Daslan Melo Lima
PRÓLOGO
Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 22 de junho de 1963. Trinta mil pessoas estavam naquele ginásio de esportes para acompanhar os desfiles de vinte e quatro jovens que sonhavam com o título de Miss Brasil. Além das apresentações em traje de gala e maiôs Catalina, pela primeira vez elas iriam se apresentar em trajes típicos. Todos os anos, nos concursos internacionais, as brasileiras usavam como trajes típicos os de “Baiana” , que remetiam às fantasias de Carmem Miranda (1909-1955). A partir de 1963, com a inclusão dos desfiles dessa categoria no concurso Miss Brasil, as vencedoras passaram a usar no exterior os mesmos trajes típicos usados durante a competição nacional.
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Miss Acre, Maria Cristina Laport – “Xapuri”, traje típico da fronteira Brasil-Bolívia, composto de saia e blusa de diversas cores, lenço na cabeça.
Miss Alagoas, Terezinha Binas – “Índia”, modelo depois trocado pela Miss, que preferiu “Gogó da Ema”, simbolizando as praias de Maceió. Na foto, apresentamos o modelo “Índia”, de penas brancas de ganso e colares.
Miss Amapá, Themis Kohler da Cunha - “Marabaixo”, dança e procissão de origem banto, modelo de blusa branca Saint-Tropez, saia de cetim branco e diadema do Divino Espírito Santo.
Miss Amazonas, Fátima das Neves Silva, oitava colocada no Miss Brasil - “Índia do Rio-Mar”, reprodução de paramentos indígenas de um ritual bugre. Na cabeça, um cocar de penas de arara e gavião real, biquíni de “guias” de garça, conjunto de pulseiras, colar comprido de dentes de bichos, malha cor da pele e arco e flecha.
Miss Bahia, Jerusa Sampaio – “Baiana Autêntica”, modelo usado pelas mães-de-santo de Iansã, de três anáguas e uma saia bordada, além de bata e um pano da Costa, bordados.
Miss Brasília, Denise Rocha de Almeida, quarta colocada no Miss Brasil – “Bandeirante do Século XX”, autoria de Evandro de Castro Lima. Este traje compõe-se de casaca preta, camisa branca e short, cartola e bengalinha, malha cor de carne, sapatro pretos e gravatinha-borboleta.
Miss Ceará, Vera Maria Barros Maia – “Iracema”, a tal dos lábios de mel, penas brancas, cocar colorido, arco e flecha.
Miss Espírito Santo, Sônia Marta Anders – ”Rainha do Mar”, traje de autoria da própria Miss, que desejou homenagear as praias de Vitória. O modelo é todo bordado em pedrarias verdes, cauda dourada, colares e pérolas, capa verde e azul, coroa e cetro – tudo isso custando 400 mil cruzeiros.
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Miss Alagoas, Terezinha Binas – “Índia”, modelo depois trocado pela Miss, que preferiu “Gogó da Ema”, simbolizando as praias de Maceió. Na foto, apresentamos o modelo “Índia”, de penas brancas de ganso e colares.
Miss Amapá, Themis Kohler da Cunha - “Marabaixo”, dança e procissão de origem banto, modelo de blusa branca Saint-Tropez, saia de cetim branco e diadema do Divino Espírito Santo.
Miss Amazonas, Fátima das Neves Silva, oitava colocada no Miss Brasil - “Índia do Rio-Mar”, reprodução de paramentos indígenas de um ritual bugre. Na cabeça, um cocar de penas de arara e gavião real, biquíni de “guias” de garça, conjunto de pulseiras, colar comprido de dentes de bichos, malha cor da pele e arco e flecha.
Miss Bahia, Jerusa Sampaio – “Baiana Autêntica”, modelo usado pelas mães-de-santo de Iansã, de três anáguas e uma saia bordada, além de bata e um pano da Costa, bordados.
Miss Brasília, Denise Rocha de Almeida, quarta colocada no Miss Brasil – “Bandeirante do Século XX”, autoria de Evandro de Castro Lima. Este traje compõe-se de casaca preta, camisa branca e short, cartola e bengalinha, malha cor de carne, sapatro pretos e gravatinha-borboleta.
Miss Ceará, Vera Maria Barros Maia – “Iracema”, a tal dos lábios de mel, penas brancas, cocar colorido, arco e flecha.
Miss Espírito Santo, Sônia Marta Anders – ”Rainha do Mar”, traje de autoria da própria Miss, que desejou homenagear as praias de Vitória. O modelo é todo bordado em pedrarias verdes, cauda dourada, colares e pérolas, capa verde e azul, coroa e cetro – tudo isso custando 400 mil cruzeiros.
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Miss Estado do Rio, Miriam Montenegro da Fonseca - “Floricultura”, modelo de saia em algodão azul barrada com fita de gorgorão branco, blusa de organdi suíço branco, guarnecido de passamanaria, avental e lenço de cabeça em visnil estampado.
Miss Guanabara, Vera Lúcia Maia, terceira colocada no Miss Brasil – “Calçadas do Rio”, traje-cópia dos mosaicos cariocas, branco e preto, bordado em pedrarias. Uma estola, colares e sandálias completam o modelo.
Miss Goiás, Solange Brockes Tayer – “Anhanguera”, traje preto, cinturão e botas de couro de bezerro.
Miss Maranhão, Esther Ewerton Santos – “Bumba-Meu-Boi”, festejo junino do Norte, modelo de calção de cetim vermelho, blusa branca, amplo peitilho de veludo negro, bordado em canutilhos e miçangas, chapéu florido com fitas longas.
Miss Mato Grosso, Terezinha Elizabeth Cruz Vadouski – “Filha de Cacique”, modelo de garças reais, bordado de pedrarias.
Miss Minas Gerais, Edma Saraiva – “Congada de Ouro Preto”.
Miss Pará, Nilda Rodrigues de Medeiros, sétimo lugar no Miss Brasil - ”Mulata”, vestido de saia estampada, bordada de fitas vermelhas, lacinhos, babados bordados. Um buquê nos cabelos; na mão, uma peneira de pétalas, sandálias altas, vermelhas, de galão bordado.
Miss Paraíba, Kalina Ligia Duarte Nogueira – “Cangaceira”, traje de saia verde-bandeira, blusa branca, cartucheira em couro cru, espingarda, chapéu de couro.
Miss Guanabara, Vera Lúcia Maia, terceira colocada no Miss Brasil – “Calçadas do Rio”, traje-cópia dos mosaicos cariocas, branco e preto, bordado em pedrarias. Uma estola, colares e sandálias completam o modelo.
Miss Goiás, Solange Brockes Tayer – “Anhanguera”, traje preto, cinturão e botas de couro de bezerro.
Miss Maranhão, Esther Ewerton Santos – “Bumba-Meu-Boi”, festejo junino do Norte, modelo de calção de cetim vermelho, blusa branca, amplo peitilho de veludo negro, bordado em canutilhos e miçangas, chapéu florido com fitas longas.
Miss Mato Grosso, Terezinha Elizabeth Cruz Vadouski – “Filha de Cacique”, modelo de garças reais, bordado de pedrarias.
Miss Minas Gerais, Edma Saraiva – “Congada de Ouro Preto”.
Miss Pará, Nilda Rodrigues de Medeiros, sétimo lugar no Miss Brasil - ”Mulata”, vestido de saia estampada, bordada de fitas vermelhas, lacinhos, babados bordados. Um buquê nos cabelos; na mão, uma peneira de pétalas, sandálias altas, vermelhas, de galão bordado.
Miss Paraíba, Kalina Ligia Duarte Nogueira – “Cangaceira”, traje de saia verde-bandeira, blusa branca, cartucheira em couro cru, espingarda, chapéu de couro.
Miss Pernambuco, Vera Lúcia Bezerra – “Frevo”, modelo composto de short prateado, blusa branca, fitas, casaquinho Saint-Tropez, sombrinha, descalça.
Miss Piauí, Maria da Consolação Teixeira e Silva – “Vaqueiro do Nordeste”, traje confeccionado em pele de veado capoeiro, trabalhado em fios e em lâminas de ouro, chapéu, gibão peitoral, sapatos e rebenque.
Miss Rio Grande do Norte, Ísis Figueira de Melo – “Apanhadora de Algodão”, modelo de calça comprida branca, blusão azul, representando as cores do Estado; sapatos e sacola em couro trabalhado em algodão “mocó”.
Miss Rio Grande do Sul, Ieda Maria Brutto Vargas, eleita Miss Brasil e depois Miss Universo - “Exaltação dos Pampas”, estilização das antigas roupas gaúchas. Boleadeiras usadas para derrubar animais em carga (também servem de arma rural); faca para lutas e churrasco; chapéus e botas protetoras, que compunham o traje primitivo do gaúcho, hoje alterado pelas bombachas; cinturão para acompanhar o “xiripá”. O vermelho do lenço, o verde do “xiripá” e o amarelo das gregas formam as cores da bandeira gaúcha. Miss Santa Catarina, Olga Mussi - "Camponesa da Boêmia", modelo estilizado, saia de veludo vermelho, ramos de café e espigas de trigo, simbolizando as riquezas do seu Estado; corpete preto de veludo, blusa de oganza branca, chapéus de renda.
Miss São Paulo, Dirce Augustus, quinta colocada no Miss Brasil – “Colhedora de Café”, de vestido de babado e faixa larga, chapéu de palha enfeitado de folhas e grãos de café e peneira também com os mesmos grãos.
Miss Sergipe, Zelia Maria Mendonça Lopes, sexto lugar no Miss Brasil – “Maria Bonita”, modelo de saia havana e blusa turquesa, chapéu, cartucheira, sacola à tiracolo, botas e cintos em couro cru trabalhados em prata e pedrarias. Na mão, um rebenque, e um punhal atravessando o cinto. Um cangaceiro foi o assessor do traje.
- Comentários extraídos da revista O CRUZEIRO, de 13/07/1963. As fotos também são da mesma publicação. Os posters foram elaborados por Evandro, redator do Misses na Passarela Blogger, evandrosilvabr.blogspot.com
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Às vezes singelos, outras vezes parecendo alegorias carnavalescas, os trajes típicos dão sempre uma visão cultural das cidades, dos Estados e dos países que as Misses representam. E sobre o corpo de mil jovens, todos os anos, nas passarelas do mundo, os trajes típicos são molduras de sonhos envolvidos em glamour e fantasia.
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8 comentários:
Adorei esta Sessão Nostalgia !
Vale a pena lembrar que o autor do traje típico da Miss Guanabara, Vera Lúcia Maia, filha da inesquecível cantora Nora Ney, foi o famoso figurinista Alceu Penna, aquele da secção GAROTAS DO ALCEU, da extinta revista O CRUZEIRO.
Nota 1.000 para Passarela Cultural.
Peixoto C
Niterói
Comentário de Carlos Rocha, Florianópolis, Santa Catarina, por e-mail.
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A bela Olga Mussi-Miss Santa Catarina 1963 morreu quatro anos depois, no ano de 1967, vítima fatal de um desastre de carro.
Carlos Rocha/Floripa
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Bonitos os trajes típicos da época mostrada. Nos dias de hoje as misses usam verdadeiras fantasias carnavalescas ou então roupas intituladas "trajes típicos' que ninguém entende o que é. No Miss Universo de 2007, o traje da brasileira foi Borboleta da Estrada Real. Enorme a borboleta. Em 2008 foi uma fantasia que parecia uma vitória-régia ou coisa parecida. Em 2009, enfim,para retormar a tradição, a brasileira foi de baiana. Em 2010, foi feita uma enquete na internet, e depois, poucos sabem qual traje que a capixaba usou no Miss Universo. A bem da verdade, era preciso fazer uma enquete melhor: quem viu o Mis Universo 2010?
Enfim, Daslan, voce resgatou uma matéria muito boa. Que legal o traje da potiguar, vestida de Apanhadeira de Algodão. A do Acre, também, representando os indigenas da fronteira do estado com a Bolívia. As de Sergipe e Paraíba, revivendo o tempo dos cangaceiros. Sim, valeu a matéria. Parabéns.
Daslan,
Como sempre, uma delícia nas manhãs de domingo essas suas crônicas.
O interessante é que, em 1962, a baiana Maria Olívia Rebouças declarou, ao voltar de Miami, que sugeria que no anos eguinte a Miss Brasil usasse um outro traje, pois, segundo ela, "a baiana já deu o que tinha que dar". E opinava que deveria ser um traje de Maria bonita. Coincidentemente no ano seguinte a brasileira não foi de baiana, foi de gaúcha, e acabou eleita Miss Universo.
Um abraço e bom domingo,
Roberto Macêdo
Lindos!Gostei muito de Maranhão,RJ ES e RS!Nota,por veiculação na internet:Miss ES é Martha Anderson,"née" Anders.Antigamente usavam trajes, mesmo, e não fantasias.Concordo com o comentário de Anderson e, depois,achei incrível uma baiana ter o despojamento de falar da mudança do TT;isso é que é personalidade (dá gosto de ver essas posturas inteligentes das MBs).em 2009 colocou-se uma baiana sem qualquer craquejo da Miss para o traje;deveriam tê-la feito usar o que ela se sentisse mais à vontade.Abraços, Japão PS e o Miss PE a gente quase não tem notícia!Poderiam transmitir pela internet.
voltando: a descrição dos trajes é de uma riqueza cultural incrível!Abraços, Japão.
Gostei desta Sessão Nostalgia, sobre os trajes típicos do concurso miss brasil 1963. Realmente, entre os anos de 1963 a 1976 os trajes típicos eram mais simples, porém mais belos e significativos condizentes a diversidade cultural do brasil haja vista que, o Brasil é um país que às vezes parece um continente devido sua diversidade, pluralidade de culturas,com as origens amerindia, afro-decendentes e a ibérica e ainda contando com outras origens asiáticas e outras culturas européias e de regiões da américa Latina e saxônica.
Matéria maravilhosa amigo
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