sem sonhos. Mesmo porque o sonho foi vivido na passarela.”
(Revista O CRUZEIRO, 27/06/1959)
Vera Ribeiro talvez nem tenha se dado conta da profunda declaração que deu à equipe de O CRUZEIRO: Dormirei um sono total, sem sonhos.
Eu acredito que ela tenha tido esse sono. Sem dúvida, o sonho foi vivido na passarela.
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Um comentário:
parabens pelo blog,e pela luta incansavel pela cultura .
valeu!
EQUIPE Sou da Zoeira
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