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sábado, 24 de março de 2012

SESSÃO NOSTALGIA - Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, Miss São Paulo 1969, a musa da novela Estúpido Cupido

Daslan Melo Lima


     
Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, Miss São Paulo 1969, paulista da cidade de Lins, 21 anos, aluna do quarto ano do curso de História, conseguiu o segundo lugar no concurso Miss Brasil 1969, perdendo apenas para Vera Fischer, Miss Santa Catarina. Como vice-Miss Brasil, ganhou o direito de representar nosso país no Miss Beleza Internacional, realizado no Japão, onde foi semifinalista, no ano em que a vencedora foi a inglesa Valerie Susan Holmes. Esta Sessão Nostalgia é dedicada a ela, Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, um dos ícones dos mágicos anos 60.
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       A SUAVE GUERRA DA BELEZA

     Logo ao chegar ao Rio, Maria Lúcia, Miss São Paulo, disse que “não tinha esperanças de ganhar”. Das outras 25 moças concorrentes ao título de Miss Brasil 69 foram ouvidas declarações mais ou menos iguais a esta. Como de hábito, nos bastidores do Maracanãzinho, a agradável guerra da beleza foi precedida de gentilezas e de emoções. A filha de um dono de fazendas, em Lins, ganhou fácil a faixa de a mais bela paulista de 69. No Miss São Paulo, Maria  Lúcia dos Santos conquistou a unanimidade do público, No Miss Brasil, ela despontou como favorita. (Revista Fatos & Fotos, 10/07/1969)
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MISS BRASIL 69, 
A NOITE DAS QUATRO GARÇAS

Da esquerda para a direita: Ana Cristina Rodrigues, Miss Rio Grande do Sul, terceiro lugar, representante do Brasil no Miss Mundo; Vera Fischer, Miss Santa Catarina, primeiro lugar, representante brasileira no Miss Universo; Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, Miss São Paulo, segundo lugar, representante do país no Miss Beleza Internacional; e Mara do Carvalho Ferro, Miss Guanabara, quarto lugar. 

     A expectativa de sempre, o entusiasmo de todos os anos e a vibração dos grandes dias acompanharam a eleição de Miss Brasil 1969, no Maracanãzinho, onde o público e o júri estiveram praticamente de acordo na hora do resultado final. O rosto da catarinense, a classe da paulista e o corpo da gaúcha garantiram uma unanimidade de votos e de aplausos que só revelava alguma discordância diante da ausência da amazonense no quarteto vitorioso. Mas, afinal, ficou provado que o público carioca não se engana: o seu veredicto foi dado antes dos votos dos jurados, e, para alegria das duas partes, acabou confirmado. (Revista Manchete)
A suprema elegância de Miss São Paulo foi decisiva para que ela obtivesse o segundo lugar e ganhasse uma viagem a Tóquio para o Miss Beleza Internacional 69(Manchete). 
O vestido era uma obra-prima de Clodovil (1937-2009). Também saiu na Manchete uma expressão de Maria Augusta Nielsen, a Maria Augusta da Socila (1923-2009), que dava aulas de postura, etiqueta e passarela às Misses: "A Miss São Paulo é muito racée e daria um excelente manequim".
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Na troca para o maiô, eu disse para a Elenita: - Miss São Paulo vai ganhar. – Ela tinha desfilado com um vestido branco com uma capa de plumas e era muito glamourosa. Elenita respondeu: - Tu vais entrar e vais ganhar !  Lembro-me da Maria Augusta chegar para mim e dizer: - Você já ganhou. É a Miss Brasil. – Como? – perguntei. Ela disse que já tinham o resultado do júri que me dava como vencedora. Eu não sei se registrei direito, mas só acreditava vendo. Engraçado que eu achei que a Miss São Paulo ia ganhar e ela falou numa entrevista que achava que quem ia ganhar era eu. (Trecho do livro “Um Leão Por Dia”, de Vera Fischer.)
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"(...) já foram me dando a dica: a quente é  Miss Santa Catarina. E foi um tal de Santa Catarina pra cá. Santa Catarina pra lá. E a moça acabou ganhando. Aqui pra nós, eu estava fazendo muita fé mesmo era na Miss Ceará." - Depoimento de Maria Lúcia Alexandrino dos Santos à revista Manchete, conforme recorte acima, onde também afirma que ficou satisfeita  com o prêmio. "Porque ir ao Japão, francamente, é muito mais importante que ir ao Estados Unidos, que fica logo ali e todo mundo já conhece”.
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MARIA LÚCIA, 
A MUSA DA NOVELA ESTÚPIDO CUPIDO

     A novela Estúpido Cupido, de 1976,  ainda em preto e branco, marcou época na Rede Globo, no horário das 19 horas. Escrita por Mário Prata e dirigida por Régis Cardoso (1934-2005), sua trama foi ambientada   nos anos 60.
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Mário Prata, escritor
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          A  novela começa mostrando o comportamento da juventude de uma pequena cidade do interior e, como o autor Mario Prata era um jovem de 15 anos em 1961, era de se esperar que a ficção por ele mostrada tivesse muito parentesco com o real. E tem mesmo. Em Lins, uma cidade de pouco mais de 70 mil habitantes, a 450 Km de São.Paulo, as pessoas têm absoluta certeza de que tudo o que está acontecendo na novela, ali aconteceu de verdade.
         Foi em Lins que Mario Prata, mineiro de Uberaba, viveu sua infância e adolescência. Nada mais normal, portanto, que ele tivesse buscado inspiração em sua realidade. As pessoas de Lins também acham isso muito normal. E uma senhora da sociedade local, que, indiretamente, também pode ser considerada fonte de inspiração para a criação de um dos personagens, tem absoluta certeza de que a Albuquerque da novela é a Lins dos anos 60. "Eu acho que a cidade é Lins porque foi escrita pelo Pratinha, porque Lins também se chamou Albuquerque e porque a novela fala de petróleo, um fato que também ocorreu em Lins". A opinião é de D. Conceição Alexandrino Santos, mãe de Maria Lúcia Alexandrino Santos, a garota que foi Miss Lins em 1969 (e também Miss São Paulo e segunda no Miss Brasil).
        Por ter sido mãe de Miss, D. Conceição poderia ser considerada como a personagem interpretada por Maria Della Costa na novela, uma personagem que é mãe de Miss. D. Conceição não concorda. "Não acho que essa personagem seja um retrato meu. Ela é desquitada e eu sou muito bem casada. E minha filha tinha apenas 11 anos em 1961, portanto não poderia ter sido Miss". Mas ela admite que, possivelmente, Mario Prata tenha se inspirado na eleição de sua filha para compor sua personagem. Cylmar Machado dos Santos, dono da rádio Alvorada de Lins, também admite essa hipótese. Ele lembra que Mario Prata, ao iniciar a novela, foi até a rádio pesquisar as músicas que faziam sucesso no começo dos anos 60 e acabou revirando o arquivo para encontrar as fitas gravadas em 1969, durante a eleição da Miss Lins.
          Na novela, a candidata a Miss Albuquerque interpretada por Françoise Fourton é namorada de João, um outro personagem que também tem bases reais. Ele tanto pode ser autobiográfico, e representar o próprio Mario Prata, como ser uma soma de conhecidos, com reflexos maior de Sérgio Antunes Filho, o melhor amigo que o autor tem em Lins. As pessoas preferem acreditar que seja um personagem autobiográfico. O pai de João (interpretado por Leonardo Vilar) quer que o filho faça o concurso para o Banco do Brasil. Mario Prata ''fez" o concurso para o Banco do Brasil. A namorada de João é candidata a Miss. Mario Prata também teve um namoro com uma garota que depois foi ser Miss. Pura coincidência? Pura realidade.
          O Pratinha bem que tentou namorar minha filha – lembrou d. Conceição – mas ela era muito jovem e eu não deixava. Quando estava fazendo levantamento das fitas da rádio – lembra Cylmar – o Prata disse que sua primeira namorada era uma garota que depois foi Miss. Na novela o Prata conta histórias que nós vivemos ou de pessoas que nós conhecemos Isso não quer dizer que todas as histórias e todas as personagens tenham existido ao mesmo tempo". O que o Prata faz – conta o seu melhor amigo, Sérgio – é narrar a história sem uma seqüência cronológica.
     Identificando ou não os personagens, as pessoas de Lins estão muito satisfeitas por ver a promoção de sua cidade numa novela. Só lamentam duas coisas: que Lins esteja sendo retratada por uma cidade tão pequena; quanto Albuquerque e que as filmagens não estejam sendo realizadas nos cenários originais. Até o quarto capítulo, ninguém tinha queixas contra a fidelidade histórica de Mario Prata. Todos sabem também que o horário da novela impõe uma certa restrição a revelação de verdades escondidas. Por isso mesmo, "Estúpido Cupido" não poderá se converter numa espécie de Peyton Place paulistana
("No Verdadeiro Cenário de Estúpido Cupido", Jornal da Tarde 03/09/1976, Wladimir Soares,  http://www.marioprataonline.com.br )

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Françoise Fourton na capa da revista Amiga, na pele da personagem eleita Miss Brasil, ladeada pelas "finalistas".
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Leonardo Villar, Maria Della Costa e Françoise Fourton.
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"As cenas do evento foram gravadas no Maracanãzinho, com um público de dez mil pessoas e os apresentadores do concurso real, Hilton Gomes e Marly Bueno."  (http://www.mundonovelas.com.br)

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       Tenho um exemplar do livro “O Museu Lasar Segall na Década de 70”, editado pela EDUSP, Editora da Universidade de São Paulo, escrito por Maria Lúcia Alexandrino Segall, esposa de Oskar Klabin Segall, filho do famoso pintor Lasar Segall (1891-1957). 
      O livro expõe as atividades realizadas pelo museu e descreve a vida de Lasar Segall. Em uma das orelhas do livro, a Miss São Paulo 1969 aparece numa linda foto acompanhada de um histórico de suas atividades culturais e profissionais. Formou-se em História  pela Faculdade Auxilium de Filosofia, Ciências e Letras, de Lins. Durante a década de 70, especializou-se em História da Arte, participando de cursos, palestras e congressos no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Nos anos 80, dedicou-se a atividades didáticas lecionando História da Arte no Colégio Lourenço Castanho, em São Paulo. Em 1984, iniciou o curso de Mestrado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) na área de Artes. Sua dissertação de Mestrado, "O Museu Lasar Segall na Década de 70: Da Contemplação Estética à Casa de Cultura e Resistência", resultou na publicação do livro "O Museu Lasar Segall na Década de 70".
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      Feliz com a trajetória da vida de Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, digo, Maria Lúcia Alexandrino Segall, dou por encerrada esta matéria, mas  vou continuar a me embriagar de nostalgia. Vou pegar aquele meu velho LP, colocá-lo na minha velha e preciosa radiola e ouvir a trilha sonora da novela Estúpido Cupido.
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7 comentários:

Anônimo disse...

Reportagem perfeita!

Os missólogos de ontem encontram neste espaço uma oportunidade sem igual para recordar as deusas do passado, enquanto os de hoje aprendem a conhecer melhor as Misses que marcaram época.

Fico pensando nos contrastes entre as vidas de Vera Fischer e Maria Lúcia. A primeira, linda, inteligente e problemática. A segunda, linda, inteligente e sábia. Isso é um prato cheio para nele se debruçar psicólogos, espiritualistas, filósofos e... missólogos!!!

Adorei!!!

C. Rocha de Floripa

Vera Lúcia disse...

Linda a Sessão Nostalgia dessa semana, Daslan. Estúpido Cupido foi uma das novelas preferidas da minha infância e como não admirar Maria Lúcia Alexandrino dos Santos com sua meiguice e seu desfile impecável naquele vestido que parecia flutuar diante do público.
Adorei a matéria.
Abraços

Anônimo disse...

Perfeita a passagem de tempo entre o concurso Miss Brasil de 1969 com a novela Estúpido Cupido.
Até o final da década de 60 os sonhos das moças bonitas eram praticamente os mesmos: cursar o clássico e se tornar professora, ser miss e casar bem.
Maria Lúcia Alexandrino representaria bem o país no Miss Universo se no seu caminho não tivesse surgido uma Vera Fischer.

Muciolo Ferreira
Recife-PE

DASLAN MELO LIMA disse...

E-mails enviado por Jerusa Farias, Miss Pernambuco 1969
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Olá Daslan.

Excelente a matéria no seu Blog PASSARELA CULTURAL sobre Maria Lúcia Alexandrino, Miss São Paulo/69.

Bjos,
Jerusa

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(...) Aproveitando o ensejo, envio duas fotos de Maria Lúcia Alexandrino/ Miss São Pauo/69, que acho o máximo!!!

Fazem parte do meu livro de "memórias" que pretendo lançar... e, com certeza, contarei com você!

Envie as fotos para Maria Lúcia. Com certeza ela vai adorar...

Tudo de bom para você.
Bjos,
Jerusa

Anônimo disse...

Estou neste momento folheando revistas antigas na casa de meu irmão em Teofilo Otoni-MG, e estou vendo a que aparece a materia "Ser vice tem suas vantagens". Foi na Manchete número 901, 26 de julho de 1969, página 110. Busquei o nome da Maria Lucia no Google e achei este artigo. Parabens pelo blog! Abraços.
Marcelo - São Paulo-SP

Anônimo disse...

por onde anda Maria Lucia?

Unknown disse...

Acompanho concurso de miss desde a década de 60,a única imagem que nunca se apagou da minha memória foi o desfile da miss São Paulo 69,Maria Lúcia alexandrino,com aquele belíssimo vestido feito pelo Clodovil,a classe,glamour com que ela usou o vestido,parecia flutuar na passarela,jamais esquecerei esta imagem,parecia um sonho, meu Deus, foi lindo demais.