Fulano de Tal
mora perto do local onde trabalha. Poderia ir andando tranquilamente, mas
prefere sair de casa de carro, enfrentando problema de estacionamento e expondo
o veículo à ação do tempo e dos vândalos. Fulano de Tal tem de sair de casa de
carro, pois fora das quatro rodas se sente maltrapilho, despido. O médico
recomendou que Fulano de Tal fizesse caminhada, mas ele não escuta e prefere
morrer um pouco a cada dia dentro do carro.
Pobre sociedade de consumo
que cria necessidades muitas vezes desnecessárias a todo instante. Todo ano,
Fulano de Tal fica no vermelho. Entra em depressão quando sai o modelo novo do
veículo da sua marca preferida. Perde o sono preocupado com as perguntas que
vai ter de ouvir de amigos e parentes: “Quando troca de carro?” /
Enquanto
o tempo passa, Fulano de Tal se perde na corrida desenfreada pelo Ter, afinal
precisa de um carro zero quilometro, antes que as contas no vermelho, a
depressão e as noites sem sono matem o homem simples, leve e sábio que ele
jamais será.
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Agachado diante de um outdoor cubano, no
Paço Alfândega, Recife, Pernambuco. Detalhe: Fulano de Tal é uma ficção. Qualquer semelhança com alguém terá sido mera coincidência.
Um comentário:
Meu amigo. Seu blog, como sempre , magnífico. Parabéns e um abraço desse seu admirador.
José Gomes de Souza Campinas SP
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